terça-feira, 28 de abril de 2015

FUZILAMENTO DE BRASILEIRO NA INDONÉSIA



Indonésia pagará preço político alto pelo direito de ser selvagem

Carlos Eduardo de Oliveira Vasconcelos 

Depois do fuzilamento do brasileiro Marco Archer e outros em janeiro, Rodrigo Muxfeldt Gularte e outros sete condenados tiveram o mesmo destino, apesar do brasileiro ter sido diagnosticado com esquizofrenia e de a lei indonésia proibir execução nessas condições. Estima-se que mais de 130 presos estejam no corredor da morte no país asiático.
Não vou aqui falar da irracionalidade e da inutilidade do tratamento exclusivamente penal do grave problema das drogas, pois o que temos por certo é que seu tráfico é crime grave punido com duras penas tanto no Brasil quanto na Indonésia.
O que causa, ou deveria causar, comoção é a insistência da Indonésia em aplicar a pena de morte a despeito da intensa pressão internacional não apenas do Brasil, mas também da Austrália, da Noruega, de outros países que têm seus cidadãos entre os condenados, da Anistia Internacional e das Nações Unidas, que mais uma vez apelou ao dirigente da Indonésia que declare uma moratória e considere a abolição da pena capital.
O governo indonésio responde invariavelmente com argumentos de "soberania nacional", alheio ao consenso internacional de que a pena de morte constitui um tipo de pena cruel, desumana e degradante. No caso da Indonésia, a pena de morte, adicionalmente, traduz um injustificável escárnio à dignidade humana.
A Folha, de 5 de abril passado, publicou extensas matérias sobre a pena de morte e a venda de drogas na paradisíaca ilha indonésia de Bali, das quais se conclui que o único efeito da criminalização é o aumento da tarifação das propinas cobradas.
Recomendo fortemente a leitura desses artigos àqueles brasileiros que, em tantos comentários de blogs e sites aplaudiram as execuções, às vezes impiedosamente, na suposição de que "na Indonésia a lei funciona". Não é bem assim.
A Indonésia é um país selvagem em termos de lei penal e digo isso por experiência própria, como relatarei. Das várias reportagens destaco algumas assertivas mais impactantes: "traficantes não encontram dificuldade em abordar potenciais clientes na noite de Bali"; "a lei que manda matar não inibe o tráfico, mas aumenta a propina"; "presídio Kerobokan é o lugar mais seguro para o tráfico de drogas"; "um inglês saiu do julgamento com uma sentença de seis anos por porte de ecstasy. Quando os papeis dele chegaram a Kerobokan, a pena era de três anos. O que aconteceu no caminho: R$ 110 mil".
Alguns traficantes lhe vendem a droga para, em seguida, avisarem a polícia. O brasileiro Archer tentou vender um apartamento no Rio para levantar um milhão de reais para comprar a comutação de sua pena. O assédio de traficantes nas ruas, hotéis, aeroportos, taxis e pontos turísticos é tal faz supor que a oferta é maior do que a procura.
Há advogados especializados na negociação de propinas, que também incluem os jornalistas, porque se o caso chega à imprensa a cotação aumenta. E por aí vai.
Direito selvagem
Na pequena experiência que tive na reconstrução de Timor Leste sob os auspícios das Nações Unidas, tive a oportunidade de familiarizar-me um pouco com o direito indonésio. Participei da reedificação das instituições jurídicas e das primeiras investigações das atrocidades indonésias durante os 26 anos de ocupação de Timor-Leste, em que um país de 200 milhões de habitantes (hoje 240 milhões) quase dizimou uma pequena nação de 1 milhão de habitantes.
A Indonésia utilizou largamente a técnica de combate denominada escudo humano, crime de guerra segundo a IV Convenção de Genebra, que consiste em fazer marchar à frente das colunas de seu exército familiares do inimigo, mulheres, crianças e velhos, enquanto disparavam fogo pesado contra os timorenses que lutavam por sua independência.
Como é usual em transições políticas para evitar vácuos normativos, o nascente Estado, por deliberação da Administração Transitória das Nações Unidas, aplicava a legislação indonésia até que o país contasse com um legislativo eleito apto a elaborar novas leis.
Ocorre que o Código de Processo Penal indonésio era tão selvagem, tão inquisitivo, tão incompatível com o devido processo legal, com os princípios das Nações Unidas, com um mínimo de dignidade para o indivíduo suspeito de uma infração penal, que foi preciso que as Nações Unidas improvisassem às pressas uma resolução que fizesse as vezes de processo penal para funcionar para o cotidiano dos crimes comuns e para as grandes atrocidades.
Noutros termos, o direito indonésio não é selvagem apenas na prática, como frequentemente ocorre no Brasil, mas também o é em teoria. No país que possui a polícia secreta mais capilarizada do mundo, de fazer inveja às imaginações mais férteis de ficções sobre o macartismo e o stalinismo, não sobra muito sequer para um arremedo de estado de direito.
Desafio o encarregado de negócios da Indonésia no Brasil, que tem entre suas missões a de desfazer incompreensões e corrigir desinformação sobre seu país, no sentido de estreitar as relações amistosas entre os dois países, a corrigir equívocos em minhas assertivas, certo de que não lhe faltará espaço na grande imprensa brasileira para tanto.
Pois bem, esse é o país que se sente com superioridade moral (ou cinismo) para condenar indivíduos à morte por tráfico de drogas, inclusive um diagnosticado com esquizofrenia, depois de estarem no corredor da morte por tempo equivalente à pena máxima prevista para o tráfico de drogas no Brasil.
Talvez sua inconsciência tenha amenizado seu sofrimento e sua dor, pois o outro, segundo relatos, soube de tudo até o último momento, teve crise de choro, de diarreia - logo assepsiado à distância com jatos d"água, porque precisava ser conduzido à morte limpo -, para depois seguir para o crematório. Até a última visita de parente ocorreu mediante propina.
Dirão alguns, se não muitos, "mas é um traficante, e os que morreram das drogas que ele traficou?". A isso eu respondo: qual a utilidade dessa morte ritualizada em relação à outra? Tem a sociedade e o Estado o direito de matar por vingança apenas, sem utilidade?
Por tudo isso, considero corretíssimas as iniciativas diplomáticas do governo brasileiro, e bem assim a iniciativa da Secretaria de Cooperação Internacional do Ministério Público Federal de tentarem reverter a primeira execução ainda em janeiro, embora frustradas todas.
Se a Indonésia pretende aferrar-se ao seu direito de ser selvagem em nome da soberania nacional, deve pagar um preço político e diplomático alto por isso internacionalmente.

O DIA DA EDUCAÇÃO



O Dia da Educação e a Pátria Educadora

Daniel Cara

Vinte e oito de abril é o Dia Internacional da Educação. A data faz referência à conclusão do Fórum Mundial de Educação, realizado na cidade de Dakar no Senegal, entre 26 e 28 de abril de 2000. Na ocasião, representantes de 180 países estabeleceram seis metas com o objetivo de disseminar o acesso à educação de qualidade ao redor do mundo. O prazo para tanto era 2015.
Passados quinze anos, ocorreram avanços. Contudo, eles foram insuficientes para o cumprimento das metas em quase todos os países. No Brasil, a Unesco considera que apenas duas das seis metas foram cumpridas. No entanto, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) órgão vinculado ao Ministério da Educação, discorda dessa avaliação: cinco das seis metas teriam sido alcançadas.
Pelos critérios utilizados no último relatório de acompanhamento o Brasil cumpriu as metas acordadas de universalização da educação primária, que corresponde ao período do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, e a de garantir a paridade de gênero também na educação primária.
Para o Inep, o país descumpriu apenas a quarta meta que é a redução em 50% do analfabetismo de adultos. A taxa de analfabetos com mais de 15 anos passou de 12,4%, em 2001, para 8,7%, em 2012. Para cumprir a meta, essa taxa deveria ter caído para pouco mais de 6%. "Fechamos a torneira do analfabetismo no Brasil. Hoje existe acesso à escola e os que têm acesso não são mais analfabetos" defende o instituto.
Segundo o Inep, os analfabetos são pessoas mais velhas e neste caso o importante "é comemorar" o que foi feito. O presidente do Inep, Francisco Soares, destaca a necessidade de se criar políticas para um grupo de pessoas mais idosas que não são muito facilmente levadas a procurar a escola.
Como 2015 é o prazo final para o cumprimento das metas EPT (Educação para Todos), uma nova edição do Fórum Mundial de Educação ocorrerá na Coréia do Sul, em Incheon, entre 19 e 22 de maio desse ano, envolvendo representantes dos Estados Nacionais e da sociedade civil. Espera-se que o resultado seja melhor. Alguns consideram que a situação mudará pouco até 2030, prazo final para as novas metas que estão sendo redigidas. Outros trabalharão para cumpri-las.


O Plano Nacional de Educação e a Pátria Educadora

No caso brasileiro e diante dos debates prévios, o cumprimento do novo PNE (Plano Nacional de Educação) será suficiente para o Brasil alcançar praticamente todas as metas que devem ser estabelecidas na Coréia do Sul. Aliás, as leis educacionais brasileiras são boas, mas estão distantes de serem cumpridas. E muitas vezes sequer são consideradas.
Ontem (27/4), estive no escritório da Presidência da República em São Paulo. Fui participar de uma reunião para discutir a proposta “Pátria educadora: a qualificação do ensino básico como obra de construção nacional”, que busca fundamentar o novo lema governamental. Trata-se de um documento preliminar, redigido pela SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), chefiada pelo Ministro Roberto Mangabeira Unger.
Quando a presidenta Dilma Rousseff anunciou que o mote de seu governo seria “Brasil: pátria educadora”, a comunidade educacional compreendeu que o atual mandato (2015-2018) priorizaria a implementação do novo PNE (2014-2024).
Meses depois, surge uma proposta que apresenta novas compreensões para quatro agendas que constam do PNE: 1) construir o federalismo cooperativo no ensino básico, 2) mudar o paradigma curricular e pedagógico do ensino básico, 3) [valorizar/mobilizar] diretores e professores e 4) [incetivar/produzir] tecnologias e técnicas.
O federalismo cooperativo perpassa todo o PNE, especialmente na regulamentação do SNE (Sistema Nacional de Educação), que deve ser alicerçado na implementação do CAQi (Custo Aluno-Qualidade Inicial); além de outros tópicos relevantes, como o estabelecimento do Sinaeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica).
O novo paradigma curricular consta das metas e estratégias que tratam da Base Nacional Comum Curricular. A valorização de todos os profissionais da educação é tema de quatro das 20 metas do plano. E as “tecnologias e técnicas” também são trabalhadas em diversas de suas estratégias. Inclusive hoje (28/4), participo de audiência pública na Câmara dos Deputados dedicada a analisar a regulamentação de cada uma das agendas institucionais do plano.
Embora a motivação seja positiva e fruto de demanda presidencial, o conjunto do texto da SAE preocupa. Por sorte, o Ministro Roberto Mangabeira Unger se dispôs ao diálogo e reforçou que o documento está aberto a sugestões. Em um momento do encontro reforçou que a tradição do Estado brasileiro é se encastelar, não ouvir críticas, com o receio de alimentar oposições. E ele considera, com razão, que isso impede o fortalecimento democrático do país e das próprias políticas públicas.
Diante desse espírito, apenas ficando em questões gerais do documento e sem entrar em temas mais delicados, repito aqui o que sugeri no encontro de ontem: 1) é preciso contextualizar toda a proposta sob a égide e os desafios de implementação do PNE; 2) é fundamental debater exaustivamente o texto com o Ministério da Educação.

O dia 28 de abril de 2025

Implementar o PNE é urgente. Daqui a dez anos, no Dia Internacional da Educação de 2025, não será mais aceitável que o Brasil continue simplesmente dizendo que é um país que avança em termos educacionais, mas permanece distante de consagrar o direito à educação pública, gratuita, laica e de qualidade para todos e todas.
Cumprir o novo plano educacional é o primeiro passo para o país virar a página e construir uma nova narrativa. Especialmente depois de tanta mobilização da sociedade civil para conquistar, sem vetos, a sanção de seu novo PNE. Todo esse trabalho precisa ser considerado.

Daniel Cara, 37 anos, doutorando em Educação (USP) e mestre em Ciência Política (USP). É coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e membro do Fórum Nacional de Educação.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

DÍVIDA BRASILEIRA



Dívida Pública Federal sobe para R$ 2,4 trilhões em março
Alta em março foi de 4,79%, de R$ 2,329 trilhões para R$ 2,441 trilhões

A Dívida Pública Federal – empréstimos tomados pelo Tesouro Nacional para cobrir déficit orçamentário do governo federal – teve elevação de 4,79% de fevereiro para março e passou de R$ 2,329 trilhões para R$ 2,441 trilhões.Os dados foram divulgados nesta segunda-feira pelo Tesouro Nacional. O endividamento do Tesouro pode ocorrer por meio da emissão de títulos públicos ou pela assinatura de contratos. 




Dívida Pública Federal atingiu R$ 2,441 trilhões em março
Foto: Bruno Domingos / Reuters
A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) cresceu 4,66% e passou de R$ 2,213 trilhões para R$ 2,316 trilhões. DPMFi é a dívida pública federal em circulação no mercado nacional. Ela é paga em reais e captada por meio da emissão de títulos públicos.
O principal motivo do crescimento da DPMFi foi a emissão líquida feita pelo Tesouro Nacional no valor de R$ 73,63 bilhões. Essa emissão foi atingida também pela apropriação positiva de juros, no valor de R$ 29,50 bilhões, informou o Tesouro Nacional.
A Dívida Pública Federal externa (DPFe) registrou em março elevação de 7,27% em comparação ao resultado do mês anterior: atingiu R$ 124,72 bilhões, equivalentes a US$ 39,25 bilhões, dos quais R$ 113,24 bilhões (US$ 35,67 bilhões) referentes à dívida mobiliária (títulos) e R$ 11,48 bilhões (US$ 3,58 bilhões), à dívida contratual.
DPFe é a dívida pública federal existente no mercado internacional paga em outras moedas. De acordo com o Tesouro Nacional, “a elevação [da DPFe] foi ocasionada pela desvalorização do real [no período] em comparação a moedas que compõem o estoque da dívida externa”.
A Dívida Pública Federal, segundo o Tesouro Nacional, deverá encerrar o ano entre R$ 2,45 trilhões e R$ 2,6 trilhões.
O total de emissões da Dívida Pública Federal  chegou a R$ 147,15 bilhões, com oferta pública de R$ 142,57 bi. A diferença foi para entidades ligadas ao governo como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por exemplo. Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Fernando Eurico de Paiva Garrido, houve crescimento expressivo de títulos e recomposicão da dívida em mercados.
COMENTÁRIO:
Essa dívida tanto interna como externa é impagável e o governo vai empurrando com a barriga, até o dia no futuro que algum governante disser que só paga 30% da dívida como fez a Argentina ou decreta moratória, aí podemos ficar isolados do mundo monetariamente, por culpa de um governo irresponsável como o atual.  

LEVITAÇÃO DE OBJETOS PELO SOM



Pesquisadores brasileiros criam novo aparato que faz objeto levitar com som

Ricardo Aguiar
Revista Pesquisa Fapesp

Fazer objetos levitarem usando apenas o som pode parecer truque de mágica, mas não é. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um dispositivo que faz exatamente isso. A novidade desse levitador em relação a outros já produzidos é que ele permite um controle maior de partículas. A tecnologia poderá facilitar a manipulação de materiais perigosos ou substâncias químicas sensíveis, como compostos usados na fabricação de produtos farmacêuticos.
O aparato capaz de fazer pequenas gotas de poliestireno flutuarem no ar, desenvolvido no laboratório do engenheiro Julio Adamowski na Escola Politécnica da USP, consiste basicamente em duas partes. Uma delas, de formato cilíndrico, é responsável pela emissão de ondas sonoras de alta frequência, inaudíveis para o ser humano. É o transdutor. A outra, o refletor, tem formato côncavo e é posicionada abaixo da primeira para refletir as ondas produzidas e assim produzir a levitação.
Equipamentos desse tipo não são novidade. Um dos primeiros levitadores acústicos foi descrito na literatura científica em 1933 por pesquisadores alemães. O princípio por trás da flutuação das partículas continua similar para a maioria dos levitadores atuais e tem como base o fenômeno da ressonância.
Depois de emitidas, as ondas ricocheteiam diversas vezes entre o transdutor e o refletor. No caminho, interagem entre si e geram ressonância, criando uma onda com pontos de mínima (nós) e máxima pressão acústica. Essa onda é conhecida como estacionária porque os nós são pontos fixos, como se tivesse um formato de 8 com o nó no centro. Quando uma partícula é depositada nessa onda estacionária, a pressão produzida pelo som contrabalança a força da gravidade e faz com que ela fique suspensa no ar, assentada no nó de pressão da onda.
O problema é que para gerar a ressonância o transdutor e o refletor precisam ficar separados por uma distância bastante específica – o valor precisa ser um múltiplo de meio comprimento de onda. Essa regulação torna difícil o transporte de partículas, pois qualquer movimento de uma das partes do equipamento interrompe a ressonância e, consequentemente, a levitação. A ideia dos pesquisadores, então, foi desenvolver um levitador não ressonante.
"Fizemos um transdutor com diâmetro pequeno", explica Marco Andrade, físico da USP e principal responsável pelo projeto, conduzido em colaboração com Adamowski e o engenheiro eletricista Nicolás Pérez, da Universidade da República, no Uruguai, que passou um período na USP graças a um auxílio FAPESP. "Desse modo, somente uma pequena fração das ondas é refletida novamente por ele." A inovação do dispositivo está no fato de que, com ele, bastam pouquíssimas reflexões entre transdutor e refletor para que uma onda estacionária seja formada.
Como a ressonância deixa de ser necessária, não há mais a obrigação de se fixar com precisão a distância entre as duas partes do equipamento. Na verdade, conforme eles se afastam ou se aproximam, o número de nós da onda estacionária muda, o que pode permitir a levitação de várias partículas ao mesmo tempo. Além disso, basta movimentar o refletor em relação ao transdutor para manipular essas partículas.
O mecanismo é mais elegante e eficaz em relação ao método ressonante, mas tem uma desvantagem. A pressão gerada pelas ondas sonoras é menor do que a gerada quando há ressonância, o que limita o peso das partículas que consegue levitar.
"Anteriormente, já havíamos construído um levitador ressonante capaz de levitar esferas de aço, que são cerca de 150 vezes mais densas do que o poliestireno", diz o pesquisador. "Por esse motivo, nosso próximo passo é aperfeiçoar o novo dispositivo. Pretendemos desenvolver um levitador não ressonante capaz de levitar partículas mais pesadas, como gotas de líquidos e metais."
Aplicações
Levitadores acústicos ressonantes já são comercializados, com uso ainda bastante restrito à área acadêmica. A levitação por ondas de som é utilizada em pesquisas na área de ciências biológicas, ciência dos materiais e química analítica. Pode-se, por exemplo, levitar uma amostra de líquido e analisá-la com técnicas de espectroscopia.
Andrade considera que haverá, no futuro, um grande potencial de aplicação de levitadores acústicos na manipulação de materiais perigosos – corrosivos ou superaquecidos – e também na indústria farmacêutica. Pesquisadores do Argonne National Laboratory, do Departamento de Energia dos Estados Unidos, por exemplo, buscam usar a técnica para melhorar a eficiência de certos medicamentos. A levitação de gotículas que contêm o princípio ativo de drogas evita a sua cristalização. Isso faz com que, ao serem ingeridas posteriormente, sejam mais bem absorvidas pelo organismo.
Outra possível aplicação pode interessar às crianças. Para Andrade, a levitação acústica poderá também criar uma nova geração de brinquedos de alta tecnologia. "Como um levitador acústico é um dispositivo relativamente simples de ser construído, acreditamos que, em breve, teremos brinquedos baseados nessa técnica."


DÍVIDA EXTERNA BRASILEIRA É DE US$ 355,733 BILHÕES DE DÓLARES

  Brasil e Mundo ...