domingo, 30 de agosto de 2015

CAIXA PRETA DO BNDES




  

Márcio Doti



O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), Luciano Coutinho, escreve na “Folha de S. Paulo” um longo artigo em que enaltece a contribuição da instituição financeira estatal em termos de valer ao Brasil que busca sair da crise e se desenvolver. Faz contraponto a matéria do próprio jornal que alertava para os custos fiscais dos empréstimos do Tesouro Nacional ao banco nas próximas quatro décadas, e que vão somar R$ 184 bilhões. Pondera o presidente que é preciso considerar as vantagens advindas desses financiamentos, inclusive com geração de impostos.

Vem longa matéria que prometo ler depois que ficar conhecendo em detalhes os empréstimos que o banco fez para empreiteiras tocarem obras em países amigos, por empreiteiras se entendendo sobretudo a Odebrecht que ficou com 69% dos 2 mil financiamentos feitos a países amigos, amigos dos antigos revolucionários do governo brasileiro como Venezuela, Guatemala, Argentina, Cuba e Moçambique. E segundo se investiga hoje, com a interferência do ex-presidente Lula. É muito importante saber quanto de dinheiro saiu para ajudar vizinhos sob o pretexto de impulsionar empresas brasileiras.

O que não esperavam os protagonistas dessa grande farra com dinheiro do povo era a queda daquele decreto governamental que deixava o BNDES operar em absoluto sigilo, em nome da integridade das empresas, como se pegar financiamento fosse algo vergonhoso ou depreciativo.

Mentira de campanha

Me lembro que durante campanha nasceu até uma discussão entre a candidata Dilma e o candidato Aécio, porque este acusou o governo de estar assumindo até riscos por conta do dinheiro emprestado para fazer pontes, estradas, aeroportos, enquanto aqui carecíamos como carecemos de muitas obras básicas.

A candidata reagiu e categoricamente afirmou que o candidato estava mal informado, que o Brasil não respondia por riscos, eles eram por conta das empresas, o que hoje se sabe que não era verdade. E sabe-se, aliás muito mais coisas que vão sendo ditas, mas que precisam passar por criteriosa investigação, tomara que da Justiça, porque a CPI que trata do BNDES já começou poupando o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, que na época era ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, pasta à qual se vincula o BNDES.

Também poupou o ex-presidente Lula e seu filho sob o argumento de que depoimentos dessas figuras tumultuariam os trabalhos. Sem esquecer que também se ligam à história do banco a esposa do governador Pimentel, Carolina Pereira Oliveira, que trabalhou no banco mesmo enquanto servia no gabinete do então ministro Pimentel. Carolina e Bené, personagem de mil histórias de contratos com o governo e de viagens com o casal, tiveram investigações interrompidas depois que a Polícia Federal viu negado pedido que fez à Justiça para vasculhar escritório, casa e palácio do governador de Minas.

Pouco importa se as investigações e os trabalhos da CPI demoram. Se o trabalho for sério e revelar falcatruas, as importantes figuras hoje poupadas acabarão tendo que falar de qualquer jeito. O que já se conhece é suficiente para o parlamento cobrar explicações.

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