terça-feira, 14 de dezembro de 2021

MAIOR BARCO A VELA JÁ CONSTRUÍDO

 

Venha conhecer o Thomas W. Lawson

O navio foi lançado ao mar em 10 de julho de 1902, tinha 145 metros de comprimento, sete mastros com quase 58 metros de altura cada e, ao todo, usava até 25 velas com uma área vélica cumulativa de 4.330 metros quadrados. Para tripular este colosso dos mares eram necessários apenas 18 marinheiros, ao tempo em que um navio de mesmo porte demandava até 50 tripulantes! Com uma capacidade de carga de 11.000 toneladas, o Thomas W. Lawson foi construído pelo empresário de mesmo nome que atuava com cobre, com o propósito de mostrar ao mundo que a vela podia permanecer competitiva na era do vapor. Conheça o maior barco à vela já construído.

Gravura do maior navio à vela do mundo
Imagem, Wikimedia Commons.

O maior barco à vela já construído

Thomas Lawson (1857-1925) nasceu em Charleston, Massachusetts, em 26 de fevereiro, filho de um carpinteiro. Inteligente, ele cedo entrou em operações ousadas no mercado de ações que lhe renderam, e o fizeram perder, várias fortunas. Ajudou a lançar empresas como a Amalgamated Copper Company em 1899.

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Vivia luxuosamente e frequentemente aparecia aos olhos do público. Sua fortuna pessoal foi estimada em US$ 50 milhões. Mas, apesar da riqueza, foi tratado com desdém por líderes sociais estabelecidos.

Lawson se ressentiu pela recusa da permissão para ter seu iate inscrito nas competições da America’s Cup, sob o argumento de que não era um membro exclusivo do New York Yacht Club, o mesmo esnobismo de que fora vítima um dos maiores construtores de barcos à vela de todos os tempos, William Fife, de quem já tratamos neste espaço.

O imenso veleiro

O enorme veleiro que mandou construir foi originalmente criado para viajar pelas rotas do carvão ao longo da costa leste da América do Norte. Mas, quando totalmente carregado, seu calado era de nove metros.

imagem do maior navio à vela do mundo
De tão grande chega a ser feio. Imagem, domínio público en Wikimedia Commons.

Curiosamente, naquela época havia apenas um porto nos Estados Unidos capaz de receber esse tipo de navio de grande calado: o Newport News, na Virgínia. Com isso, sua capacidade foi reduzida para 7.400 toneladas para poder atracar em mais portos. Mesmo com a carga reduzida, o Thomas W. Lawson era tão grande que era difícil de manobrar e lento.

navio no porto
A escuna não tinha motor propulsor, mas era equipada com motor de leme a vapor, guinchos a vapor, e até rede telefônica. Imagem,www-amusingplanet.

O navio precisava muito vento para poder navegar. Os marinheiros o comparavam a uma banheira, ou uma baleia encalhada. Seja como for, na época havia grande demanda por petróleo.

Por isso o veleiro acabou vendido para a Anglo-American Oil Co. e, nos estaleiros Newport News & Drydock, em 1906 foi convertido em um petroleiro que carregava até 60 mil barris.

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A última viagem

Em 19 de novembro de 1907 o Lawson zarpou das docas da refinaria Marcus Book, 20 milhas ao sul da Filadélfia, com destino a Londres em sua primeira viagem transatlântica. A bordo de seus porões havia 58.000 barris de petróleo.

navio à vela de popa
Imagem, www-amusingplanet.

Mas a rota do grande veleiro se mostraria mortal. O navio enfrentou vários temporais que destruíram a maioria de suas velas, ao mesmo tempo em que os vagalhões que varreram seu convés destruiu igualmente todos os botes salva-vidas, exceto um. Apesar dos pesares, em 13 de dezembro o navio entrou no canal da mancha.

O capitão George Washington Dow, confiante, achava que o colossal veleiro resistiria a mais uma tempestade. E recusou ajuda de navios próximos. Na noite seguinte o vendaval atingiu 140 Km/h. De tão forte,  partiu a corrente da âncora do navio. Desgovernado, a escuna bateu na costa rochosa perto de Annet, e virou.

imagem de miniatura de veleiro
Sobraram algumas fotos, gravuras, e esta miniatura. Imagem, ugh Llewelyn en Flickr.

Dos 18 tripulantes apenas dois se salvaram, o capitão, e o engenheiro Edward L. Rowe. Hoje, os destroços do Thomas W. Lawson são a grande atração de mergulho a nordeste de Shag Rock, a uma profundidade de 17 metros, e podem ser visitados por mergulhadores em tempo bom.

casco virado de navio
Antes de afundar. Imagem, www-amusingplanet.

Imagem de abertura: Wikimedia Commons

Fontes: https://www.labrujulaverde.com/2021/12/el-barco-de-vela-mas-grande-de-la-historia?fbclid=IwAR3cHFsjOiMXZ_6gvCl0zgTHFpUaPKqgXw5K-4g0ohguE8GMfciXwdb27OI; https://www.amusingplanet.com/2021/08/the-worlds-largest-sailing-ship.html; https://biography.yourdictionary.com/thomas-william-lawson.

MITOS E VERDADES SOBRE LIPOASPIRAÇÃO

 

o Dr. Luís Felipe Maatz

A plástica é a mais realizada no Brasil, com 15,5% do total das cirurgias

Segundo pesquisas recentes da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o Brasil é o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo. Com cerca de 1,5 milhões de cirurgias ao ano, ultrapassamos os Estados Unidos e o México, em segunda e terceira posição, respectivamente. E, de acordo com os estudos, o procedimento estético mais realizado é a lipoaspiração, com 15,5% do total das cirurgias.

“Hábitos saudáveis como alimentação equilibrada e atividade física regular são fundamentais para manter o peso e a saúde. No entanto, estas práticas dificilmente conseguem eliminar as gorduras localizadas. Com a lipoaspiração, é possível retirar estes acúmulos de gordura em várias partes do corpo, incluindo barriga, coxas, braços, pescoço, cintura, costas, bochechas, queixo, pernas e tornozelos”, explica o Dr. Luís Felipe Maatz, cirurgião plástico, com especialização em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e especialista em Reconstrução Mamária pelo Hospital Sírio-Libanês.

Porém, mesmo sendo o procedimento mais feito no Brasil, o que não falta são dúvidas e inverdades. Para esclarecer os pontos mais importantes, o Dr. Luís Felipe Maatz listou os principais mitos e verdades sobre a lipoaspiração:

Lipoaspiração emagrece

Mito. O procedimento tem como objetivo melhorar o contorno corporal por meio da aspiração de gordura em áreas específicas. No entanto, há um decreto do Conselho Federal de Medicina (CFM) que estipula que os médicos só podem retirar até 7% do volume corpóreo total do paciente. Ou seja, a cirurgia é indicada apenas para retirada de gordura localizada.

Lipoaspiração é uma cirurgia perigosa

Depende. Como qualquer procedimento cirúrgico, a lipoaspiração pode ter complicações. Mas, quando feita em um hospital com toda infraestrutura necessária, e por médicos com especialização comprovada em cirurgia plástica (com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica); a lipoaspiração possui, em geral, baixo risco.

Segundo Maatz, para realizar um procedimento com segurança, o paciente deve estar em bom estado de saúde. A cirurgia não é indicada para pessoas acima do peso, com problemas cardiorrespiratórios ou demais pré-disposições. Daí a importância de fazer todos os exames pré-operatórios, que incluem exames de sangue e cardiológicos. “A primeira consulta é fundamental para que o médico faça uma triagem completa, obtendo todas as informações necessárias sobre o paciente, incluindo histórico e problemas de saúde”, pontua o especialista.

Qualquer cirurgião pode realizar a lipoaspiração

Mito. Conforme regras e normas do Conselho Federal de Medicina, a lipoaspiração só pode ser feita por cirurgiões plásticos. Médicos que fizeram pós-graduação em Medicina Estética, por exemplo, não são cirurgiões plásticos. Portanto, o CFM não reconhece essa formação como especialidade.

Fica o alerta: hospitais exigem dos médicos documentos que comprovem a formação e qualificação para operarem. Os que não são cirurgiões plásticos acabam fazendo a lipoaspiração em consultórios e clínicas para burlarem essa norma, expondo a saúde e a vida do paciente.

Emagrecer antes do procedimento ajuda nos resultados

Verdade. Quanto menor for a quantidade de gordura a ser aspirada, menos agressiva se torna a cirurgia. Consequentemente, o pós-operatório poderá ser mais tranquilo, já que o edema e a retenção de líquidos serão menores.

O organismo pode repor a gordura perdida

Verdade. Na lipoaspiração, parte das células de gordura são retiradas e não retornam. Entretanto, se o paciente não adotar uma alimentação saudável e equilibrada, aliada à rotina de exercícios físicos regulares, as células de gordura que permaneceram podem aumentar de tamanho. “Por isso, cuidar do corpo é crucial para a manutenção dos resultados da lipoaspiração”, reforça Luís Maatz.

É possível realizar nova lipoaspiração em caso de ganho de peso

Verdade. É preciso aguardar um período de três a seis meses entre uma cirurgia e outra.

Lipoaspiração pode deixar a barriga flácida

Mito. Se o procedimento foi realizado corretamente, a pele irá retrair e não sobrará flacidez. Dependendo do caso, pode haver indicação de uma abdominoplastia, que remove o excesso de gordura e de pele, restaurando os músculos abdominais enfraquecidos ou separados e criando um perfil abdominal mais suave e harmonioso.

Lipoaspiração atenua a celulite

Verdade. Apesar de não ter essa finalidade, a lipoaspiração pode melhorar o aspecto dos indesejáveis furinhos, principalmente nos culotes, pois as traves fibrosas que retraem o tecido e formam a celulite são quebradas durante a cirurgia.

É possível fazer uma lipoaspiração após o parto

Mito. Deve-se aguardar de 6 a 9 meses após o parto para realizar qualquer tipo de cirurgia plástica.

Lipoaspiração com anestesia local é mais segura

Mito. A anestesia local é comumente usada em procedimentos de pequeno ou médio porte, como cirurgia das pálpebras, das orelhas ou correção de cicatrizes. Mas, em se tratando de uma lipoaspiração, a indicação é de anestesia geral. Apesar de muitas vezes preocupar os pacientes, as complicações com anestesia geral se tornaram mais raras por conta das inovações tecnológicas de monitoramento usadas por anestesiologistas.

“A anestesia geral permite que o paciente fique inconsciente, proporcionando conforto pela total perda de sensibilidade à dor, bloqueando os movimentos musculares involuntários, facilitando a administração das medicações e, principalmente, mantendo o controle das vias aéreas e dos sinais vitais do paciente”, finaliza Luís Felipe Maatz.

NECESSÁRIO DESENVOLVER VÁRIAS HABILIDADES OU APENAS UMA?

 

Estudo mostra se é preciso desenvolver várias habilidades ou focar apenas em uma para se destacar no mercado

Lucas Fernandes, analista de treinamento e desenvolvimento do Nube

Diante da evolução tecnológica exponencial, os trabalhadores precisarão continuar sempre aptos a se instruir e adaptar suas maestrias às novas configurações. Nesse sentido, o Nube – Núcleo Brasileiro de Estágios fez uma pesquisa entre 4 e 15 de outubro, com a participação de 15.670 jovens entre 15 e 30 anos, perguntando: “para ser um profissional do futuro, é melhor desenvolver várias habilidades ou focar apenas em uma?”. Como resultado, encontramos fatores comuns para se destacar na carreira.

Com 40,70% (ou 6.378) dos votos, entender além do proposto e com diversidade, é um diferencial para estar antenado. Para o analista de treinamento e desenvolvimento do Nube, Lucas Fernandes, a proatividade e o interesse em aprender algo novo é de grande valor no mercado de trabalho. “Conhecimento nunca é demais. Ao compreender algo novo, o colaborador desenvolve ideias inovadoras, além de estabelecer melhores conexões interpessoais”, diz.

De acordo com ele, o “lifelong learning” traduz bem isso. “O termo diz respeito à nossa capacidade de aprender a todo momento, em qualquer lugar e sobre qual for o assunto. Sobretudo, é a sabedoria de fazer conexões entre o conhecimento novo e sua atividade em uma corporação. Não existe uma separação por categorias, tudo está interconectado e será útil de alguma forma”, complementa.

Outros 30,86% (4.835), acreditam na necessidade de compreender várias esferas para tornar-se um especialista completo. Segundo o analista, as companhias, principalmente as mais modernas, optam por quem domine com profundidade suas áreas de atuação, mas também vá além do convencional. “O conceito de ‘profissional em T’ está associado a essa maestria de ser expert em um campo e, mesmo assim, entender outros de forma abrangente. Uma ótima maneira de desenvolver essa aptidão é buscando diversas fontes e maneiras de instruir-se, por exemplo ouvindo podcasts, lendo livros, etc.”, explica.

Já para 15,22% (2.385), somente se as competências estiverem dentro do seu ramo é importante saber todas. De acordo com Fernandes, isso pode ser um problema, pois esse indivíduo está, intencionalmente, deixando de descobrir algo útil. Além disso, o objetivo de se destacar pode ser alcançado de muitas maneiras. “Pessoas com noções divergentes podem ter a mesma função em uma equipe, pois cada um vai atingir essa meta de um modo. Bem como um mesmo contratado pode ter mais de uma incumbência dentro da entidade e, consequentemente, pressupor outros planos é um significativo”, alerta.

Ademais, 9,52% (1.492) preferem ser melhor em uma destreza em vez de mediano em várias. “Certamente, a profundidade é boa, porém, se limitar e desconsiderar a influência e importância de outras características pode ser um obstáculo, principalmente com os negócios em constante transformação”, expõe o especialista.

“O ‘Mundo Vuca’, por exemplo, aborda a volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade atuais. Ou seja, os setores sofrem alterações muito rápido, exigindo adaptação de todos. Se um sujeito não conseguir se ajustar aos modelos de serviço ou a carência de atualização, ele também corre o risco de ficar ultrapassado”, adverte Fernandes.

Por fim, para 3,70% (580) “o ideal é atuar com satisfação e ser superior aos demais”, se for o âmbito favorito. O trabalho em equipe, colaborativo, com respeito à diversidade e inclusão, faz parte das estratégias de diversas corporações e, com certeza, é uma tendência crescente. “Ou seja, um empregado qualificado não precisa saber mais em relação a todos, mas, sim, atuar em conjunto, convivendo bem e conseguindo alcançar o melhor de todos colegas”, finaliza o analista do Nube.

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segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

COMBUSTÍVEIS ALIMENTAM A INFLAÇÃO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

combustivel – gasolina –

Apenas a gasolina respondeu por metade do IPCA de novembro de 2021, segundo o IBGE.| Foto: Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo

Se algo de bom pode ser dito sobre os números da inflação de novembro, divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE, é apenas que poderia ter sido pior. O IPCA fechou o mês passado em 0,95%, abaixo das expectativas do mercado financeiro e também 0,30 ponto porcentual abaixo da inflação de outubro. A desaceleração, no entanto, teve pouco efeito sobre os números acumulados, que seguem em alta: o IPCA dos 11 primeiros meses de 2021 foi para 9,26%, e o acumulado dos últimos 12 meses subiu para 10,74%; a esta altura, praticamente todos os agentes do mercado financeiro dão como certo que a inflação terminará o ano acima de 10%, o que não ocorria desde 2015, quando a “herança maldita” da política econômica petista ficou escancarada.

Sem surpresa, os combustíveis voltaram a ser o item que mais contribuiu para a elevação dos preços. O grupo Transportes subiu 3,35% e respondeu por 0,72 ponto porcentual do IPCA de novembro; apenas a gasolina saltou 7,38% em novembro, com efeito de 0,46 ponto porcentual – ou seja, metade da inflação do mês passado veio única e exclusivamente deste combustível, que já subiu quase 50% em 12 meses, assim como o óleo diesel. O etanol registra alta acumulada ainda maior, com quase 70% no mesmo período. Energia elétrica e o botijão de gás também subiram acima do índice geral em novembro: 1,24% e 2,12% respectivamente.

Executivo e Legislativo se rendem à pressão gastadora enquanto o poder de compra do brasileiro volta a ser corroído

Será este o início de uma reversão? Infelizmente, ainda é muito cedo para fazer este tipo de afirmação, ainda mais levando em conta que, segundo o próprio IBGE, a inflação de novembro foi afetada por um “efeito Black Friday”, com descontos fortes em itens como lanches e produtos de higiene, a ponto de eles registrarem deflação no mês. Como, no entanto, trata-se de evento bastante específico, qualquer futura desaceleração da inflação dependerá de outros fatores; no melhor cenário, haveria uma melhora no regime de chuvas, arrefecendo a crise hídrica, ou uma valorização do real e uma queda no preço internacional do petróleo, que puxem para baixo o preço dos combustíveis, excluindo canetadas intervencionistas que têm efeito de curto prazo, mas criam uma bomba-relógio que explode a seguir, trazendo ainda mais inflação, como se viu em 2015.

Ainda melhor que contar com fatores que dependem do clima ou do humor de cartéis produtores de commodities seria realizar o dever de casa e fortalecer a economia por meio de reformas e ajuste fiscal, mas este é um caminho que governo e Congresso não andam empenhados em trilhar. As reformas administrativa e tributária estão paradas; em Brasília só têm avançado os projetos que ampliam gastos, o que deixa o Banco Central no papel de único agente empenhado em conter a inflação, como afirmamos neste espaço dias atrás. O BC usa a ferramenta que tem à disposição, aumentando juros e, consequentemente, freando a recuperação da economia e a geração de emprego e renda. Seria estratégia certeira caso a inflação brasileira fosse a típica “inflação de demanda”, mas, como também já lembramos, este recente surto inflacionário é motivado mais por outras causas que por um tradicional excesso de demanda.


As perspectivas para 2022 também já começam a se deteriorar, com o mercado financeiro estimando um IPCA de 5,02%, acima do limite superior de tolerância da meta de inflação do ano, que será de 3,5% – um estouro da meta por dois anos seguidos é algo que não ocorreu nem mesmo durante a crise lulopetista de 2015-2016, embora naquele período a meta fosse mais alta que a atual. Fato é que, independentemente do cumprimento ou não dos índices estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional, Executivo e Legislativo se rendem à pressão gastadora enquanto o poder de compra do brasileiro volta a ser corroído.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/ipca-novembro-desaceleracao/
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FROTAS MILIONÁRIAS DE VEÍCULOS DA JUSTIÇA BRASILEIRA

 

Por
Lúcio Vaz – Gazeta do Povo

Fachada do edificio sede do Supremo Tribunal Federal – STF

STF comprou carros blindados para os seus ministros. Medida chegou aos sertões.| Foto: Marcello Casal Jr/Agencia Brasil

Em Brasília, São Paulo ou nos sertões do país, veículos oficiais dos tribunais têm custo acima de R$ 200 mil. Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) contam com 14 veículos blindados com preço unitário de R$ 200 mil – no valor total de R$ 2,8 milhões. No TJSP, são 345 carros para desembargadores, incluindo 138 Renault/Fluence e 112 GM/Astra. Ao todo, o tribunal conta com 1.158 veículos. O TJRJ tem 178 carros de representação no modelo VW Jetta. Custaram R$ 24 milhões. Nos tribunais do Nordeste, há carros luxuosos ou robustos como Hilux, Trailblazer, Pajero, Triton, Corolla.

Cada veículo do STF custou R$ 138 mil, mas a blindagem adicionou uma despesa extra de R$ 61 mil. O contrato, assinado em 2018, previa a aquisição de veículos oficiais de representação, com proteção balística (blindados), tipo sedan de grande porte. A lista de veículos do tribunal revela que são veículos Hiunday/Azera. A frota completa, incluindo carros de representação, institucionais e de serviço, chega a 87 unidades.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) conta com 24 veículos de representação para seus ministros, com valor total de R$ 3 milhões. São modelos Ford/Fusion, ano 2018, com preço unitário de R$ 126 mil. O tribunal utiliza ainda 12 veículos institucionais Nissan/Sentra, ano 2019, ao custo unitário de R$ 87 mil, totalizando R$ 1 milhão. A frota completa conta com 153 carros oficiais.

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) conta com 32 veículos de representação, modelo Ford/Fusion. Na última compra, foram adquiridos 22 carros 2017/2018 por R$ 2,6 milhões – no valor de R$ 119 mil a unidade. O tribunal conta ainda com 13 veículos de transporte institucional, a maioria modelo Renault/Fluence. Neste ano, foram adquiridos cinco Toyota/Corolla. E o tribunal está em processo de aquisição de mais cinco unidades. A frota total chega a 63 carros oficiais.


Justiça dos estados tem mais carros
No maior tribunal do país, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que conta com 360 desembargadores, são 340 veículos institucionais, incluindo 138 Fluence e 112 Astra, e cinco de representação – modelo Honda Accord, ano 2020, com valor de mercado em R$ 260 mil. Entre os 813 veículos de serviço, há quatro Mitsubischi Pajero e mais quatro Toyota Hilux. Ao todo, o tribunal conta com 1.158 veículos.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) tem 178 carros de representação no modelo VW/Jetta. Custaram R$ 24 milhões. Entre os veículos de serviço, há mais 80 Jetta de modelos mais antigos. São 693 veículos em uso atualmente.

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) conta com 189 veículos. Entre os institucionais há 35 Ranault/Fluence, sendo quatro Fluence Privilege. A última aquisição aconteceu em 2019. Foi adquirido um veículo de representação, modelo Kia Sorento, no valor de R$ 236 mil.


Carrões chegam aos sertões
Como mostrou reportagem do blog, as mordomias oferecidas a magistrados em Brasília ou nas grandes capitais chegam também aos tribunais instalados nos sertões do país. Os desembargadores também querem conforto, luxo e segurança.

A última aquisição de veículos feita pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) foi em junho de 2020. Foram comprados seis veículos blindados utilizados para o transporte de magistrados. Segundo o tribunal, em função das suas atribuições, eles foram ameaçados e trabalham com escolta. Foram adquiridos seis Toyota/Corolla, com custo unitário de R$ 202 mil, num total de R$ 1,2 milhão. O Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE) comprou um Ford/Focus blindado para o seu presidente e um Renault/Fluence blindado de reserva.

No Amapá, os ocupantes de cargos de direção utilizam duas Hilux e um Fiat/Essence. Há mais três Hilux e 27 Triton na frota de serviço. A maioria está lotada em comarcas do interior, mas 13 Triton e 2 Hilux ficam em Macapá.

O Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT) tem duas Hilux e duas Pajero Outdoor à disposição da cúpula do tribunal. Na frota de carros de serviço, há mais 6 Hilux, 10 VW/Amarok e 19 GM/S10.

Assistência no Pantanal
Questionado pelo blog sobre a farta utilização de veículos 4X4, o tribunal respondeu que algumas comarcas ficam situadas em regiões não pavimentas. “Em períodos de chuva é necessário a utilização de veículos com essas características. Esses veículos também são utilizados em ações de assistência jurídica e de saúde às localidades mais distantes da capital, como na região do Pantanal”, diz nota do TJMT.

O TJMA conta com três GM/Trailblazer para a cúpula do tribunal. Os demais desembargadores têm à disposição 30 Toyota/Corolla. Entre os 205 carros de serviço, há 18 Hilux, 16 Mitsubischi/Triton e 4 Nissan/Frointier para atender as comarcas no interior. No Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), a cúpula do tribunal conta com 1 Hilux, 1 Accord, 1 Trailblazer e 5 Honda Civic.

O Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), após realizar estudo de análise de viabilidade, optou por ter sua frota ativa por meio de locação de veículo. A última aquisição de veículos foi realizada pelo TJCE em 2014, quando comprou duas Triton, no valor unitário de R$ 113 mil, e duas Pajero Dakar, no valor de R$ 156 mil.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/lucio-vaz/conheca-as-frotas-milionarias-dos-carroes-oficiais-do-judiciario/
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STF ACEITA TODOS OS PEDIDOS DA OPOSIÇÃO POLÍTICA

 

Partidos nanicos

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Ministro Luiz Fux, presidente do STF: Suprema Corte acolhe quase todas as reclamações feitas pela oposição| Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF

Muita chuva no sul da Bahia e em Minas Gerais, uma calamidade pública. O governo tratou logo de liberar verbas para os municípios da região que foram afetados. A Caixa Econômica está em contato com os prefeitos para agilizar a liberação do Fundo de Garantia e do Auxílio Brasil para as famílias atingidas pelas enchentes. Muita chuva no Rio de Janeiro também.

Pior que estamos num momento em que precisamos de chuva, que ajuda a encher os reservatórios. O problema é que também inunda as cidades. Em Brasília não para de chover, mas em compensação não há nenhum problema com abastecimento de água. Sempre tem os dois lados, infelizmente.

Oposição via Supremo

Fiquei sabendo de parlamentar que queria sair aqui do Brasil e passear na Europa. Pegar um frio danado lá na Holanda para levar o relatório final da CPI da Covid no Tribunal de Haia. Só que o tribunal ficou sabendo e mandou dizer que ele não precisava vir “porque não é com a gente”.

É que tem gente que está acostumada a recorrer ao Supremo Tribunal Federal e sempre consegue o quer. São partidos pequenos, como Rede e Psol, que não têm força nenhuma no Congresso, mas não por alguma injustiça, é porque não conseguiram votos nas eleições mesmo. Mas o STF sempre dá força a eles como se fossem um partido majoritário no Congresso.

Isso não acontecia no passado. Essas coisas eram arquivadas sob o argumento de que questões políticas têm que ser decididas na arena política, que são os plenários da Câmara e do Senado. Hoje não tem acontecido mais isso. Esses partidos recorrem ao Supremo todas as semanas e aí atrapalha um bocado a governabilidade. Eles fazem oposição via Supremo.

Injustiça revoltante

O Estadão fez um cálculo que mostra que a soma das penas que foram subtraídas de condenados por corrupção com uma ajudinha da própria Justiça chega a 277 anos. Tiraram, por exemplo, 26 anos de condenação do Lula, mais 38 anos do Eduardo Cunha, outros 14 anos do Sérgio Cabral, e por aí vai.

É uma lista enorme de pessoas que foram presas durante as operações da Polícia Federal porque embolsaram o dinheiro dos nossos impostos. E hoje estão todos soltos. Quem está preso é por crime de opinião, o resto está tudo em liberdade.

O julgamento que foi feito 9 anos depois do incêndio na Boate Kiss condenou quatro réus, mas eles continuam soltos porque no Brasil tem segunda instância, última instância, eterna instância, transitado em julgado… Uma infinidade de dificuldades para se fazer cumprir a lei e punir condenados. Lá nos EUA, quando o juiz bate o martelo dando a sentença, a pessoa vai para cadeia. E é lá da cadeia que ela vai entrar com recurso em um tribunal superior. Aqui não.

Collor homenageado

No último dia 11 de dezembro foi aniversário da absolvição do ex-presidente Fernando Collor na esfera criminal. Ele sofreu impeachment em 1992 e o processo foi parar no Supremo. Mas o tribunal absolveu ele por falta de provas.

A gente sabe que o impeachment é um julgamento político e lá Collor foi condenado. Mas no julgamento “preto no branco” ele foi absolvido, em 1994. Na semana passada, Collor foi condecorado na embaixada do Marrocos como presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal. Fica o registro.

E a saúde, como fica?
O Congresso está saindo de férias, mas não pode sair com a consciência tranquila diante da situação que a gente vê na área da saúde. Tem coisas relevantes, claríssimas, que foram levantadas no primeiro congresso mundial do Médicos pela Vida.

São questões que envolvem crianças, adolescentes, gestantes, idosos, vacina, passaporte, eficácia, segurança, tratamento, mil coisas. O Congresso não pode dar as costas para isso, fingir que não vê. Tem que examinar, tomar decisões, pressionar a Anvisa, o Ministério da Saúde, e até a OMS. A saúde do povo brasileiro vem em primeiro lugar.


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LULA É UM POLÍTICO POPULISTA

 

Política

Por
Diogo Schelp – Gazeta do Povo

Lula com o presidente e a vice-presidente da Argentina, Alberto Fernández e Cristina Kirchner| Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

A leitora ou o leitor pode não acreditar em pesquisas de intenção de voto, mas são elas que balizam as estratégias dos políticos em períodos pré-eleitorais — inclusive aqueles que, em público, dizem desconfiar de seus números. E, pelas mais recentes pesquisas, se a eleição fosse hoje, Lula, do PT, seria eleito para um terceiro mandato presidencial, talvez até no primeiro turno, segundo o levantamento Genial/Quaest divulgado na última quarta-feira (8). Não é certo que Lula vai voltar ao poder, pois muita água ainda vai rolar por baixo da ponte até o dia da votação. Mas a fotografia do momento é essa.

Se essa imagem instantânea não lhe agrada, espere para saber como será o filme a partir de 2023 caso Lula vença as eleições. Lula vai voltar mais populista e messiânico do que antes.

Ainda que se diga o contrário com frequência, Lula não foi um presidente populista em seus dois primeiros mandatos, entre 2003 e 2010. A razão para isso é que ele se elegeu com um discurso moderado, de acomodação com as elites políticas e econômicas, o tal Lulinha paz e amor.

Já apresentei antes, ao discorrer sobre o estilo de governar do presidente Jais Bolsonaro, os cinco elementos que definem um líder populista, segundo o cientista político australiano Simon Tormey. Um populista: 1) diz estar ao lado do “povo” contra certas “elites” que atravancam o verdadeiro potencial nacional; 2) investe contra o establishment político, alegadamente em crise; 3) apresenta-se como um salvador da pátria, que não precisa recorrer a soluções tecnocráticas; 4) é carismático; 5) tem uma retórica simples, voltada para o confronto.

Quando presidente, Lula enquadrava-se nos itens 1, 4 e 5, apenas. Apesar de, por vezes, atacar as “elites”, na prática ele não investiu contra o establishment político nem antes, nem depois das eleições. Ao contrário, abraçou a velha política e vivia fazendo encontros na Fiesp. E, apesar do tom messiânico das suas falas e da atitude de desprezo do seu governo em relação aos antecessores, resumida no slogan “nunca antes na história desse país…”, Lula rendeu-se às “soluções tecnocráticas”, com políticas ortodoxas na economia e em outras áreas.

Há alguns sinais de que Lula vai voltar mais populista e mais messiânico em 2023, se de fato voltar. Primeiro, porque sua perspectiva eleitoral hoje é mais confortável do que era em 2002, quando precisou se despir do antigo radicalismo de esquerda para vencer a resistência de alguns setores da classe média e do mercado. Lula não precisa mais fazer esse jogo de cena. Na campanha, ele vai apagar o desastre que foi Dilma Rousseff e concentrar-se em reavivar a memória dos anos de bonança (graças à conjuntura internacional e ao preço das commodities) de seus dois mandatos.

Lula não precisa, portanto, ser tão paz e amor. Prova de que não tem essa preocupação são as frequentes ameaças de enquadrar a imprensa, com o eufemismo de “regulação da mídia”, por causa da cobertura dos seus problemas com a Justiça, que o levaram à prisão. A “grande mídia” e a Justiça que o prendeu são as elites que Lula escolheu para apresentar como adversárias do povo, do qual se diz o verdadeiro representante.

Segundo, a escolha do vice em sua chapa não se destina a moderar o discurso e atrair votos do centro. Como observou Thomas Traumann, um astuto jornalista com bom trânsito no petismo, a busca por um vice com o perfil do tucano Geraldo Alckmin tem como objetivo garantir a posse de Lula (há um entendimento de que Bolsonaro vai contestar o resultado e que os militares podem ficar inquietos com a volta do PT) e ajudar na governabilidade. Isso exposto, minha interpretação é que Lula, assim como Bolsonaro, vai, sim, apostar na polarização durante campanha, o que tende a acentuar o discurso populista e messiânico.

Terceiro, tenta-se reeditar a aliança de esquerda na América Latina que marcou boa parte do período dos governos petistas. Vale a pena analisar o discurso feito por Lula em visita à Argentina, neste fim de semana, em palanque montado para “celebrar a democracia”, ao lado do presidente Alberto Fernández, da vice (e ex-presidente) Cristina Kirchner e do ex-mandatário uruguaio José Mujica.

No palanque, ao lado dos velhos amigos da fase bolivariana da região, Lula vangloriou-se de ter matado a Alca, uma proposta americana de criação de um bloco de livre comércio nas Américas, e fez-se de vítima de uma suposta perseguição do Judiciário. Cristina, que também tem problemas com a Justiça, pegou carona no vitimismo e disse que, na atualidade, os golpes de Estado “não vêm com uniformes nem com botas, vêm com togas de juízes e a mídia hegemônica”.

“Estes companheiros foram parte do melhor momento da democracia da nossa Grande Pátria, da nossa querida América Latina”, disse Lula. Foi, sim, um grande momento de tenebrosas transações, de grandes esquemas de corrupção, de desmantelamento da democracia venezuelana com a conivência de governos vizinhos, entre os quais os do PT, e da transformação da Venezuela e da Bolívia em narcoestados.

O intuito de reeditar o domínio bolivariano na região, apresentando-o como um idílico passado recente, ajuda a reforçar a imagem de salvador da pátria que, cada vez mais, Lula constrói para si.

Se eleito, Lula vai voltar disposto a fazer diferente, para não ter o projeto de poder de seu grupo político interrompido como ocorreu anteriormente. E isso exigirá uma abordagem mais populista e mais messiânica.


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