quinta-feira, 2 de junho de 2016

À PROCURA DA PORTA DA ESPERANÇA PARA A SAÍDA DA CRISE



Monetaristas não conhecem a porta de saída da crise
José Antônio Bicalho 



Uma leitura apressada dos números do PIB no primeiro trimestre, divulgados ontem pelo IBGE, pode levar a interpretações equivocadas (leia matéria da repórter Tatiana Lagôa nas páginas 4 e 5). É positivo que o encolhimento da economia, de 0,3% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, seja o menos intenso entre os cinco trimestres consecutivos de queda do PIB. Mas ainda não existe qualquer sinal consistente de que caminhamos para uma reversão do ciclo recessivo ou de que já tenhamos atingido o fundo do poço.

Para entender isso, vamos abrir alguns dados da composição do PIB e fazer algumas comparações. Em primeiro lugar, apesar do recuo ter sido o menor registrado até o momento, isso não significa que a queda não possa voltar a ganhar força. Em outras palavras, os motivos da desaceleração ainda não garantem que o movimento se estabelecerá como tendência.

Na comparação anual, os números ainda são terríveis e mostram deterioração do quadro. Contra igual trimestre do ano anterior, o PIB encolheu incríveis 5,4%, e no acumulado em 12 meses até março (contra os 12 meses imediatamente anteriores), a queda é de 4,7%. São os piores números do ciclo recessivo nessa comparação.

Na verdade, não existirá motivo para se pensar numa reversão estruturada do quadro recessivo enquanto os dados de investimento das empresas e do consumo das famílias continuarem sendo piores que a média de desempenho do PIB. São esses dois indicadores que apontarão, de fato, uma melhora do otimismo dos empresários e dos consumidores, do ambiente de negócios e das perspectivas futuras.

A chamada Formação Bruta de Capital Fixo, ou seja, o investimento na estrutura de produção das empresas, caiu 2,7% na comparação com o trimestre imediatamente anterior e assustadores 17,5% quando comparado ao mesmo período do ano passado. Os investimentos realizados no período, que somaram R$ 946 bilhões, representaram apenas 16,9% do PIB, um percentual risível, que representa quase que tão somente a recomposição da depreciação.

O que significa isso? Que as empresas ainda não enxergaram luz no fim do túnel e continuam amedrontadas e gerindo seus negócios pelo caixa.

Já o consumo das famílias, ou seja, tudo aquilo que nós pessoas físicas compramos (bens, alimentos e serviços), recuou 1,7% no primeiro trimestre contra o trimestre imediatamente anterior, e 6,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. Essa queda, muito superior à média do PIB, é reflexo do desemprego, da corrosão do poder de compra pela inflação, da falta de crédito, dos juros altos e da insegurança da população em assumir dívidas de longo prazo.

Se não são as empresas nem as famílias, a desaceleração da queda do PIB no primeiro trimestre é justificada tão somente pelos gastos do governo, que aumentaram 1,1% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Mas, como todos sabemos, a política do atual governo é cortar gastos e, portanto, não teremos mais este alento nos trimestres que se seguirão.

O problema é que os gastos do governo, quando bem direcionados e executados com qualidade, são o único remédio verdadeiramente eficaz no combate do quadro recessivo, conforme provado em todas as crises, em todo o mundo. Foi assim no New Deal de Roosevelt da década de 30, na recuperação da Europa no pós-guerra, no combate à crise americana do sub-prime de 2009. Donde se conclui que Dilma errou quando escolheu Levy, assim como Temer, ao escolher Meirelles. Monetaristas não conhecem a porta de saída da crise.

PESSOAS NEGATIVAS



O peso das pessoas negativas

Simone Demolinari 



Conviver com uma pessoa negativa é tarefa árdua. Elas carregam consigo o pessimismo como estilo de vida e, por mais que a situação seja favorável, nunca é o bastante. . Vivem a tragédia imaginada, assim como no desenho animado clássico de Hanna-Barbera, onde a hiena Hardy vivia na lamentação: “Ó vida, ó céus, ó azar, isso não vai dar certo”.
Mas nem sempre o pessimismo é escancarado, muitas vezes ele pode ser sutil e se manifestar de três maneiras diferentes: negatividade, reclamação e crítica.
Na negatividade o indivíduo vive do expediente de fazer apologia ao azar. Considera toda e qualquer manifestação de otimismo como imaturidade que deve ser derrotada. Dá logo um jeito de “abrir os olhos” de quem está feliz e lhe mostrar o lado ruim da coisa. Pedir opinião para essas pessoas pode ser desanimador visto que elas sempre consideram que o pior está por vir. Certa vez presenciei uma situação insólita: um rapaz diagnosticado com tumor convidou quatro amigos para compartilhar a notícia. Seu intuito era receber solidariedade e apoio dos seus companheiros. Todos ficaram muito consternados e verbalizaram mensagens de ânimo e superação, menos um: o pessimista, que disse a seguinte frase: “Se eu fosse você não ficava muito confiante nesse tratamento, não. Tive um tio exatamente com essa doença que fez de tudo para curar e morreu em um mês”. A negatividade é assim, impiedosa. Não leva em consideração a fragilidade, a tristeza, nem mesmo a alegria do outro sem despejar sua dose de veneno.
Outra característica intrínseca do pessimista é a reclamação. Nada para ele está bom. Pode estar no melhor lugar do mundo, num dia ensolarado com a vista mais deslumbrante, que sempre identificará um aspecto negativo. São incapazes de desfrutar da satisfação plena. Ora a música está alta, ora falta a música; ora o sol está quente, ora está nublado; ora tem gente demais, ora faltam pessoas interessantes. A insatisfação não é só sentida como também verbalizada, enfatizada, repetida e “bufada” através de suspiros que evidenciam total descontentamento. Na falta do que reclamar, reclamam de si, passando de vilões à vítimas.
Criticar é mais um comportamento das pessoas negativas. O crítico nunca considera o outro de igual para igual, ao contrario, se vê sempre acima dele. Uma superioridade conferida através da depreciação alheia. Existem dois tipos de críticos: o primeiro é aquele que mais acertou do que errou na vida, sobretudo no campo profissional. Com isso sente-se no direito de achar feio tudo que não é espelho. E o segundo é aquele que julga o outro pelo mesmo crime que ele comete. É o famoso sujo falando do mal lavado.
Pessoas negativas têm sempre a habilidade de criar um clima de insegurança, medo e desânimo para seus convivas. Só saem ilesos da sua presença aqueles que dispõem de serenidade búdica e autoestima inabalável. Na falta dessas características fica a opção da “distância de segurança”. E não me refiro à distância física, visto que nem sempre é possível, mas sim a emocional, a mais importante delas.

GRAVE PERÍODO POLÍTICO QUE ESTAMOS ATRAVESSANDO



A opinião pública apática

Manoel Hygino 



Por mais que se queira ou se quisesse, não se poderia deixar de focalizar os acontecimentos que marcam o grave período político que atravessamos. A hora não admite omissão e, para salvar o que de bom e exemplar sobrou do caos, tem a nação de unir-se em defesa da nobreza e da dignidade na ação política.
Não se há de permitir que os vendilhões do templo, os desonestos, os larápios aproveitadores de oportunidades se sirvam das benesses e facilidades que a administração da coisa pública facilita. É hora e vez de os brasileiros se unirem em torno de seus ideias e de princípios para gerir. Enfim, tempos uma república, res publica.
Em seu “Refletindo o Direito e a Justiça”, o desembargador Rogério Medeiros Garcia de Lima (nascido em São João del-Rei e ex-juiz de Direito da Comarca de Montes Claros) focaliza os problemas que enfrentamos hoje e que, em alguns casos, apenas dão continuação ao que vem de outras eras, mas deveria ter sido extirpado dos costumes.
Para o magistrado, no Brasil existem “duas éticas”: uma para a população, outra para a elite. A primeira austera e a segunda, condescendente. Rogério Medeiros observa: “Qualquer país – ressalve-se – convive com a corrupção. Sendo impossível erradicá-la, pode-se contê-la em limites razoáveis. Tal contenção, evidentemente, não vem ocorrendo em nosso país”.
Acrescenta: “O fenômeno não é exclusivamente nacional. Ocorre em outros países, sobretudo nos subdesenvolvidos. Entre nós, como em toda a América Latina, mesclam-se caudilhismo e corrupção. Escrevia Jacques Lambert: “Se está encerrada a era do caudilhismo, pelo menos na maior parte da América Latina, os hábitos adquiridos deixaram traços duradouros na vida política de países que durante tanto tempo ele dominou”.
“Pode-se pensar, por exemplo, que a longa persistência do caciquismo tornou mais difícil o desaparecimento de um estado de espírito - de que, certa ou erradamente, todos se queixam na América Latina – que levaria muitos homens públicos a considerar normal o enriquecimento dos que detêm o poder”.
A pergunta que faço: será este o estigma da hora que atravessamos? A sucessão de escândalos, de denúncias, as delações de gravações com acusações a “ilustres” homens da res publica se não surpreendem, nos deixam estarrecidos. Embora, como comenta Medeiros, “Alvissareiramente se espraiam candentes clamores por ética na vida pública, em todos os níveis federativos. As lutas contra as transgressões da moralidade administrativa ocupam grande parte das notícias dos meios de comunicação social. Aviventam, diariamente, os valores morais, os quais vão sendo paulatinamente incorporados às ordens jurídicas de vanguarda”.
O papel das atuais gerações tem, portanto, relevância muito especial. Chegaram a hora e minuto de se esforçarem para que os cidadãos, por todos os meios, virem a tenebrosa página da história. Os sendeiros estão abertos e cabe à sociedade agir decisivamente. Temos de remover o que impede de se atuar em benefício da nação e de cada cidadão.
Se Bilac Pinto condenou um passado que ainda é presente, expresso em apenas duas linhas, temos de riscá-los definitivamente de nossas práticas: “o que torna mais grave esse fenômeno – da corrupção política e administrativa - , que ocorre em todos os níveis do governo, é a apatia da opinião pública diante dele”.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

O PT FALHOU NA DOUTRINAÇÃO DO STF E DAS FORÇAS ARMADAS



A autocrítica

Antonio Delfin Netto  



Tenho o maior respeito pela integridade pessoal da presidente Dilma Rousseff, mas a narrativa de que está sofrendo um "golpe" é pura alucinação de cidadãos desesperados com a possibilidade de perderem o poder. Na mais plena observância da Constituição de 1988 e sob o controle de um Supremo Tribunal Federal para o qual nada menos do que oito (entre 11) dos seus ilustres membros foram escolhidos livremente por Lula ou por ela e transparentemente aprovados pelo Senado Federal, está em andamento um processo de impeachment autorizado por dois terços dos representantes diretamente eleitos para a Câmara Federal. O julgamento dar-se-á no Senado Federal e também exigirá o quorum de dois terços.
Como consequência natural do processo, Dilma foi preventivamente afastada da Presidência da República e substituída, interinamente, pelo vice-presidente, Michel Temer, enquanto o Senado apura se houve desvio de função durante a manifestamente desastrosa administração do país no período de 2012 a 2016.
O fato concreto é que Dilma Rousseff continua no Palácio da Alvorada, acompanhada de duas dezenas de assessores de sua livre escolha, com a capacidade de ir e vir livremente, somada às facilidades de transporte do primeiro mandatário da nação, com seu retrato pendurado em todos os ministérios e com livre acesso à imprensa nacional e internacional, tudo por conta do Tesouro Nacional, como deve ser. Se for inocentada no Senado, voltará a ser entronizada na Presidência, como manda a lei.
Se isso for "golpe", minha querida avó era um "bonde elétrico". Como em teoria das probabilidades sou um "frequentista", sei que um evento de probabilidade zero não é impossível, mas tal resultado, provavelmente, seria a volta do desgoverno...
Uma recente autocrítica do PT revelou a pobreza da atual liderança do que foi, nos anos 80 do século passado, um partido essencial para a sociedade brasileira.
Admirado não apenas pelos seus correligionários, mas, principalmente, pelo que compreendem o papel da esquerda inteligente e do sufrágio universal na "civilização" do "capitalismo". Do que se lamenta o PT, afinal? Da sua incapacidade. Primeiro, a de não ter "aparelhado" o Supremo Tribunal Federal e, segundo, de ter se esquecido de "aparelhar" as forças armadas com o controle das promoções dos oficiais. Eita partidinho democrático!
Com minha simpatia pessoal pelos dois, acredito que esse é um sinal que Lula e Dilma nunca aceitaram o que era "natural" para o partido: o "aparelhamento" para a sua eternização no poder. Ponto para eles.

ESCOLHA DE PIMENTA CRIA CONFLITO COM GESTÃO DE LEITE

Brasil e Mundo ...