quarta-feira, 30 de março de 2016

O COMBUSTÍVEL DA POLÍTICA BRASILEIRA É O DINHEIRO - TOMA LÁ DA CÁ



Combustível limpo em política

Manoel Hygino  




Não se esquece o papelão do advogado de José Genuíno, Luiz Fernando Pacheco, que interrompeu uma sessão do STF, tentando intimidar os ministros e mudar a pauta, para dar prioridade ao pedido de prisão domiciliar de seu cliente. Sob efeito de álcool, teve de ser removido pelos seguranças do plenário. Um vexame na Suprema Corte.
O ministro de Paracatu, Joaquim Barbosa, negro com todas as honras, agora aparece pouco em cena, mas não se omite. Em outubro de 2013, na Conferência de Jornalismo Investigativo, no Rio de Janeiro, ainda presidente do STF, respondeu às perguntas sempre indiscretas dos repórteres. Sobre o pleito presidencial que se aproximava, o de 2014, disse: “O quadro político-partidário no Brasil não me agrada nem um pouco”. Tinha motivos que o tempo referendou.
Bem humorado com a imprensa, não deixou sem resposta qualquer questionamento. Reiterou a necessidade de reforma política, criticou o número “assombroso” de legendas e a “mercantilização” das siglas, revelou-se em oposição ao voto obrigatório e, finalmente, contra o “coronelismo e mandonismo” na estrutura interna dos partidos, o que evidentemente o distanciará de alguns deles, caso admita lançar seu nome ao Planalto.
Sobre o que há hoje, disse Barbosa: “É a natureza tortuosa do nosso sistema político movido por um combustível nada limpo, que é o dinheiro de origem duvidosa, que tem causado a grande desafeição do cidadão para com a política”.
Chegou a hora de o país demonstrar que identificou seus erros, o crime dos que ocupam importantes cargos na administração pública, que já se conhecem os caminhos da corrupção, seus meandros, os métodos de atuação das quadrilhas organizadas. A experiência do mensalão e do petrolão, das várias operações deflagradas por autoridades competentes, mostra que o Brasil já sabe enfrentar o inimigo.
Imprescindível pensarmos quem ocupará os mais altos postos da República, a partir de 2018, ou mesmo antes, se confirmado o impedimento de Dilma Rousseff. Se não se encontrar em outros segmentos de alto nível candidatos à chefia do Executivo, pode-se talvez identificá-los no seio da magistratura.
Castigar os transgressores da lei é essencial nesta hora e nas que chegam a toda velocidade. Cumpre eliminar os vícios, erros e crimes cometidos. Em outras palavras, precisamos de “instituições que facultem o controle do exercício do poder, antes que os malfeitores consigam apagar os seus rastros”, como disse, em artigo, o advogado Aristóteles Atheniense.
A tarefa é difícil, tal a longa e profunda prevalência do mal no país. Aliás, o próprio Aristóteles registrou: “A substituir o quadro atual, a nossa democracia, antes de ser um sistema político, não passará de um “arranjo” que se presta a satisfazer interesses pessoais com o uso da máquina pública”. E do erário.


ÚLTIMOS DIAS DO GOVERNO DILMA



Planalto em ruínas

Editorial Jornal Hoje em Dia 




Será que naquele 26 de outubro de 2014, dia em que foi reeleita, Dilma Rousseff imaginou que veria seu governo amanhecer esfacelado como neste 30 de março de 2016? Certo que não. O país dirigido por ela enfrenta uma das piores crises econômicas já vistas em terras tupiniquins; o maior esquema de corrupção brasileiro descoberto até aqui, a cada dia, traz novas e “bombásticas” revelações; e, ontem, a notícia de que o PMDB deixou oficialmente o governo abriu caminho para que mais partidos tomem a mesma atitude nos próximos dias.
A deterioração do governo, selada pelo rompimento peemedebista, trouxe para mais perto o processo de impeachment, já acelerado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. O parlamentar era, inclusive, todo sorrisos durante o pronunciamento de Romero Jucá na reunião feita pelo PMDB na tarde de ontem.
Fato é que Dilma fez de tudo para manter a sigla junto ao governo. Sem ele, a governabilidade, ou seja, a possibilidade de aprovação de projetos nas casas legislativas ficou ainda mais difícil. Em números, somente 216 dos 513 membros da Câmara dos Deputados (42%) declaram-se agora governistas. No Senado, a situação do governo do PT consegue ser pior: só 26 dos 81 membros (32%). E, para coroar, a Comissão do Impeachment é composta por 60% de parlamentares contrários à presidente: somente 26 dos 65 deputados são pró-Dilma.
Nos bastidores, diz-se que o governo passará a trabalhar no varejo, o que significa tentar “encher o papo” grão por grão, convencer deputado por deputado a votar contra o impeachment. Não é garantido, mas Renan Calheiros, presidente do Senado, e uma pequena quantidade de políticos a ele ligados estaria ao lado de Dilma na “luta” contra a queda da petista. Em troca, claro – sempre há moedas na costura política –, de ministérios, de verba e, por aí vai. E assim o pernicioso toma-lá-dá-cá se retroalimenta.
É sempre bom lembrar que, mesmo perdendo o apoio dos partidos aliados, os membros das siglas podem, individualmente, votar ou não a favor da presidente.
Enquanto isso, nosso ainda vice-presidente Michel Temer já articula nomes como Roberto Brant e Henrique Meirelles para ocupar alguns dos ministérios, se o impeachment for concretizado e o PMDB assumir o poder. Vamos aguardar os próximos capítulos.


DEBANDADA DO PMDB DO GOVERNO DILMA



Saída do PMDB da base aliada abala de vez a República

Giulia Mendes* 



Antes mesmo de oficializar a saída do partido da base, o vice-presidente Michel Temer começava a articular um eventual governo de transição, formando alianças com partidos como PSDB e PSB

Aos gritos de “Fora PT” e “Temer presidente”, parlamentares do PMDB confirmaram ontem o desembarque do governo federal em reunião que durou três minutos, liderada pelo vice-presidente do partido, Romero Jucá (PMDB-RR).
A saída corroi a fraca base da presidente Dilma Rousseff (PT), que não conta mais com os principais pilares para sustentar o governo: a economia, a maioria nas casas legislativas e a força política do ex-presidente Lula.
Com a decisão sacramentada pelo PMDB, ministros peemedebistas se preparam para deixar os ministérios. As pastas já começaram a ser ofertadas a outros aliados que ameaçam pular do barco, como PR, PP e PSD.
Lula foi nomeado ministro da Casa Civil na tentativa de intensificar a articulação política e reconstruir a aliança abalada, mas sua designação foi bloqueada na Justiça, após desdobramentos da operação “Lava Jato”.
“O PMDB se retira da base do governo da presidente Dilma Roussef e ninguém do partido está autorizado a exercer qualquer cargo no governo federal. A decisão está tomada”
Romero Jucá (PMDB-RR), senador
Nem mesmo o esforço de Lula para tentar barrar o rompimento do PMDB surtiu efeito. No governo, a estratégia agora é trabalhar no varejo.
Ou seja, procurar os deputados e negociar espaço no governo, sem passar pelo partido. Serão ouvidos parlamentares do PMDB e de outras legendas que estão prestes a sair da base.
Em moção aprovada na reunião de ontem pelos peemedebistas, por aclamação, ficou acertado que nenhum filiado poderá exercer cargos em nome da legenda. Além dos seis ministérios, o PMDB detém postos de segundo e terceiro escalão.


Em três minutos, comando nacional do PMDB decidiu abandonar o governo; ministros peemedebistas devem entregar os cargos até o próximo dia 12

Dilma precisa de 172 votos para barrar o impeachment na Câmara. Sem o PMDB – que conta com 69 parlamentares –, tem 91 deputados fiéis (PT, PCdoB e PDT).
Os usuários Twitter pediram ontem a renúncia do vice-presidente Michel Temer. A hashtag #RenunciaTemer chegou a ocupar o primeiro lugar nos assuntos mais comentados da rede social no Brasil
Governo
Antes mesmo de oficializar a saída do partido da base, o vice-presidente Michel Temer começava a articular um eventual governo de transição, formando alianças com partidos como PSDB e PSB.
O vice-presidente se reuniu nesta semana com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
O encontro ocorreu no Palácio do Jaburu, onde Temer tem mantido uma série de conversas com lideranças partidárias nos últimos dias.
O presidente do PSB afirmou que a conversa tratou da “atual crise econômica e política”.
“Ele falou sobre o desembarque do PMDB do governo e que quer discutir o futuro com todas as forças políticas, como o PSB, para estabelecer uma agenda para o país”, afirmou Siqueira.
O dólar à vista fechou em alta de 0,31%, cotado a R$ 3,6357. A oficialização da saída do PMDB da base aliada do governo Dilma Rousseff não gerou pressão de baixa na cotação
O PSB ainda não tomou uma posição oficial sobre o impeachment de Dilma. O presidente do partido acredita, no entanto, que se o processo for aprovado pelo plenário da Câmara, dificilmente o Senado irá reverter a decisão.
“Se um governo não tem condições de obter 172 votos para se manter, não há mais razão para existir”, disse Siqueira. Ele ressalta, porém, que a posição formal do PSB ainda será avaliada.
Para o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG), a atitude do presidente do PSB de se reunir com Temer foi precipitada. Segundo ele, não é momento de apoiar o vice-presidente num eventual governo de transição, já que ele fez parte de todo o governo Dilma Rousseff, que está em crise.
“Em caso de impeachment, Temer assumirá com todas as suspeitas, pois participou do governo durante todo este período de crise”, disse.

terça-feira, 29 de março de 2016

O CASAMENTO DILMA-TEMER ACABOU



Lula não defendeu Dilma das críticas de Temer

Josias de Souza




Em conversa com Lula, o vice-presidente Michel Temer atribuiu a Dilma Rousseff a responsabilidade pelo rompimento do PMDB com o governo. Temer fez um histórico das atribulações que marcam as relações da presidente com o partido. Atrasou o relógio para incluir na conversa barbeiragens que vem colecionando desde o primeiro mandato de Dilma. Crivou-a de críticas. E Lula se absteve de defender sua criatura. Passou a impressão de concordar com as críticas.
Temer encontrou Lula no último domingo. Como voaria para Brasília, recebeu-o na sala de autoridades da Base Aérea de Congonhas —é o mesmo local para onde a Polícia Federal levou Lula quando o inquiriu na condição de investigado, por ordem do juiz da Lava Jato, Sérgio Moro.
Ao relatar a conversa a integrantes do seu grupo político, Temer contou que foi franco com Lula. Disse-lhe que já não havia a mais remota chance de retirar o PMDB da rota do rompimento com o governo. Tampouco seria possível adiar a reunião do diretório nacional na qual a legenda formalizará o desembarque, nesta terça-feira.
Numa das críticas que endereçou a Dilma, Temer disse que foi graças a ela que a reunião do diretório do PMDB, inicialmente prevista para 12 de abril, foi antecipada. Nessa versão, Dilma afrontou a legenda ao empossar o deputado mineiro Mauro Lopes, há duas semanas, no cargo de ministro da Aviação Civil. Dias antes, o partido aprovara em sua convenção nacional uma moção que proibia os filiados de assumirem cargos novos no governo num intervalo de 30 dias.
Ironicamenrte, Temer já havia tratado desse mesmo assunto com o próprio Lula. Fizera isso quando o interlocutor lhe telefonara para dizer que, acomodado por Dilma na chefia da Casa Civil, queria azeitar as relações com o PMDB. Nesse telefonema, Temer avisara a Lula sobre o desconforto que Dilma provocara no PMDB ao enfiar dentro do seu ministério um personagem cuja posse estava desautorizada pela convenção nacional do partido. Lula ficara de conversar com Dilma. E nada.
Temer também mencionou, como evidência do comportamento belicoso de Dilma, o afastamento, há cinco dias, do presidente da Fundação Nacional da Saúde, Antônio Henrique de Carvalho Pires, ligado a ele. O vice foi empilhando críticas a atitudes inamistosas ou inadequadas de Dilma. E Lula não saiu em defesa de sua afilhada política.
De volta a Brasília, Temer ofereceu um jantar no Jaburu, sua residência oficial, aos senadores Romero Jucá e Eunício Oliveira, além do ex-ministro Moreira Franco. Deu-se ainda na noite do domingo, poucas horas depois da conversa com Lula. Durante o repasto, Eunício, que lidera a bancada do PMDB no Senado, propôs que o rompimento com o governo fosse aprovado por aclamação, sem a necessidade de coletar os votos dos membros do diretório.
Àquela altura, já havia uma maioria consolidada de pelo menos 80% dos votos a favor do rompimento. Até o presidente do Senado, Renan Calheiros, última esperança de resistência de Dilma, viu-se compelido a aceitar a fórmula da aclamação. Numa votação nominal, a minoria pró-Dilma seria exposta em todo o seu nanismo.

GOVERNO DEMITE O PRESIDENTE DA PETROBRAS JEAN PAUL PRATES

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