quarta-feira, 10 de novembro de 2021

MORO E DELTAN SERÃO POLÍTICOS ANTICORRUPÇÃO

 

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília

Lava Jato

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília

O ministro da Justiça, Sergio Moro, em Curitiba, para inaugurar uma delegacia modelo para investigações de crimes financeiros e de corrupção na Superintendência da Polícia Federal. com a presença do governador do Paraná Ratinho Junior, do Diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo, Luciano Flores de Lima, superintendente da Policia Federal do Paraná e Coronel Romulo Marinho Soares, secretário de segurança Publica do Paraná.

Sergio Moro assinará filiação ao Podemos nesta quarta-feira (10)| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

A entrada do ex-juiz Sergio Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol na política fez crescer entre os apoiadores da Lava Jato a esperança de resgate do combate à corrupção, após dois anos de retrocessos. Para alguns, uma possível candidatura dos dois poderia, inclusive, levar outros nomes de peso da operação para a disputa eleitoral.

Além de Moro e Deltan, já se fala nos bastidores, por exemplo, da possibilidade de o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que conduziu a Lava Jato na PGR, também se candidatar. Outro que cogita concorrer a um mandato eletivo é o procurador Diogo Castor de Mattos, que integrou a força-tarefa de Curitiba.

Todos compartilham a experiência de, após um período de grande êxito, prestígio e notoriedade no combate à corrupção, terem passado a ser alvos de investigações por suas condutas e de duras críticas pela atuação na investigação dos desvios na Petrobras e em outros órgãos públicos e estatais.

Para entender a dimensão e o impacto da entrada dos ex-integrantes da Lava Jato na política, a Gazeta do Povo ouviu interlocutores, observadores e analistas. Para alguns, pode-se criar uma “onda” eleitoral que leve para o Congresso, por exemplo, outros atores que se notabilizaram pela pauta anticorrupção, seja dentro das instituições ou fora, como em movimentos e grupos de ativistas de moralização da política.

Por outro lado, o eventual surgimento de uma “bancada da Lava Jato” não necessariamente tornará fácil o avanço de propostas que corrijam recentes reveses na legislação, que dificultaram as investigações e punições, e também na jurisprudência, que levaram à anulação de condenações e processos.

A filiação de Moro ao Podemos está marcada para esta quarta-feira (10) num evento público em Brasília, onde pode ser sinalizada sua intenção de concorrer à Presidência da República. Deltan também deve se filiar ao partido, em data futura ainda indefinida, para que concorra a uma cadeira na Câmara dos Deputados ou no Senado.

Deltan Dallagnol encerrou a carreira no Ministério Público para ser candidato em 2022. Você concorda com a decisão dele?
Sim, como político ele pode contribuir mais com o país.
Não, ele é mais útil no MP investigando corruptos.
Moro e Deltan podem incentivar outros candidatos defensores da Lava Jato

Autor do livro “Crime.gov: Quando corrupção e governo se misturam”, o delegado da Polícia Federal Jorge Pontes aposta no surgimento de uma “onda” de candidatos que, na esteira de Moro e Deltan, consigam se eleger com o discurso anticorrupção.

“Por mais que tenham desmontado, desativado e desconstruído alguns dos resultados da Lava Jato, há algo muito importante que eles não podem destruir: a imagem e a memória do povo brasileiro, que tomou conhecimento, através da operação, da existência do crime organizado, da corrupção sistêmica que toma parte do Estado, que corrompe o processo legislativo, o processo democrático, o processo eleitoral, que corrompe os grandes projetos do país. Toda aquela dinheirama… bilhões que foram devolvidos, dezenas de réus que confessaram os crimes e apontaram outras articulações. Nada disso foi apagado da memória da sociedade. Ela ainda tem muito viva na consciência a necessidade de dar um freio nesse mecanismo, nessa megaestrutura que é o crime institucionalizado”, diz Pontes.

O procurador Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, tem percepção semelhante. “Muitas pessoas terão esses elementos norteador na definição do voto. Não se pode dizer que é algo homogêneo e absoluto. Mas muita gente tem essa agenda como fundamental na sua escolha, na sua matriz de referências fundamentais. Muitas vão se decepcionando e se angustiando com o que veem, mas muita gente tem essa questão ética ainda como fundamental para que possa viver num ambiente minimamente digno no país”, afirma.

Mas não necessariamente esses “candidatos da Lava Jato” serão egressos da magistratura e do Ministério Público, uma vez que, para se candidatarem, juízes e promotores têm de abrir mão da carreira de forma definitiva, como fizeram Moro e Deltan. A aposta é que policiais estejam mais propensos a se candidatar, uma vez que podem se licenciar e depois retornarem aos cargos na corporação, se forem derrotados.

Há outro fator que pode levar alguns ex-integrantes da Lava Jato ou defensores da operação a se candidatarem já no ano que vem. A Câmara recentemente aprovou a proposta de um novo Código Eleitoral que estipula quarentena de quatro anos para que juízes e promotores possam disputar eleições. E essa regra valeria a partir das eleições de 2026, segundo o projeto de lei. Ou seja, para concorrer a cargos eletivos, eles teriam de pedir demissão do MP ou da Justiça quatro anos antes. O projeto, contudo, ainda não foi votado pelo Senado. Mas a avaliação é que pouquíssimos juízes ou procuradores deixariam a carreira para tentarem se eleger só quatro anos depois.

“Ninguém vai pedir exoneração, a não ser aqueles que já podem se aposentar. Pode ter no Brasil inteiro uns cinco casos”, disse à reportagem um juiz do Paraná sob a condição de sigilo. “Mas a gente sabe que se virar uma onda, se o Podemos tiver filtros e souber alavancar, a gente sabe que em vez de policiais militares bolsonaristas, possam ser eleitos outros, federais, simpáticos à Lava Jato, e aí é possível formar maioria do bem. Nas fileiras da PF, tem muita gente ‘morista’. Ele levou a PF para outro nível de respeito, como juiz e como ministro da Justiça. Ela ganhou ares de polícia de Estado. Já era respeitada, mas potencializou isso muito”, acrescentou o magistrado.

O delegado da PF Jorge Pontes, por sua vez, acha inevitável que, caso se forme uma onda pró-Lava Jato, muitos dos eleitos sejam apenas políticos que se aproveitaram do momento, mas sem qualificação sólida para defender avanços na legislação e na fiscalização do poder público.

“A entrada do Moro e do Deltan tem tudo para iniciar um retorno dessa onda, que a bem da verdade, não passou. Grande parte do eleitorado foi iludido de que Bolsonaro iria dar continuidade à Lava Jato, e na verdade ele se juntou ao grupo do Centrão, traiu todos os ideais de mudança e transformação, do fim da prisão em segunda instância e do enfrentamento da impunidade, para se entrincheirar ao lado dessa elite política anacrônica, que toca o fisiologismo e o clientelismo histórico. Uma nova onda anticorrupção pode eleger muita gente boa. Mas também vai se irradiar para muito aproveitador, surfista, gente que nunca foi a favor de nada, que quer um salário de deputado. Onda grande traz tudo, traz peixinhos, conchinhas, mas traz também lixo. E a política é muito rica em aproveitadores, pessoas que nunca tiveram bandeira. Está aí o bolsonarismo para não nos deixar mentir”, diz o delegado.

Mesmo vitoriosos, ex-membros da Lava Jato teriam dificuldades
Uma eleição de Moro para presidente e de Deltan Dallagnol para algum cargo no Congresso, no entanto, não tornaria fácil e rápida a aprovação de medidas anticorrupção. “Vamos ter muito trabalho. Vai ter que recolocar esses temas em debate e fazer trabalho de convencimento para recuperar o terreno perdido”, diz o procurador Roberto Livianu.

“É possível iniciar um processo. Não para consertar no dia seguinte. Mas, por intermédio do próprio Executivo, é possível dar início a um processo de enfrentamento desses males da corrupção. Se você tem o Executivo federal, ele dá ao presidente o controle sobre uma malha enorme de órgãos públicos, de articulação, coordenação, influência sobre políticas públicas e sobre órgãos públicos. Tem CGU, Coaf, Receita, PRF, PF e órgãos de cooperação internacional do Ministério da Justiça”, diz Jorge Pontes, em referência a uma eventual presidência de Moro.

Ele e outros magistrados também apostam que a escolha de ministros para cortes superiores e de desembargadores para tribunais regionais federais daria um salto de qualidade. “Seriam quatro anos indicando ministros, escolhendo o mais votado na lista tríplice para a Procuradoria-Geral da República, retirando o aparelhamento da Polícia Federal. Moro reconstruiria um sistema de governança republicano e não político, reinstitucionalizando o país”, diz um magistrado que o apoia.

No Congresso, o caminho seria mais difícil. Mesmo parlamentares que apoiam algumas das pautas de Moro e Deltan consideram que eles não têm toda a legitimidade para avançar na agenda anticorrupção.

O deputado Aliel Machado (PSB-PR), por exemplo, é relator da PEC da prisão em segunda instância e defensor do fim do foro privilegiado. Mas ele critica a forma como Moro e Deltan atuaram na Lava Jato. “A operação teve pontos positivos, recuperou dinheiro, prendeu pessoas importantes. Mas a Justiça precisa estar forte nas instituições e nas regras sendo respeitadas. A Lava Jato teve êxito porque conseguimos aprovar a lei anticorrupção, a lei contra organizações criminosas, a lei de transparência. Isso é conquista da sociedade e não de salvadores da pátria”, afirma o deputado.

Para Aliel, a filiação de Moro e Deltan ao mesmo partido político dará razão àqueles que sempre acusaram a dupla de usarem o Judiciário e o MP para derrubarem adversários políticos. “Estão escancarado aquilo que sempre foi dito, que estavam fazendo política partidária e cometendo injustiças dentro de órgãos que deveriam se portar com isenção”, diz o deputado.


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PEC DOS PRECATÓRIOS JÁ ESTÁ NO SENADO

 

  1. Economia 

Com sinais dados pelo mercado, senadores dizem que a ideia é restringir o uso da folga de R$ 91,6 bilhões aprovada na Câmara

Adriana Fernandes, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender as emendas de relator reforçou a posição do Senado em dificultar o caminho para a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios, aprovada na Câmara em segundo turno na terça-feira, 9. Mas os sinais dados pelo mercado financeiro de que a PEC é melhor solução para bancar o novo programa social do governo do que o “plano B” de prorrogação do auxílio emergencial também estão sendo ouvidos pelos senadores.

Os preços dos ativos, como juros, dólar Bolsa, reagiram positivamente à votação em segundo turno com a aposta de que a PEC é o menor dos males para as contas públicas. Representantes do mercado têm alimentado os senadores com informações de que o risco para as contas públicas pode ser maior sem a PEC.

Segundo apurou o Estadão, os senadores pretendem mudar o texto para restringir o uso da folga de R$ 91,6 bilhões aberta com a PEC em ano eleitoral via redução das emendas de relator, base do chamado orçamento secreto, que foi colocado em xeque pelo resultado do julgamento do STF. PUBLICIDADE

Senado
Plenário do Senado nesta terça-feira. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado – 9/11/2021

Posicionamento

O PT fechou posição contrária à PEC e os senadores de partidos do centro estão divididos – há alguns sinalizando ser contra a matéria. A articulação ganhou força com a criação da Frente Parlamentar de Defesa da Responsabilidade Fiscal, liderada pelos senadores Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

Líder do MDB, a maior bancada no Senado, Eduardo Braga (AM), admite que a tramitação na Casa não será fácil, mas apoia a aprovação da PEC com mudanças para torná-la mais restritiva, com a redução do espaço para mais gastos. “Ouvi de uma pessoa do mercado muito influente. É melhor um fim horroroso do que um horror sem fim”, argumentou . Ele diz acreditar que a PEC será votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na próxima semana, com votação no mesmo dia no plenário.

O senador Alessandro Vieira, que é um dos autores da ação no STF que questiona o orçamento secreto, a mobilização é para rejeitar a PEC. “Ela é desnecessária. Ela fragiliza o regime fiscal”, critica.

STF

Para a senadora Simone Tebet (MDB-MS), o Senado não vai aprovar a PEC do jeito que chegar da Câmara. “Ainda mais agora com o placar do STF. Vamos repor as coisas nos devidos lugares, até porque como subsídio temos a decisão dos ministros do Supremo”, afirma. Tebet diz que há saída para bancar o Auxílio Brasil e planos B e C como alternativas.

Segundo o senador Oriovisto, a criação da frente mostra que há número suficiente de senadores que vai atuar contra projetos que atentem contra o teto de gastos. “O primeiro teste vai ser essa PEC dos precatórios. Vamos nos colocar contra.”

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Por que a PEC dos precatórios é tão polêmica, já que o dinheiro seria usado para o Auxílio Brasil? 

Pela forma como o governo conduziu a proposta. Em resumo, o texto faz duas mudanças para abrir espaço no Orçamento de 2022, ano de eleições, de R$ 91,6 bilhões: adia o pagamento de precatórios (dívidas do governo já reconhecidas pela Justiça) e muda a correção do teto de gastos, a regra que impede que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação. Não há em nenhuma parte da PEC os detalhes do novo programa social, nem o valor do benefício, nem quais os critérios para as famílias serem contempladas. A proposta tem só o objetivo abrir o espaço no Orçamento.

Quais são as principais críticas à PEC?

Técnicos alertam que a folga também será usada para turbinar as emendas parlamentares. Congressistas falam em um piso de R$ 16 bilhões para as emendas de relator, que são direcionadas aos redutos eleitorais de aliados do governo e criticadas pela falta de transparência. 

Com a proposta haverá uma mudança no teto de gastos. O que ela pode acarretar?

Hoje, a fórmula para corrigir o teto de gastos considera a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulada em 12 meses até junho do ano anterior à vigência do Orçamento. A escolha desse período se justifica porque é o dado disponível nos meses de agosto, quando o governo precisa enviar ao Congresso o projeto de Orçamento do ano seguinte. Com a mudança, o IPCA usado na correção do teto passa a ser o índice acumulado entre janeiro e dezembro. Segundo os técnicos do Congresso, a alteração é casuística, pois, de 2023 em diante, não há qualquer garantia de que o cálculo de janeiro a dezembro seja mais vantajoso. 

Qual será a mudança na quitação dos precatórios?

Pelo texto, o limite proposto é o montante pago em precatórios em 2016, ano da aprovação do teto de gastos, corrigido pela inflação. O adiamento dessas dívidas afeta principalmente grandes empresas como Petrobras, bancos públicos e privados e fundos de investimento que adquirem os direitos de cobrar esses débitos.

É possível criar um novo programa social sem a PEC dos precatórios?

Sim. Especialistas já deram várias sugestões. É possível contabilizar o precatório do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) fora do teto, cortar despesas da máquina pública e direcionar parte das emendas para o gasto social. Com essas medidas, seria possível conseguir espaço de R$ 35 bilhões, o que dobraria o orçamento do Bolsa Família em 2022.

CAVAMENTO DE FOSSO DESNECESSÁRIO

 

O fosso II

Byvaleon

 NOV 10, 2021
  1. Cultura 

Era necessário usar uma espátula de pedreiro, colheres e facas, niveladores em seguida

Leandro Karnal, O Estado de S.Paulo

Sérgio e João estavam empenhados na obra. Era necessário usar uma espátula de pedreiro, colheres e facas, niveladores em seguida. Com isso, como se fossem arqueólogos cuidadosamente afundando uma imensa quadrícula em uma escavação, retiravam o equivalente a poucos centímetros de terra por igual do terreno todo, durante uma semana. Cuidadosamente, nas últimas horas do trabalho, nivelavam o chão escavado escondendo qualquer marca da empreitada. Ninguém perceberia. Mas o volume de terra retirado dava alguns bons quilos que precisavam ser removidos dali. Daí o domingo. Saíam para as compras já com sacolas cheias. Esvaziavam aquilo tudo num terreno baldio não muito longe dali, enchiam as sacolas com víveres, desviavam-se do olhar sempre curioso dos vizinhos e voltavam à casa no centro do terreno.

Fosso
Em pouco tempo, a casa estava suspensa em um pequeno promontório acima do nível do chão em mais de 2,5 metros Foto: Pixabay

No início, Jonas percebeu que a grama se fora. Perguntou aos tios, que resmungaram algo sobre estarem reformando o jardim. Não demorou para que começasse a tropeçar quando saía da porta da casa. Com desconfortos crescentes, o jovem decidiu se mudar. 

No mesmo dia em que Jonas comunicou que estava saindo e agradeceu aos velhos empoeirados pelos anos em que vivera ali, Sérgio disse ao irmão que deveriam acelerar o projeto, pois, se o sobrinho percebera, o peso noturno e ancestral poderia igualmente se inteirar de que algo estava diferente. João concordou. Em pouco tempo, a casa estava suspensa em um pequeno promontório acima do nível do chão em mais de 2,5 metros. 

A cena era improvável, insólita: quem passasse em frente ao muro, andando na calçada, não suspeitava de nada extraordinário; os vizinhos tampouco, pois nenhuma janela era alta o suficiente para poder enxergar o terreno dos excêntricos e reclusos Soares. Mas caso alguém conseguisse espiar ali dentro, veria que, do portão da rua até a casa no centro do terreno, tudo era um imenso e profundo fosso, com cheiro de terra fresca, absolutamente plano, meticulosamente cavado milímetro a milímetro. Os irmãos perderam peso, ganharam dores no corpo, mas, com aquelas toneladas de terra removidas, o barulho na alma se amainara. Não se extinguira por completo, porém o suficiente para que conseguissem dormir o sono dos justos. 

Calculavam que seria necessário aprofundar mais um ou dois metros o terreno, enquanto subiam as escadas improvisadas para aquele bunker reverso. Teriam conseguido não fosse a visita da irmã. Antônia chegou de surpresa e ficou horrorizada. A conversa com os manos aumentou seu desespero. Não houve debate: ela internou os irmãos em uma casa de repouso. 

A história que contei é real. Nomes e circunstâncias foram alterados para não trazer constrangimento aos envolvidos. Mas o que ocorreu é fantástico demais para que escape ao nosso olhar. A esperança necessita de fossos de isolamento, por vezes. A vida é estranha, porém tem gente que exagera. 

LEANDRO KARNAL É HISTORIADOR, ESCRITOR, MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS, AUTOR DE A CORAGEM DA ESPERANÇA, ENTRE OUTROS

RETENÇÃO DE TALENTOS É O GRANDE PROBLEMA DAS STARTUPS

 

*Por Claudinei Elias

As startups estão “na moda”, e a cada dia nasce uma nova empresa. Porém, nove em cada dez delas morrem antes de completarem um ano de vida, como aponta a pesquisa realizada pela PwC Brasil. Já o relatório da Distrito, mostra que as startups brasileiras captaram, somente em julho deste ano, R$ 484 milhões em investimentos, valor que é 35% superior ao mesmo período do ano passado e que é um marco na história do setor. Ambíguo, porém real.

Uma startup não é feita apenas de inovação, mas deve conter todos os mesmos princípios de qualquer organização. É clara a importância do viés tecnológico para respostas estruturadas e tempestivas em tempos de crise, como a pandemia, e por isso mesmo o GRC (Governança, Riscos e Compliance) tem um papel extremamente relevante para as startups. Com sangue jovem e uma enorme vontade de desbravar o mercado, o GRC traz a elas o pé no chão necessário para dar tração aos negócios e fomentar as boas práticas, começando de dentro para fora. Ou seja, falamos aqui de sustentabilidade.

Pessoas e companhias são afetadas por transformações em suas atividades diárias, e portanto, no segmento de governança, riscos e compliance, não poderia ser diferente, pois este é um ecossistema que funciona de forma integrada e colaborativa. Há de se pensar que, neste ponto, não falamos apenas de negócios, mas do seu ambiente e das pessoas que fazem parte dele e o constroem no dia a dia.

Essa diretriz trazida pelo GRC para dentro das startups, define normas e obrigações e responsabilidades para o indivíduo, especialmente para gestores e administradores. Cumprindo com estes modelos, são inúmeros os benefícios de um trabalho mais automatizado e para desenvolver planos de ação que mitiguem riscos – que não são apenas financeiros. Um dos grandes problemas das startups hoje é a retenção de talentos. Os impactos de uma má gestão de governança é justamente a reputação da empresa nas mais diversas áreas: legal, ambiental, perda de receita, perda de participação de mercado, colaboradores, etc. Afinal, de que adiantam os investimentos, se o ambiente de negócios incentiva a fuga de talentos?

Isso prejudica o crescimento estruturado, ágil e sustentável e impede que a empresa alcance objetivos estratégicos e organizacionais de forma robusta e com princípios. Atualmente é fundamental que uma startup já possa nascer sob essas regras para estar dentro das novas premissas do mercado. É preciso ter um olhar robusto sobre o GRC e um olhar crítico e profundo sobre o ESG, e assim podermos transformar e levar a democratização da governança para o ecossistema de inovação.

PITCH DA ValeOn

1 – PROBLEMAS QUE A STARTUP ValeOn RESOLVE:

A dinâmica empresarial cria fluxos no qual a população busca por produtos e serviços cada vez mais especializados. Desse modo a dinâmica e a rede comercial gera interferências em todas as cidades aqui do Vale do Aço.

Existem as mudanças de costumes e hábitos inseridos na sociedade que por meio das tecnologias acessíveis e do marketing chegam até aos menores lugares, levando o ideário de consumismo e facilitando que esses locais igualmente tenham oportunidade de acesso aos diversos produtos.

A facilidade no acesso as novas tecnologias, à propaganda e estímulo ao consumismo fazem com que mesmo, com o comércio físico existente nessas cidades, ocorra a difusão das compras por meio da internet.

O setor terciário agrega as atividades que não fazem e nem reestruturaram objetos físicos e que se concretizam no momento em que são realizadas, dividindo-se em categorias (comércio varejista e atacadista, prestação de serviços, atividades de educação, profissionais liberais, sistema financeiro, marketing, etc.)

Queremos destacar a área de marketing que é o nosso negócio que contribui na ampliação do leque de informações através da publicidade e propaganda das Empresas, Serviços e Profissionais da nossa região através do site que é uma Plataforma Comercial da Startup ValeOn.

A Plataforma Comercial da Startup ValeOn é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.

Nosso principal produto é a Plataforma Comercial ValeOn um marketplace concebido para revolucionar o sistema de divulgação das empresas da região e alavancar as suas vendas.

A Plataforma Comercial ValeOn veio para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos produtos/serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada nos seus serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

2 – O QUE FAZ A STARTUP ValeOn

A Statup ValeOn através do seu site que é uma Plataforma Comercial feita para fazer publicidade e propaganda online das Empresas, Serviços e Profissionais Liberais da região do Vale do Aço para as suas 27 (vinte e sete) cidades.

A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.

3 – VALEON É UM MARKETPLACE – QUE FAZ UM MARKETPLACE?

Marketplace é um site de comércio eletrônico no qual são anunciados produtos das empresas, serviços e profissionais liberais dos parceiros anunciantes.

Um marketplace funciona como um shopping virtual e dessa forma as vantagens desse modelo de negócio atinge todos os envolvidos.

Os consumidores podem comparar os preços, orçamentos e avaliações de vários profissionais nesta vitrine online de conquistar mais clientes.

Marketplace é na realidade uma junção de palavras: Market (mercado em inglês) e Place (lugar em inglês). É basicamente, um lugar onde se faz comércio.

O marketplace remete a um conceito mais coletivo de vendas online. Nessa plataforma, diferentes lojas podem anunciar seus produtos dando aos consumidores um leque de opções.

4 –  MERCADO DA STARTUP ValeOn

O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes, lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

Viemos para suprir as demandas da região no que tange a divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

O QUE OFERECEMOS E VANTANGENS COMPETITIVAS

  • Fazemos anúncios de publicidade para vários tipos de Empresas, Serviços e para Profissionais Liberais;
  • Temos excelente custo x benefício;
  • Nossos sites: (https://valedoacoonline.com.br/ e https://valeonnoticias.com.br/) têm grande penetração no mercado consumidor com um bom marketing fit que satisfaz esse mercado;
  • A nossa Plataforma Comercial ValeOn permite total flexibilidade de anúncios, promoções e de produtos, além de oferecer serviços de divulgação de Ofertas de Supermercados e de Veículos;
  • Os resultados são mensurados através de métricas diária/mensal;
  • O seu negócio estará disponível para milhares de Internautas através de uma vitrine aberta na principal avenida do mundo, 24 horas por dia, 7 dias da semana;
  • A sua empresa fica visível para milhares de pessoas que nem sabiam que ela existe;
  • Somos altamente comprometidos com os nossos clientes no atendimento de suas demandas e prazos e inteiramente engajados para aumentar as suas vendas.

5 – DIFERENCIAL DA STARTUP ValeOn?

  • Eficiência: A ValeOn inova, resolvendo as necessidades dos seus clientes de forma simples e direta, tendo como base a alta tecnologia dos seus serviços e graças à sua equipe técnica altamente capacitada.
  • Acessibilidade: A ValeOn foi concebida para ser utilizada de forma simples e fácil para todos os usuários que acessam a sua Plataforma Comercial , demonstrando o nosso modelo de comunicação que tem como princípio o fácil acesso à comunicação direta com uma estrutura ágil de serviços.
  • Abrangência: A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.
  • Comprometimento: A ValeOn é altamente comprometida com os seus clientes no atendimento das suas demandas e prazos. O nosso objetivo será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar para eles os produtos/serviços das empresas das diversas cidades que compõem a micro-região do Vale do Aço e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

6 – OBJETIVOS FUTUROS DA STARTUP ValeOn

Vamos tornar a nossa marca ValeOn conhecida em toda a região como uma forma de ser desenvolvedora do comércio da região e também de alavancar as vendas do comércio local.

7 – DESCRIÇÃO DA STARTUP ValeOn

A Plataforma Comercial da ValeOn é um site moderno, responsivo, profissional, projetado para atender às necessidades dos serviços da região onde existem várias formas de busca: por cidades, por empresas, por produtos, por atividades, por município e por procura.

Detalhe interessante dessa inovação da ValeOn é que os lojistas/prestadores de serviços/profissionais autônomos inscritos na Plataforma não precisarão fazer nenhuma publicidade ou propaganda, quem o fará é a equipe da ValeOn responsável pela plataforma.

Sobre a publicidade de divulgação dos nossos clientes será feita em todas as redes sociais: Facebook, Instagran, WhatsApp, Google, Linkedin, Rádios locais, Jornais locais e onde for possível fazê-la.

Ao entrar no nosso site você empresário e consumidor terá a oportunidade de verificar que se trata de um projeto de site diferenciado dos demais, pois, “tem tudo no mesmo lugar” e você poderá compartilhar além dos conteúdos das empresas, encontrará também: notícias, músicas e uma compilação excelente das diversas atrações do turismo da região.

8- EQUIPE DA ValeOn

Somos PROFISSIONAIS ao extremo o nosso objetivo é oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade, comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de nossos clientes e respeitando a sociedade e o meio ambiente.

Temos EXPERIÊNCIA suficiente para resolver as necessidades dos nossos clientes de forma simples e direta tendo como base a alta tecnologia dos nossos serviços e graças à nossa equipe técnica altamente especializada.

A criação da startup ValeOn adveio de uma situação de GESTÃO ESTRATÉGICA apropriada para atender a todos os nichos de mercado da região e especialmente os pequenos empresários que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.

Temos CONHECIMENTO do que estamos fazendo e viemos com o propósito de solucionar e otimizar o problema de divulgação das empresas da região de maneira inovadora e disruptiva através da criatividade e estudos constantes aliados a métodos de trabalho diferenciados dos nossos serviços e estamos desenvolvendo soluções estratégicas conectadas à constante evolução do mercado.

9 – CONTATOS

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

terça-feira, 9 de novembro de 2021

PRESIDENTE DEFENDE ORÇAMENTO SECRETO DAS EMENDAS DO RELATOR

 

 Eduardo Gayer – Jornal Estadão

“Os argumentos usados pela relatora do Supremo não são justos. Dizer que nós estamos barganhando. Como eu posso barganhar se quem é o dono da caneta é o relator, o parlamentar?” . Segundo o presidente, não é possível se falar em “barganha” se quem decide como e onde o dinheiro público deve ser enviado é o relator-geral do Orçamento, ou seja, um parlamentar.

BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta segunda-feira, 8, a decisão da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender todos os pagamentos feitos por meio do orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão. Segundo o presidente, não é possível se falar em “barganha” se quem decide como e onde o dinheiro público deve ser enviado é o relator-geral do Orçamento, ou seja, um parlamentar.

O mecanismo criado no governo Bolsonaro, contudo, permite aos parlamentares imporem no lugar de ministros o que fazer com recursos oriundos da chamada emenda de relator. A decisão de liberar a verba é do Executivo.

Ao barrar essas emendas Rosa Weber impôs um duro revés ao presidente, que tem distribuído bilhões de reais a um grupo de deputados e senadores para aprovar projetos de seu interesse no Congresso. Na prática, a ministra da mais alta Corte do País reconhece que o Palácio do Planalto deu dinheiro a congressistas em troca de votos.

“Os argumentos usados pela relatora do Supremo não são justos. Dizer que nós estamos barganhando. Como eu posso barganhar se quem é o dono da caneta é o relator, o parlamentar?”, disse Bolsonaro em entrevista à rádio Jovem Pan Curitiba. “O parlamentar é quem sabe onde precisa de recursos. Não vou discutir a legalidade porque é legal”, acrescentou, sobre a distribuição de bilhões de reais do Orçamento sem transparência e já questionado por órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União (TCU).

O presidente Jair Bolsonaro em evento no Palácio do Planalto. © Gabriela Biló/Estadão – 11/8/2021 O presidente Jair Bolsonaro em evento no Palácio do Planalto.

Na sexta-feira, 5, Rosa Weber mandou suspender “imediatamente” a execução das emendas de relator-geral, mecanismo do orçamento secreto, até que os demais ministros da Corte julguem se o formato é ou não legal. A análise está marcada para ser feita no plenário virtual, a partir da 0h desta terça-feira.

Na decisão, de 49 páginas, Rosa Weber se disse “perplexa” com o esquema de distribuição de recursos públicos. “Causa perplexidade a descoberta de que parcela significativa do Orçamento da União esteja sendo ofertada a grupo de parlamentares, mediante distribuição arbitrária entabulada entre coalizões políticas, para que tais congressistas utilizem recursos públicos conforme seus interesses pessoais, sem a observância de critérios objetivos destinados à concretização das políticas públicas a que deveriam servir as despesas”, afirmou a ministra.

Rosa pontuou ainda que os recursos eram distribuídos “sem qualquer justificação fundada em critérios técnicos ou jurídicos, realizada por vias informais e obscuras, sem que os dados dessas operações sequer sejam registrados para efeito de controle por parte das autoridades competentes ou da população lesada”.

A prática de troca de emendas por votos no Congresso também ocorreu em outros governos. Mas Bolsonaro inovou ao utilizar as emendas de relator (RP-9) – antes previstas apenas para correções na peça orçamentária – como forma de distribuir recursos às margens da fiscalização do eleitor e de órgãos de controle do dinheiro público.

Para o presidente, que nos últimos meses tem adotado um tom mais moderado ao se referir a ministros da Corte, houve um “excesso de interferência” do Judiciário. “O Supremo age demais nessas questões. A gente lamenta isso aí, não é, no meu entender, papel do Supremo. Os poderes têm que ser respeitados”, declarou o presidente. “Quem quer ser presidente da República, quem quer decidir, que se candidate”.

A decisão de Rosa Weber respondeu a questionamento de quatro partidos, PSOL, Novo, Cidadania e PSB, que pediam a suspensão dos pagamentos de emenda de relator após o Estadão revelar o esquema. Dois deles, Cidadania e PSB, que têm parlamentares beneficiados pelo orçamento secreto, chegaram a recuar, mas a ação prosseguiu mesmo assim.

A liminar foi dada no mesmo dia em que o Estadão revelou a continuidade da prática pelo Planalto, com a distribuição de R$ 1,2 bilhão a deputados na véspera da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios. Ao jornal, o deputado Celso Maldaner (MDB-SC) admitiu que a oferta levada a parlamentares foi de R$ 15 milhões por voto.

O STF ESTÁ CONTRA AS EMENDAS DO RELATOR

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

A ministra Rosa Weber é relatora de três ações contra as emendas de relator.| Foto: STF/divulgação

Nesta terça e quarta-feira, dias 9 e 10, o Supremo Tribunal Federal (STF) analisa, em plenário virtual, se mantém ou derruba a liminar da ministra Rosa Weber que determinou a suspensão do pagamento das chamadas “emendas de relator” no Orçamento da União. A decisão monocrática de sexta-feira foi tomada em ações de autoria de legendas de oposição ao governo – PSol, PSB e Cidadania. Depois de tantas interferências em atribuições dos poderes Executivo e Legislativo, estaria o STF também tentando determinar como o Orçamento da União deve ser elaborado e executado?

As emendas de relator ou “RP9” (referência à expressão “Identificador de Resultado Primário 9”) foram uma novidade introduzida no Orçamento de 2020, discutido em 2019 – até então, só existiam as emendas individuais, de bancada e de comissão; a execução das duas primeiras passou a ser obrigatória após as Emendas Constitucionais 85 e 100, de 2015 e 2019 respectivamente. E a discussão sobre o chamado “orçamento impositivo” é essencial para se entender o espírito que move o uso das emendas de relator. Antes da execução obrigatória, era corriqueiro que o governo trocasse a execução destas emendas por apoio político em votações importantes. Especialmente esclarecedor a esse respeito é um episódio de 2014 em que um decreto de Dilma Rousseff condicionou a liberação de R$ 444 milhões em emendas à aprovação de um projeto de lei que alterava o cálculo de metas orçamentárias daquele ano.

Por mais que não haja nenhuma vedação constitucional à criação de tipos específicos de emendas, percebe-se de imediato que as emendas RP9 violam o princípio constitucional da publicidade por terem pouquíssima transparência.

Como as emendas de relator não têm execução obrigatória, podendo ser liberadas ou não pelo governo, a porta que o orçamento impositivo havia fechado para as negociatas de troca de emendas por votos foi reaberta. E com uma agravante: enquanto as emendas individuais, de bancada e de comissão têm autoria declarada, formalmente as emendas RP9 são atribuídas apenas ao parlamentar encarregado de relatar a peça orçamentária anual; seu real beneficiário fica oculto do público – mas não, evidentemente, do governo, que sabe muito bem quem está afagando ao autorizar a execução de cada emenda, e o que cobrar em troca; só nos dias que antecederam o primeiro turno da votação da PEC dos Precatórios na Câmara houve a liberação de R$ 1 bilhão em emendas de relator.

Além disso, como as emendas de relator não estão sujeitas aos limites impostos às demais emendas em termos de quantidade e valores destinados – e desde sua criação elas superam de longe o valor destinado a todas as outras emendas parlamentares –, elas permitem o favorecimento explícito a certos parlamentares, partidos ou blocos. Foi assim que se construiu o dito “orçamento secreto” ou “paralelo” denunciado meses atrás, com o uso abundante de emendas de relator em benefício de parlamentares do Centrão.


A imoralidade deste mecanismo é evidente, mas para concluir se há justificativa para uma intervenção do Judiciário nas emendas de relator é preciso analisar também sua legalidade. Por mais que não haja nenhuma vedação constitucional à criação de tipos específicos de emendas, percebe-se de imediato que as emendas RP9 violam o princípio constitucional da publicidade por terem pouquíssima transparência, especialmente em relação ao parlamentar que é o verdadeiro responsável pela emenda. Daí uma possibilidade intermediária que ganhou força nestes dias anteriores ao julgamento da liminar de Rosa Weber no STF: permitir a existência das emendas de relator, desde que o Congresso adote meios de tornar o processo transparente, com informações completas da origem ao destino da emenda. Com isso, Executivo e Legislativo seguem podendo elaborar a peça orçamentária como bem entenderem, com o Supremo apenas garantindo que ela respeite os princípios constitucionais que regem a administração pública.

As emendas parlamentares existem para dar aos congressistas maior participação nas decisões sobre como é usado o dinheiro tirado dos cidadãos e empresas brasileiros, e não há justificativa para que valores tão grandes sejam alvo de negociatas políticas nada transparentes. Por mais que a interferência indevida do Judiciário em atribuições de outros poderes tenha se tornado prática lamentavelmente comum no Brasil, a ação do Supremo é legítima quando há princípios constitucionais sendo desrespeitados.


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SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO MANIPULA TAMBÉM AS REDES SOCIAIS

 

Eleições 2022

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo

Locais de votação , urnas, cabines, biometria #cabine

“O sistema eleitoral do Brasil está desenhado para produzir tudo o que pode existir de pior na atividade política”, escreve J.R. Guzzo| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O sistema eleitoral do Brasil está desenhado, em seus mínimos detalhes, para produzir tudo o que pode existir de pior na atividade política, em qualquer época e em qualquer lugar do mundo.

É por causa dele, com o voto obrigatório e a trapaça-gigante chamada “eleição proporcional”, entre outros venenos, que se elegem os políticos que temos – em grande parte, como sabe até uma criança de 10 anos de idade, são nulidades absolutas, aventureiros, marginais em busca de proteção do Código Penal, corruptos, ignorantes, mentirosos, despachantes de interesses privados e mais um monte de coisas calamitosas.

Esse sistema, que passa por ser o modelo de “democracia” praticado no Brasil, criou o senador e o deputado “suplentes”, que compram seus lugares sem receber um único voto. Aumentou os senadores de dois para três por Estado, unicamente para inventar mais um emprego publico milionário. Permite que os parlamentares tenham a seu dispor uma porção do orçamento nacional, que gastam através das “emendas” aprovadas em seu próprio favor. Ganham salários e benefícios extravagantes; têm direto, inclusive, à aposentadoria, depois de caírem fora dos seus cargos por ter perdido eleições. Têm “imunidades” que os mantêm fora do alcance da lei penal.

A possibilidade de se mudar um único milímetro em tudo isso, e no restante de toda a calamidade, é três vezes zero. Ao contrário: deputados e senadores não perdem uma única oportunidade para piorar tudo em que põem a mão. A última mudança que fizeram foi criar o “Fundo Partidário-Eleitoral” que transfere bilhões de reais do bolso do cidadão diretamente para o bolso dos políticos. (Podem fazer o que quiserem com esse dinheiro – até comprar imóveis.)

Seria desgraça suficiente, mas não é. Em cima de tudo isso, o brasileiro ainda tem de pagar uma “Justiça Eleitoral” que jamais melhorou em absolutamente nada a qualidade das eleições, dos eleitos e da política nacional – basta ver os políticos que estão aí. Pior: essa confederação de burocratas não-eleitos por ninguém dá cada vez mais ordens ao eleitor. Faça isso. Não faça aquilo. Isso não pode. Isso não vale. Isso dá cassação. Vote nesse. Não vote naquele.

Já seria desgraça mais do que suficiente para um país só, mas agora tem mais – e esse “mais” vai mostrar sua cara, e todo o seu peso, nas eleições de 2022. Trata-se das “redes sociais”, controladas por monopólios privados de capital estrangeiro, que terão poder de legislar como bem entenderem sobre as comunicações de campanha, sabotar candidatos que não aprovem e baixar sentenças, sem apelação, proibindo tudo o que os seus diretores, aqui ou no exterior, não gostem.

É realmente uma maravilha. Os políticos são esses que você conhece. As regras vão ser feitas, em comum acordo, pelo TSE e pelas “big techs”.

E se, ainda assim, der algum problema, tudo bem – é só chamar o Supremo, que manda na “justiça eleitoral”, e correr para o abraço.


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DEPUTADO QUE ESTAVA PRESO NÃO PODE MANIFESTAR NAS REDES SOCIAIS

 

Inquérito das fake news

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ).| Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que ordenou a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), um deputado inviolável pela Constituição, agora está relaxando a prisão do parlamentar detido em fevereiro por emitir sua opinião.

A Constituição diz, no artigo 53, que os deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer opiniões, palavras e votos. A Constituição diz também, na linha 9 do artigo 5º, que a casa é um asilo inviolável – ele foi preso em casa. Além disso, uma pessoa só pode ser presa se for pega em flagrante e delito. Aí então, criou-se o delito continuado, o flagrante continuado. Coisas incríveis são criadas, à revelia da Constituição – deve ter algum poder constituinte por aí que não é o Congresso Nacional que foi eleito para isso.

A prisão de Daniel Silveira pode ter sido revogada, mas ele está impedido de fazer contato com outras pessoas citadas no inquérito das fake news. É um inquérito em que o queixoso é quem investiga, quem denuncia, quem julga, quem prende e quem executa a sentença. Sem o devido processo legal.

Ele tampouco pode participar de qualquer rede social, mesmo através de terceiros ou assessores. Não tem como não lembrar o poema “No Caminho com Maiakóvski”, de Eduardo Alves da Costa, que em um verso diz o seguinte: “E conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta e já não podemos dizer nada”.

Uma coisa assim não pode acabar bem. Há uma preocupação muito grande quanto a isso.

Partidos querem fim do veto ao passaporte de vacina em projetos da Lei Rouanet
Cinco partidos políticos entraram com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) tentando derrubar uma portaria da Secretaria de Cultura, a qual estabelece que todos os eventos patrocinados pela Lei Rouanet não podem exigir o passaporte da vacina. Psol, PT, PDT, PSB, PCdoB dizem que a portaria contraria as regras dos estados.

A deputada Bia Kicis (PSL), por sua vez, apresentou um projeto de lei para criminalizar. Ela está propondo que seja incluído no Código Penal o cerceamento de opinião sobre tema de direito público, político, religioso e social. A lei, segundo ela, vai se chamar Maurício Souza. É claro que, se aprovada, não vai servir para punir a Fiat nem a Gerdau, nem o Minas Tênis Clube, porque uma lei, se for aprovada, não retroage para punir, apenas para liberar – se bem que nem sempre isso acontece, já que não existe mais Lei de Segurança Nacional, mas parece que o Daniel Silveira foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional.

Derrota para Biden no judiciário americano
Nos Estados Unidos, um Tribunal Regional Federal derrubou uma lei federal do presidente Joe Biden, que exigiria a vacinação completa por parte das empresas americanas com mais de 100 funcionários. Em sua justificativa, o tribunal derrubou disse que ela vai contra as liberdades constitucionais. Esse tribunal é regional do Texas, Louisiana, Mississipi, Carolina do Sul e Utah, mas a decisão vale para o país inteiro. Essa lei entraria em vigor dia 4 de janeiro.


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PLANOS DE TRUMP PARA DEPORTAÇÃO EM MASSA DE IMIGRANTES

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