sábado, 23 de outubro de 2021

NETFLIX A MAIOR EMPRESA DE MÍDIA DO MUNDO

 

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Há cerca de vinte anos, acessar um acervo físico e escolher um filme em uma locadora fazia parte da rotina dos apaixonados por cinema. Naquela época, um icônico nome dominava as ruas do mundo todo: Blockbuster. A empresa nasceu em 1985, em Dallas. Seu fundador, David Cook, abriu a primeira unidade com um estoque de 8 mil fitas VHS para oferecer aos clientes um serviço de aluguel de filmes e games.

A empresa foi criada em um cenário promissor, onde os reprodutores de videocassetes se tornavam cada vez mais comuns nas casas das famílias americanas. Além disso, Cook usou a tecnologia a seu favor. O empreendedor equipou sua loja com um sistema de computadores que usavam um scanner de código de barras para ler os principais dados de cada fita alugada, calculando os valores. Em dois anos de atuação no mercado, a Blockbuster já era uma rede com 19 lojas em operação.

A partir daí, Cook investiu ainda mais na experiência dos clientes, transformando as unidades da Blockbuster em “big stores” — ou seja, grandes lojas com atendimento exclusivo, variedade de títulos e venda de produtos complementares aos filmes. O negócio deslanchou e, em pouco tempo, se tornou uma marca relevante nos Estados Unidos. Foi então que, em 1987, Cook vendeu a empresa para o milionário Wayne Huizenga.

Primeira unidade da Blockbuster foi aberta com um estoque de 8 mil fitas VHS.

Sob a liderança de Huizenga, a Blockbuster começou um plano de expansão internacional colocando em prática uma estratégia de aquisições. Ao longo dos anos, a companhia comprou redes de lojas como Erol’s, Sound Warehouse, Music Plus e Super Club Retail Entertainment. Em 1988, se tornou a principal cadeia de vídeos da América, com cerca de 400 lojas.

No início dos anos 90, a Blockbuster abriu sua milésima unidade. Já em 1994, foi adquirida pela gigante da mídia Viacom por US$ 8,4 bilhões, atingindo a marca de 4.500 lojas abertas. Alguns anos depois, em 1999, a companhia foi eleita a 13ª marca mais conhecida dos Estados Unidos em uma lista de duas mil empresas.

Nasce um rival

Em paralelo ao grande sucesso da Blockbuster, nascia a Netflix. A empresa foi criada em 1997 por Marc Randolph, Reed Hastings e Mitch Lowe, como um serviço de entregas de DVDs pelo correio. Na época, os empreendedores entenderam que as fitas VHS eram frágeis demais para serem despachadas aos clientes — oferecendo uma opção menor, mais leve e totalmente inovadora para a época.

A proposta era simples: no início, os usuários alugavam, em um site, os títulos por preços separados. Alguns meses depois, a empresa lançou um sistema de assinaturas. Por um valor mensal de US$ 21,99, os consumidores tinham acesso a diversos filmes, sem cobrança de multas ou data fixa para entrega. Os títulos eram entregues diretamente no endereço escolhido.

Envelopes com os DVDs eram enviados aos clientes da empresa.

Para colocar em prática esse novo modelo de assinaturas, a Netflix refez a engenharia de seu site e adaptou seu software. Em apenas um ano, o negócio faturou US$ 1 milhão. Em 1999, chegou a US$ 5 milhões de faturamento. Apesar do crescimento, a empresa ainda era instável financeiramente.

A oferta recusada

Em 2000, Randolph e Hastings se reuniram com John Antioco, CEO da Blockbuster. Os executivos dicutiram uma possível compra da Netflix pela atual líder mundial no ramo de aluguel de filmes. O valor oferecido foi de US$ 50 milhões. O acordo foi recusado por Antioco. No mesmo ano, a Blockbuster continou crescendo e acumulou mais de 7 mil lojas físicas abertas.

Já a Netflix, registrava 420 mil assinantes em seu serviço de entregas. Mesmo sem ter sido adquirida, a empresa continuou se desenvolvendo. Em 2002, as ações da Netflix começaram a crescer e foram negociadas na NASDAQ, bolsa de valores de Nova York. Além disso, seu número de assinantes saltou para 600 mil. Com uma expansão acelerada, a empresa atingiu, em 2004, US$ 500 milhões de faturamento. Um ano depois, o número de assinantes chegou a 4,2 milhões.

Enquanto isso, a Blockbuster ainda registrava receitas bilionárias. Em 2004, a companhia faturou US$ 6 bilhões. Além disso, chegou ao auge atingindo 9 mil unidades espalhadas por 9 países. No mesmo ano — e com algum tempo de atraso — entrou no mercado de locação online para concorrer com a Netflix. Por US$ 19,99 por mês, os clientes alugavam quantos filmes quisessem. Porém, na visão da empresa, a experiência de ir em lojas físicas ainda tinha o seu valor.

Do DVD ao streaming

Foi em 2007 que a Netflix tomou uma decisão que mudaria o mercado. A empresa abandonou o serviço de aluguel de DVDs e lançou sua própria plataforma de streaming. Nela, os assinantes poderiam assistir séries e filmes instantaneamente no computador. A partir daí, a empresa teve um crescimento consistente a cada ano.

Em contrapartida, a Blockbuster passou a perder mercado. Desde 2008, a receita da companhia despencou, assim como o número de lojas. Em 2010, enquanto a Netflix registrava 16 milhões de assinantes e uma receita de US$ 2 bilhões, a Blockbuster declarava falência. No mesmo ano, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial no Tribunal de Falências dos Estados Unidos para lidar com cerca de US$ 1 bilhão em dívidas. Em 2011, foi  leiloada à emissora Dish Network, operadora de TV por assinatura, por US$ 320 milhões.

Dois anos depois, em 2013, a Blockbuster anunciou o fechamento de suas 300 lojas restantes nos Estados Unidos, descontinuando o aluguel de filmes nas unidades físicas e na plataforma online. “Esta não é uma decisão fácil, mas o consumidor agora opta claramente por ferramentas de distribuição digital de entretenimento em vídeo”, disse Joseph Clayton, CEO da Dish, em um comunicado. Hoje, apenas uma loja continua aberta — em Bend, uma pequena cidade nos Estados Unidos. A unidade, franqueada em 2000, se tornou “peça rara” e possui vários anos de contrato com a Dish.

A importância da transformação

Depois de se tornar referência mundial na indústria de filmes, a Blockbuster fechou suas portas. A companhia, que se concentrava em aumentar seu número de lojas e crescer ainda mais no modelo convencional de locação de vídeos, não construiu uma estratégia para competir com seus novos concorrentes.

Por outro lado, a Netflix repensou seu modelo tradicional para a Era Digital. Em 2007, seus fundadores perceberam que o consumo de filmes já não era mais o mesmo e decidiu acompanhar esse novo cenário, readaptando sua estratégia. Para isso, transformaram seu negócio incorporando tecnologias e novas práticas focadas no cliente.

A partir daí, a empresa investiu em uma infraestrutura digital e em um sistema de recomendações baseadas no comportamento dos usuários. Além disso, construiu uma cultura data-driven (baseada em dados) e times focados em marketing, operações, finanças, ciência e analytics.

Além da aposta em tecnologia, o modelo de gestão da companhia também passou por grandes mudanças — se tornando referência no mundo todo. A capacidade de se adaptar e se reinventar se tornou um dos principais pilares da empresa. Além disso, a companhia focou em uma gestão horizontal, sem hierarquia e com mais autonomia aos funcionários.

A busca pela excelência e o lema “liberdade com responsabilidade” tem gerado grandes resultados. Em 2018, a empresa atingiu um importante marco: se tornou a companhia de mídia mais valiosa do mundo, ultrapassando a Disney por um dia. Enquanto a gigante do streaming foi avaliada em US$ 152,3 bilhões na bolsa, a Walt Disney Company chegou a US$ 151,7 bilhões.

Até outubro de 2020, a Netflix já registrava 195 milhões de assinantes e possui um valor de mercado de US$ 235 bilhões. Além disso, se destacou por suas produções próprias, se juntando a grandes nomes da indústria cinematográfica em premiações do Oscar.

Novos passos

Depois de se reinventar algumas vezes, a Netflix se prepara para alcançar novos objetivos. Mitch Lowe, um dos fundadores, traçou um cenário sobre o mais provável futuro da companhia. A Netflix poderá seguir na produção de conteúdos baseados em outra plataforma: o Youtube. O foco? Acompanhar, mais uma vez, a mudança no perfil do consumidor.

“As pessoas têm cada vez menos espaço de atenção, é difícil se concentrar em um filme de duas horas. Ao mesmo tempo, elas querem que os personagens se desenvolvam. É por isso que vamos ter produtos com episódios cada vez mais curtos. O sucesso de vídeos no YouTube mostra que as pessoas na verdade querem episódios de 10, 20 ou 30 minutos que você possa juntar”, afirmou o executivo.

Além disso, segundo estimativa da empresa norte-americana BMO Capital Markets, a companhia pretende investir cerca de US$ 18 bilhões em produção de conteúdos neste ano — um aumento de US$ 2 bilhões em relação a 2019. Nos próximos anos, esse valor pode chegar a US$ 26 bilhões.

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sexta-feira, 22 de outubro de 2021

PETROBRAS IMPORTA GÁS DE COZINHA

 

 Fernanda Nunes – Estadão

RIO – No centro do embate entre a Petrobras e um grupo de distribuidoras estão 4 bilhões de litros de derivados de petróleo, sobretudo de óleo diesel e de gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha. O volume importado foi recorde em agosto, última estatística divulgada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Nunca se recorreu tanto a outros países para ter acesso a combustíveis como naquele mês, justamente no momento de alta do petróleo e de derivados no mercado internacional. A importação custou ao País US$ 1,8 bilhão em agosto. Na soma dos oito primeiros meses do ano, foram gastos US$ 9 bilhões para comprar 23,5 milhões de litros. Boa parte dessa conta recai sobre a Petrobras, a principal importadora de combustíveis.

No início deste mês, a petrolífera estatal avisou às distribuidoras que não vai fornecer uma parcela dos seus pedidos de fornecimento de gasolina e do óleo diesel com entrega prevista para novembro. Para fazer frente à demanda nos postos, as distribuidoras vão ter de importar por conta própria.

Decisão da Petrobras de cortar importação de gasolina e diesel em novembro gerou embate com as distribuidoras. © Alex Silva/ Estadão Decisão da Petrobras de cortar importação de gasolina e diesel em novembro gerou embate com as distribuidoras.

A estatal sempre cumpriu o papel de importadora porque sua produção nunca foi suficiente para cobrir toda demanda brasileira. O custo costumava ser repassado aos seus clientes, as distribuidoras. Agora, no entanto, a empresa é alvo de pressões políticas e dos consumidores. Os caminhoneiros, por exemplo, ameaçam parar o País em greve por causa do preço do diesel. A solução encontrada pela estatal foi reduzir os custos, cortando importações.

Pelas contas do presidente da Vibra (antiga BR Distribuidora)Wilson Ferreira Júnior, a gasolina e o diesel estão cerca de 10% mais baratos no Brasil do que no exterior. A Associação das Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom) estima defasagem média de 17%. Já a Petrobras argumenta que mantém seus valores alinhados aos externos, embora evite repassar imediatamente oscilações conjunturais de mercado.

Retomada do consumo

Enquanto isso, o consumo continua a subir. As importações deram um salto de 27% no ano, até agosto, comparado aos primeiros oito meses de 2020. Já os gastos subiram 63,9% porque, além do volume ter crescido, subiram a cotação dos derivados e o câmbio, todos envolvidos na formação dos preços no Brasil. O barril do petróleo começou 2020 na casa dos US$ 50, chegou em agosto a US$ 70 e, agora, está em cerca de US$ 80.

A compra de GLP foi a que mais cresceu, de 34% de janeiro a agosto, comparado a igual mês de 2020. Foram importados 611 milhões de litros (a US$ 197 milhões), no mês, e 3 bilhões de litros no ano (a US$ 838,1 milhões). Já o diesel foi o que mais exigiu esforço financeiro. O País, e principalmente a Petrobras, gastou neste ano US$ 4,25 bilhões com a compra de 1,6 bilhão de litros do combustível, 50% mais do que nos oito meses do ano passado.

A Petrobras argumenta que foi obrigada a recorrer mais ao mercado externo neste ano porque suas refinarias entraram em manutenção. “A importação no período de janeiro a agosto de 2021 foi maior do que o mesmo período do ano passado visando compensar essa redução de produção”, afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa.

Gargalo no refino

Segundo a ANP, a empresa utilizou 74% da capacidade das suas refinarias neste ano. Mas a estatal diz que o fator de utilização já saltou para 90% em outubro, um patamar elevado que não era atingido desde 2015.

Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) divulgou estudo no qual analisa o perfil de produção da Petrobras neste ano e, por fim, defende a instalação de novos parques de refino no País para suprir a demanda atualmente coberta com importação.

Segundo as estimativas, a capacidade máxima de produção de óleo diesel da estatal seria de 850 mil barris por dia (bpd). Em agosto, a Petrobras produziu 734,4 mil bpd (80% da capacidade). Nesse período, apenas a Repar e a Lubnor produziram a sua capacidade máxima de diesel. Isso significa que a companhia deixou de produzir 116 mil bpd de diesel, que precisaram ser importados.

GAFES CIENTÍFICAS NO RELATÓRIO DA CPI

Senado
Por
Eli Vieira, especial para a Gazeta do Povo

O senador Renan Calheiros, relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), fala durante sessão de interrogatório com o ex-chanceler Ernesto Araújo, em Brasília (Brasil): gafes científicas| Foto: EFE / Joédson Alves

À parte as questões políticas e as acusações contra o presidente e demais atores envolvidos nas decisões em políticas públicas da pandemia, o relatório final da comissão parlamentar de inquérito do Senado em diferentes pontos cometes gafes científicas. Veja abaixo algumas delas.

1- Imunidade de rebanho “impossível”
Atribuindo a opinião à Luana Araújo enquanto alega que ela tem mais “afinidade com o tema” que Nise Yamaguchi (uma análise dos currículos delas poderia discordar), o relatório alega que “a imunidade de rebanho pela exposição ao vírus seria impossível de ser atingida” (p. 50).

Enquanto é verdade que seria irresponsável recomendar a infecção com o vírus, é preciso muito cuidado ao afirmar impossibilidades em ciência. Em um artigo popular do ano 2000, os cientistas T. Jacob John e Reuben Samuel propuseram a seguinte definição para imunidade de rebanho: a redução da infecção ou doença no segmento não-imunizado como resultado de imunizar uma proporção da população. Ou seja, é uma proteção conferida aos vulneráveis por aqueles que estão invulneráveis. Nesta definição, com a baixa nas mortes em muitos países, é possível que, com o auxílio das vacinas (a definição não se restringe à imunidade natural), a imunidade de rebanho não só seja possível, como já esteja sendo atingida.

O relatório às vezes faz as qualificações necessárias para corrigir esse erro, às vezes volta a cometê-lo — porém, insinua que a proteção da imunidade natural seria instável, o que é o oposto do que sabemos hoje. A imunidade natural confere uma proteção mais diversa e duradoura ao vírus e não é um consenso, ainda, se a vacina dá um incremento de proteção para quem já teve a doença.

2- Confusão conceitual a respeito de tratamento precoce
O relatório acusa determinados atores de criar ambiguidades propositais no termo “tratamento precoce” e que a introdução do termo “atendimento precoce” seria uma das confusões. Porém, o próprio relatório cria confusão ao negar que haja sinonímia entre “tratamento”, “atendimento” e “atenção” precoces. Ora, a politização pode jargonizar palavras, mas o termo é claríssimo na nossa língua e essa distinção traçada pelo relatório não faz sentido a não ser para que se facilite atacar a todos que utilizaram o termo “tratamento precoce”. Um fenômeno que é precoce já está em acontecimento, e é prematuro ou acontece antes de um determinado prazo.

O dicionário Houaiss conceitua “precoce” como ” que amadurece antes do tempo normal”, em referência a frutos. No caso, quer-se colher o fruto de mitigar os sintomas da doença tão cedo quanto possível. Só os senadores da CPI parecem estar confusos a esse respeito. O termo tratamento precoce é amplo e isso, sim, é proposital, pois a intenção foi encontrar qualquer droga que possa, com repropósito, ajudar a combater a Covid-19. Não há sequer uma necessidade de restringir a uma lista pré-definida de drogas. O relatório não menciona, por exemplo, a fluvoxamina e a budesonida, que têm bons resultados mencionados aqui na Gazeta do Povo em junho. Parece até que há um esforço para deixar de fora as drogas que mostraram ter evidências de alguma eficácia, para confirmar a alegação de que têm “pouca ou nenhuma” evidência.

É positivo, no entanto, que o relatório fale em evidências serem poucas, muitas ou nulas. Isso é bem diferente da retórica desinformada em filosofia da ciência a respeito de “comprovação”. Provas, que têm caráter definitivo, são para a matemática e a lógica. As ciências empíricas, incluindo as médicas, trabalham com evidências.

3- Postura contraditória quanto à ivermectina
Fraudes científicas foram descobertas a respeito da eficácia da ivermectina, que foi inflada nelas e na postura ativista de muitos, que atinge o pico naqueles que alegam, sem evidências suficientes, que só essa droga daria um fim na pandemia sozinha. Fraudes contrárias ao uso da droga também foram descobertas, como a fraude midiática envolvendo a revista Rolling Stone (em setembro, a Rolling Stone publicou que os hospitais de Oklahoma estavam recusando-se a atender vítimas de armas de fogo porque estavam lotados de casos de overdose de ivermectina para cavalos. O principal hospital envolvido desmentiu a história, e mostrou-se que o erro era da própria publicação, que tirou de contexto falas de um entrevistado).

Uma das posturas contrárias mais irracionais foi alegar que a droga não passa de um vermífugo para cavalos. A ivermectina rendeu um prêmio Nobel pelo seu uso em humanos e é uma droga segura. Os autores do relatório, enquanto citam um parecer sensato coordenado pelo pneumologista Carlos Carvalho dizendo que ela pode ter eficácia (p. 69), mas precisa de mais investigação, adotam na postura pública em diversos momentos uma certeza de que há “ineficácia comprovada” e chegam a traduzir um tweet completamente político da FDA que insinua que ivermectina é só para cavalos e vacas (p. 62), um ponto baixo na postura pública dessa agência reguladora americana.

Joe Rogan, dono do maior podcast do mundo, tomou ivermectina como tratamento precoce para Covid-19 por prescrição médica. Convidado ao podcast, o médico Sanjay Gupta, da CNN, admitiu que a CNN mentiu ao atacar Rogan por ter seguido esse tratamento chamando a ivermectina de “vermífugo para cavalos”.

Em suma, a eficácia da ivermectina como tratamento precoce ainda está em debate, e os que pulam às certezas e aos exageros o fazem por compromissos políticos, incluindo os membros da CPI e da grande mídia. A postura de citar relatórios que deixam em aberto a possibilidade de a ivermectina funcionar e depois dar certeza de que é ineficaz ao ponto de sua prescrição ser criminosa é completamente contraditória.

4- Distorção pró-mulheres contra os fatos
O identitarismo está em alta e os políticos estão atentos a isso. Então não é surpresa que o relatório alega que a “Covid-19 atingiu mais mulheres do que homens”. A rigor, isso não é incorreto se “atingido” significa “infectado”. Porém, é uma escolha estranha de vocabulário. Mortos são atingidos? Parece que sim. Quem morre é atingido mais do que quem se infecta? Mais uma vez, a resposta parece ser sim.

No estado de São Paulo, quase 60% dos mortos eram homens. Diante do fato de que homens têm sintomas mais severos da covid e morrem mais que as mulheres, o que justificaria essa alegação do relatório da CPI? Parece ser a moda de tratar as mulheres como cidadãs especiais, aproveitando a onda eleitoreira direcionada a elas com bajulação e projetos de lei identitários que ameaçam ainda mais no país a igualdade de tratamento dos cidadãos. Tudo em nome de exibicionismo moral.

Enquanto não se espera que um relatório de uma comissão parlamentar de inquérito seja um documento científico rigoroso, essas gafes vão além disso. Entram no campo de pecados contra a linguagem clara, contra a lógica e contra o bom senso. Todos querem justiça a respeito da gestão da pandemia. E essa justiça fica mais alcançável quando se evitam esses erros.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/gafes-cientificas-do-relatorio-final-da-cpi-da-covid/
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DOS PSEUDOS CRIMES DE BOLSONARO LISTADOS NA CPI NÃO APARECE O CRIME DE CORRUPÇÃO

 

Relatório final

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo

Senadores se cumprimentam durante sessão da CPI que leu o relatório final| Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Eis aí: a “CPI da Covid” afinal soltou, após muita briguinha e brigona entre os seus sócios-controladores, a famosa lista de crimes que, no seu entendimento, o presidente Jair Bolsonaro cometeu no combate à epidemia. Fica evidente, logo de cara, que algo deu profundamente errado: não aparece, entre os nove diferentes delitos imputados ao presidente, nenhuma denúncia de corrupção. Nada? Nada.

Tinha de aparecer, é claro: há seis meses o grupo que manda na CPI, a esquerda em geral e a mídia em particular prometem, sem descanso, que a qualquer momento iriam estourar casos de ladroagem capazes de mandar o governo todo para fora do sistema solar. Mas não apareceu nada.

Fake news? Segundo a definição das “agências de checagem de notícias”, do ministro Alexandre Moraes e do seu inquérito para salvar a democracia no Brasil, dizer durante 180 dias que a CPI vai descobrir corrupção, e no fim da linha não denunciar corrupção nenhuma, é notícia falsa, sim senhor.

Mas e daí? “Fake news”, por aqui, só funciona da mão direita da rua; sempre foi assim e continuará sendo, e ninguém precisa perder cinco minutos de sono por causa disso. O que chama a atenção é outra coisa: se nem a CPI, que é a mais desesperada ação contra o presidente da República desde a sua entrada no Palácio do Planalto, não encontra roubalheira, qual a seriedade que se pode ter com o resto das acusações?

Muito pouca, com tendência a nenhuma. Não foi só a corrupção que ficou faltando na festa. Vê-se, no fim das contas, que sumiu outra acusação monumental, tratada durante seis meses inteiros como a joia da coroa da CPI: o genocídio. Sumiu isso também, o genocídio? Sumiu.

Na hora de soltar a lista de crimes com a qual pretendem enfiar Bolsonaro na cadeia pelos próximos 80 anos, viram que não conseguiriam manter de pé durante cinco minutos a ideia de que ele fez o que a lei brasileira define como genocídio. Não é fácil, como se pode ler ali, o sujeito ser genocida neste país. Ele tem de destruir um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Precisa matar o grupo, ou impedir que haja nascimentos ali, ou fazer transferência forçada e maciça de suas crianças de um lugar para outro, além de outros horrores. Como seria possível acusar alguém de um negócio desses?

Se os crimes que não estão na lista são esses aí, os que estão seguem pela mesma trilha. Crime de epidemia? Isso, segundo diz o Código Penal, não é andar “sem máscara”, nem produzir “aglomeração” — é disseminar germes patogênicos na população. Crime de charlatanismo? O que Bolsonaro fez não foi isso, pela lei: ele elogiou o uso da cloroquina, uma terapia declarada perfeitamente legal pelo Conselho Federal de Medicina. Crime contra a humanidade? Também não dá.

A qualidade das “conclusões” da CPI é essa. Vale a pena pensar um pouco antes de tirar as suas.


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PRODUÇÃO DA PETROBRAS BATE RECORDE

 

Combustível

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

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Produção de petróleo e gás da Petrobras alcançou 3,84 milhões de barris no mês passado| Foto: Agência Petrobras

O Brasil é mesmo o país das oportunidades. A natureza nos tratou muito bem. A produção de petróleo e gás natural nos campos do pré-sal totalizou 2,85 milhões de barris de óleo equivalente por dia em setembro, um recorde. Isso representa 74,10% do total da produção nacional, que alcançou no mês 3,84 milhões de barris. Só o Campo Tupi está rendendo quase 1,2 milhão de barris de petróleo e 43 milhões de metros cúbicos de gás.

O gás faz parte, por exemplo, das necessidades da Europa. Por lá, o gás triplicou de preço, vão precisar comprar na Rússia, ficando submetidos à política de preços dos russos, e já estão pensando de novo em recorrer à energia elétrica nuclear, pela necessidade de calefação, já que vai começar o inverno no hemisfério norte.

Com isso está começando a subir o valor das ações das mineradoras de urânio. Passou o tempo de Fukushima e Chernobyl, quando as usinas nucleares não eram tão seguras como a tecnologia de hoje garante. Por isso está voltando essa necessidade e o Brasil tem imensas reservas de urânio.

Jornada das águas
Enquanto isso está chegando água no Nordeste. O presidente Jair Bolsonaro esteve na Paraíba e em Pernambuco inaugurando canais. A jornada das águas do governo federal só vai terminar no dia 28 de outubro, em Propriá, Sergipe.

É o cumprimento de promessas intermináveis que não eram realizadas nunca e só serviam para manter o povo nordestino com uma mão de pedinte e a outra na tecla da urna eletrônica. Agora, o sonho está sendo realizado.

Pedido de prisão de Allan dos Santos
O jornalista Allan dos Santos agora está mais famoso. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a prisão e a extradição dele dos Estados Unidos, a pedido da Polícia Federal, por ataques à democracia, à Constituição e aos poderes constituídos.

Não sei se alguém viu esses “ataques”. O ataque que eu realmente vi foi aqui em Brasília, no Lago Sul, do MST e da Via Campesina, contra a sede da Associação dos Produtores de Soja e a Associação Brasileira dos Produtores de Milho. E até agora não aconteceu nada.

Agora “ataque de boca” é liberdade de opinião, é o que diz a Constituição no artigo 220. Pelo menos agora, os americanos vão ter certeza também de que há prisioneiros políticos no Brasil por crime de opinião, assim como está acontecendo na Nicarágua. Lá, candidatos à presidência estão presos e o EUA diz ser uma farsa a eleição que está marcada para daqui duas semanas. Ao mesmo tempo, a Sociedade Interamericana de Imprensa premiou dois jornalistas: um preso na Nicarágua e outro em Cuba.

O presidente do conselho de liberdade de imprensa fez uma declaração dizendo que não vão deixar de levantar a voz e denunciar as atrocidades contra eles e às dezenas de jornalistas que são perseguidos e forçados ao exílio.

Minha liberdade de opinião
A Gazeta do Povo informou que eu estou no relatório da CPI da Covid porque questionei mortes, divulguei tratamento e fiz críticas às máscaras e ao isolamento. Não entendi nada, porque o artigo 220 da Constituição garante tudo isso, é liberdade de opinião. Mas a CPI está mais voltada ao estilo soviético, de totalitarismo, dizendo essa é a verdade, o que não é isso que a gente estabeleceu não pode ser verdade. É triste!


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QUEM É O CRIMINOSO - LULA OU BOLSONARO?

Por
Luís Ernesto Lacombe – Gazeta do Povo

São Bernardo do Campo SP 15 11 2020-O ex presidente Luis Inacio Lula da Silva votou em ABC hoje pela manhã. foto Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.| Foto: Ricardo Stuckert

Fico imaginando o tamanho do crime cometido por aqueles que apontam o dedo para criminosos inexistentes… No mínimo, insultam vítimas reais, agridem, empurram para a banalização crimes graves cometidos ao longo da história, cometidos agora, neste instante. Quanto desserviço fazem pessoas que se dizem vítimas de violência doméstica, sexual e, verdadeiramente, nunca foram? Quanto desprezo é possível sentir por quem realmente sofreu ou tem parentes, antepassados que padeceram em genocídios, no fascismo, no nazismo, no comunismo?

Não pode parecer normal que se chame de “nazista” todo mundo que defenda menos Estado (isso, por si só, uma grande contradição), que lute por liberdade. Ou quem seja patriota e fiquem tentando transformar em nacionalista, supremacista. Eu próprio já fui chamado de nazista… Claro que por gente que desconhece Adolf Hitler, suas ideias, seus métodos macabros e também a minha história, a minha origem. A essas pessoas indico a leitura do meu último livro: Cartas de Elise – uma história brasileira sobre o nazismo.

É um absurdo dizer que Bolsonaro é pior que Lula. Isso é banalizar a roubalheira, é aceitar que alguém possa comprar o Congresso, pilhar estatais, destruir fundos de pensão. É dizer que corrupção é admissível

A primeira edição, de 2016, está esgotada. Em breve, uma segunda será lançada por uma nova editora. O livro conta a história da parte judia alemã da minha família, que foi devastada pelos nazistas. Meu avô paterno, Ernst Heilborn, conseguiu escapar. Não demorou a perceber o risco que Hitler representava e veio para o Brasil em 1934. Deixou na Alemanha sua mãe, Elise, tios, primos, amigos… Poucos sobreviveram.

Lembro-me de Lula, em 1979, dizendo que Hitler tinha aquilo que ele admira num homem: “o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer”. Lula, o “descondenado”, pode quase tudo. Já falou bem do aiatolá Khomeini e não se cansa de elogiar Mao Tsé-Tung, Fidel Castro, Che Guevara, Hugo Chávez, Nicolás Maduro… Defende o Estado controlando tudo e, se ainda não bateu palmas para Mussolini, certamente concorda com a ideia do fascista italiano de que “nada deve estar acima do Estado, nada deve estar fora do Estado e nada deve estar contra o Estado”.


É um absurdo dizer que Bolsonaro é pior que Lula. Isso é banalizar a roubalheira, é aceitar que alguém possa comprar o Congresso, pilhar estatais, destruir fundos de pensão. É dizer que corrupção é admissível, dependendo apenas de quem corrompe e é corrompido. É entender que o plano de se eternizar no poder é legítimo, não importam os meios adotados. E é também grotesco enxergar um defensor da democracia em quem anuncia regulamentação da mídia e da internet. Portanto, se você escolheu seu criminoso de estimação, a despeito dos fatos, do mundo real, cuidado! O criminoso pode ser você.


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JÁ PAROU PARA PENSAR O QUANTO AS POLÍTICAS ANTERIORES FIZERAM MAL AO PAÍS

 

Autor desconhecido

Em 2014, fomos às ruas para tentar derrubar a tresloucada Dilma… votando no Aécio. Sim, o Aécio, o cara que era chefe de quase todo o esquema de corrupção, traficante e drogado, mancomunado com o PT e com todo o lixo que nos governou durante os últimos 30 anos.

Nós éramos completamente cegos e ignorantes na política. Éramos escravos do sistema e nem sabíamos que havia um sistema!

Para nós, Olavo de Carvalho era um desconhecido; Enéas Carneiro era um louco; Roberto Campos era o “Bob Fields” e Bolsonaro era o deputado nervosinho.

Confiávamos na Rede Globo e batíamos palmas para os artistas sem talento que compravam apartamento em Paris e Nova Iorque com nosso dinheiro.

Em apenas 6 anos (6 e não 60):

– Tiramos uma débil mental e ex-terrorista do poder

– Prendemos um semianalfabeto corrupto e seu bando

– Elegemos o primeiro Presidente de direita dos 500 anos do Brasil

– Aprendemos muito mais de política do que de futebol

– Esvaziamos as plateias de artistas comunistas e sem talento

– Paulo Guedes foi eleito o melhor Ministro da Fazenda do mundo de 2019

– Demos uma banana para Cuba e Venezuela e nos aliamos a EUA e Israel

– Quebramos a espinha dorsal de um sistema de ensino que criava zumbis esquerdistas

– Boicotamos uma das mais influentes emissoras de TV do mundo

– Identificamos quem são Maia e Alcolumbre e muitos outros traidores

– Acabamos com a carreira de um juiz infiltrado, vaidoso e traidor (“ele cometeu suicídio político”)

– Tivemos o prazer de aprender com um ministro da Educação que os 11 do STF não passam de bandidos com toga.

– Enfim, Bolsonaro escancarou todo o sistema podre! Bolsonaro abriu a tampa do imenso bueiro! Ratos e baratas estão desesperados!

-Bolsonaro fez o povo ficar ciente da política e da economia como nunca!

-Bolsonaro governa com transparência, ou seja, ele mostra seus erros e acertos.

-Bolsonaro nos devolveu o amor pelo nosso país

Você acha que enterraremos um sistema todo em 6 anos???

Claro que não! Mas estamos mais fortes e mais lúcidos do que nunca estivemos.

Desistir, nunca! Render-se, jamais!

Por tudo o que Bolsonaro passou (e passa), apostando até sua vida por nós, o mínimo que devemos fazer é ter a decência de lutar com toda a força e coragem que tivermos.

ESTAMOS JUNTOS, BRASIL!

CRÍTICAS AO RELATÓRIO DA CPI

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Senador Renan Calheiros (MDB-AL) com o relatório final da CPI da Covid.| Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Com a apresentação do relatório de Renan Calheiros (MDB-AL), a CPI da Covid se encaminha para o ato final. O texto, de centenas de páginas, será votado na próxima terça-feira, dia 26, em uma sessão que ainda poderá ter a leitura de um “relatório paralelo” – o que o jargão legislativo chama de “voto em separado” – preparado por senadores que não se alinharam com o G7, o grupo que dominou a comissão e é formado por opositores do governo de Jair Bolsonaro. A repercussão da CPI da Covid pode ser comparada à de outras comissões que marcaram a história recente do país, mas disso não se pode concluir automaticamente que a substância seja proporcional à atenção midiática que recebeu.

De antemão, é preciso salientar que a comissão esteve muito longe de ser conduzida com a imparcialidade necessária a esse tipo de apuração. O G7, formado inclusive por algumas das figuras mais nefastas da vida política nacional, como Calheiros, trouxe para a CPI uma série de teses prontas sobre os mais diversos temas ligados à pandemia – da culpa de Bolsonaro à ineficácia do “tratamento precoce” – e tratou de forma bastante diferente os convidados, dependendo das suas posições. A quem discordasse do grupo majoritário estiveram reservados o desrespeito, a grosseria (como puderam perceber, por exemplo, as médicas Mayra Pinheiro e Nise Yamaguchi) e o arbítrio (como na prisão de Roberto Ferreira Dias).

As conclusões da CPI, inclusive quanto à responsabilização das 66 pessoas cujo indiciamento é recomendado, são essencialmente políticas

A CPI causou enorme dano à liberdade de expressão e ao bom debate científico, por exemplo, quando assumiu de antemão que o tratamento precoce é ineficaz, em vez de tratá-lo como sendo de eficácia ainda não comprovada, uma distinção que já esclarecemos em várias oportunidades neste espaço. Esta convicção formada antes mesmo que os trabalhos da CPI tivessem se iniciado esteve por trás de episódios deploráveis, como aquele em que senadores abandonaram a sessão em que médicos favoráveis ao tratamento precoce seriam ouvidos. Ainda mais grave foi a alegação de que a defesa do tratamento precoce consistiria em fake news, associação que embasou uma série de requerimentos de quebra de sigilo, violência que em muitos casos acabou referendada, depois, pelo Supremo Tribunal Federal.

Isso não significa, no entanto, que em meio a todo este circo não tenham emergido informações importantes. A CPI teve papel relevante na apuração das circunstâncias em que foi negociada a aquisição de vacinas – que, como se pode perceber agora, estão proporcionando ao país a porta de saída da pandemia e a normalização das atividades. Ela foi palco de denúncias que exigirão maior apuração por parte dos órgãos competentes para tal. Mas qualquer desdobramento da CPI e das recomendações feitas em seu relatório final exigirá passar do campo político para o campo técnico e jurídico.


Afinal, é preciso recordar que as conclusões da CPI, inclusive quanto à responsabilização das 66 pessoas cujo indiciamento é recomendado, são essencialmente políticas. Quanto ao presidente Jair Bolsonaro, para que nos atenhamos ao principal alvo de acusações vindas de Calheiros, é notório que ele desrespeitou protocolos de segurança contra a Covid ao desprezar o uso de máscaras e promover aglomerações, ou que minimizou a importância das vacinas em diversas ocasiões. Ao longo da pandemia, o presidente notabilizou-se por uma série de atitudes e declarações bastante problemáticas, demonstrando até mesmo falta de empatia com as vítimas da Covid e suas famílias. No entanto, que essa postura seja moralmente reprovável não necessariamente significa que ela seja juridicamente passível de responsabilização diante de um tribunal, como pretende o relator da CPI. Esta é avaliação que cabe, acima de tudo, à Procuradoria-Geral da República, no caso dos crimes comuns atribuídos a Bolsonaro no relatório final, e aos demais ramos do MP em relação a investigados que não tenham prerrogativa de foro.

É à PGR e aos demais ramos do MP que caberá conduzir com a necessária imparcialidade e apuro técnico-jurídico a continuação daquilo que surgiu dentro de um ambiente repleto de parcialidade, mas que pode, sim, conter acusações que se mostrem verdadeiras. Em uma pandemia que pegou o mundo de surpresa e para a qual todas as respostas – lockdowns, medicamentos, distanciamento, e mesmo as vacinas – eram e são experimentais. Nestas condições, é muito provável que ocorram erros na condução do combate à Covid-19, alguns deles com consequências bastante graves e que podem cruzar a fronteira que delimita o crime. Esta definição, no entanto, exigirá muito mais serenidade em comparação com o que se viu até o momento.


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