A Justiça Federal da 4ª Região em Porto Alegre suspendeu o leilão
para importação de 300 mil toneladas de arroz que estava previsto para
amanhã, às 9h. A decisão atendeu a pedido dos deputados federais Marcel
van Hattem (Novo-RS) e deputado federal, Lucas Redecker (PSDB-RS), e do
deputado estadual Felipe Camozzato (Novo-RS).
A compra seria feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
para enfrentar as consequências das enchentes no Rio Grande do Sul. Os
parlamentares fizeram um pedido de liminar para suspender o andamento do
processo licitatório até o julgamento do mérito.
Para o juiz Bruno Risch, o agendamento do leilão é prematura “tendo
em vista a ausência de comprovação de que o mercado de arroz nacional
sofrerá o impacto negativo esperado pelo governo federal” em razão das
enchentes no Rio Grande do Sul.
No pedido, os deputados argumentam que o próprio governo do Rio
Grande do Sul negou o risco de desabastecimento. Segundo o governo
estadual, a safra de 2023/2024 deve ficar em torno de 7.149.691
toneladas, valor próximo ao registrado na safra anterior, de 7.239.000
toneladas.
Nessa semana, a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA)
também questionou no Supremo Tribunal Federal (STF) as normas do
governo que autorizam a Conab a importar até um milhão de toneladas de
arroz. A ação foi distribuída ao ministro André Mendonça.
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A presidente da CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça) da Câmara, deputada Caroline de Toni (PL-SC),
escolheu o deputado bolsonarista Rodrigo Valadares (União Brasil-SE)
para ser o relator no âmbito do colegiado do projeto de lei que trata da
anistia aos condenados pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro.
De Toni afirmou nesta quarta que escolheu o parlamentar por ele ter
conhecimento jurídico e porque ele teve contato com “inúmeros casos” de
pessoas que foram condenadas pela invasão da sede dos três Poderes.
Ela afirmou ainda que pretende pautar o tema na CCJ ainda antes do recesso parlamentar, que começa oficialmente em 18 de julho.
A presidente do colegiado diz ter procurado o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) para discutir o tema e disse que em nenhum momento ele
pediu que o projeto tratasse da sua anistia.
“Fui pedir a opinião do presidente Bolsonaro e ele, em nenhum
momento, pediu em nome próprio. Ele disse que o que mais o preocupa
neste momento são os injustiçados do dia 8 de Janeiro. Olha a altivez do
nosso presidente Bolsonaro em não visar o seu próprio interesse. Eu
entendo que a inelegibilidade dele foi injusta”, disse De Toni.
Como o Painel mostrou, a parlamentar foi procurada por representantes
dos partidos PL, União Brasil, PP e Republicanos para solicitar a
relatoria da matéria.
Rodrigo Valadares é deputado federal de primeiro mandato e vice-líder
da minoria na Câmara. Recentemente, acompanhou comitiva de
parlamentares da oposição em viagem a Argentina para discursar no
parlamento argentino sobre o que classificam como violações à liberdade
no Brasil.
No último dia 22 de maio, publicou foto ao lado de Bolsonaro e pediu a volta do ex-presidente.
O projeto estava sob relatoria da deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP),
que rechaçou a proposta no ano passado. No entanto, ela não foi indicada
pelo PSOL para integrar a CCJ neste ano e, dessa forma, perdeu a
relatoria. Dessa forma, a presidente do colegiado teve que definir um
substituto.
A proposta é de autoria do deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB) e foi
protocolada em novembro de 2023. Em sua justificativa, o parlamentar
diz que os atos de vandalismo às sedes dos três Poderes constituem
“conduta deplorável” que merecem ser reprovados pelo “nítido caráter
antidemocrático e violento”.
No entanto, ele afirma que “não se pode apenar indistintamente
aqueles manifestantes, pois a imensa maioria não agiu em comunhão de
desígnios, a maioria sequer adentrou nos prédios públicos vandalizados”.
Ele diz ainda que há uma “incapacidade” dos órgãos de persecução
penal “individualizarem e provarem” as condutas específicas desses
crimes e, portanto, a “única solução que se apresenta é a concessão de
uma anistia”.
O projeto foi apensado a outra matéria, de autoria do deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), apresentada ainda em 2022.
A proposta do Major Vitor Hugo concede anistia a todas as pessoas que
tenham participado de manifestações em todo o Brasil –“em rodovias, em
frente a unidades militares ou em qualquer lugar do território
nacional”– no período de 30 de outubro de 2022, data em que foi
realizado o segundo turno das eleições presidenciais, até a lei entrar
em vigor.
A anistia compreende crimes políticos ou praticados por motivação
política, além de eleitorais. O autor do texto incluiu na proposta que a
participação em manifestações também compreende o “financiamento,
organização e apoio de qualquer natureza”, além de “comentários ou
publicações em redes sociais ou em qualquer plataforma”.
Além disso, o projeto anula multas aplicadas pela Justiça Eleitoral às pessoas físicas e jurídicas em decorrência dos atos.
Na justificativa, o deputado diz que as manifestações que ocorreram
no país após o segundo turno das eleições de 2022 são “legítimas” e
conduzidas por cidadãos “indignados pela forma como se deu o processo
eleitoral” naquele ano.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, em março, De Toni disse que a CCJ poderia incluir Bolsonaro no projeto.
“Se enxergar que tem a oportunidade de ele ser anistiado, com
certeza. Ele vem sendo acusado de muitas coisas que nós entendemos que
há um exagero. Havendo a conveniência e a oportunidade de pautar
[projetos de anistia] e de incluí-lo, não vejo por que não”, afirmou
naquele momento.
Em manifestação na avenida Paulista, em São Paulo, em fevereiro deste
ano, Bolsonaro disse buscar a pacificação do país e pediu anistia aos
presos pelo ataque golpista do 8 de janeiro.
“Nós pedimos a todos os 513 deputados e 81 senadores um projeto de
anistia para que seja feita justiça em nosso Brasil. E quem porventura
depredou o patrimônio, que nós não concordamos com isso, que pague. Mas
essas penas fogem ao mínimo da razoabilidade. Nós não podemos entender o
que levou poucas pessoas a apelarem tão drasticamente. Esses pobres
coitados que estavam lá no 8 de janeiro de 2023”, disse o ex-presidente.
O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou
nesta terça-feira, 4, um julgamento que pode estabelecer um precedente
para casos em que, durante uma discussão política, haja menção a um
adversário como “nazista” ou “fascista”.
A Primeira Turma da Corte está debatendo a aceitação de uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que implica o deputado federal José Nelto (PP-GO). Em junho de 2023, Nelto disse em entrevista que o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) era “fascista”, “nazista”, “idiota” e que tinha ido a Brasília para “bater em uma enfermeira”.
Gayer protocolou uma queixa-crime contra Nelto, que acabou denunciado
pela PGR. Segundo o Ministério Público, a fala do deputado “ultrapassou
os limites da liberdade de expressão e os contornos da imunidade
parlamentar”.
No Supremo, a relatora do caso é a ministra Cármen Lúcia, que votou pelo recebimento da denúncia, configurados os crimes de calúnia e injúria. Flávio Dino,
por outro lado, votou pela procedência da queixa, mas apenas pelo crime
de calúnia, expresso na menção de agressão a uma enfermeira. Para o
ex-ministro da Justiça, a qualificação de um adversário como “nazista”
ou “fascista” se enquadra em “um certo debate político”, que está
resguardado pela imunidade parlamentar.
“Eu considero que a palavra nazista, fascista, não possui o caráter
de ofensa pessoal ao ponto de caracterizar calúnia, injúria, difamação. É
uma corrente política estruturada, na sociedade, no planeta”, disse
Dino. “Nazista, fascista, extrema-direita, extremista, é ‘da ditadura’,
apoiou a ditadura militar, não apoiou, defende a democracia, defende o
comunismo, é a favor do Muro de Berlim, essas coisas todas, que são
ditas há décadas, fazem parte, infelizmente, de um certo debate
político, entre aspas, normal. Mas dizer que alguém matou, agrediu
outrem a meu ver não se encontra, a princípio, acobertado pela
imunidade”, afirmou o ministro do STF.
Termo tem ‘carga histórica’, diz relatora
Cármen Lúcia, em réplica a Dino, mencionou que, no momento de
recebimento da denúncia, são exigidos indícios mínimos para a ocorrência
de uma conduta criminosa, o que estaria configurado pela “carga
histórica” do termo “nazista”.
“Quando se fala que o ‘fulano’, especialmente, é nazista, com a carga
histórica do que representou, na Segunda Guerra Mundial, naquela fase
toda, isso vem com uma carga que traz também uma série de comportamentos
atribuíveis”, disse a ministra. “Não me pareceu que, no primeiro
momento, já de pronto, (a qualificação de ‘nazista’) pudesse ser considerado algo regular, legítimo e que não caracteriza qualquer ilícito”.
Do contrário, argumentou a ministra, poderia haver a sinalização de
que o uso do termo é inconsequente, o que traria impactos ao debate
político, sobretudo em ano de eleições municipais. “Se eu retiro isso,
porque não é nem considerado injúria, isto vai ser eventualmente
praticado em um ambiente eleitoral com consequências”, afirmou Cármen
Lúcia. Na sequência, o ministro Alexandre de Moraes pediu vista, interrompendo o julgamento da petição.
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O jabuti da taxação das compras
internacionais de até US$ 50, a chamada “taxa das blusinhas”, de 20%,
foi aprovado nesta quarta-feira (5) pelo Senado.
Atualmente esses produtos não pagam imposto de importação. O
dispositivo para o fim da isenção foi colocado no projeto do Mover, um
programa para descarbonização dos carros, pela Câmara, com apoio de
Arthur Lira (PP-AL).
No Senado, o trecho chegou a ser retirado pelo relator do projeto,
Rodrigo Cunha (Podemos-AL), nesta terça-feira (4). Após disputa entre
parlamentares e um início de crise com Lira, acabou sendo recolocado.
O Mover foi aprovado, mais cedo nesta quarta, sem a taxa. Por um
destaque, os senadores votaram o fim da isenção de impostos
separadamente e a recolocaram no texto a votação foi simbólica (sem
contagem de votos).
Fizeram questão de registrar voto contra, além do relator, os
senadores Mecias de Jesus (Republicanos-RR), Alessandro Vieira (MDB-SE),
Jaime Bagattoli (PL-RO), Cleitinho (Republicanos-MG), Marcos Rogério
(PL-RO), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Eduardo Girão (Novo-CE), Carlos
Portinho (PL-RJ), Rogério Marinho (PL-RN), Irajá (PSD-TO), Wilder Morais
(PL-GO) e Romário (PL-RJ).
“Ficou a digital de quem realmente quer a taxação”, disse Cunha, após a aprovação.
Como o projeto sofreu outras alterações, ele precisará passar de novo pela Câmara para que seja aprovado.
Essa isenção é utilizada por lojas virtuais como Shopee e Shein para vender produtos por um valor baixo.
Durante a tramitação na Câmara, deputados e governo construíram um
acordo e aprovaram o projeto do Mover e definiram uma taxação de 20%
para esses produtos.
Também foram incluídos outros dispositivos: trecho sobre conteúdo
local do petróleo (que diminui a autonomia do Executivo sobre a política
do setor no país) e dois novos regimes fiscais, para combustíveis a
álcool e bicicletas inclusive elétricas.
A decisão de retirar os jabutis, termo usado para trechos adicionados
a um projeto, mas que não têm relação com o tema central da proposta,
pegou os senadores de surpresa, causou reação de diversas alas de
Brasília e adiou a votação para esta quarta.
Nos bastidores, já se construía um acerto para que alguns deles
fossem vetados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas que a
“taxa da blusinha” seria mantida. Lira chegou a ameaçar derrubar o
projeto do Mover caso o fim da isenção fosse retirado do texto. Os
outros jabutis também acabaram retirados.
Senadores se incomodaram não só com a mudança sem aviso, mas pela possível quebra de acordo.
A taxação das compras de baixo valor é vista como impopular pelos
políticos, que tentam se preservar de um eventual prejuízo às suas
imagens em ano eleitoral.
Assim, a visão é que a manutenção do acordo inicial, de que não
haveria alterações nesse ponto do texto, seria a melhor saída, uma vez
que permitiria que a votação fosse feita de forma simbólica.
Se não houvesse consenso, a taxa teria que ser votada separadamente,
por meio de um destaque que recolocaria o dispositivo no projeto. Havia,
assim, receio de que a votação precisasse ser nominal.
Senadores favoráveis ao jabuti conseguiram articular para que os
votos fossem feitos de forma simbólica a exemplo do que aconteceu na
Câmara, na deliberação sobre o projeto.
O argumento para a taxação é que, atualmente, a isenção para compras
internacionais cria uma distorção no mercado e prejudica a indústria
nacional, que paga imposto.
Líder do PL, Carlos Portinho (RJ), defendeu que o fim da isenção não
deveria ser tratado por meio de um jabuti, mas sim em um projeto
separado. “Cada projeto tem que ter sua tramitação. E isso vai gerar
judicialização, se passar a emenda. Se a gente aceitar o jabuti, vai
gerar um precedente”, afirmou.
THE NEW YORK TIMES – A indústria de suplementos alimentares dos
Estados Unidos bombou nos últimos 30 anos, passando de cerca de 4 mil
produtos em 1994 para mais de 95 mil no mercado hoje, de acordo com a
Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória americana. Esses
pós, gomas, cápsulas e tinturas muitas vezes trazem grandes – ainda que
vagas – alegações de que “ajudam a saúde imunológica” ou “melhoram o
desempenho do cérebro.
Mas a maioria dos suplementos não passou por testes rigorosos quanto à
segurança ou à eficácia, disse JoAnn Manson, professora de medicina na
Harvard Medical School. E quando os pesquisadores os testaram,
acrescentou ela, nem sempre encontraram os benefícios para a saúde que
esperavam – e, por vezes, até encontraram alguns riscos.
Mas, segundo a especialista, há alguns casos em que tomar um
suplemento pode melhorar a saúde. Abaixo, estão algumas das principais
situações.
Suplementos alimentares devem ser usados em situações específicas Foto: Pixelbliss/Adobe Stock
Para tratar ou prevenir uma deficiência nutricional
Se um exame de sangue revelar que seu corpo está com baixo teor de
determinada vitamina ou mineral, como ferro ou vitamina D, os
suplementos podem ser “essenciais” para corrigir essa deficiência, disse
Pieter Cohen, internista da Cambridge Health Alliance em Somerville,
Massachusetts.
Pessoas que seguem uma dieta vegana ou têm uma doença chamada anemia
perniciosa correm maior risco de deficiência de vitamina B12 e podem se
beneficiar tomando um suplemento. E bebês que mamam no peito devem
receber suplementos de vitamina D e ferro, de acordo com a Academia
Americana de Pediatria.
Se você tiver dificuldades para absorver os nutrientes dos alimentos,
o que pode acontecer após uma cirurgia bariátrica ou se você tiver um
problema médico como doença celíaca, doença de Crohn ou colite
ulcerativa, talvez seja recomendável tomar um suplemento, disse Cohen.
Abacate ou avocado: qual é mais nutritivo? Entenda as diferenças
Se você está ou pode ficar grávida
É importante tomar 400 a 800 microgramas de ácido fólico por dia se
você está pensando em engravidar e durante os primeiros meses de
gravidez, para prevenir defeitos congênitos graves, disse John Wong,
professor de medicina na Escola de Medicina da Universidade Tufts.
A maioria dos multivitamínicos pré-natais, que devem ser tomados
durante toda a gravidez, contém essa quantidade e também fornecem outros
nutrientes essenciais, como ferro, cálcio e vitamina D.
A gravidez é um momento da vida que pede o uso de suplementação Foto: Prostock-studio/Adobe Stock
A maioria dos adultos mais velhos geralmente obtém nutrição
suficiente com a alimentação. Mas, à medida que as pessoas envelhecem,
suas necessidades de alguns nutrientes aumentam – enquanto sua
capacidade de absorvê-los e seu apetite podem diminuir.
Diante disso, seu médico talvez recomende um suplemento. Os adultos
mais velhos às vezes têm dificuldade em absorver a vitamina B12, por
exemplo. E talvez você precise de um suplemento de cálcio e vitamina D
se estiver em risco de perda óssea, disse Manson.
Pesquisas apontam que alguns outros suplementos podem ajudar a
prevenir certos problemas de saúde. Em um estudo de 2019 com adultos de
mais de 50 anos, Manson e seus colegas descobriram que, no caso dos
participantes que raramente ou nunca comiam peixes gordurosos, aqueles
que tomaram um suplemento de ômega-3 tiveram menos intercorrências
cardiovasculares, como ataques cardíacos ou AVC, do que aqueles que
tomaram placebo. Aqueles que tomaram vitamina D também tiveram menos
probabilidade de desenvolver doenças autoimunes, como artrite reumatoide
e psoríase.
Calistenia: o que é esse tipo de exercício, como fazer e os benefícios
Calistenia: o que é esse tipo de exercício, como fazer e os benefícios
Mudar 8 hábitos pode te dar 20 anos a mais de vida, calcula estudo; veja quais são
Vários estudos recentes também descobriram que as multivitaminas
podem melhorar a memória e retardar o declínio cognitivo em adultos mais
velhos, embora sejam necessárias mais pesquisas, disse Manson.
E há algumas evidências de que tomar um suplemento que contém
vitaminas C e E, zinco, cobre, luteína e zeaxantina (chamado suplemento
AREDS) pode retardar a perda de visão para pessoas com degeneração
macular relacionada à idade, disse Manson.
Em todos os outros casos, tenha cuidado
Um suplemento não é seguro só por conter determinado nutriente ou
composto natural, especialmente se tiver quantidades muito maiores do
que você encontraria nos alimentos, disse Manson. E, em alguns casos, os
suplementos podem até ser prejudiciais.
Na década de 1990, por exemplo, os pesquisadores esperavam que
suplementos antioxidantes como o betacaroteno e a vitamina E prevenissem
câncer ou doenças cardíacas. Mas, quando fizeram testes em grandes
ensaios, descobriram que o betacaroteno aumentava o risco de câncer de
pulmão em algumas pessoas, disse Wong, e a vitamina E aumentava os
acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos nos homens, acrescentou
Manson.
Pouco se sabe sobre os riscos, os benefícios ou a dosagem correta de
muitos suplementos, disse a Dra. Mahtab Jafari, professora de ciências
farmacêuticas da Universidade da Califórnia, Irvine.
E o que está listado na embalagem também pode ser diferente do que
está dentro do produto, disse Cohen. Por exemplo: descobriu-se que
muitos suplementos esportivos e para perda de peso estão contaminados
com medicamentos ou produtos químicos não listados.
Se você comprar suplementos, procure um selo de certificação de uma
organização confiável, como a U.S. Pharmacopeia ou a NSF, que confirme
que os produtos contêm os ingredientes listados no rótulo.
Sempre consulte seu médico antes de tomar um suplemento, disse
Jafari, porque eles podem interagir com certos medicamentos. A vitamina K
pode interagir com um medicamento para afinar o sangue, por exemplo, e a
erva de São João pode interferir com antidepressivos e pílulas
anticoncepcionais.
Por fim, disse Manson, não espere que os suplementos substituam a boa
alimentação e a atividade física. “Não existe uma pílula mágica que
proporcione boa saúde”, disse ela.
Este artigo foi originalmente publicado em The New York Times. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU
Algum físico pode me sanar uma dúvida? Porque o choque descarregado
durante uma desfibrilação, onde a intensidade da corrente chega 99A com
uma DDP entre 300 a 3000V num aparelho monofásico 360J, não causa
queimaduras, ou morte em uma pessoa?
Primeiramente, vamos desfazer um pequeno equívoco na pergunta
original. A intensidade da corrente elétrica, medida em amperes (A), e a
diferença de potencial, em volts (V), não são os únicos fatores que
determinam os efeitos biológicos de uma descarga.
A energia total entregue, medida em joules (J), e a duração dessa
descarga são igualmente essenciais. Um desfibrilador aplica seu choque
em um tempo extremamente curto, geralmente milissegundos. Essa brevidade
impede que a grande energia se traduza em calor excessivo nos tecidos, o
que causaria queimaduras. Ademais, a corrente se move pelos eletrodos
do desfibrilador em um caminho cuidadosamente direcionado para
atravessar o coração, não se dispersando pelo resto do corpo
descontroladamente.
Como um sábio professor diria: imagine a eletricidade como uma
cachoeira. A voltagem seria a altura da queda d’água, a corrente a
quantidade de água fluindo, e a energia o impacto total da água ao
chegar à base. O desfibrilador é como uma rajada concentrada, forte o
suficiente para impactar o coração, mas não uma inundação descontrolada
por todo o corpo.
O objetivo do desfibrilador é justamente interromper ritmos cardíacos
anormais e caóticos, permitindo que o coração volte a bater de forma
organizada. Seria contraproducente causar danos irreversíveis no tecido
cardíaco pelo qual se está lutando!
Cardioversão-desfibrilação elétrica (CE)
PorL. Brent Mitchell, MD, Libin Cardiovascular Institute of Alberta, University of Calgary
O choque transtorácico de magnitude suficiente despolariza todo o miocárdio,
deixando todo o coração momentaneamente refratário à repetição da
despolarização. Dessa maneira, o marca-passo intrínseco mais rápido,
geralmente o nó sinoatrial, reassume o controle do ritmo cardíaco.
Portanto, a cardioversão-desfibrilação elétrica interrompe de maneira
bastante efetiva as taquiarritmias decorrentes de reentrada. No entanto,
é menos efetiva na interrupção de taquiarritmias decorrentes do
automatismo, pois o ritmo de retorno tem grande probabilidade de ser uma
taquiarritmia automática. Para taquiarritmias além de fibrilação
ventricular (FV) e taquicardia ventricular (TV) sem pulso, o choque deve
ser sincronizado ao complexo QRS (denominado cardioversão elétrica),
uma vez que o choque que incide durante o período vulnerável (próximo ao
pico da onda T) pode induzir FV. Na FV, a sincronização do choque ao
complexo QRS não é necessária e nem possível. O choque aplicado sem
sincronização ao complexo QRS é denominado desfibrilação com CD.
A cardioversão ou desfibrilação por corrente contínua (CC) pode ser feita como
Corrente monofásica
Corrente bifásica
A corrente monofásica corre em determinada direção
entre os dois eletrodos. Nos dispositivos bifásicos, a corrente inverte a
direção no meio da onda de choque. O dispositivo bifásico precisa de
menos energia e demonstrou promover mais o retorno da circulação
espontânea (RCE). Entretanto, os índices de sobrevida são semelhantes
nos dois dispositivos (1).
A maioria dos desfibriladores externos manuais e automáticos (DAEs)
agora é bifásica por causa da melhor eficiência na restauração do ritmo
sinusal. Os dispositivos bifásicos também têm um tamanho menor
(tornando-os portáteis).
Procedimento para cardioversão elétrica
Quando a cardioversão elétrica é eletiva, os
pacientes devem permanecer em jejum por 6 a 8 horas para evitar a
possibilidade de aspiração. Como o procedimento é amedrontador e
doloroso, é necessário anestesia geral breve ou analgesia IV e sedação
(p. ex., fentanila 1 mcg/kg e, em seguida, midazolam 1 a 2 mg a cada 2
minutos até o máximo de 5 mg). Devem estar presentes equipamento e
pessoal para manter as vias respiratórias.
Como fazer cardioversão sincro…
Vídeo
Os eletrodos (pás ou placas), utilizados para
cardioversão, podem ser colocados no sentido anteroposterior (ao longo
da borda esternal esquerda, sobre o 3º e o 4º espaço intercostais
esquerdos e na região infraescapular esquerda) ou no sentido
anterolateral (entre a clavícula e o 2º espaço intercostal ao longo da
borda esternal direita e sobre os 5º e 6º espaços intercostais no ápice
do coração). Após a confirmação da sincronização ao complexo QRS no
monitor, o choque é aplicado.
O nível de energia mais apropriado varia de acordo
com a taquiarritmia tratada. A eficácia da cardioversão e da
desfibrilação aumenta com o uso de choques bifásicos, no qual a
polaridade da corrente é invertida no meio da onda de choque.
Na desfibrilação da fibrilação ventricular ou da taquicardia ventricular sem pulso, o nível de energia do primeiro choque é de
120 a 200 joules para os dispositivos bifásicos (ou de acordo com as
especificações do fabricante), embora muitos profissionais usem a carga
máxima do dispositivo nesses casos
360 joules para os dispositivos monofásicos (ou de acordo com as especificações do fabricante)
Os choques subsequentes são do mesmo nível de
energia ou mais alto para dispositivos bifásicos e no mesmo nível para
dispositivos monofásicos.
Na cardioversão sincronizada da fibrilação atrial, o nível de energia do primeiro choque é
100 a 200 joules para dispositivos bifásicos (ou dependendo das especificações do fabricante)
200 joules para dispositivos monofásicos (ou de acordo com as especificações do fabricante)
Os choques subsequentes estão no mesmo nível de energia ou mais para os dispositivos bifásicos e monofásicos.
A cardioversão-desfibrilação elétrica também pode
ser aplicada diretamente sobre o coração durante a toracotomia ou uso de
catéter eletrodo intracardíaco e, nessas condições, são necessários
níveis mais baixos de energia.
Complicações da cardioversão elétrica
Em geral, as complicações são pequenas, envolvendo
extrassístoles atriais e ventriculares e sensibilidade muscular. Com
menor frequência, mas com maior probabilidade, se os pacientes tiverem
função ventricular esquerda marginal ou necessidade do uso de múltiplos
choques, a cardioversão precipita lesão de miócitos e dissociação
eletromecânica.
Referência geral
1. Schneider T, Martens PR, Paschen H, et al:
Multicenter, randomized, controlled trial of 150-J biphasic shocks
compared with 200-J to 360-J monophasic shocks in the resuscitation of
out-of-hospital cardiac arrest victims. Circulation 102:1780–1787, 2000.
67% dos investidores pensam que os líderes de hoje não estão preparados para o futuro, aponta estudos.
As empresas estão ativamente buscando ajustar suas estratégias,
expandir-se para novos mercados e a diversificar cada vez mais as suas
ofertas a fim de se manterem competitivas e se adaptarem ao crescimento
futuro. Essa transformação demanda novas perspectivas, abrindo espaço
para a tão sonhada oportunidade de liderança para os colaboradores mais
experientes. No entanto, surge como contrapartida a surpreendente recusa
desses profissionais em assumir o papel de “chefe”.
O questionamento é por que os jovens, ou até mesmo os mais
experientes, não querem chegar ao cargo de liderança, ainda mais quando
os benefícios estão voltados principalmente aos salários maiores. Os
colaboradores possuem o conhecimento necessário para impulsionar seu
próprio desenvolvimento neste modelo de gestão? As empresas têm
preparado adequadamente seus gerentes para engajar os profissionais na
sucessão?
O material “Self-Disruptive Leader: What, Why, How” elaborado pela
consultoria global de gestão organizacional, Korn Ferry, entrevistou 800
analistas de mercado sobre o que que procuravam na liderança e nas
organizações. Os resultados deram direção que o cenário empresarial será
mais perturbador, colocando uma alta expectativa de valor na capacidade
transformacional em líderes e na própria organização. Em resposta, 67%
dos investidores pensam que os líderes de hoje não estão preparados para
o futuro.
Essa falta de preparação, para o CEO Brasil da Korn Ferry, Rodrigo
Araújo, tem a ver com os resultados de uma não preparação e capacitação
das próprias companhias que, consequentemente, trazem insegurança quando
a oportunidade bate na porta. “Qual é a metodologia que um colaborador
usa para aprender sobre a gestão de chefia de cargos? As empresas
praticamente não desenvolvem habilidades por meio de plataformas ou
treinamentos básicos para que os talentos, mais jovens ou não, estejam
aptos quando a ocasião chegar”, alerta.
Araújo também identifica que essa falta de preparação, vindo dos
próprios colaboradores e também da própria tradição das empresas não é
um único impedimento para aceitar ocupar a cadeira de liderança. Para o
especialista, a responsabilidade, carga horária elevada de trabalho,
tomada de decisões que podem acarretar erros, falta de flexibilidade,
impulsionamento voltado ao empreendedorismo e, até mesmo, dificuldade no
autoritarismo para delegar tarefas pode ser mais das inúmeras
problemáticas na disciplina de ser chefe.
A plataforma de entrevistas para equipes líderes, a CoderPad, fez um
estudo identificando a falta de anseios dos profissionais em ingressarem
nos cargos de liderança. O resultado mostrou que 36% dos
desenvolvedores dizem não estar interessados em assumir
responsabilidades gerenciais, contradizendo a tradicional frase nas
conversas informais entre colegas de trabalho, sobre: “queria eu ser o
chefe”.
O futuro da liderança
A escassez de uma liderança mais disruptiva, inclusiva e inspiradora
faz com que as gerações mais jovens, conhecidas por Millennials e Z,
demostrem menos afeto na hora de ocupar cadeiras de gestão. “A
experiência com líderes autoritários e hierárquicos pode desmotivar esse
perfil, já que, às vezes falta referência a seguir. Além disso, esses
grupos estão mais atentos às práticas de inclusão, diversidade e
sustentabilidade. Com isso, a cultura organizacional deve estar atrelada
a esses pilares”, alerta Rodrigo Araújo, presidente Brasil da
consultoria global de gestão organizacional Korn Ferry.
Esse anseio por novos líderes, e a falta de interesse ou capacitação
das gerações ao lidarem com essa função, faz com que as empresas tenham
cada vez mais dificuldades para reter e adquirir talentos trazendo danos
econômicos em seus negócios. Um outro estudo da Korn Ferry retrata bem
esse impacto mundialmente, já que o levantamento traz a previsão da
economia mundial conquistar um déficit de trabalhadores qualificados,
somando mais de 85 milhões de pessoas até 2030, uma perda de
aproximadamente US$ 8,5 trilhões em receitas anuais.
“É importante que tenhamos soluções em prol dessa falta de interesse
em se tornar gestor, assim as sucessões poderão permanecer. Sendo assim,
é necessário manter a Geração Z engajada de todas as formas,
fortalecendo sua personalidade junto com a cultura da empresa e, ao
mesmo tempo, preparar esse grupo na projeção de carreira. É relevante
buscar formas de desenvolver as habilidades soft e hard skills, entender
os anseios desses profissionais de maneira personalizada, os desafios
que os cercam e encontrar mediações ao lado do RH para que haja maneiras
de lidar com esse obstáculo”, alerta Araújo.
Sobre a Korn Ferry
A Korn Ferry é uma empresa global de consultoria organizacional que
ajuda seus clientes a alinhar estratégia e talento, impulsionando,
assim, um desempenho superior. Apoia diretamente as organizações
desenhando as suas estruturas, funções e responsabilidades e as auxiliam
a contratar as pessoas certas para colocar sua estratégia em ação. Além
disso, as orientam em como recompensar, desenvolver e motivar os seus
colaboradores.
CARACTERÍSTICAS DA VALEON
Perseverança
Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em
razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer
determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a
resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é
necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que
permitem seguir perseverante.
Comunicação
Comunicação é a transferência de informação e significado de uma
pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e
compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros
por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o
ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar
conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela
através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e
políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem
positiva junto a seus públicos.
Autocuidado
Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações
que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade
de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância
com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada
pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.
Autonomia
Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em
gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias
escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida
por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é
incompatível com elas.
A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando
agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem
esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de
gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.
Inovação
Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades,
exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a
inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando
que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a
curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova
competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma
importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.
Busca por Conhecimento Tecnológico
A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender
aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de
todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia,
uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.
Capacidade de Análise
Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência
que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos
de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um
mundo com abundância de informações no qual o discernimento,
seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade
de analisar ganha importância ainda maior.
Resiliência
É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões
(inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado
emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após
momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em
líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a
capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta
terça-feira (4) tornar réu o senador Sergio Moro (União-PR) pelo crime
de calúnia contra o ministro Gilmar Mendes.
Em abril de 2023, o parlamentar foi denunciado pela então
vice-procuradora da República Lindôra Araújo após o surgimento de um
vídeo nas redes sociais. Na gravação, Moro aparece em uma conversa com
pessoas não identificadas. Durante o diálogo, que teria ocorrido em
2022, Moro afirmou: “Não, isso é fiança, instituto para comprar um habeas corpus do Gilmar Mendes”.
Por unanimidade, o colegiado seguiu voto proferido pela relatora,
ministra Cármen Lúcia. Para a ministra, há indícios de fato delituoso
para justificar abertura de uma ação penal contra o senador.
“A conduta dolosa do denunciado consistiu em expor sua vontade de
imputar falsamente a magistrado deste Supremo Tribunal Federal fato
definido como crime de corrupção passiva”, afirmou a ministra.
O entendimento foi seguido pelos ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Alexandre de Moraes.
Defesa
Durante o julgamento, o advogado Luiz Felipe Cunha, representante de
Moro, defendeu a rejeição da denúncia e disse que o parlamentar se
retratou publicamente. Para o advogado, Moro usou uma expressão infeliz.
“Expressão infeliz reconhecida por mim e por ele também. Em um
ambiente jocoso, num ambiente de festa junina, em data incerta, meu
cliente fez uma brincadeira falando sobre a eventual compra da liberdade
dele, caso ele fosse preso naquela circunstância de brincadeira de
festa junina”, afirmou o advoGADO.
Comentário:
Enquanto isso, o Presidente da República atual acusa e xinga o
Ex-Presidente Bolsonaro de “Genocida e Facista” e não acontece nada.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) ingressou com um recurso
contra a polêmica decisão do ministro Dias Toffoli que anulou todos os
atos da Operação Lava Jato e beneficiou o empresário Marcelo Odebrecht.
No pedido de reconsideração, o procurador Paulo Gonet argumenta que a
argumentação de parcialidade de Moro, usada em outros casos, não se
aplica ao empresário.
Gonet ressalta que o acordo de colaboração premiada de Marcelo
Odebrecht foi tramitado na Procuradoria-Geral da República, sob a
supervisão do Supremo Tribunal Federal, e não na primeira instância. O
responsável pelo acordo na época foi Rodrigo Janot, então titular do
cargo.
“Os termos desse acordo não foram declarados ilegais e foram
homologados pelo Supremo Tribunal Federal, tudo sem nenhuma coordenação
com a Justiça Federal do Paraná”, afirma Gonet em sua manifestação.
Ele continua argumentando que estender a decisão para outros casos
não é apropriado, pois cada caso é único e não se pode simplesmente
replicar uma decisão para situações distintas.
No caso específico de Marcelo Odebrecht, Gonet destaca que o
empresário pediu apenas acesso a evidências de interesse de sua defesa
em um processo criminal, sem necessariamente solicitar a anulação de
provas da Lava Jato.
“A prática de crimes foi confessada e minudenciada pelos membros da
sociedade empresária com a entrega de documentos comprobatórios. Tudo
isso se efetuou na Procuradoria-Geral da República sob a supervisão
final do Supremo Tribunal Federal”, acrescenta o PGR.
O recurso da PGR visa reverter a decisão que gerou controvérsia e
questionamentos sobre a validade dos processos conduzidos pela Operação
Lava Jato. A anulação de todos os atos da operação, em decorrência da
suposta parcialidade do ex-juiz Sergio Moro, tem sido objeto de intensos
debates no cenário jurídico e político do país.
A decisão de Toffoli gerou reações divergentes. Enquanto alguns
acreditam que ela representa um avanço na garantia dos direitos
individuais e no combate à corrupção, outros argumentam que pode abrir
precedentes perigosos e comprometer os esforços anticorrupção realizados
nos últimos anos.
Além disso, a decisão também colocou em evidência as tensões e
disputas de poder entre diferentes instituições do sistema judiciário
brasileiro. Enquanto o Supremo Tribunal Federal busca afirmar sua
autoridade e prerrogativas, o Ministério Público Federal defende a
integridade e a validade dos processos conduzidos pela Operação Lava
Jato.
Agora, com o recurso da PGR, espera-se que o debate sobre a validade
dos processos da Lava Jato seja retomado e que uma decisão final seja
alcançada, garantindo a segurança jurídica e o devido processo legal
para todas as partes envolvidas.
A controvérsia em torno da decisão de Toffoli também levanta questões
mais amplas sobre o papel do Poder Judiciário na luta contra a
corrupção e na garantia dos direitos individuais. Enquanto alguns
defendem a necessidade de reformas e aprimoramentos no sistema judicial,
outros temem que decisões como essa possam enfraquecer os mecanismos de
combate à corrupção e minar a confiança da população nas instituições
democráticas.
Diante desse cenário, é fundamental que as diferentes instâncias do
sistema judiciário brasileiro atuem de forma responsável e transparente,
buscando sempre promover a justiça e o Estado de Direito. A sociedade
brasileira espera que os tribunais superiores ajam de acordo com a
Constituição e as leis do país, garantindo a imparcialidade e a
efetividade da justiça em todos os casos, especialmente aqueles
relacionados à corrupção e aos crimes contra o patrimônio público.
O caso de Marcelo Odebrecht e a decisão de Toffoli são apenas alguns
exemplos das complexidades e desafios enfrentados pelo sistema
judiciário brasileiro. À medida que o país avança no combate à corrupção
e na defesa dos direitos individuais, é fundamental que as instituições
responsáveis pela aplicação da lei atuem de forma transparente e
imparcial, garantindo a integridade e a eficácia do sistema judicial
como um todo.
Enquanto o debate sobre a anulação da Lava Jato continua a dominar as
discussões políticas e jurídicas no Brasil, é importante que a
sociedade brasileira permaneça vigilante e engajada, defendendo os
princípios fundamentais da democracia e do Estado de Direito. Somente
através do compromisso coletivo com a justiça e a transparência será
possível superar os desafios e construir um futuro mais justo e
igualitário para todos.
Dois dias depois de derrubar todas as ações da Lava Jato contra o
delator Marcelo Odebrecht, o “príncipe das empreiteiras”, o ministro
Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), analisou o pedido de um
outro colaborador da Operação: Adir Assad.
Apontado pelos investigadores como lobista, Assad pediu a suspensão
da multa do acordo de R$ 50 milhões que fechou com o Ministério Público
Federal em 2017 sob alegação de suposta “falta de voluntariedade” na
celebração do pacto. Toffolli entendeu que qualquer análise do STF sobre
o tema seria “prematura”.
A solicitação foi feita pelos advogados Assad na carona da decisão de
Toffoli que suspendeu as multas previstas nos acordos de leniência da
J&F e da Novonor (antiga Odebrecht).
A defesa argumenta que a decisão do ministro guarda relação com o
caso de Assad, vez que as mensagens da Operação Spoofing – investigação
sobre hackers que invadiram comunicações de procuradores e do ex-juiz da
Lava Jato, Sérgio Moro – apontam “possíveis irregularidade processuais
também cometidas” com relação ao lobista.
A alegação é que o delator foi “compelido a celebrar um acordo com a operação sem qualquer autonomia de vontade”.
Toffoli considera que o pedido de suspensão da multa de delação de
Adir Assad deverá ser dirigido ao juiz natural do processo, no caso o
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que homologou a colaboração do
lobista.
Em despacho assinado no último dia 23, o ministro não viu relação
entre o argumento da defesa – de falta de voluntariedade no acordo – e o
cerne da decisão que determinou a suspensão das provas da leniência da
Odebrecht, alegando que Assad não tem relação com o processo.
De outro lado, Toffoli deferiu em parte o pedido da defesa e
autorizou o acesso integral às mensagens da Operação Spoofing, o que
pode turbinar um novo pedido de suspensão da multa.
Os advogados de Assad pedem o compartilhamento dos diálogos hackeados
por entenderem que eles “levantam sérias dúvidas a respeito da
voluntariedade do delator quando assinou seu acordo de colaboração
premiada”.
A avaliação da defesa é que essas mensagens podem “demonstrar de uma
vez por todas a irregularidade do pacto”. Os advogados apontam o que
consideram duas ilegalidades – a primeira envolvendo “métodos de pressão
não republicanos pela acusação com o único fim de que Assad firmasse um
acordo de colaboração premiada”; e uma possível violação ao sistema
acusatório, diante da imparcialidade do relator da apelação criminal de
Assad junto do TRF-4′.
O pedido aportou no STF em março, dias antes de Toffoli negar a
suspensão da multa aplicada em outra delação, a do ex-presidente da OAS
Léo Pinheiro, apontando que o pedido deveria ser apresentado ao ministro
Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.
A defesa de Assad argumentou que o caso de Assad seria diferente da
situação de Léo Pinheiro, já que a homologação do acordo do lobista
partiu do TRF-4.
O despacho foi dado em mais um pedido de extensão analisado por
Toffoli, que herdou do ministro aposentado Ricardo Lewandowski a
reclamação em que foram anuladas as provas do acordo de leniência da
Odebrecht e foi concedido acesso, a investigados da Lava Jato, às
mensagens da Operação Spoofing.
Como mostrou o Estadão, outros alvos da extinta Lava
Jato passaram a fazer solicitações no processo inicialmente ajuizado
pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se
beneficiarem de decisões semelhantes.
A decisão simbólica mais recente na esteira da reclamação é a que
derrubou todos os processos da Lava Jato contra um dos principais
delatores da Operação, Marcelo Odebrecht, mantendo, no entanto, os
termos de sua colaboração premiada.
O despacho foi assinado no dia 21 de maio e, desde então, Toffoli
segue analisando dezenas de pedidos de extensão que aportam em seu
gabinete.
Cooperação internacional
Outro pedido que acabou acolhido por Toffoli após a decisão que
beneficiou Odebrecht foi dado no caso de Demétrio Papadimitriu
Bagatelas, que responde a um processo no Panamá por lavagem de dinheiro
em razão do suposto recebimento de caixa 2 da Odebrecht – cujos
registros eram guardados pelo Setor de Operações Estruturadas (o
departamento de propinas da empreiteira).
O ministro declarou imprestáveis, “segundo o ordenamento jurídico
brasileiro”, as provas da leniência da Odebrecht que implicam Demétrio.
Toffoli destacou que está proibida a “prática, em território nacional,
de quaisquer atos instrutórios ou de cooperação a partir destes
elementos para que sejam encaminhados ao Governo do Panamá”.
Toffoli já havia deferido pedido semelhante em favor de dois corréus
no caso que envolve Demétrio – Riccardo Francolini Arosemena e Juan
Antônio Niño Pulgar.
Decisão semelhante – de invalidação de provas da leniência da
Odebrecht – foi assinada em benefício de Ulisses Sobral Calile,
ex-executivo da área Internacional da Petrobras, que chegou a ser
condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Lava Jato.
Também foi dado um despacho de mesmo teor ao advogado Tulio Marcelo
Bandeira, que foi investigado na Operação Rádio Patrulha.