Artigo Por Timothy Doescher e Luke Posegate The Daily Signal – Gazeta do Povo
Em 2021, o comércio da América Latina com a China totalizou US$
450 bilhões, e os economistas preveem que esse número crescerá para US$
700 bilhões até 2035| Foto: BigStock
No mês passado, os colombianos elegeram um ex-terrorista de extrema esquerda como seu novo presidente.
Gustavo Petro, um ideólogo marxista que fez parte da organização
guerrilheira M-19, é o mais recente de uma lista cada vez maior de
líderes de extrema esquerda que venceram eleições na América do Sul. Ele
deve assumir o cargo em 7 de agosto.
Tradicionalmente, a Colômbia tem sido uma forte aliada e amiga dos
Estados Unidos, então este é um revés devastador para o avanço da
liberdade na Colômbia e em outras nações da região. Mas o verdadeiro
beneficiário é o Partido Comunista Chinês, com a ameaça cada vez maior
que representa para os EUA.
Em um episódio recente do podcast “Heritage Explains”, o jornalista
Mike Gonzalez discutiu como o “furacão marxista” que sopra na América do
Sul já afetou Chile, Argentina, Honduras, Peru e Colômbia, com Equador e
Brasil potencialmente seguindo o exemplo. (O Daily Signal é o veículo
de notícias da The Heritage Foundation.)
Gonzalez fala sobre como este é um plano marxista, no qual os
marxistas se infiltram nas instituições para mudar a cultura, e como
está sendo realizado e apoiado pela Venezuela e seu regime comunista
patrono em Cuba.
“Ele entende a natureza da cultura, onde você precisa primeiro
assumir as instituições culturais antes de assumir a economia e o país. …
[A] situação é terrível”, disse Gonzalez.
Essa situação cada vez mais terrível fica mais complicada quando você
vê que abre mais as portas para o Partido Comunista Chinês aumentar sua
presença no Hemisfério Ocidental.
Já sabemos que a China vem assumindo compromissos financeiros
incríveis na Colômbia, inclusive vencendo a licitação para a construção
do metrô de Bogotá e em outros países sul-americanos. Atualmente, a
Colômbia não faz parte da Iniciativa do Cinturão e Rota da China, ao
contrário de 20 outros países da América Latina e do Caribe, mas isso
pode mudar.
Por meio desses projetos, a China investe bilhões de dólares em
projetos de infraestrutura globalmente. Esses projetos resultam em maior
influência chinesa e maior acesso a portos e recursos naturais, e
ajudam a moldar a imagem global de Pequim.
Nossos colegas da Heritage escrevem: “A China está aumentando
constantemente sua influência política e econômica na Colômbia para
complementar sua presença na Venezuela. A China agora exercerá
influência sobre infraestrutura crítica na capital e maior cidade da
Colômbia.”
Além disso, a relação comercial da China continua a crescer na região
da América Latina. Em 2021, o comércio com a China totalizou US$ 450
bilhões, e os economistas preveem que esse número crescerá para US$ 700
bilhões até 2035.
Mas ainda mais preocupante é a crescente ameaça militar chinesa em nosso próprio quintal.
De acordo com um relatório recente, a Venezuela receberá China, Irã e
Rússia para uma operação militar conjunta chamada Sniper Frontier em
agosto, com o objetivo de posicionar ativos militares avançados na
América Latina. Esta será a primeira vez que essas potências realizarão
operações militares no Hemisfério Ocidental.
Esta não é a primeira vez que a China e outras potências malignas
fazem parceria com os militares venezuelanos. Sabemos que, além da
colaboração militar, a China forneceu mísseis antinavio, aviões de
combate K-8 e rastreamento por satélite do Exército de Libertação
Popular para uma base aérea militar.
Embora Gonzalez esteja preocupado com a proximidade desses exercícios
com os Estados Unidos, ele está ainda mais preocupado com a fraca
resposta do governo Biden e se ele tem um plano para combater a
crescente ameaça marxista, exibida mais recentemente na Colômbia.
“Ao contrário do [ex-presidente Ronald] Reagan, que veio em auxílio
das democracias na América Latina quando foram igualmente ameaçadas
pelos comunistas, [o presidente Joe] Biden provavelmente não fará nada”,
disse Gonzalez.
Essa preocupação se reflete na resposta apaziguadora de Biden à
vitória de Petro. Embora o atual presidente colombiano Ivan Duque tenha
demorado meses para receber uma ligação de Biden, e o presidente
brasileiro Jair Bolsonaro não falou com Biden por mais de um ano até que
ele ameaçou boicotar a Cúpula das Américas, Biden ligou para Petro
menos de um dia depois de sua vitória.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, também disse em resposta:
“Em nome dos Estados Unidos, felicito o povo da Colômbia por fazer
ouvir suas vozes em uma eleição presidencial livre e justa. Elogiamos os
muitos funcionários, servidores públicos e voluntários cuja dedicação
tornou possível essas eleições.”
Na medida em que a recente eleição na Colômbia é outro sinal de
alerta de que o “furacão marxista” na América do Sul está se tornando
cada vez mais forte, podemos ver que o Partido Comunista Chinês e sua
ameaça à liberdade continua se expandindo cada vez mais para os Estados
Unidos .
Vamos esperar que os líderes em Washington encontrem coragem e força
para combater essa ameaça com um plano real, antes que seja tarde
demais.
Timothy Doescher é diretor associado no Institute for Economic Freedom da Heritage Foundation.
Olá! Diante de tantos acidentes e mortes noticiados semanalmente,
provocados, por cães da raça pitbull, o que fazer para mudar este
cenário? Será que eles são os cães que “mais matam” por ataques no
Brasil? Camilli Chamone, editora de todas as mídias sociais “Seu
Buldogue Francês” e criadora da metodologia neuro compatível de educação
para cães no Brasil, traz embasamento científico para entender a
realidade e explica como resolver o problema. Fique à vontade para
divulgar o texto; ela está à disposição para entrevistas.
Ataques de pitbull: conhecer os cães pode evitar acidentes
O cérebro dessa raça é idêntico ao de um shih tzu e situações
estressoras podem levar qualquer cão a morder; mudança de cenário passa
por conhecimento e educação
Acidentes e mortes causados por cães da raça pitbull são semanalmente
noticiados por todo o Brasil. O potencial de sua mordida pode,
realmente, ser fatal; mas qual a realidade do País e como agir para
evitar situações como estas?
Camilli Chamone, geneticista, consultora em bem-estar e comportamento
canino, editora de todas as mídias sociais “Seu Buldogue Francês” e,
também, criadora da metodologia neuro compatível de educação para cães
no Brasil, buscou embasamento científico para entender o contexto
brasileiro.
Embora existam falhas nas estatísticas, Chamone destaca um excelente
levantamento feito pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo,
publicado no Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia: em
um ano, foram notificadas 20 mil agressões por cães de qualquer raça e
entrevistadas 594 pessoas, sendo que, 48,4% dos acidentes vem de cães
sem raça definida (SRD); 57,6% acontecem dentro de casa, e 56,2% com
pessoas da própria família ou conhecidas.
Outros resultados do estudo ajudam a mapear o cenário em São Paulo:
80,4% dos ataques geraram lesões leves, a maioria das vítimas tem entre 5
e 14 anos. As lesões profundas correspondem a 19,1% e envolveram
cachorros de porte médio e grande.
O levantamento aponta, ainda, a raça pitbull como responsável por
5,8% dos acidentes, ficando atrás inclusive do poodle, com 7,4%.
Em comparação à situação nos Estados Unidos, os dados divulgados pelo
site de educação pública DogsBite nos mostram uma grande diferença –
lá, os pitbulls são responsáveis por 72% de ataques fatais a humanos. E,
entre 2005 e 2020, 568 americanos foram mortos por cães, sendo que
pitbulls (380) e rottweilers (51) contribuíram para 76% (431) dessas
mortes.
“A maior parte dos acidentes fatais foi causada por pitbulls, mas a
relevância estatística de cães abandonados ou considerados SRD é pequena
– totalmente diferente da realidade brasileira. Existe, portanto, uma
‘americanização’ das notícias quando os acidentes são causados por
pitbull no Brasil. Quando provocados por SRD (algo muito mais comum),
raramente são divulgados”, pontua Chamone.
Com essa análise, é possível, portanto, desmistificar o pitbull como a raça que “mais mata” por ataques no Brasil.
No entanto, a lógica nos diz que o potencial de dano da mordida de um
pitbull é maior que, por exemplo, o de um shih tzu – e o morder,
inclusive, é uma forma dos cães se defenderem por estarem estressados.
Mas será que o cérebro e, consequentemente, os comportamentos dos
pitbulls, são muito diferentes dos cães menores?
Pitbull e shih tzu: cérebros idênticos
Ao contrário do senso comum, que traz o temperamento da raça como um
problema, a neurociência nos confirma que o cérebro de um pitbull
funciona exatamente da mesma maneira que o de um shih tzu – ou qualquer
outro cachorro, de qualquer tamanho ou raça.
O grande problema é o estresse no qual os cães são submetidos,
rotineiramente, sem que seus donos sequer percebam. Esse estresse traz
sofrimento e, consequentemente, problemas comportamentais.
Isso geralmente ocorre quando os peludos têm uma rotina entediante –
ficam trancados em casa ou no canil o dia inteiro, sem nenhuma
atividade, cochilando o tempo todo –, passam muito tempo sozinhos, não
praticam atividade física de forma regular e são alimentados de maneira
inadequada.
“Por causa desse estresse, os cães tendem a fazer comportamentos
compensatórios, como destruição frequente de objetos, cavar a cama
constantemente e se lamber de forma compulsiva, além de latir demais,
ter ações hiperativas, comer o próprio cocô, até chegarem ao ponto de
redirecionarem a frustração que sentem, sob a forma de agressividade. A
questão é que a mordida de um pitbull causa muito mais estrago, na
sociedade, do que a de um shih tzu, mas ambos os cachorros estão em
sofrimento”, lamenta a geneticista.
Comportamentos agressivos de raças de pequeno porte, inclusive, são
comumente ridicularizados – viram até memes nas redes sociais. “Um cão
pequenino e ‘fofo’, ‘engraçadinho’, ao morder algo ou alguém, está com
sua saúde mental comprometida tal como um grande. Precisamos olhar para o
sofrimento de todos e deixar de romantizá-lo ou torná-lo uma comédia
nos pequenos”, ressalta Chamone.
Assim, é importante entender que o cão nunca é o maior culpado por
seus comportamentos disfuncionais – ocasionados, na realidade, por
negligência com sua saúde física e mental. A boa notícia, no entanto, é
que, ao adquirir conhecimento sobre a espécie, é possível mudar esta
realidade.
Mudança cultural e ações
Para evitar situações de agressão, Chamone defende a necessidade de
uma mudança cultural na sociedade, que passa por políticas públicas.
“O cachorro com grande potencial de mordida é como uma arma; pode,
mesmo, matar. Neste caso, o ideal seria a proibição de sua posse a
pessoas sem conhecimento do animal que levaram para a casa e que não
fazem ideia de como cuidar dele”, ressalta.
Segundo a geneticista, ainda falta consciência do dono sobre o que é
adequado para o cachorro. “Para raças como pitbull, o uso de focinheira
nos passeios é correto – e obrigatório pela Lei nº 11.531, de 2003, no
Brasil – para proteger a sociedade; uma forma simples de garantir que
ninguém seja colocado em risco”, sintetiza.
Além disso, como o cérebro do pitbull funciona de forma idêntica ao
de um cachorro pequeno, as técnicas de aprendizado e educação também são
as mesmas. Assim, deveria ser obrigatório entender o básico sobre
comportamento canino e, com isso, saber prevenir e diferenciar
comportamentos disfuncionais.
“Com qualquer cachorro, de qualquer raça ou tamanho, é essencial
trabalhar intensamente os quatro pilares do bem-estar: gerenciamento das
emoções, alimentação de qualidade, sono satisfatório e rotina de
exercícios físicos”, relata a geneticista.
O que varia, claro, é a necessidade individual de cada um, de acordo
com suas particularidades. Raças de trabalho, como pitbull, rottweiler,
dobermann, golden retrievier e border collie, por exemplo, naturalmente
demandam intenso gasto de energia, por isso precisam de mais atenção
nesse sentido.
Interação com família e enriquecimento do ambiente também são ações
importantes para a saúde física e mental dos peludos. “É preciso tempo e
dedicação para assegurar o seu bem-estar”.
Assim, a educação canina responsável, sem uso de punições ou
castigos, permitirá ter qualquer cão emocionalmente equilibrado – e,
consequentemente, evitar acidentes e danos à sociedade.
O que é o efeito pendular e como ele pode explicar o movimento da Magazine Luiza durante a pandemia
O Magazine Luiza, em novembro de 2020, chegou a valer R$ 165 bilhões.
Estávamos no intervalo entre a primeira e a segunda onda da pandemia e o
e-commerce estava em alta.
Hoje, depois da quarta onda, o Magazine Luiza vale R$ 33 bilhões,
cerca de 20% daquilo que valia há 18 meses. É uma queda impressionante,
assim como foi a ascensão.
O fato é que o Magazine Luiza pode estar sofrendo do “efeito
pendular”, onde situações extremas levam a efeitos extremos. Vou tentar
explicar melhor.
Efeito pendular do Magazine Luiza
No meio da pandemia, com lojas fechadas, a única opção era o
e-commerce. Todo mundo correu pra lá e, com isso, empresas como a
Magazine Luiza e Mercado Livre tiveram crescimento exponencial de
vendas.
Quando ficou claro que as coisas voltariam à normalidade e que o
varejo físico ainda existiria, aquele crescimento incrível não manteve o
ritmo e, em muitos casos, teve um retrocesso.
Então, a correção no valuation da empresa foi consequência desse
movimento. Num momento, era tudo e-commerce. No outro, era tudo como
estava. O pêndulo foi de uma extremidade à outra.
O Mercado Livre também teve seu valuation inflado na pandemia, pelo
aumento das vendas online. Mas, ao contrário do Magalu, não tem lojas
físicas. Então, o movimento do pêndulo foi menos agressivo.
Tanto que hoje o Mercado Livre vale mais do que antes da pandemia,
apesar de ter perdido 50% do seu valor de mercado atingido durante este
período.
Em algum momento o pêndulo vai atingir seu “ponto ótimo” e apontar o
valor exato das companhias depois desse turbilhão todo. Mas até lá,
haverá muito perde e ganha.
O que mais está em jogo?
+ Como será o varejo no Brasil pós-covid
Claro, existem outros fatores em jogo. O cenário macroeconômico
brasileiro e mundial, por exemplo, afeta em cheio o varejo. Com a
inflação em alta, afetando a confiança do consumidor, e taxa de juros
pouco convidativa ao consumo, que estagnou o crédito, a empresa se viu
prejudicada pelo mau desempenho das vendas de bens duráveis, como
eletrodomésticos.
Além disso, existe a concorrência: a Americanas viu suas vendas
aumentarem mais de 30% no mesmo período de 2021. Outros players como
Amazon e Shopee, além do próprio Mercado Livre, também contribuíram para
a desaceleração do Magalu.
A inovação não envolve apenas ideias radicais, mas é sobre se abrir
para novas experiências que transformam nossas vidas para melhor.
Inovações significativas vão além do técnico e fornecem uma plataforma
para que nosso dia a dia se torne mais rico e versátil – abrindo-nos
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Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda,
empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de
reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.
São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os
negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.
Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento
das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de
consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas
possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os
negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e
se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade,
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Presidente Jair Bolsonaro compartilhou sua insegurança com as
urnas eletrônicas a representantes de outros países.| Foto: Joédson
Alves/EFE
A controvérsia sobre o voto eletrônico nas eleições de outubro já
deveria estar devidamente encerrada há um bom tempo, mas os dois
principais atores envolvidos na discussão têm se empenhado, cada um à
sua maneira, em estabelecer uma verdadeira conversa de loucos. O último
episódio foi a reunião entre o presidente Jair Bolsonaro e dezenas de
embaixadores – alguns países enviaram outros representantes, como
encarregados de negócios –, e a subsequente resposta do Tribunal
Superior Eleitoral às alegações feitas pelo presidente no encontro, que
aliás era uma resposta do Planalto a evento semelhante realizado pelo
próprio TSE, com a participação de diplomatas, em maio.
Em agosto de 2021, a Câmara dos Deputados derrubou a PEC do Voto
Impresso, que teve a seu favor uma pequena maioria, mas ficou longe dos
308 votos necessários para a aprovação de uma emenda à Constituição. Por
mais criticável que fosse a atuação de ministros do Supremo Tribunal
Federal e do TSE na articulação política contra a PEC, quebrando a
imparcialidade que se espera de magistrados, a derrota da proposta é de
responsabilidade não dos ministros, mas dos próprios deputados e da
falta de articulação do Planalto e dos seus líderes no parlamento. Com a
voz dos representantes do povo se fazendo ouvir por meio da votação da
PEC, aquele era o momento de se virar definitivamente a página, mas não
foi o que ocorreu.
A desqualificação a priori do processo eleitoral, ou a insinuação de
que já está em curso todo um esquema destinado a roubar a eleição, sem
provas disso, é extremamente problemática
O TSE, fortalecido pela derrota da PEC, encastelou-se e transformou a
lisura da urna eletrônica em um dogma, um tabu, a ponto de perseguir,
pela via judicial, muitos brasileiros que fizeram e ainda fazem
questionamentos pertinentes a respeito de possibilidades de
aprimoramento da votação eletrônica. A corte não está se limitando a
perseguir quem espalha a mentira pura e simples com o objetivo de
desqualificar o sistema de votação, mas pretende calar até mesmo
críticas de caráter técnico quanto a possíveis vulnerabilidades. A urna
funciona, a urna é inviolável, o sistema é perfeito, e quem levantar a
menor dúvida sobre isso haverá de se ver conosco, parece ser a mensagem
enviada pelo TSE, cujos ministros ainda se julgam livres para percorrer o
mundo espalhando a narrativa de que há um golpe de Estado prestes a
ocorrer no país.
Mas o presidente Jair Bolsonaro, no entanto, dá alguma razão a essa
narrativa quando trilha um caminho ainda mais grave que o da corte
eleitoral ao deslegitimar a priori todo o processo, uma atitude cujas
consequências são imprevisíveis. A mensagem que o presidente da
República enviou aos embaixadores é tão simples quanto perigosa: a de
que os resultados das eleições brasileiras não são confiáveis. E ele o
faz sem apontar provas conclusivas de que tenha havido fraude nos
pleitos presidenciais anteriores. Durante live em 7 de julho, Bolsonaro
afirmou que levaria aos diplomatas estrangeiros informações “mostrando
tudo o que aconteceu nas eleições de 2014, 2018, documentado”, uma
referência a alegações de que o verdadeiro vencedor da eleição de 2014
fora o tucano Aécio Neves, e que Bolsonaro teria sido eleito já no
primeiro turno em 2018. São afirmações que o presidente vem fazendo
desde 2019, mas que não tem sido capaz de comprovar, e novamente não o
fez diante dos embaixadores. Sem essa evidência, restou ao presidente
apoiar-se em outro evento, a invasão de 2018 em que um hacker “passeou”
por meses pelos sistemas internos do TSE. Por mais que se trate de uma
brecha de segurança muito séria que não pode, de forma alguma, ser
minimizada – e que deveria ter sido tornada pública, em primeiro lugar,
pelo próprio TSE, com toda a transparência –, as investigações da
Polícia Federal não estabeleceram relação entre a invasão da intranet do
TSE e uma possível fraude eleitoral.
E isso nos encaminha ao centro da discussão, pois o
questionamento sobre a lisura das eleições afeta o coração da
democracia. A inquietação sobre possíveis vulnerabilidades tecnológicas
ou falhas na governança do processo eleitoral é legítima, desde que
exposta da forma mais precisa possível, apontando com clareza onde
residem os problemas, para que eles possam ser analisados e levem a uma
resposta que prime por essa mesma precisão; do contrário, uma exposição
feita em termos genéricos ou a simples contestação do processo como um
todo se tornam uma leviandade que coloca em risco a própria sociedade.
A necessidade dessa clareza total na exposição de contestações é
ainda mais necessária quando levamos em conta que as evidências de uma
fraude eleitoral só costumam aparecer a posteriori, ou seja, depois que o
pleito já ocorreu – a única exceção seria o caso de algum insider
denunciar e comprovar um esquema ainda em andamento, destinado a violar a
lisura de um pleito futuro. Se Bolsonaro efetivamente tivesse provas
sólidas a respeito dos resultados de 2014 e 2018, estaríamos diante de
algo gravíssimo; e se ele for capaz de apontar indícios consistentes de
fraude depois de outubro deste ano, não há dúvidas de que será
necessário tomar todas as medidas cabíveis, até mesmo com a anulação da
votação fraudada e a realização de nova eleição. Mas a desqualificação a
priori do processo eleitoral, ou a insinuação de que já está em curso
todo um esquema destinado a roubar a eleição, sem provas disso, é
extremamente problemática.
O TSE transformou a lisura da urna eletrônica em um dogma, um tabu, a
ponto de perseguir, pela via judicial, muitos brasileiros que fizeram e
ainda fazem questionamentos pertinentes a respeito de possibilidades de
aprimoramento da votação eletrônica
O raciocínio que atesta a limpeza do pleito tomando como critério o
seu resultado (“se eu vencer, é porque a eleição foi limpa; se eu
perder, foi porque houve fraude”), além de primário, poderá servir a
qualquer candidato derrotado – até mesmo para o petismo, caso o próprio
Bolsonaro saia vencedor; o próprio Lula já colocou a urna eletrônica sob
suspeita em 2002, e vários outros partidos fizeram o mesmo,
afastando-se do assunto apenas quando ele se tornou plataforma de
Bolsonaro. E um perdedor suficientemente influente terá, com isso,
munição para causar convulsão nacional. Na mais benigna das hipóteses, é
de uma enorme irresponsabilidade, que infelizmente o TSE acaba
estimulando quando emite uma “nota de resposta” cheia de imprecisões e
que, em alguns casos, simplesmente se esquiva de temas importantes, como
a possibilidade de auditoria nas urnas e o fato de o Brasil ser um dos
raros países que usam equipamentos defasados em comparação com urnas já
disponíveis em outras nações.
A pacificação torna-se extremamente difícil nessas condições. A bem
da verdade, o estado atual da disputa não dá margem nem mesmo à
possibilidade de um aprimoramento significativo do processo eleitoral,
pois, enquanto um lado deslegitima toda a votação, o outro se fecha a
qualquer debate, limitando-se a aceitar sugestões de menor impacto.
Tanto Bolsonaro quanto TSE se empenham em esticar a corda, mas é preciso
afirmar que sim, a responsabilidade do presidente da República é maior,
pois o potencial incendiário de seu discurso tem tudo para lançar o
país no caos, a depender do que o eleitor disser daqui a poucos meses e
de como os derrotados reagirem. Ainda estamos em tempo de desarmar esta
bomba, mas ela exige que todos tenham mais clareza em palavras e atos, e
demonstrem compromisso firme com a aceitação dos resultados da eleição,
atitudes que até agora não têm vindo de nenhum dos lados.
Bolsonaro reuniu embaixadores de diversos países no Palácio da
Alvorada para questionar segurança do sistema eleitoral brasileiro|
Foto: Clauber Cleber Caetano/PR
A reunião com embaixadores em que
o presidente Jair Bolsonaro (PL) questionou a segurança do sistema
eleitoral brasileiro e fez críticas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
e a ministros da Corte dividiu a base governista e o próprio núcleo da
campanha eleitoral. Bolsonaro afirmou a dezenas de diplomatas que
compareceram no Palácio da Alvorada, na segunda-feira (18), que o
sistema do TSE não é seguro por já ter sofrido um ataque hacker, e que a
votação em urnas eletrônicas não é auditável. Esta e outras alegações
feitas por Bolsonaro já foram respondidas pelo TSE em ocasiões
anteriores (leia aqui).
Parte de aliados e estrategistas da pré-candidatura entendem que o
discurso contra o processo eleitoral não amplia os votos e até pode
afastar apoios ao longo da campanha à reeleição. Para políticos e
interlocutores desse grupo, o discurso é visto como radical e pouco
agregador para buscar, sobretudo, os votos de eleitores indecisos.
A outra parcela de aliados e integrantes do núcleo de campanha
entende que a reunião e as falas do presidente foram importantes para
reforçar a posição de uma agenda inegociável para Bolsonaro e suas bases
política e eleitoral mais “raiz”. O discurso entre eles é de que, ao
contrário do que alega a oposição, o chefe do Executivo reafirma um
discurso por mais democracia e não menos.
Entre ponderações, alertas e opiniões de aliados e coordenadores da
campanha dos dois grupos, Bolsonaro assumiu o desafio de conciliar os
discursos de questionamentos às urnas e a demanda por mais transparência
às eleições com falas mais propositivas sobre a defesa ao legado do
governo federal. É o que avaliam diferentes fontes de ambos os lados da
base política ouvidas pela Gazeta do Povo.
Por que críticas ao TSE e ao sistema eleitoral não agradam parte da base A
percepção entre aliados contrários aos questionamentos e críticas ao
sistema eleitoral é de que Bolsonaro não amplia sua base de votos e
transmite um tom de radicalização à campanha. Para essa ala da base, as
urnas eletrônicas e o sistema eleitoral são seguros e o presidente já
conta com uma parcela de cerca de 30% da população que apoia esse tipo
de discurso e não deixará de votar nele.
Além da contrariedade às críticas e questionamentos ao sistema
eleitoral, alguns integrantes do núcleo da campanha também avaliam como
negativa a reunião entre Bolsonaro e embaixadores. Para esse grupo, a
imagem transmitida com contestações às urnas e críticas a ministros do
TSE passa uma imagem de “derrota”. A associação a Donald Trump,
ex-presidente dos Estados Unidos, é feita por alguns.
O deputado federal José Nelto (PP-GO), vice-líder do partido na
Câmara, está entre os integrantes da base que concordam com essa linha
de visão e entende que o presidente transmite uma imagem semelhante a
Trump ao contestar o sistema eleitoral. Para ele, o presidente não
transmitiu uma imagem vitoriosa.
“Fica uma imagem ‘trumpista’. Quem ganhar a eleição, leva. Sempre foi
assim, vale para qualquer cargo. O que a campanha tem que se preocupar é
em ganhar a eleição nas urnas e mostrar que ele é o melhor para o
Brasil. Essa imagem a campanha não poderia deixar passar, mas aconteceu,
de que a vitória dele está em xeque porque as urnas são fraudulentas,
de que pode ganhar e não levar”, pondera.
Nelto esclarece que apoia a reeleição de Bolsonaro em sua base
eleitoral, mas se diz sincero ao expressar seu pensamento sobre a
reunião com os embaixadores. “Foi um fiasco, muito ruim para o Brasil.
Eu acho que o presidente não poderia submeter o país e ele próprio
àquela humilhação, passou a imagem de isolamento”, critica.
O vice-líder do PP entende que o tipo de posicionamento contra as
urnas e o sistema eleitoral não agregam novos votos e, consequentemente,
pode até afastar aliados. “Como o PT ficou tantos anos, eu acho que o
presidente tem que ter a oportunidade de ficar mais quatro anos de
governo e que a ação dele em relação aos combustíveis foi importante.
Mas você não pode passar uma imagem que só será derrotado porque as
urnas são fraudáveis”, avalia Nelto.
“As urnas não são fraudáveis e o presidente não atrai votos dos
indecisos e perde aliados ao passar a imagem de preocupação em relação
ao sistema eleitoral. Ele tem que estar preocupado em arrumar votos e em
fazer uma campanha vitoriosa. Para isso, tem que falar o que fez, como
pegou o governo e o que entregou até agora”, complementa.
Outro aliado entende que a hipótese de uma ruptura institucional é
“zero”, ao contrário do que acusam opositores, mas concorda que
Bolsonaro não agrega votos ao discursar criticamente sobre as urnas. “A
chance de golpe é zero, não existe, isso é bobagem. Quem tenta levar
para esse lado é porque quer polemizar a situação. Claro que, se houver
eleições cada vez mais seguras e transparentes, elas são mais positivas
para a democracia, mas eu não acho que não tem que polemizar em relação a
isso. Esse discurso não atrai o eleitor indeciso”, analisa
reservadamente um deputado influente do Centrão.
O que diz a base “raiz” de Bolsonaro sobre críticas ao TSE e às urnas O
deputado federal Bibo Nunes (PL-RS), vice-líder do partido na Câmara,
concorda que Bolsonaro deve incorporar mais defesas ao legado de seu
governo em seus discursos. Porém, entende que isso não impede o
presidente de, paralelamente, defender mais lisura nas eleições e
questionar a segurança do sistema eleitoral.
“De fato, falta falar mais sobre o legado do governo, isso tem que
ser feito, porque tem tanta coisa boa que foi feita e não está sendo
divulgada. Espero que isso seja usado no horário eleitoral. Agora, uma
coisa não tem a ver com a outra. As duas coisas podem estar
simultaneamente nos discursos do presidente”, defende.
Para Bibo, a fala de Bolsonaro por si só não o levará a perder
votos nem obter novos votos. “Quem confia nas urnas e quem não confia já
tem sua posição definida, o quadro já está estabelecido. O que o
presidente quis fazer foi mostrar ao mundo a situação de desconfiança do
eleitor, que poderia ser evitada se o voto impresso auditável tivesse
sido aprovado e o país investido R$ 2 bilhões no aprimoramento
tecnológico das urnas”, avalia.
Pré-candidato à reeleição, Bibo também não demonstra preocupações
sobre a hipótese de integrantes da base não se engajarem na campanha do
presidente devido aos discursos contra o sistema eleitoral. “O
‘isentão’, sinceramente, eu nem me interesso, ele não tem o nosso
perfil. Aqui, tem que ter lado”, pondera.
A deputada federal Aline Sleutjes (Pros-PR), líder do partido na
Câmara e vice-líder do governo no Congresso, minimiza os ruídos e
críticas de alguns na base em relação à reunião e às falas de Bolsonaro.
“O que ocorre é que ele não é um ‘isentão’, ele tem posicionamentos que
desagradam pessoas que viveram muito tempo de um lado para o outro. E o
presidente não é assim, tem conduta, posicionamento firme, propósito”,
analisa. “O presidente mostrou um posicionamento de transparência,
responsabilidade, de zelo pelo país, sempre defendendo nossa nação”,
elogiou.
Pré-candidata ao Senado no estado, Aline acredita que o
posicionamento do presidente não tem o risco de desengajar aliados
durante a campanha. “Está consolidado. Agora, o que essa base nova não
pode querer cobrar é que ele se transforme em algo que não é. Nesse jogo
de interesses de partidos, de siglas, acho que, mais do que se
preocupar neste momento com a opinião dos caciques ‘X’ e ‘Y’ dos
partidos ‘A’ ou ‘B’, temos que nos preocupar com o povo, que tem que
estar convencido de que fazemos o melhor para a nação”, afirma.
A deputada pondera que é preciso avançar junto ao eleitor que “não é
nem de direita, nem de oposição”, e que não está “antenado na política
nacional” e mostrar os avanços propiciados pelo governo. “O desafio
maior não são nem as siglas partidárias ou os grandes nomes políticos, é
a população mesmo”, analisa. “A eleição é o momento sublime onde todos
com cargo ou sem cargo têm um voto apenas e oportuniza as pessoas terem o
direito de escolher seus representantes”, acrescenta.
Reunião com embaixadores foi reação a Fachin e ao TSE, diz base de Bolsonaro
Parte da base do governo e de membros do núcleo de campanha defendem a
reunião entre Bolsonaro e embaixadores como uma reação a um evento no
TSE em que o presidente do tribunal, ministro Edson Fachin, convidou
embaixadores para falar sobre as eleições e o sistema eletrônico de
votação.
A reunião entre Bolsonaro e embaixadores contou com o aval e a
coordenação de integrantes militares do “núcleo duro” presidencial que
entendem que o presidente deveria reagir ao TSE. “Os críticos dizem que o
presidente quis provocar, mas ele apenas reagiu às provocações. Não é
comum em um país democrático ministros do STF chamarem mais de 50
representantes de outras nações para discutir sobre eleições, sem a
prerrogativa e sem falar com o ministro das relações internacionais”,
comenta um interlocutor da campanha.
Alguns integrantes do núcleo duro também discordam da tese de que o
encontro entre Bolsonaro possa tirar votos e reforça que a reunião está
incorporada dentro de uma estratégia política da campanha. “O presidente
está pensando em pelo menos manter seu eleitorado no primeiro turno. Se
ele faz isso, já está no segundo turno, onde a eleição será outra”,
pondera um interlocutor.
O deputado federal Filipe Barros (PL-PR), vice-líder do partido,
defende a reunião realizada pelo presidente e a reação ao TSE. “Convém
lembrar que a política externa quem faz é o chefe de Estado, portanto, o
presidente Bolsonaro. E determinados ministros do TSE estavam até
semana passada se reunindo com embaixadores, tentando convencer os
embaixadores de que nosso sistema é seguro e tentando convencer os
respectivos países dos embaixadores a aceitar o resultado tão logo ele
seja proclamado”, destaca.
Barros pondera que Bolsonaro encerrou a apresentação aos embaixadores
com o questionamento sobre por que os países ali representados nunca
adotaram ou deixaram de utilizar o mesmo sistema eletrônico eleitoral
brasileiro. A reunião foi classificada por Barros como “extremamente
produtiva e técnica” por entender que, na maioria das falas, o
presidente ressaltou documentos do próprio TSE elencados no âmbito de um
inquérito da Polícia Federal.
“Infelizmente, parcela considerável da imprensa insiste em dizer que
não existem provas quanto às vulnerabilidades do nosso sistema
eleitoral. Dos 45 minutos, o presidente passou pelo menos 30 minutos
mostrando provas do inquérito de 2018 com documentos do próprio TSE
assumindo as vulnerabilidades e potencialidades que essa invasão
ocasionou na eleição daquele ano”, comenta o deputado.
O senador Luiz do Carmo (PSC-GO), líder do partido e pré-candidato à
reeleição no estado, usou o Twitter para defender a reunião entre
Bolsonaro e embaixadores. “O ministro Fachin se reúne com embaixadores é
visto como um ato democrático… Bolsonaro faz reunião com embaixadores e
é visto como um ato golpista, antidemocrático. Tá na hora da maioria
silenciosa acordar, antes que a esquerda comece a acreditar nas suas
próprias mentiras”, declarou.
O que o TSE já disse sobre as alegações de Bolsonaro contra urnas e ministros
Várias das alegações feitas pelo presidente Bolsonaro contra as urnas
eletrônicas e os ministros do TSE já foram rebatidas pela Corte em
outras ocasiões e também pelos próprios magistrados. A comunicação do
TSE selecionou várias declarações e divulgou uma resposta a elas, com
base em conteúdo já publicado em seu site oficial.
O TSE rebateu a alegação de Bolsonaro de que, em 2018, um hacker teve
acesso a “tudo” dentro dos sistemas do tribunal. A Corte diz que a
tentativa de ataque não violou a segurança das urnas. Cita várias
agências de checagem que, com base na opinião de especialistas, afirmam
que a invasão de 2018 não implicou em fraude no registro ou contagem dos
votos. Sustenta, ainda, que as urnas podem ser auditadas “antes,
durante e depois das eleições”.
Sobre a declaração de que os logs foram apagados – arquivos que
registram todo percurso do hacker dentro dos sistemas, na invasão de
2018, foram perdidos pela empresa terceirizada –, o TSE diz que isso não
representou risco à integridade das eleições, porque os códigos dos
programas passaram por “sucessivas verificações e testes, aptos a
identificar qualquer alteração ou manipulação”. “Nada de anormal
ocorreu”, disse o tribunal em nota divulgada no ano passado. “É possível
afirmar, com margem de certeza, que a invasão investigada não teve
qualquer impacto sobre o resultado das eleições”, diz outro trecho da
nota.
A respeito da reunião realizada ao fim de maio entre embaixadores e o
presidente do TSE, Edson Fachin, a Corte informou à época tratar-se de
um evento sobre o calendário das eleições, estatísticas e voto no
exterior, bem como o sistema eletrônico de votação. Naquele mesmo mês, o
magistrado anunciou que as eleições poderiam contar com mais de 100
observadores internacionais.
Uma visão geral da usina de energia a carvão Mannheim AG (GKM),
em Mannheim, Alemanha, 12 de janeiro de 2022.| Foto: EFE/EPA/RONALD
WITTEK
Mesmo sendo o quarto país mais poluidor do mundo, segundo o
World Resources Institute (WRI), a Alemanha não cansa de levantar a
bandeira verde quando o assunto é sustentabilidade de outros países. Nos
últimos anos, o país europeu suspendeu investimentos e ameaçou fazer
outras sanções ao Brasil devido ao desmatamento da Amazônia.
No entanto, existe bastante trabalho interno para que a Alemanha se
ajuste a seus próprios parâmetros ecológicos. Em 2019, o país europeu
criou uma lei de proteção climática, que prevê uma redução de gases do
efeito estufa em 55% até 2030 e neutralidade do carbono até 2050 no
país.
Apesar dessa movimentação ecológica, o crescimento da demanda mundial
por energia, decorrente da guerra na Ucrânia, faz com que as usinas
alemãs precisem queimar mais carvão e isso pode atrasar a transição para
a energia verde.
Aposta verde que deu errado
Quando a Alemanha decidiu trocar a matriz energética para opções
menos poluidoras do que as centrais de carvão, investiu nas energias
eólica e solar em primeiro lugar, e no gás como segunda opção.
A transição custou mais de 1 trilhão de dólares, mas algumas falhas no processo comprometeram a produção de energia no país.
“Foi um fiasco. A Alemanha instalou uma capacidade gigante onde a
área de insolação era baixíssima e com pouco vento. Além disso, essas
instalações concorreram com áreas agrícolas”, explica Ricardo Fernandes,
analista de riscos e internacionalista.
Outro problema nessa transição energética foi a dependência que o
país criou na importação de gás estrangeiro, especialmente o russo.
Cerca de 50% do combustível presente na Alemanha vem da Rússia.
No final de junho, devido ao corte de gás russo da Gazprom, como
forma de Vladimir Putin pressionar os europeus, o Ministério da Economia
alemão anunciou que a saída seriam as usinas de carvão. O país decidiu
reativar 15 delas para a produção de energia.
“É ruim dizer isso, mas é indispensável para reduzir o consumo de
gás”, informou o ministro Robert Habeck, que faz parte do partido verde
do país.
Tendo em vista que é verão na Europa neste momento, Habeck alertou
para a crise energética que deve assolar o país no próximo inverno:
“será provavelmente pior do que a crise do coronavírus”.
Ao contrário de países vizinhos como a França, que investem na
energia nuclear como alternativa aos combustíveis fósseis, a Alemanha,
quando estava sob a liderança de Angela Merkel, decidiu desativar usinas
nucleares, pelos possíveis riscos de vazamento. Uma opção aparentemente
sustentável, mas, na prática, não é nada ecológica e ainda prejudicou a
economia do país, com a energia mais cara do continente.
Dependência de combustíveis fósseis Mesmo antes da guerra na
Ucrânia, diante da queda de 15% na produção eólica, a Alemanha aumentou
no ano passado a produção das centrais elétricas movidas a carvão em
22%.
O gás, o petróleo e o carvão representam 66% do consumo de energia
alemã. Além disso, cerca de 47% da eletricidade produzida no país em
2021 veio de combustíveis fósseis. “A economia alemã é totalmente
dependente do fóssil poluente e se encontra especialmente vulnerável
diante da guerra na Ucrânia”, disse Fabien Bouglé, especialista em
política energética, ao jornal francês Le Figaro.
Consequências climáticas
Diante das fortes ondas de calor na Europa durante este verão, que já
resultaram em mais de mil mortes no continente, a discussão sobre o
aquecimento global voltou com força à pauta europeia. Nesse contexto, a
produção de energia alemã está se tornando um grande vilão.
Além do desmatamento de vilarejos para a construção de minas, as
centrais elétricas movidas a carvão geram uma poluição de 1.000 g de CO2
/ kWh. Centrais nucleares, que foram uma alternativa recusada pelos
ecologistas alemães, produzem muito menos: cerca de 6 g de CO2 / kWh.
“A Alemanha será um dos principais atores da degradação do clima e
continuará sendo o patinho feio da União Europeia e do mundo. São os
pretensos ecologistas que sustentam esse modelo desastroso para o
planeta”, concluiu Bouglé.
Plenário do Senado| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Em
outubro deste ano, os brasileiros votarão para o chefe do Executivo,
deputados estaduais, federais e senadores. Serão escolhidos
aproximadamente 500 deputados federais e 1/3 das cadeiras dos senadores
serão renovadas. Um bom critério para a escolha dos próximos
representantes do Congresso Nacional será o posicionamento dos
candidatos em relação a três temas importantes: a prisão após condenação
em segunda instância; a diminuição do foro privilegiado; e a forma de
escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Esses três tópicos estão dispostos em três Propostas de Emenda à
Constituição (PEC´s) sendo essas, respectivamente, a PEC 199/09 e
199/18; a PEC 333/17; e a 35/15. A PEC 199/19 trata da prisão após
condenação em segunda instância e foi apresentada na Câmara dos
Deputados. De acordo com essa PEC, haveria a retirada do texto
constitucional de dois recursos que levam processos ao Superior Tribunal
de Justiça (STJ), em 3ª instância, e ao STF em 4ª instância. Esses
recursos são o Recurso Especial e o Recurso Extraordinário. Por conta da
existência desses dois instrumentos, qualquer caso simples, em tese,
poderia ser novamente apreciado pelos tribunais superiores, ainda que o
processo não verse sobre questões estritamente constitucionais, como
casos que envolvem crimes de homicídios, tráfico de drogas e até
processos que julgaram qual time de futebol seria o vencedor do
campeonato brasileiro.
Atualmente mais de 55 mil pessoas têm foro privilegiado no Brasil, e
isso apenas torna a nossa Justiça mais lenta e ineficaz, além de
contribuir para a impunidade.
Assim, nos termos da PEC, inexistindo esses dois recursos, o trânsito
em julgado dos processos ocorreria após o julgamento na 2ª instância,
tornando a Justiça mais rápida e mais efetiva, possibilitando o início
do cumprimento da pena criminal após essa decisão. A referida PEC está
parada na Câmara dos Deputados desde 8 de agosto 2020 ainda aguarda para
ser pautada para votação pela Comissão Especial que a analisa. Havendo
aprovação nessa comissão, o próximo passo seria o agendamento da votação
pelo Plenário da câmara.
No Senado Federal há outra PEC que trata da prisão após segunda
condenação: a PEC 166/2018, e, de acordo com seu texto, seria claramente
inserida na Constituição a prisão após condenação em 2ª instância. Essa
proposta está aguardando a votação pelo Senado desde 5 de fevereiro de
2020, dependendo apenas que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco,
paute essa votação.
Outro assunto que também merece revisão é a questão do foro
privilegiado, que é uma grande causa de impunidade no Brasil. No Senado
Federal há a PEC 333/2017 que propõe uma drástica redução das pessoas
que têm esse foro especial, cujo nome técnico é foro por prerrogativa de
função. Atualmente mais de 55 mil pessoas – políticos ou servidores
públicos – têm foro privilegiado no Brasil, e isso apenas torna a nossa
Justiça mais lenta e ineficaz, além de contribuir para a impunidade.
O foro privilegiado é uma espécie de “funil” que impede o julgamento
de crimes praticados por políticos e autoridades em um tempo justo e
razoável. Por conta do foro, deputados federal e senadores, por exemplo,
que cometam crimes só podem ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal
(STF). Contudo, como o nosso STF é formado por apenas 11 ministros, e
por ano são em torno de 90 mil processos para serem julgados, as
investigações e processos contra essas pessoas demoram anos, fato que
resulta na prescrição de diversos casos importantes.
Em outros países como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Alemanha o
foro privilegiado não existe. Na Itália, somente o presidente da
República tem o foro especial. Na França apenas os ministros e
secretários de Estado têm esse benefício. Em Portugal, detêm o foro
privilegiado o presidente da República, o presidente da Assembleia da
República e o primeiro-ministro.
A terceira PEC necessária seria a PEC 35/2015 do Senado, que altera a
forma de escolha dos ministros do STF e também fixa um mandato de 10
anos para eles. Esta PEC já foi aprovada pela Comissão Especial
responsável por sua análise e aguarda ser pautada para votação em
Plenário. Para que uma PEC seja aprovada, é necessário o voto de 3/5 dos
parlamentes, em dois turnos, de cada casa do Congresso Nacional.
Com a aprovação da PEC pelo Congresso Nacional, o texto será
encaminhada ao chefe do Poder Executivo, o presidente da República, que
poderá sancionar a proposta, ou vetá-la, através de um veto total ou um
parcial. Havendo o veto, a PEC retorna para o Congresso Nacional onde
será votado em sessão conjunta da Câmara e do Senado. O veto somente
poderá ser derrubado caso haja o voto da maioria absoluta dos
parlamentares, ou seja, mais de 50% dos parlamentares existentes – e não
os presentes na sessão – deverão votar contra o veto para que ele seja
rejeitado. Sendo mantido o veto, a PEC será arquivada.
Assim, o conhecimento sobre a existência dessas PEC´s e a
concordância com elas por parte do candidatos, poderá ser considerado um
bom requisito a ser levado em conta pelos eleitores na hora de escolher
os novos parlamentares.
Thaméa Danelon Procuradora da República (MPF) desde dezembro de
1999, ex-coordenadora do Núcleo de Combate à Corrupção em São Paulo/SP;
ex-integrante da Lava Jato/SP; mestre em Direito Político e Econômico
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e especialista em Direito
Penal e Direito Processual Penal pela Escola Superior do Ministério
Público de São Paulo (ESMPSP); professora de Direito Processual Penal e
palestrante. **Os textos da colunista não expressam, necessariamente, a
opinião da Gazeta do Povo.
Jair Bolsonaro durante motociata, em Campo Grande, em junho| Foto: Clauber Cleber Caetano/PR
Neste 20 de julho abre-se uma janela que se fecha dia 5 de agosto. É a
janela das convenções partidárias, que vão homologar, carimbar os
candidatos que a gente já sabe quem são. Está na lei que tem de fazer
convenção, mas é pró forma, já está tudo decidido. Tanto que a convenção
do PT ocorre quinta-feira, em São Paulo, e Lula nem vai; ele estará em
Pernambuco. A convenção do PL, o partido de Bolsonaro, será
no Maracanãzinho, no domingo. Ele estará lá e querem fazer uma grande
festa; dizem as notícias que estão querendo sabotar o evento comprando
pela rede social os ingressos, para que sejam todos vendidos e não haja
lugar para os convencionais. Vão gastar um dinheirão e não dará certo.
Ciro Gomes vai ser homologado na própria sede do PDT em Brasília; será,
para todos os efeitos, uma convenção.
E vemos que grandes partidos não têm candidato. O PSDB, por exemplo,
que fez Fernando Henrique presidente duas vezes, e concorreu com força
em eleições com Aécio Neves, José Serra, Geraldo Alckmin, está sem nome.
O MDB está adiando sua convenção para o último dia, 5 de agosto, porque
não sabe o que fazer com a senadora Simone Tebet. Está a maior
confusão: uns dizem no partido que 11 diretórios apoiam Lula, outros
dizem que 19 diretórios já se comprometeram a apoiar Simone Tebet.
Imagine o leitor que um diretório tem de se comprometer a apoiar um
candidato do próprio partido, é incrível. Além de tudo, eu sei, por
exemplo, que no Rio Grande do Sul o MDB é Bolsonaro.
Por essas coisas vemos que não tem jeito, não tem terceira via. São
mesmo dois candidatos: Bolsonaro e Lula. Ainda bem que nós conhecemos
bem ambos. Lula ficou dois mandatos, depois veio Dilma. Foram quase 14
anos com o partido dele no poder e a gente sabe muito bem o que
aconteceu. Assim como sabemos o que aconteceu nesses três anos e meio de
Bolsonaro, então será fácil escolher o candidato.
Quem não vota também decide resultado de eleição Quem não vota ou anula não tem direito de reclamar depois Só
não se omita, porque voto branco, nulo ou omissão não contam nada. É
zero. Na última eleição presidencial houve 42 milhões de votos que não
valeram nada, 42 milhões de eleitores que não apitaram nada. O vencedor
teve 58 milhões de votos; o que perdeu, 47 milhões; e 42 milhões não
opinaram. Vocês viram o que aconteceu na Colômbia, no Chile? Foi porque
muita gente não foi votar. Quem não vota ou anula não tem direito de
reclamar dos resultados e das consequências. Está se alijando da
cidadania, não é fonte do poder, porque o poder do povo emana do voto.
E, com o voto, estamos dando poder para governador, deputado estadual,
federal, senador e presidente da República. Só para lembrar o óbvio.
Dito isso, também para lembrar, estamos em pleno período do voto em
trânsito, que vai até 18 de agosto. Quem estiver fora da sua comarca
eleitoral, caso esteja em uma capital de estado ou em município com mais
de 100 mil habitantes, tem direito ao voto em trânsito. Precisa
procurar o cartório eleitoral para dizer, até 18 de agosto, que vai
votar em trânsito naquela comarca. Quem estiver fora do seu estado só
vai poder votar para presidente.
Petrobras baixou a gasolina, fique atento na bomba Só para
encerrar, uma boa lembrança: até a Petrobras agora já diminuiu o preço
da gasolina, alegando que o preço do petróleo baixou. Diminuiu em quase
5%; para vocês controlarem na bomba, na refinaria o litro está custando
R$ 3,86.
Altas temperaturas na Europa indicam que efeito estufa piora; queda em emissões ainda é desafio
Roberta Jansen, O Estado de S.Paulo
Ondas de calor ocorrem por conta de alterações naturais dos padrões
climáticos globais. Nos últimos dias, muitos lembraram da onda de calor
de 1976 que assolou a Europa e, em especial, o Reino Unido. No entanto, o aumento da frequência, da duração e da intensidade desses eventos nas últimas décadas são compatíveis com o aquecimento global do planeta provocado pelas atividades humanas, dizem cientistas.
Desde o século 19, quando medições climáticas começaram a ser feitas,
e a Revolução Industrial se alastrou pelo mundo, a temperatura média do
planeta aumentou em 1,1º C por causa, principalmente, das emissões de
dióxido de carbono e outros gases. São substâncias que se acumulam na
atmosfera, impedindo a irradiação do calor. Assim, transformam o planeta
em uma estufa.
Em meio à onda de calor extremo que se alastra pelo hemisfério norte, o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres,
lançou um alerta para representantes de mais de quarenta países
reunidos na última segunda-feira para o Diálogo Climático de Petersberg,
na Alemanha. “Nós temos uma escolha”, afirmou, pedindo mais ações
contra o aquecimento global. “Ação coletiva ou suicídio coletivo. Está
em nossas mãos.”
Ontem, o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM),
Petteri Taalas, seguiu a mesma linha de Guterres. “As ondas de calor
vão ser cada vez mais frequentes e extremas; que a atual situação (da Europa) sirva de alerta para políticos do mundo inteiro.”https://arte.estadao.com.br/uva/?id=zprx0Q
De acordo com a Agência Espacial Americana, a Nasa,
o mês de junho foi o mais quente já registrado. E julho segue pelo
mesmo caminho. Pela primeira vez desde o início das medições, o Reino
Unido, acostumado a verões em que as máximas não ultrapassam os 25º C, registrou ontem 40,2º C, em meio a um alerta vermelho de temperaturas extremas emitido pelas autoridades locais.
Há nove dias, a Espanha enfrenta uma das piores ondas de calor da sua história, com temperaturas que variam de 39ºC a 45ºC.
Nesta terça-feira, um trem de passageiros que ia de Madri para a
região da Galícia teve que parar diante de um grande foco de incêndio. O
fogo se alastra por todo o sul da Europa. Mais de mil pessoas morreram apenas na Península Ibérica.
Já há previsões de que mesmo países mais ao norte, como Bélgica e Alemanha, também registrem temperaturas superiores aos 40ºC.
“O aumento médio da temperatura global é de 1,1ºC, o que parece
pouco. Mas uma elevação equilibrada. Isso significa que, em alguns
lugares vai esfriar e, em outros, vai esquentar muito. Para uns, a
situação será difícil; para outros, impossível”, explicou o secretário
executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini.
“O sexto relatório do IPCC divulgado no ano passado, por exemplo,
mostra que, em média, o semiárido brasileiro registra dois eventos de
seca extrema por década. Entretanto, dependendo do aumento médio das
temperaturas, pode passar a registrar até cinco eventos desses por ano, o
que inviabilizará a agricultura, porque não haverá tempo hábil para a
recuperação do solo.”
Sem coincidência
A chance de a temperatura no Reino Unido chegar a 40ºC, por exemplo, é
dez vezes mais provável agora do que antes da Revolução Industrial,
quando a queima de combustível fóssil se tornou um padrão mundial.
A Europa é particularmente vulnerável. Os motivos são a proximidade com o Ártico (que perde sua cobertura de gelo com rapidez) e acorrente do Golfo, que eleva as temperaturas no continente.
“Ainda assim, o Reino Unido registrar a maior temperatura da sua
história não é uma coincidência; outros países também estão registrando
temperaturas totalmente anômalas, fora do padrão”, afirmou o
coordenador-geral de operações e modelagem do Centro de Monitoramento e
Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o meteorologista Marcelo
Seluchi. “E isso coincide com o que as pesquisas vinham antecipando, uma
maior frequência de eventos extremos.”
“Embora haja um claro padrão de onda atmosférica, com regiões mais
quentes e mais frias se alternando, essa grande área de calor extremo é
uma claro indicador de que as emissões de gases-estufa pela atividade
humana estão causando padrões climáticos extremos que impactam nossas
vidas”, afirmou o chefe do escritório global de modelagem do Goddard
Space Flight Center, da Nasa, Steven Pawson.
Outras regiões do hemisfério norte também estão registrando ondas de
calor extremo e temperaturas recorde, segundo dados da Nasa. No último
dia 13, na Tunísia, no Norte da África, a temperatura chegou a 48º C,
batendo uma marca de quarenta anos.
No Irã, as temperaturas permaneceram altas em julho depois de um registro de 52ºC no fim de junho. Na China,
o verão trouxe três ondas de calor muito forte. Segundo o Observatório
de Xangai, que registra temperaturas desde 1873, a cidade alcançou
40,9ºC, a maior já marcada.
“Os extremos climáticos são uma consequência direta do aquecimento
global”, diz o pesquisador José Marengo, do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe). “Cada vez mais veremos ondas de calor
extremo na Europa e nos Estados Unidos, com incêndios, e, possivelmente,
veremos também invernos extremos, com grandes nevascas. Aqui no Brasil,
já vivemos extremos também, com chuvas intensas e secas.”
A geopolítica mundial não é favorável às negociações climáticas
internacionais que serão retomadas em Sharm el-Sheikh, no Egito, em
dezembro, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(COP, na sigla em inglês) 27, em dezembro deste ano.
A desaceleração econômica provocada pela pandemia de covid-19 que,
inicialmente, fez reduzir mundialmente as emissões de CO2, deu lugar a
um aumento generalizado na produção de combustível fóssil desde a
eclosão da guerra na Ucrânia.
Embora haja uma tendência de médio e longo prazo na renovação da
matriz energética, sobretudo na Europa (por energias renováveis ou
nuclear), o fato é que a guerra provocou um aumento generalizado da
produção de combustíveis fósseis. Até mesmo a China, que vinha num
movimento significativo de redução da produção de carvão, retomou o uso
diante do risco de escassez energética.
“A guerra tirou as mudanças climáticas do centro do debate político, trazendo a segurança energética para o foco, com Estados Unidos,
Europa e China aumentando a produção de petróleo, gás natural e carvão
desde março”, declarou o professor de relações internacionais da
Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
Eduardo Viola. “O lado bom dessa onda de calor é que ela traz de volta a
sensação de urgência na luta contra o aquecimento global, que é
inexorável.”
Contramão
O Brasil, por sua vez, aumentou consideravelmente o
desmatamento (principal causa de suas emissões) em todos os seus biomas
no ano passado, segundo os últimos números do MapBiomas. Relatório divulgado na última segunda-feira constatou um aumento de 20% na destruição de 2020 para 2021.
Por conta disso, o Brasil foi um dos únicos países do mundo a
registrar um aumento de emissões de gases-estufa durante a retração
econômica provocada pela pandemia.
“Ou seja, estamos completamente na contramão mundial”, afirmou o
meteorologista Carlos Nobre, um dos principais pesquisadores de mudanças
climáticas no País. “As nossas emissões explodiram nos últimos anos,
vivemos uma situação trágica. Para se ter uma ideia, em termos de
emissões brutas, já alcançamos 10,5 toneladas por habitante por ano, um
número bem similar ao da China e da Alemanha, por exemplo. Isso nos
coloca numa situação muito preocupante para alcançar as metas assumidas
em 2016 de reduzir em até 50% as emissões do País até 2030.”
O pesquisador José Marengo, doInpe,
lembra que, no Brasil, tais extremos climáticos também já estão mais
frequentes, como nas secas extremas e das enchentes registradas este ano
em vários pontos do País, que já deixaram, desde dezembro passado, mais
de 500 mortos.
As condições para um possível acordo climático no Egito, portanto,
são as piores possíveis, opinou Viola. “Sem nenhum acordo global em
vista, a possibilidade de limitarmos a elevação média das temperaturas a
1,5ºC parece cada vez mais distante. Ou, nas palavras do secretário
executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, “seguimos caminhando
em direção ao abismo”.
É preciso que o eleitor constitua com o eleito um elo político sólido e não laço efêmero de obrigação eleitoral
Roberto DaMatta, O Estado de S.Paulo
Somos nós, eleitores, deuses ou Messias salvacionistas? Faz tempo que
deveríamos saber que todos somos responsáveis pela nossa comunidade.
Nenhuma divindade vai cair do céu para ensinar ou cobrar nossas
responsabilidades ou o nosso papel na construção democrática.
Como mostra a pesquisa publicada neste jornal, no dia 13, o eleitor
diz querer uma renovação no Congresso, mas não se lembra em quem votou!
Ora, não há “políticas públicas” capazes de enfiar na cabeça dos
eleitores o dever cívico de conhecer bem os candidatos. E isso não surge
por decreto ou canetada! É preciso que o eleitor constitua com o eleito
um elo político sólido e não um laço efêmero que somente surge por
obrigação eleitoral.
Sobre isso, conheço uma história exemplar. Um amigo americano tinha
duas filhas que se afeiçoaram por uma arara que, de filhote, passou a
ser uma ave de estimação. No retorno aos Estados Unidos, descobriram que
araras eram proibidas de entrar no país. Meu amigo, porém, não hesitou:
diante de nossos olhos incrédulos, escreveu uma carta ao senador do seu
estado (Vermont) e usou sua influência para permitir que o “pet” do seu
eleitor entrasse legalmente na América.
Esse é um caso expressivo daquilo que o cientista político G.
O’Donnell chama de “democracia representativa”. Nela, há um laço,
fundado no território residencial comum. Um laço que remete ao voto
distrital, hoje esquecido, mas que, como revela a importante matéria do Estadão,
tem que ser retomado. Porque é no âmbito do distrito que o véu do poder
à brasileira se esfumaria e eventuais privilégios seriam revelados.
A pesquisa igualmente sugere que é muito mais fácil saber em quem se
votou, quando existem partidos políticos institucionalizados e não
agrupados por interesses ou engajados num vale tudo eleitoral, no qual a
ética do vencer a qualquer custo é dominante. Desdenhar do voto,
elegendo um amigo de um amigo ou um Messias e salvador da pátria que,
conforme sabemos, sempre dá errado, é misturar o campo do político com o
da religião. Algo explosivo e perigoso, propenso a resultar em
tiranias, jamais em democracias.
Seria preciso remediar pelo voto distrital o fenômeno rotineiro do
filhotismo e do compadrio eleitoral; dos candidatos que “puxam” votos e
distorcem a importância dos eleitos para outros cargos que são
igualmente vitais para a democracia.
Votos conscientes dependem do elo que baliza a “posse” do cargo e o
seu exercício como um serviço a sua comunidade. Sem o elo com as bases,
nossos votos serão delegativos, levando o País a esse insulto de votar
no menos pior.