Márcio Doti
O presidente do Banco Nacional de
Desenvolvimento Social (BNDES), Luciano Coutinho, escreve na “Folha de S.
Paulo” um longo artigo em que enaltece a contribuição da instituição financeira
estatal em termos de valer ao Brasil que busca sair da crise e se desenvolver.
Faz contraponto a matéria do próprio jornal que alertava para os custos fiscais
dos empréstimos do Tesouro Nacional ao banco nas próximas quatro décadas, e que
vão somar R$ 184 bilhões. Pondera o presidente que é preciso considerar as
vantagens advindas desses financiamentos, inclusive com geração de impostos.
Vem longa matéria que prometo ler
depois que ficar conhecendo em detalhes os empréstimos que o banco fez para
empreiteiras tocarem obras em países amigos, por empreiteiras se entendendo
sobretudo a Odebrecht que ficou com 69% dos 2 mil financiamentos feitos a
países amigos, amigos dos antigos revolucionários do governo brasileiro como
Venezuela, Guatemala, Argentina, Cuba e Moçambique. E segundo se investiga
hoje, com a interferência do ex-presidente Lula. É muito importante saber
quanto de dinheiro saiu para ajudar vizinhos sob o pretexto de impulsionar
empresas brasileiras.
O que não esperavam os protagonistas
dessa grande farra com dinheiro do povo era a queda daquele decreto
governamental que deixava o BNDES operar em absoluto sigilo, em nome da
integridade das empresas, como se pegar financiamento fosse algo vergonhoso ou
depreciativo.
Mentira de campanha
Me lembro que durante campanha nasceu
até uma discussão entre a candidata Dilma e o candidato Aécio, porque este
acusou o governo de estar assumindo até riscos por conta do dinheiro emprestado
para fazer pontes, estradas, aeroportos, enquanto aqui carecíamos como
carecemos de muitas obras básicas.
A candidata reagiu e categoricamente
afirmou que o candidato estava mal informado, que o Brasil não respondia por
riscos, eles eram por conta das empresas, o que hoje se sabe que não era
verdade. E sabe-se, aliás muito mais coisas que vão sendo ditas, mas que
precisam passar por criteriosa investigação, tomara que da Justiça, porque a
CPI que trata do BNDES já começou poupando o governador de Minas Gerais,
Fernando Pimentel, que na época era ministro do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, pasta à qual se vincula o BNDES.
Também poupou o ex-presidente Lula e
seu filho sob o argumento de que depoimentos dessas figuras tumultuariam os
trabalhos. Sem esquecer que também se ligam à história do banco a esposa do
governador Pimentel, Carolina Pereira Oliveira, que trabalhou no banco mesmo
enquanto servia no gabinete do então ministro Pimentel. Carolina e Bené,
personagem de mil histórias de contratos com o governo e de viagens com o
casal, tiveram investigações interrompidas depois que a Polícia Federal viu
negado pedido que fez à Justiça para vasculhar escritório, casa e palácio do
governador de Minas.
Pouco importa se as investigações e os
trabalhos da CPI demoram. Se o trabalho for sério e revelar falcatruas, as
importantes figuras hoje poupadas acabarão tendo que falar de qualquer jeito. O
que já se conhece é suficiente para o parlamento cobrar explicações.
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