sábado, 29 de agosto de 2015

FELICIDADE



No Caminho da Felicidade” estreia neste sábado e mostra como alcançar esse estado
Thais Oliveira - Hoje em Dia




“Os depoimentos não têm o objetivo de desvendar nenhuma fórmula absoluta de felicidade"

Felicidade. Palavrinha fácil de proferir, mas tão difícil de alcançar. Será? Impossível, provavelmente, não, como mostrará a série “No Caminho da Felicidade”, que estreia neste sábado (29), às 18h, no canal pago Multishow. “A ideia é ajudar as pessoas a encontrarem novos caminhos para a felicidade. Falaremos deste sentimento e suas conexões com consumo, autoconhecimento, trabalho, tempo, entre outros”, conta a apresentadora do programa, Susanna Queiroz, 42.


Segundo a jornalista, a ideia surgiu durante as gravações de “No Caminho” (Multishow, 2009 a 2013), quando viajou pelo mundo atrás de diversidade espiritual. A primeira parte do novo seriado terá oito episódios e se desenvolve a partir de depoimentos de especialistas do Brasil e Estados Unidos. Entre os convidados, estão o sociólogo Domenico De Masi, o escritor Marcelo Rubens Paiva, o físico Stephen Little, os atores Marcos Palmeira e Mateus Solano, o astrólogo Waldemar Falcão, o jornalista Oliver Burkeman, o rabino Nilton Bonder, o líder humanitário Sri Prem Baba e o maestro Felipe Prazeres.

Por meio de alguns hábitos como gratidão, autoconhecimento e altruísmo e do somatório dos diferentes pontos de vistas, Susanna diz que espera dar o “clique” inicial em pessoas que se consideram infelizes, deprimidas ou paralisadas “pela força deste mundo acelerado e competitivo em que vivemos”. “Se este ‘clique’ de fato acontecer com pelo menos algumas pessoas, considero que já vai ter valido a pena compartilhar, com o público, este caminho tão enriquecedor que venho trilhando recentemente”.

Afinal, o que é felicidade? Estado de emoção e sensação que decorre da satisfação, da realização, de sentir-se contente e de bem estar com alguém ou com alguma coisa. Isto é felicidade, conforme a definição da psicóloga e coach, Karina Campos, 36.

O acesso a ela, contudo, tem sido desafio e busca eterna para muitos, que nunca a desfrutam. Para Karina, isto acontece porque a sociedade banalizou a felicidade, transformando-a conflituosa e dando a impressão de que é necessário estar feliz o tempo todo, como é mostrado, por exemplo, ilusoriamente nas redes sociais. “Felicidade é ‘ser’ e os padrões culturais de ‘ter’ deturpam o sentido do estado satisfatório. Então, torna-se descartável ‘essa tal felicidade’; porque hoje eu tenho algo, mas amanhã quero outra coisa”, considera.

Karina ressalta também que é importante as pessoas se sentirem frustradas em determinadas ocasiões e saberem lidar com este sentimento, pois faz bem para a saúde mental. “A vida não é linear. É feita de desníveis com altos e baixos, montanhas e depressões, e isso nos dá vazão à compreensão das emoções”, afirma.

A psicóloga explica ainda que cada indivíduo possui uma concepção da vida e forma própria de alcançar a felicidade. “O ideal é que as pessoas saiam dos paradigmas impostos socialmente. O segredo é identificar o que é felicidade para si mesmo. E ela não é comprável, não é adquirida. É sentida. Acredito que existe uma correria imensa em busca dessa tal felicidade, enquanto que o que se precisa é parar para sentir. Pausa para a felicidade. Pausa para sen\tir qualquer sentimento”, finaliza.

Executivo larga presidência de empresa para ‘discutir a felicidade’

Quando criança, por volta dos seus 8 anos de idade, Mauricio Patrocinio, 38, insistia em perguntar à mãe: “por que as pessoas não sorriem?”. A questão era pertinente – afinal, a cada virada de esquina, se deparava com uma “cara fechada”. “Aquilo me intrigava”, recorda.

Diferentemente da maioria dos adultos, Patrocinio não deixou a sensibilidade de criança ir embora com o passar do tempo. No entanto, foi necessário um hiato de 30 anos para ver o sonho de menino chegar mais perto da realidade.

Formando em administração, Patrocinio trabalhou como executivo por 23 anos, sendo que, nos últimos oito, sentava-se na cadeira de presidente de uma empresa. “Naquela época, algo me tocou; pensei: ‘isto é tudo?’ Ser presidente é ótimo, mas não define o meu propósito de vida, que é ajudar o maior número de pessoas a serem felizes”.

Virada

A decisão de sair do emprego foi tomada no último mês de junho – 12 anos depois de começar a escrever o seu primeiro livro, a ser lançado no fim de setembro. A publicação é fruto do projeto “Discutindo a Felicidade”, que inclui palestras motivacionais, posts no Facebook e no Instagram e vídeos no YouTube.

“Ao saber da minha escolha, alguns perguntam: ‘então é preciso fazer uma loucura para ser feliz?’ Pelo contrário, as loucuras nos fazem infelizes; todo exagero é burro. Meu desligamento foi planejado”, diz.

Qual é fórmula?

Segundo Patrocinio, as pessoas costumam querer uma resposta simples, porém, não existe fórmula mágica para ser feliz. Para ele, trata-se de uma questão individual, além de atemporal e dinâmica – pois o que faz alguém feliz, hoje, pode não fazer amanhã. Por isto, as pessoas precisam evoluir e se conectar com a sua essência, definir valores legítimos e traçar um plano de vida. “Por mais mórbido que pareça, temos que refletir: qual vídeo da minha história gostaria de ver nos últimos cinco minutos de vida? Que legado quero deixar? É preciso olhar para trás e dizer que fomos felizes. Claro, há muito o que considerar e discutir sobre o tema – por isto, o livro”, afirma.

Produção cultural também aborda o tema ‘felicidade”

Tema presente em diversos campos, a felicidade já inspírou muitas músicas. Claudio Zoli, por exemplo, compôs “Felicidade Urgente”, gravada por Elba Ramalho. “Quero te fazer feliz. Quero ser feliz também. Com você tá tudo bem”, diz o refrão. Pharrell Williams foi outro que deixou a sua marca, com “Happy”. E como não lembrar de Michael Jackson e a bela “Happy”? Já Zélia Duncan gravou “Felicidade”, de Luiz Tatit. Fábio Jr. cunhou a sua “Felicidade”, aquela, que “brilha no ar”.

Tem, ainda, “Don’t Worry Be Happy”, de Bobby McFerrin (que, aliás, não a canta mais em shows). “Felicidade é só questão de ser”, pontua, por sua vez, Marcelo Jeneci. E Ivan Linsprega que “com força e com vontade, a felicidade, há de se espalhar, com toda intensidade...”

Cinema

Imagine uma pessoa absurdamente feliz. Assim é a Poppy (Sally Hawkins), do filme “Simplesmente Feliz” (2008), de Mike Leigh. No longa, ela é uma professora primária, que leva na brincadeira situações sérias. Problema é que, em muitas ocasiões, acaba sendo irresponsável. Scott (Eddie Marsan), seu professor na auto-escola, por exemplo, não aguenta mais a falta de atenção da moça na direção.

Um dos mais famosos filmes, no entanto, é “À Procura da Felicidade” (2006), com Will Smit. Na trama, ele é Chris, pai solteiro que, para sustentar o filho, de 5 anos, consegue uma vaga de estagiário numa corretora de ações – mas não recebe salário pelos serviços prestados. Pai e filho passam, então, a dormir em abrigos, estações de trem, banheiros, na esperança de dias melhores.

Literatura

A Editora Autêntica lançou, recentemente, “Construções da Felicidade”, fruto de um debate em torno da felicidade. Foram feitos questionamentos como: por quais desvãos a busca pela felicidade pode desviar seu rumo e redundar em seu oposto, de tal maneira que indivíduos e sociedades se convertam, à sua revelia, em construtores de autoritarismo e de infelicidades?

O debate contou com pesquisadores de diferentes perspectivas de oito países.

“Comparo a felicidade como uma estação de trem ou metrô: você está à espera e o trem chega, você não embarca. Vem outro trem, chega e você não embarca. E mais outro... As pessoas não ‘embarcam’ na felicidade, não a sentem” Karina Campos, psicóloga e coach


Nenhum comentário:

Postar um comentário