No Caminho da Felicidade”
estreia neste sábado e mostra como alcançar esse estado
Thais Oliveira -
Hoje em Dia
“Os
depoimentos não têm o objetivo de desvendar nenhuma fórmula absoluta de
felicidade"
Felicidade. Palavrinha fácil de proferir, mas tão difícil de alcançar.
Será? Impossível, provavelmente, não, como mostrará a série “No Caminho da
Felicidade”, que estreia neste sábado (29), às 18h, no canal pago Multishow. “A
ideia é ajudar as pessoas a encontrarem novos caminhos para a felicidade.
Falaremos deste sentimento e suas conexões com consumo, autoconhecimento,
trabalho, tempo, entre outros”, conta a apresentadora do programa, Susanna
Queiroz, 42.
Segundo a jornalista, a ideia surgiu durante as gravações de “No
Caminho” (Multishow, 2009 a 2013), quando viajou pelo mundo atrás de
diversidade espiritual. A primeira parte do novo seriado terá oito episódios e
se desenvolve a partir de depoimentos de especialistas do Brasil e Estados
Unidos. Entre os convidados, estão o sociólogo Domenico De Masi, o escritor Marcelo
Rubens Paiva, o físico Stephen Little, os atores Marcos Palmeira e Mateus
Solano, o astrólogo Waldemar Falcão, o jornalista Oliver Burkeman, o rabino
Nilton Bonder, o líder humanitário Sri Prem Baba e o maestro Felipe Prazeres.
Por meio de alguns hábitos como gratidão, autoconhecimento e altruísmo e
do somatório dos diferentes pontos de vistas, Susanna diz que espera dar o
“clique” inicial em pessoas que se consideram infelizes, deprimidas ou
paralisadas “pela força deste mundo acelerado e competitivo em que vivemos”.
“Se este ‘clique’ de fato acontecer com pelo menos algumas pessoas, considero
que já vai ter valido a pena compartilhar, com o público, este caminho tão
enriquecedor que venho trilhando recentemente”.
Afinal, o que é felicidade? Estado de emoção e sensação que decorre da
satisfação, da realização, de sentir-se contente e de bem estar com alguém ou
com alguma coisa. Isto é felicidade, conforme a definição da psicóloga e coach,
Karina Campos, 36.
O acesso a ela, contudo, tem sido desafio e busca eterna para muitos,
que nunca a desfrutam. Para Karina, isto acontece porque a sociedade banalizou
a felicidade, transformando-a conflituosa e dando a impressão de que é
necessário estar feliz o tempo todo, como é mostrado, por exemplo, ilusoriamente
nas redes sociais. “Felicidade é ‘ser’ e os padrões culturais de ‘ter’ deturpam
o sentido do estado satisfatório. Então, torna-se descartável ‘essa tal
felicidade’; porque hoje eu tenho algo, mas amanhã quero outra coisa”,
considera.
Karina ressalta também que é importante as pessoas se sentirem
frustradas em determinadas ocasiões e saberem lidar com este sentimento, pois
faz bem para a saúde mental. “A vida não é linear. É feita de desníveis com
altos e baixos, montanhas e depressões, e isso nos dá vazão à compreensão das
emoções”, afirma.
A psicóloga explica ainda que cada indivíduo possui uma concepção da
vida e forma própria de alcançar a felicidade. “O ideal é que as pessoas saiam
dos paradigmas impostos socialmente. O segredo é identificar o que é felicidade
para si mesmo. E ela não é comprável, não é adquirida. É sentida. Acredito que
existe uma correria imensa em busca dessa tal felicidade, enquanto que o que se
precisa é parar para sentir. Pausa para a felicidade. Pausa para sen\tir qualquer
sentimento”, finaliza.
Executivo larga presidência de empresa para ‘discutir a felicidade’
Quando criança, por volta dos seus 8 anos de idade, Mauricio Patrocinio,
38, insistia em perguntar à mãe: “por que as pessoas não sorriem?”. A questão
era pertinente – afinal, a cada virada de esquina, se deparava com uma “cara
fechada”. “Aquilo me intrigava”, recorda.
Diferentemente da maioria dos adultos, Patrocinio não deixou a
sensibilidade de criança ir embora com o passar do tempo. No entanto, foi
necessário um hiato de 30 anos para ver o sonho de menino chegar mais perto da
realidade.
Formando em administração, Patrocinio trabalhou como executivo por 23
anos, sendo que, nos últimos oito, sentava-se na cadeira de presidente de uma
empresa. “Naquela época, algo me tocou; pensei: ‘isto é tudo?’ Ser presidente é
ótimo, mas não define o meu propósito de vida, que é ajudar o maior número de
pessoas a serem felizes”.
Virada
A decisão de sair do emprego foi tomada no último mês de junho – 12 anos
depois de começar a escrever o seu primeiro livro, a ser lançado no fim de
setembro. A publicação é fruto do projeto “Discutindo a Felicidade”, que inclui
palestras motivacionais, posts no Facebook e no Instagram e vídeos no YouTube.
“Ao saber da minha escolha, alguns perguntam: ‘então é preciso fazer uma
loucura para ser feliz?’ Pelo contrário, as loucuras nos fazem infelizes; todo
exagero é burro. Meu desligamento foi planejado”, diz.
Qual é fórmula?
Segundo Patrocinio, as pessoas costumam querer uma resposta simples,
porém, não existe fórmula mágica para ser feliz. Para ele, trata-se de uma
questão individual, além de atemporal e dinâmica – pois o que faz alguém feliz,
hoje, pode não fazer amanhã. Por isto, as pessoas precisam evoluir e se conectar
com a sua essência, definir valores legítimos e traçar um plano de vida. “Por
mais mórbido que pareça, temos que refletir: qual vídeo da minha história
gostaria de ver nos últimos cinco minutos de vida? Que legado quero deixar? É
preciso olhar para trás e dizer que fomos felizes. Claro, há muito o que
considerar e discutir sobre o tema – por isto, o livro”, afirma.
Produção cultural também aborda o tema ‘felicidade”
Tema presente em diversos campos, a felicidade já inspírou muitas
músicas. Claudio Zoli, por exemplo, compôs “Felicidade Urgente”, gravada por
Elba Ramalho. “Quero te fazer feliz. Quero ser feliz também. Com você tá tudo
bem”, diz o refrão. Pharrell Williams foi outro que deixou a sua marca, com
“Happy”. E como não lembrar de Michael Jackson e a bela “Happy”? Já Zélia
Duncan gravou “Felicidade”, de Luiz Tatit. Fábio Jr. cunhou a sua “Felicidade”,
aquela, que “brilha no ar”.
Tem, ainda, “Don’t Worry Be Happy”, de Bobby McFerrin (que, aliás, não a
canta mais em shows). “Felicidade é só questão de ser”, pontua, por sua vez,
Marcelo Jeneci. E Ivan Linsprega que “com força e com vontade, a felicidade, há
de se espalhar, com toda intensidade...”
Cinema
Imagine uma pessoa absurdamente feliz. Assim é a Poppy (Sally Hawkins),
do filme “Simplesmente Feliz” (2008), de Mike Leigh. No longa, ela é uma
professora primária, que leva na brincadeira situações sérias. Problema é que,
em muitas ocasiões, acaba sendo irresponsável. Scott (Eddie Marsan), seu
professor na auto-escola, por exemplo, não aguenta mais a falta de atenção da
moça na direção.
Um dos mais famosos filmes, no entanto, é “À Procura da Felicidade”
(2006), com Will Smit. Na trama, ele é Chris, pai solteiro que, para sustentar
o filho, de 5 anos, consegue uma vaga de estagiário numa corretora de ações –
mas não recebe salário pelos serviços prestados. Pai e filho passam, então, a
dormir em abrigos, estações de trem, banheiros, na esperança de dias melhores.
Literatura
A Editora Autêntica lançou, recentemente, “Construções da Felicidade”,
fruto de um debate em torno da felicidade. Foram feitos questionamentos como:
por quais desvãos a busca pela felicidade pode desviar seu rumo e redundar em
seu oposto, de tal maneira que indivíduos e sociedades se convertam, à sua
revelia, em construtores de autoritarismo e de infelicidades?
O debate contou com pesquisadores de diferentes perspectivas de oito
países.
“Comparo a felicidade como uma estação de trem ou metrô: você está à
espera e o trem chega, você não embarca. Vem outro trem, chega e você não
embarca. E mais outro... As pessoas não ‘embarcam’ na felicidade, não a sentem”
Karina Campos, psicóloga e coach