Cientistas mapeiam vírus da
zika; estudo é o primeiro passo para neutralizar efeitos da microcefalia
Da Redação Jornal Hoje em Dia
Temido pelas gestantes por causa da possibilidade da ocorrência de
microcefalia nos fetos, o vírus da zika acaba de ser mapeado por cientistas
brasileiros. Mais do que entender sua composição, o objetivo do trabalho é
conhecer os impactos dele sobre as células que dão origem ao cérebro humano.
Saber de que forma o vírus age é um primeiro passo para tentar bloquear seus
efeitos.
Os resultados da pesquisa mostram que o invasor microscópico é capaz de
travar a multiplicação celular e de impedir que neurônios maduros apareçam.
Essa característica provavelmente explica o tamanho reduzido do cérebro dos
recém-nascidos afetados pelo vírus quando estavam na barriga da mãe.
Ao fim do trabalho, a equipe coordenada por Patricia Garcez e Stevens
Rehen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto D’Or de
Pesquisa e Ensino, conseguiu uma biblioteca de mais de 500 proteínas e genes
das células humanas que parecem ser manipulados ou alterados indiretamente pela
presença do vírus.
Algumas dessas moléculas podem se revelar alvos promissores para
medicamentos que bloqueiem a ação do vírus de modo específico – algo que não
existe hoje. Os pesquisadores estão tentando desvendar os aspectos básicos da
biologia do vírus da zika desde que ele foi ligado à epidemia de microcefalia
em bebês do Nordeste.
Para obter os resultados, os pesquisadores expuseram células-tronco
neurais ao vírus durante duas horas e compararam o desenvolvimento das amostras
infectadas com outras não infectadas, o que mostrou os efeitos causados pela
zika na formação do cérebro
Os primeiros resultados foram similares aos que a equipe já tinha
observado em estudos anteriores: as células dos neurônios infectadas com o zika
eram menores que as não infectadas e, com o passar do tempo, começaram a sumir.
Outra descoberta sobre o comportamento do vírus chamou a atenção dos
pesquisadores. Os experimentos mostram que a zika não sai matando
indiscriminadamente as precursoras dos neurônios. A presença dela leva a uma
interrupção no chamado ciclo celular – o processo delicadamente programado pelo
qual as células fazem novas cópias do seu material genético e depois se
dividem, dando origem a outras células. “A parada no ciclo é uma resposta da
célula aos danos em seu DNA”, explica Rehen.
Outro processo complexo, a chamada neurogênese ( células-tronco neurais
que dão origem a diferentes formas especializadas de neurônios), também é
afetado pelo zika. Os resultados mostram que esse mecanismo que ficou menos
ativos nas células infectadas.
Financiamento
Com laboratórios no Rio, os pesquisadores Rehen e Garcez têm sido afetados pela crise financeira do Estado e pelos problemas mais gerais de financiamento que têm preocupado a comunidade científica brasileira. A situação deles é um pouco menos grave por causa da prioridade que tem sido dada aos estudos sobre o zika.
Com laboratórios no Rio, os pesquisadores Rehen e Garcez têm sido afetados pela crise financeira do Estado e pelos problemas mais gerais de financiamento que têm preocupado a comunidade científica brasileira. A situação deles é um pouco menos grave por causa da prioridade que tem sido dada aos estudos sobre o zika.
“Boa parte dos recursos federais para zika tem sido repassada, com
cortes. Infelizmente, no caso da Faperj (órgão estadual de fomento à pesquisa),
nem isso. A porcentagem repassada até agora foi mínima e não permite o
andamento das pesquisas”, diz Rehen.
Também assinam o estudo pesquisadores da Unicamp, da Fiocruz, do
Instituto Evandro Chagas e da Universidade Federal do Pará. Os dados estão em
artigo na revista especializada “Scientific Reports”.
*Com agência FolhaPress
Controle do Aedes aegypti agora é obrigatório no país
O Levantamento Rápido do Índice de Infestação para Aedes aegypti
(LIRAa), ferramenta criada para identificar os locais com focos do mosquito nos
municípios, passa a ser obrigatório para todas as cidades com mais de 2 mil
imóveis. O objetivo é que, com a realização do mapeamento, os municípios tenham
melhores condições de fazer o planejamento das ações de combate e controle do
mosquito Aedes aegypti.
A portaria com a medida foi publicada na última sexta-feira no Diário Oficial da União. Até então, o levantamento era feito a partir da adesão voluntária de municípios.
A portaria com a medida foi publicada na última sexta-feira no Diário Oficial da União. Até então, o levantamento era feito a partir da adesão voluntária de municípios.
Cidades que não realizarem o levantamento não receberão a segunda
parcela do Piso Variável de Vigilância em Saúde, recurso extra que é utilizado
exclusivamente para ações de combate ao mosquito. Em 2017, o Piso Variável de
Vigilância em Saúde é R$ 152 milhões e será liberado aos gestores locais em
duas etapas.
No último LIRAa, realizado no segundo semestre de ano passado, 2.284
municípios participaram do levantamento, o que representa 62% das cidades com
mais de 2 mil imóveis. Em comparação com 2015, houve um aumento de 27,3% em
relação ao número de municípios participantes.
Realizado em outubro e novembro deste ano, o levantamento é um instrumento fundamental para o controle do vetor da dengue, chikungunya e zika. Com base nas informações coletadas, o gestor pode identificar os tipos de depósito onde as larvas foram encontradas e, consequentemente, priorizar as medidas mais adequadas para o controle do Aedes no município.
Realizado em outubro e novembro deste ano, o levantamento é um instrumento fundamental para o controle do vetor da dengue, chikungunya e zika. Com base nas informações coletadas, o gestor pode identificar os tipos de depósito onde as larvas foram encontradas e, consequentemente, priorizar as medidas mais adequadas para o controle do Aedes no município.
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