Saída do PMDB da base
aliada abala de vez a República
Giulia Mendes*
Antes mesmo de
oficializar a saída do partido da base, o vice-presidente Michel Temer começava
a articular um eventual governo de transição, formando alianças com partidos
como PSDB e PSB
Aos gritos de “Fora PT” e “Temer presidente”, parlamentares do PMDB
confirmaram ontem o desembarque do governo federal em reunião que durou três
minutos, liderada pelo vice-presidente do partido, Romero Jucá (PMDB-RR).
A saída corroi a fraca base da presidente Dilma Rousseff (PT), que não
conta mais com os principais pilares para sustentar o governo: a economia, a
maioria nas casas legislativas e a força política do ex-presidente Lula.
Com a decisão sacramentada pelo PMDB, ministros peemedebistas se
preparam para deixar os ministérios. As pastas já começaram a ser ofertadas a
outros aliados que ameaçam pular do barco, como PR, PP e PSD.
Lula foi nomeado ministro da Casa Civil na tentativa de intensificar a
articulação política e reconstruir a aliança abalada, mas sua designação foi
bloqueada na Justiça, após desdobramentos da operação “Lava Jato”.
“O PMDB se retira da base do governo da presidente Dilma Roussef e
ninguém do partido está autorizado a exercer qualquer cargo no governo federal.
A decisão está tomada”
Romero Jucá (PMDB-RR), senador
Nem mesmo o esforço de Lula para tentar barrar o rompimento do PMDB
surtiu efeito. No governo, a estratégia agora é trabalhar no varejo.
Ou seja, procurar os deputados e negociar espaço no governo, sem passar
pelo partido. Serão ouvidos parlamentares do PMDB e de outras legendas que
estão prestes a sair da base.
Em moção aprovada na reunião de ontem pelos peemedebistas, por
aclamação, ficou acertado que nenhum filiado poderá exercer cargos em nome da
legenda. Além dos seis ministérios, o PMDB detém postos de segundo e terceiro
escalão.
Em três minutos, comando nacional do PMDB decidiu abandonar o governo;
ministros peemedebistas devem entregar os cargos até o próximo dia 12
Dilma precisa de 172 votos para barrar o impeachment na Câmara. Sem o
PMDB – que conta com 69 parlamentares –, tem 91 deputados fiéis (PT, PCdoB e
PDT).
Os usuários Twitter pediram ontem a renúncia do vice-presidente Michel
Temer. A hashtag #RenunciaTemer chegou a ocupar o primeiro lugar nos assuntos
mais comentados da rede social no Brasil
Governo
Antes mesmo de oficializar a saída do partido da base, o vice-presidente Michel Temer começava a articular um eventual governo de transição, formando alianças com partidos como PSDB e PSB.
Antes mesmo de oficializar a saída do partido da base, o vice-presidente Michel Temer começava a articular um eventual governo de transição, formando alianças com partidos como PSDB e PSB.
O vice-presidente se reuniu nesta semana com o presidente nacional do
PSB, Carlos Siqueira.
O encontro ocorreu no Palácio do Jaburu, onde Temer tem mantido uma série
de conversas com lideranças partidárias nos últimos dias.
O presidente do PSB afirmou que a conversa tratou da “atual crise
econômica e política”.
“Ele falou sobre o desembarque do PMDB do governo e que quer discutir o
futuro com todas as forças políticas, como o PSB, para estabelecer uma agenda
para o país”, afirmou Siqueira.
O dólar à vista fechou em alta de 0,31%, cotado a R$ 3,6357. A
oficialização da saída do PMDB da base aliada do governo Dilma Rousseff não
gerou pressão de baixa na cotação
O PSB ainda não tomou uma posição oficial sobre o impeachment de Dilma.
O presidente do partido acredita, no entanto, que se o processo for aprovado
pelo plenário da Câmara, dificilmente o Senado irá reverter a decisão.
“Se um governo não tem condições de obter 172 votos para se manter, não
há mais razão para existir”, disse Siqueira. Ele ressalta, porém, que a posição
formal do PSB ainda será avaliada.
Para o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG), a atitude do presidente
do PSB de se reunir com Temer foi precipitada. Segundo ele, não é momento de
apoiar o vice-presidente num eventual governo de transição, já que ele fez
parte de todo o governo Dilma Rousseff, que está em crise.
“Em caso de impeachment, Temer assumirá com todas as suspeitas, pois
participou do governo durante todo este período de crise”, disse.


Nenhum comentário:
Postar um comentário