O peso das pessoas
negativas
Simone Demolinari
Conviver com uma pessoa negativa é tarefa árdua. Elas carregam consigo o
pessimismo como estilo de vida e, por mais que a situação seja favorável, nunca
é o bastante. . Vivem a tragédia imaginada, assim como no desenho animado
clássico de Hanna-Barbera, onde a hiena Hardy vivia na lamentação: “Ó vida, ó
céus, ó azar, isso não vai dar certo”.
Mas nem sempre o pessimismo é escancarado, muitas vezes ele pode ser
sutil e se manifestar de três maneiras diferentes: negatividade, reclamação e
crítica.
Na negatividade o indivíduo vive do expediente de fazer apologia ao
azar. Considera toda e qualquer manifestação de otimismo como imaturidade que
deve ser derrotada. Dá logo um jeito de “abrir os olhos” de quem está feliz e
lhe mostrar o lado ruim da coisa. Pedir opinião para essas pessoas pode ser
desanimador visto que elas sempre consideram que o pior está por vir. Certa vez
presenciei uma situação insólita: um rapaz diagnosticado com tumor convidou
quatro amigos para compartilhar a notícia. Seu intuito era receber
solidariedade e apoio dos seus companheiros. Todos ficaram muito consternados e
verbalizaram mensagens de ânimo e superação, menos um: o pessimista, que disse
a seguinte frase: “Se eu fosse você não ficava muito confiante nesse tratamento,
não. Tive um tio exatamente com essa doença que fez de tudo para curar e morreu
em um mês”. A negatividade é assim, impiedosa. Não leva em consideração a
fragilidade, a tristeza, nem mesmo a alegria do outro sem despejar sua dose de
veneno.
Outra característica intrínseca do pessimista é a reclamação. Nada para
ele está bom. Pode estar no melhor lugar do mundo, num dia ensolarado com a
vista mais deslumbrante, que sempre identificará um aspecto negativo. São
incapazes de desfrutar da satisfação plena. Ora a música está alta, ora falta a
música; ora o sol está quente, ora está nublado; ora tem gente demais, ora
faltam pessoas interessantes. A insatisfação não é só sentida como também
verbalizada, enfatizada, repetida e “bufada” através de suspiros que evidenciam
total descontentamento. Na falta do que reclamar, reclamam de si, passando de
vilões à vítimas.
Criticar é mais um comportamento das pessoas negativas. O crítico nunca
considera o outro de igual para igual, ao contrario, se vê sempre acima dele.
Uma superioridade conferida através da depreciação alheia. Existem dois tipos
de críticos: o primeiro é aquele que mais acertou do que errou na vida,
sobretudo no campo profissional. Com isso sente-se no direito de achar feio
tudo que não é espelho. E o segundo é aquele que julga o outro pelo mesmo crime
que ele comete. É o famoso sujo falando do mal lavado.
Pessoas negativas têm sempre a habilidade de criar um clima de
insegurança, medo e desânimo para seus convivas. Só saem ilesos da sua presença
aqueles que dispõem de serenidade búdica e autoestima inabalável. Na falta
dessas características fica a opção da “distância de segurança”. E não me
refiro à distância física, visto que nem sempre é possível, mas sim a
emocional, a mais importante delas.
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