domingo, 3 de janeiro de 2016

MEA CULPA DO PT



Patrus Ananias diz que este é o momento do PT fazer 'um exame de consciência'

Hoje em Dia






                                 Patrus acredita que este será um ano difícil para todos os políticos

Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro do Desenvolvimento Agrário, o petista e mineiro Patrus Ananias, disse que este é o momento de o partido fazer “um exame de consciência”. Ele disse temer que a crise política leve o PT a derrotas nas eleições municipais em todo o país em 2016.
“Faz parte do processo político. É o momento de o partido fazer uma reavaliação, um exame de consciência, uma autocrítica construtiva”, afirmou o ministro. Ainda sobre as expectativas para as eleições municipais, Patrus disse que teme que sejam eleitos pelo partido aqueles que “têm esses outros canais”, se referindo àqueles envolvidos em atividades corruptas.
“Que os mais representativos do melhor da tradição petista, daquilo que sempre defendemos, sejam prejudicados em função de outros que tenham esses canais, como controle de aparelhos no interior, compra de voto e apoios”, afirmou o ministro em entrevista ao jornal carioca.
Para o político, o partido deveria ter aproveitado a oportunidade e se posicionado contra o financimento privado de campanha. “O PT perdeu um bom momento de fazer um mea-culpa público e assumir o compromisso de não mais receber recursos de empresas. É uma questão muito delicada, principalmente empresa que presta serviço para o Estado. Como fica? Dá o dinheiro na campanha e depois quem vai fiscalizar a obra? No congresso (do partido), era um bom momento para o PT dizer 'não receberemos mais'. Não fez isso. E depois veio uma lei proibindo. Quando propus isso no encontro, as pessoas diziam: ‘mas o PT pode acabar’”, disse o ministro.
Apesar de assumir as dificuldades enfrentadas pelo partido, o petista alega que será um ano difícil para todos os políticos, e teme que o cenário seja propício para o rebaixamento do nível político. “Para ser sincero, acho que vai ser uma eleição muito difícil. Para todos, por causa do descrédito com a política. Acho que vão aumentar abstenção, brancos, nulos. Lamentável, pois são pessoas que poderiam votar conscientemente nos melhores candidatos, os mais qualificados do ponto de vista de projetos e de valores morais, seja de qual partido for. Aí cresce também, por outro lado, o eleitorado movido a dinheiro, manipulações religiosas ou outras formas de manipulação. Com isso vem o rebaixamento do nível político de que falamos antes”, afirmou Patrus Ananias em entrevista ao O Globo.


POLÍTICA DO PT É ASSIM



Em 6º lugar no ranking, impostos e logística afastam investidor de Minas

Bruno Porto - Hoje em Dia

Altos impostos e infraestrutura logística defasada minam o potencial econômico de Minas Gerais, afastando empresas e derrubando a competitividade do Estado. Apesar de ter o segundo maior parque automotivo do país, Minas não recebeu nenhuma nova montadora nos últimos anos, quando pelo menos dez construíram novas fábricas no Brasil. Outros dois pilares da economia mineira – a siderurgia e a mineração – aos poucos perdem protagonismo no cenário nacional.

Na fabricação de aço, historicamente Minas Gerais ocupa o topo do ranking dos maiores produtores com moderada folga. No entanto, nos últimos três anos o Rio de Janeiro passou a ameaçar a liderança do Estado, dada a falta de novos aportes em usinas em território mineiro.

Na mineração, Minas Gerais permanece como maior produtor, mas observa uma migração acelerada dos investimentos para o Pará, onde se considera estar o suprassumo do setor, com minérios de mais elevado teor de ferro.

Professor da faculdade Ibmec, Reginaldo Nogueira aponta impostos elevados, infraestrutura deficiente e o baixo nível educacional como inibidores do desenvolvimento da economia estadual.

“A saída é avançar em ações profundas de cortes de alíquotas de ICMS, intensificar pacotes de Parcerias Público-Privadas (PPP) e concessões, e reduzir as diferenças do nível educacional entre as regiões do Estado”, afirma.

Dada a grande dimensão de Minas Gerais, atacar o déficit de infraestrutura, explica Nogueira, é fundamental para dar competitividade à economia, reduzindo custos logísticos. “É um plano de longo prazo, mas que de imediato já tem impactos significativos no emprego e renda gerado pelas obras”.

Ao menos na parte dos impostos, Minas deu passo na contramão. Desde o último dia 1º, uma lista de 180 produtos tiveram aumento de ICMS, além das alíquotas cobradas pela energia paga pelo comércio.

Colocação

Desde 2011, a revista inglesa “The Economist” publica, em parceria com o Centro de Liderança Pública (CLP) e a Inteligence Unit, o “Ranking de Competitividade dos Estados”. Até 2013, Minas Gerais ocupava a terceira colocação, mas nos últimos dois anos se acomodou na sexta. A pesquisa considera dez “pilares” para formar o ranking, e o Estado está abaixo da média nacional apenas em um deles, a sustentabilidade fiscal, que avalia a relação dívida líquida/receita corrente líquida. Minas é o 23º neste critério.

“Se o Estado estivesse se endividando para investir, estaria tudo bem, mas a dívida vem da receita corrente, o que é muito ruim. Em parte, isso revela que o choque de gestão não teve sucesso”, afirma o economista Róridan Duarte, do Conselho Federal de Economia (Cofecon).

Embora tenha o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) do país, Minas não repete essa posição em vários indicadores da pesquisa, e é, por exemplo, o 10º do item “produtividade do trabalho”. Duarte explica que o PIB não assegura competitividade.

Setor industrial é o que apresenta piores indicadores

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) classificou 2015 como o ano da perda de competitividade. O documento da entidade que traz o balanço deste ano diz que o Brasil atravessa “a mais longa crise de sua história” e o presidente da entidade, Olavo Machado, destacou que o cenário de aumento de custos intensifica o processo de perda de competitividade.

“Nesse ambiente, a indústria se destaca como o setor que apresenta os piores indicadores, quer sejam de produção, faturamento, vendas, produtividade, entre outros. O setor industrial brasileiro segue uma trajetória perigosa de completa perda de competitividade, sofrendo com custos cada vez mais altos e produtividade cada vez mais baixa, inviabilizando todos os setores em que não temos vantagens comparativas naturais”, afirmou Olavo Machado.

As estimativas da Fiemg indicam uma retração na economia mineira este ano mais acentuada do que a da média nacional. No Estado, a queda deve ser de 4,1%, e no Brasil, de 3,8%. Já a previsão de produção industrial é a mesma para Minas e Brasil, de recuo de 7,6%.





sábado, 2 de janeiro de 2016

POLÍTICA, POLÍTICA, POLÍTICA...



  

Orion Teixeira


O ano de 2015, finalmente, acaba hoje e não deixará boas lembranças; ao contrário, sua herança negativa ainda repercutirá por muito tempo sobre o próximo ano e o futuro. Por conta dessa influência pesada, 2016 começa com tom pessimista só superado pelos votos acumulados de ‘Feliz Natal e Próspero Ano Novo’, que a todos convém repetir como um mantra de fé e de esperança. Além do clima natalino, não temos outras razões para otimismo por tudo que deixou de ser construído, ou que foi desconstruído, nesse moribundo ano.
A começar pela política praticada nos últimos 12 meses. Definitivamente, governos e o cidadão não podem ficar reféns desse tipo de política, que não deixa o primeiros governar e o segundo a realizar seus projetos pessoais. Eleitos para resolverem os problemas do cidadão e do país, em vez disso, os políticos só criaram mais dificuldades. Sobrevivemos a 2015, mas ainda não sabemos o que virá para 2016 nem temos promessas confiáveis.
De certo, é que teremos que começar a construir novamente tudo que 2015 paralisou e desmontou. Mais uma vez, foi preciso que o Judiciário apontasse os caminhos e as regras do jogo democrático e constitucional para que a guerra política cessasse e desse trégua, permitindo o gerenciamento do maior problema nacional, que afeta a todos, que é a economia. Os empresários e a elite sabem muito bem como fazer para enfrentar os desacertos da recessão, ao contrário do cidadão comum, que ficará sem emprego e perspectivas.
Será um reinício para todos, a começar pelo governo Dilma Roussseff (PT), que terá um mandato menor, de apenas três anos, para corrigir todos os malfeitos na política, na economia e no mau gerenciamento da coisa pública que permitiu o alastramento de esquemas de corrupção como o que pilhou a maior empresa brasileira, símbolo da soberania nacional.
Não haverá tempo para grandes projetos ou reformas. A receita mais sensata é a do pé no chão, do arroz com feijão bem feito, sem extravagâncias, apesar de o Brasil sediar, neste ano, as Olimpíadas, as primeiras de um país da América do Sul, em um Estado (Rio de Janeiro) que sequer consegue manter o básico e intransferível serviço de saúde pública. É um contraste imperdoável nos tempos de hoje.
As condições foram repostas pelo Supremo Tribunal Federal, mas ainda faltam lideranças nos outros dois poderes, na situação e na oposição, que sejam capazes de pactuar o enfrentamento dos verdadeiros problemas. O quadro é desanimador, e a realidade da vida é mais dura do que a visão de Brasília. O ano de 2015 ficará para trás, de maneira melancólica, e 2016 começa sem rumos e perspectivas na política e na economia. Ainda assim, que 2016 seja bem-vindo.
Feliz ano novo!

TEMPO PERDIDO - ACREDITAR NOS POLÍTICOS



  

José Eutáquio de Oliveira



Existe um tempo para acreditar em sonhos, utopias, quimeras, marias, antônias e veras. Existe um tempo para não crer em nada, sejam verdades, fé, religiões, promessas e novas eras. Existe um tempo para viver de paixão e tesão, supostos prenúncios do amor, da amizade e do nirvana. Existe um tempo para dar-se conta de que o tesão acaba no último trago do cigarro e que a paixão finda logo ali adiante – sem aviso prévio e com muita dor. Como também existe o tempo de saber que o amor e a amizade são madeiras fortes. Que só sobrevivem íntegras quando bem plantadas e regadas com as águas da sabedoria e da generosidade.

E lá vem ela. A felicidade a brincar comigo e a me provocar com seus cabelos louros, negros, ruivos ou pixains. Lá vem ela. De saias curtas, pernas longas, roliças, pele suave como tez de pêssego maduro, sorriso nos lábios. Lá vem ela. Juventude em flor, perfume de manacá, olhar de alegria que impregna de encantamentos e luares o lugar em que ela passa, o chão que ela pisa. E deixa em mim a certeza de que meu tempo passou. Lá vai ela. É bom assistir ao espetáculo que é vê-la desfilar beleza nas calçadas das avenidas e ruas da cidade.

Existe um tempo em que temos a certeza de que somos visíveis e a convicção de que somos ouvidos e levados em conta em tudo que fazemos. Por isso colorimos as vestes, pintamos nossos rostos, deixamos os cabelos se alongarem, gritamos discursos e canções e recitamos poemas de amor. Existe um tempo, porém, em que as
ilusões estão mortas. Tempo no qual descobrimos que somos mais um entre bilhões de seres humanos invisíveis como a maioria dos zilhões de universos e estrelas do universo. Tempo em que nos damos conta de que nossas vozes são praticamente inaudíveis, em que os cabelos já não crescem, as canções envelheceram e os poemas, tal como a memória, perderam o vigor.

Lá vem ela de novo, a caminhar beleza e destilar malícia no andar como um rio de águas límpidas – ora calmas, ora revoltas – que rola em seu leito em direção ao mar. Como as águas do rio, ela nunca é a mesma, porque cada vez mais bela, cada vez mais vida, viva, vívida a nos convidar à vida.

Existe um tempo em que a chegada do novo ano renova as esperanças de que tudo vai melhorar – ou pelos menos deixará de piorar. Mas outro tempo existe em que o ano que parte deixa como herança o outro que já nasce velho. E no qual você, também velho, mais velho fica. É quando o medo da dor e da solidão aumentam, além da morte ficar mais próxima.

E lá vai ela. Linda como um dia de sol, misteriosa como o outro lado da lua, exuberante como um céu de estrelas iridescentes, impossível como o amor platônico. Lá vai ela. Música no ar a provar que pode ser que o amor exista e que a felicidade é mais que uma pluma a flutuar no éter ao sabor do vento.

E como a onda do mar, desafiando os grãos de areia ao encontrar a praia a cada ir e vir, enquanto a vida passeia no requebrado dos quadris da moça-vida que vai ao encontro do amor, quem sabe...