domingo, 4 de julho de 2021

AMERICANOS E BRASILEIROS QUEREM SER NÓRDICOS

  1. Política 

Não é tão simples, no entanto, viabilizar a social-democracia fora do clube dos países ricos

João Gabriel de Lima, O Estado de S.Paulo

Os Estados Unidos estão se tornando europeus. A frase foi proferida por republicanos críticos ao “American Families Plan” do presidente Joe Biden. O projeto prevê aumento de impostos para ampliar benefícios em saúde e educação. Ou seja, consolidar as bases de um Estado de bem-estar social. Para alguns estudiosos, os Estados Unidos já chegam tarde ao planeta da social-democracia, o estilo de governo predileto do mundo rico. Rejeitá-lo era uma espécie de “excepcionalismo americano”, nas palavras do professor James Traub, da Universidade de Nova York. 

Biden
O presidente dos EUA, Joe Biden, na última quinta, 1º de julho  Foto: SAUL LOEB / AFP

Para o cientista político Lane Kenworthy, mover-se na direção da social-democracia é uma consequência natural do enriquecimento das nações. Esse é o argumento – baseado em evidências – do recém-lançado “Social Democratic Capitalism”. O livro mostra que cidadãos de países afluentes demandam seguros sociais que os atendam em momentos de dificuldade, como doenças – e tal sentimento ficou ainda mais forte na pandemia. Querem também viver em sociedades mais justas, sem pressões de segurança pública. 

As nações ricas caminham para a social-democracia em diferentes velocidades. Os Estados Unidos cumpriram o básico: democracia, capitalismo e educação fundamental gratuita. Países europeus foram além ao criar uma rede de proteção social. É o caso da Alemanha, cuja social-democracia é consenso à esquerda e à direita – a conservadora Angela Merkel é uma defensora feroz do Estado de bem-estar. 

Os países nórdicos atingiram o estado da arte da social-democracia. Além de cumprirem os requisitos acima, SuéciaDinamarca – e, em menor medida, Finlândia e Noruega– criaram um sistema que promove o pleno emprego. Ele inclui flexibilização das leis trabalhistas, para facilitar contratações, e programas de treinamento e requalificação para os trabalhadores, com o intuito de torná-los competitivos num mercado cada vez mais exigente e digital. 

E o Brasil? “Fomos além de outros países da América Latina na direção da social-democracia”, diz o economista Pedro Nery, personagem do mini-podcast da semana. Em um texto sobre o livro de Kenworthy publicado no Estadão, Nery afirma que o Brasil precisa desesperadamente de uma agenda do tipo social-democrata, diante da desigualdade histórica e do aumento recente da pobreza e do desemprego. 

Os brasileiros optaram por um estado de bem-estar social na Constituição de 1988. A universalização do ensino fundamental e a criação do Sistema Único de Saúde, tão importante no combate à pandemia, são expressões dessa escolha. Não é tão simples, no entanto, viabilizar uma social-democracia fora do clube dos países ricos. 

Kenworthy mostra em seu livro que, nas social-democracias, cabe principalmente à classe média financiar os benefícios dos cidadãos vulneráveis. Isso é especialmente complexo num país em que apenas 5% ganham mais de R$ 5 mil, e metade da população sobrevive com menos que um salário mínimo. Outra dificuldade é cobrar impostos de trabalhadores informais ou em situação precária. 

Ao contrário do que diz o clichê, o Estado de bem-estar social não é privilégio dos nórdicos. Para Kenworthy, qualquer país pode chegar lá, se houver governantes adestrados na arte da negociação – desafio imenso numa sociedade complexa como a nossa. O Brasil decidiu em 1988 ser o modelo de social-democracia na América Latina. Cumprir tal tarefa equivale a tirar do papel o que está estabelecido em nossa Constituição.

 

SUCESSO NÃO ESCOLHE IDADE

 

Mauro Condé*


“Você gostaria que eu lhe desse uma fórmula para o sucesso? É simples: dobre a sua taxa de fracasso!” Thomas J. Watson, lendário criador da IBM.


Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte uma coleção de livros sobre Administração.

Eles me levaram até Uttar Pradesh, no norte da Índia, onde fui recebido por Ram Charan, um dos mais admirados conselheiros de empresas da atualidade, a quem fui logo pedindo:

Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.

-Pergunte-se, todo santo dia, o que você aprendeu de novo. Todos os dias o mundo está gerando coisas novas, esforce-se para dominá-las.

Ram Charan é um dos consultores e palestrantes mais requisitados da atualidade e autor de dezenas de livros de muito sucesso, com ensinamentos que valem ouro:

Não espere uma idade certa para começar a fazer sucesso, pois isso simplesmente não existe.

Ram Charan começou a escrever seu primeiro livro quando já tinha 58 anos.

Para ele não existe idade certa para começar a fazer sucesso, desde que você se transforme num eterno aprendiz, num devorador de livros inteligentes, dotado de uma curiosidade sem fim.

O importante é você modelar o seu jeito de pensar e de agir a partir do aqui e do agora, não interessando em que altura da vida você esteja, se aos 18 ou aos 58 anos de idade.

Aprenda a agir com o máximo de simplicidade, rapidez e autoconfiança para ir mais longe na conquista dos seus objetivos de vida.

Esqueça as fórmulas de sucesso que funcionaram para seus pais e seus avós no passado, pois o mundo vive uma mudança sem precedentes na história.

Tudo o que puder ser digitalizado, automatizado e engolido pelas novas tecnologias o será de forma assustadoramente rápida.

Prepare-se para perder seu emprego atual dentro de pouquíssimo tempo.

Mas não perca seu valioso tempo lamentando, pois essas mesmas tecnologias serão as precursoras, num futuro muito próximo, de novas oportunidades de trabalho em atividades que ainda não existem em empresas que ainda nem foram criadas.

Então aproveite para investir pesado em descobrir quem você é, quem você pode ser, descobrir no que você mais se destaca e mergulhar profundamente em mais capacitação, mais treinamento, mais estudos para ingressar na nova era de empregos que serão criados para suportar essa revolução incrível.

*Palestrante, Consultor e Fundador do Blog do Maluco

PROBLEMAS QUE A STARTUP VALEON RESOLVE:

A dinâmica empresarial cria fluxos no qual a população busca por produtos e serviços cada vez mais especializados. Desse modo a dinâmica e a rede comercial gera interferências em todas as cidades aqui do Vale do Aço.

Existem as mudanças de costumes e hábitos inseridos na sociedade que por meio das tecnologias acessíveis e do marketing chegam até aos menores lugares, levando o ideário de consumismo e facilitando que esses locais igualmente tenham oportunidade de acesso aos diversos produtos.

A facilidade no acesso as novas tecnologias, à propaganda e estímulo ao consumismo fazem com que mesmo, com o comércio físico existente nessas cidades, ocorra a difusão das compras por meio da internet.

O setor terciário agrega as atividades que não fazem e nem reestruturaram objetos físicos e que se concretizam no momento em que são realizadas, dividindo-se em categorias (comércio varejista e atacadista, prestação de serviços, atividades de educação, profissionais liberais, sistema financeiro, marketing, etc.)

Queremos destacar a área de marketing que é o nosso negócio que contribui na ampliação do leque de informações através da publicidade e propaganda das Empresas, Serviços e Profissionais da nossa região através do site que é uma Plataforma Comercial da Startup Valeon.

A Plataforma Comercial da Startup Valeon é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.

Nosso principal produto é a Plataforma Comercial Valeon um marketplace concebido para revolucionar o sistema de divulgação das empresas da região e alavancar as suas vendas.

A Plataforma Comercial Valeon veio para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos produtos/serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada nos seus serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

O QUE FAZ A STARTUP VALEON

A Statup Valeon através do seu site que é uma Plataforma Comercial feita para fazer publicidade e propaganda online das Empresas, Serviços e Profissionais Liberais da região do Vale do Aço para as suas 27 (vinte e sete) cidades.

A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

RELATOR DA CPI É INDICIADO PELA POLÍCIA FEDERAL

 

Que vê retaliação

DW

Senador é indiciado sobre suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Relator da CPI da Pandemia, ele sugere que medida tenta intimidá-lo.O relator da CPI, Renan Calheiros© Agência Brasil/Fabio Rodrigues Pozzebom O relator da CPI, Renan Calheiros

A Polícia Federal decidiu indiciar, sob suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o senador Renan Calheiros (MDB-AL). O parlamentar, que é relator da CPI da Pandemia, diz que a medida é uma retaliação.

O relatório foi enviado ao Supremo Tribunal Federal na sexta-feira (02/07). Segundo o texto, Renan teria recebido 1 milhão de reais em propina, em 2012, do Grupo Odebrecht. O dinheiro, de acordo com a PF, teria sido em troca de apoio político no Senado para a aprovação de um um projeto de lei que beneficiou a empresa.

O indiciamento chega no momento em que Calheiros se tornou uma das maiores vozes de oposição ao governo Jair Bolsonaro, na condição de relator da CPI. A comissão tem levantado suspeitas de corrupção na compra de vacinas e documentado uma série de falhas de gestão no combate à pandemia.

Calheiros nega ter recebido pagamentos e vê retaliação por sua atuação contra o governo na CPI. A defesa diz que “jamais foi encontrado qualquer indício de ilicitude” sobre o senador.

Em comunicado, Calheiros afirmou que a PF não tem competência para indiciá-lo e que o tema é da alçada do Supremo. A investigação, segundo ele, está aberta desde março de 2017 e, “como não encontraram prova alguma, pediram prorrogação”.

“Não irei me intimidar”

O relatório será encaminhado pelo STF à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá sobre apresentar uma denúncia contra Calheiros.

A PF apontou a existência de “indícios suficientes de autoria e materialidade” contra o senador. Ela diz que a propina teria sido paga em 2012, quando Calheiros era presidente do Senado, em dinheiro vivo, para o motorista de um suposto operador do senador. O motorista foi ouvido pela PF e disse “não se recordar” de ter recebido mala ou dinheiro.

Calheiros disse que lhe causou surpresa o indiciamento após ele ter citado a Polícia Federal na CPI da Pandemia: “Não irei me intimidar. Os culpados pelas mortes, pelo atraso das vacinas, pela cloroquina e pela propina irão pagar”, disse Renan, em comunicado à imprensa.

ATOS POLÍTICOS CONTRA O GOVERNO SÃO PARA TOMAR O PODER

 

 Poder360 

Presidente Jair Bolsonaro© Sérgio Lima/Poder360 Presidente Jair Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro se manifestou nesse sábado (3.jul.2021) sobre as manifestações contra seu governo registradas em diversas cidades do Brasil e do exterior.

Em seu perfil no Twitter, o chefe do Executivo publicou fotos de confrontos entre manifestantes e a polícia, em São Paulo, além de imagens de depredação de pontos de ônibus e de agências bancárias.

Nenhum genocídio será apontado. Nenhuma escalada autoritária ou “ato antidemocrático” será citado. Nenhuma ameaça à democracia será alertada. Nenhuma busca e apreensão será feita. Nenhum sigilo será quebrado. Lembrem-se: nunca foi por saúde ou democracia, sempre foi pelo poder!”, escreveu Bolsonaro.© Fornecido por Poder360

No encerramento do ato em São Paulo, um grupo depredou e incendiou uma agência bancária na região central da capital paulista. Outro quebrou vidros de uma concessionária de veículos e depredou pontos de ônibus. A fachada de uma universidade, na Rua da Consolação, foi danificada.

Policiais militares usaram bombas de efeito moral e spray de pimenta para dispersar os grupos. Os manifestantes atacaram os policiais com pedras, pedaços de pau, gradis e rojões. Segundo a Polícia Militar do Estado de São Paulo, um agente e um segurança da ViaQuatro, concessionária que opera a linha amarela do Metrô, ficaram feridos.

MANIFESTAÇÕES

Todas as capitais do Brasil registraram protestos contra o presidente Jair Bolsonaro nesse sábado (3.jul). Os atos, em sua maioria, foram pacíficos, exceto pela ação em São Paulo.

Os manifestantes levavam cartazes como “Mais de 520 mil mortes”“Fora Bolsonaro”,“Auxílio emergencial de verdade jᔓVacina para todos”“Impeachment jᔓNão tire a máscara, tire o Bolsonaro” e “Bolsonaro Genocida”, além de bandeiras do Brasil e do movimento LGBTQIA+.

Esse foi o 3º grande protesto contra o governo de Jair Bolsonaro em 2021. O 1º ocorreu em 29 de maio e o 2º, em 19 de junho. A manifestação desse sábado (3.jul) estava marcada para o fim do mês, mas foi antecipada por conta das suspeitas de corrupção na compra da vacina Covaxin.

Veja abaixo as fotos da manifestação deste sábado registradas em Brasília pelo repórter fotográfico do Poder360, Sérgio Lima:

Próxima TelaGaleria automática Tela cheia1/7 SLIDES © Fornecido por Poder360

JESUS É CITADO NA CPI DA COVID VÁRIAS VEZES

 

Por
Thiago Rafael Vieira
e

Por
Jean Marques Regina – Gazeta do Povo

O empresário Carlos Wizard Martins, durante reunião da CPI da Covid em 30 de junho.| Foto: Pedro França/Agência Senado

Nesta semana a CPI da pandemia no Senado foi palco de uma triste quadra: o esperado depoimento do empresário e filantropo Carlos Wizard Martins, grande brasileiro, empresário de sucesso e um dos grandes responsáveis pelo acolhimento de milhares de venezuelanos refugiados da ditadura bolivariana.

Após muita pressão dos senadores para que viesse depor à CPI, Wizard (que estava nos Estados Unidos acompanhando o pai doente e uma filha em gravidez de risco para lhe dar o 19.º neto) veio ao Brasil, entregou seu passaporte à Polícia Federal, e dirigiu-se a Brasília para cumprir sua obrigação.

Porém, para a indignação de alguns – e, a nosso ver, em um verdadeiro show de como um cidadão consciente de direitos e deveres deve se portar –, Wizard se resumiu a fazer uma fala de abertura mostrando sua história pessoal (de sucesso e em absolutamente nada ligada à vida pública – o que espanta e escandaliza muita gente por aqui), e a invocar seu direito de permanecer em silêncio.

Existe base para esta “indignação” quanto ao uso de expressões religiosas em uma casa legislativa como o Senado da República?

O que mais chamou a atenção, porém, naquela sessão foi o uso de termos religiosos tanto por Wizard quanto pelos senadores. O depoente usou o nome de Deus seis vezes, citando três passagens bíblicas. Já os senadores empregaram o termo “Deus” 28 vezes; “Jesus”, 30 vezes; “Bíblia” ou “bíblico”, 25 vezes; “religião”, cinco vezes; “cristão(ã)” ou “cristianismo”, nove vezes; “evangélico”, três vezes. Ou seja, a religião evocou uma centena de expressões ali.

No decorrer do depoimento, inclusive, algumas mídias sociais andaram agitadas com os “comentaristas” da vida pública achando o cúmulo que se evocasse o nome de Deus, ou de Jesus, para a justificativa das falas:

Os tempos políticos atuais, e especialmente as eleições do próximo ano, trarão o tema religioso novamente para o centro de muitas das disputas, nos diferentes espectros e campos ideológicos. Narrativas que se abrem e retóricas inflamadas sobre o que se tem ou não em termos de legitimidade do discurso. Mas existe base para esta “indignação” quanto ao uso de expressões religiosas em uma casa legislativa como o Senado da República?

A partir do século 18, o Iluminismo, doutrina política que assolou a Europa, na pena de Hegel dizia que o “Estado é a definitiva realidade”. Afinal seria este, o Estado, que exprimiria a razão humana de maneira mais elevada, percebendo-se cumpridor de um destino: enquanto o homem nasce, cresce e morre, o Estado permanece como instituição sólida enquanto ordem a concretizar o progresso infinito de nossa espécie.

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A intolerância dos “especialistas”: cristãos e a defesa dos direitos humanos
A religião é um perigo para a democracia?
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Já leu essas palavrinhas em algum lugar por aí? “Ordem e progresso”. Pois é. Ela veio parar no centro de nosso pavilhão nacional, junto com o golpe positivista de Estado que derrubou nossa ordem política anterior, o Império. Supremo paradoxo: uma ideologia em que tudo deveria passar pela peneira da razão e do método científico, no dizer do professor romeno Lucian Blaga. Provas de ser um devaneio filosófico: a própria simbologia heráldica que traz este (feio) globo astronômico, a exprimir a ideia de Comte de que o indivíduo é um ser sem valor em si, mas apenas contido numa vastidão coletiva chamada de “todo social” que está fadada ao progresso e à ordem. Eis a nossa triste fundação política republicana.

Mas o que isso tem a ver com nosso “causo”?

Em primeiro lugar, se o Estado é a definitiva realidade racional, a religião não teria espaço na arena pública, pois é lastreada em dogmas não verificáveis pelo método científico. Esta afirmação tira do ser humano a tradição milenar de sua busca e impulso natural para crer e derramar sobre esta abstração os anseios e esperanças do melhor que a vida poderia dar. Que sina a nossa, pensar que na política residem as esperanças de um mundo melhor! Não podemos esquecer que religião, antes de qualquer coisa, é experiência, como diria Rudolf Otto. Uma experiência que acontece primeiramente no coração e posteriormente na razão. Como experiência é preciso vivê-la. Eis aí, provavelmente, um dos motivos por que jornalistas e outros reclamam tanto do fato de alguém mencionar Jesus no Senado… falta-lhes a experiência.

O segundo aspecto é a contradição entre esta vida aleatória, desprovida de um propósito e apenas justificável no oceano (ou na constelação) impessoal, e o senso de dignidade humana estampado em nossa Constituição como sendo um dos pilares que erigem o prédio da democracia. Tirar a fé do sentido de dignidade – e sua expressão de ordem da vida – é ferir seu núcleo essencial e roubar seu sentido mais prático: o de explicar no nível profundo do ser as razões da existência individual de cada um.

Que sina a nossa, pensar que na política residem as esperanças de um mundo melhor!

Lembremos que, para uma Constituição promulgada sob a proteção de Deus, temos de aprender, definitivamente, que o Estado não é a suprema realidade, mas uma grande e complexa máquina a serviço da sociedade política. Esta, sim, a sociedade política, organização racional das diversas comunidades unidas em um território por laços culturais e de história e herança comuns, é que carrega o destino tanto pessoal quanto coletivo.

O Estado laico nada mais é que o espaço da livre concorrência de ideias a respeito de Deus, do divino, do sagrado, seja nas quatro paredes do lar, seja nas salas de reunião da República. Já chegou o tempo de sepultarmos a doutrina positivista e abraçarmos de vez o pluralismo político que tanto alardeamos, mas ao qual pouco espaço damos por aqui. A fé tem seu pleno direito de ser expressa em todo e qualquer ambiente e até a doutrina positivista, bem no fundo, sabe disso: a prova é a cruz de Cristo formada pelas estrelas, no globo azul, atrás da tal “ordem e progresso”.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/cronicas-de-um-estado-laico/jesus-na-cpi/
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INVESTIMENTO ESTRANGEIRO NO BRASIL DURANTE A PANDEMIA

 

Passaporte Carimbado
Qual a estratégia do governo

Por
Vandré Kramer – Gazeta do Povo

Instituições financeiras projetam entrada de US$ 60 bilhões em investimentos estrangeiros no setor produtivo em 2021.| Foto: Pixabay

A melhoria da retomada da atividade econômica, o gradual avanço da vacinação no Brasil e a redução na volatilidade do câmbio devem favorecer o investimento direto no país (IDP) – dinheiro estrangeiro aplicado na expansão do setor produtivo – ao longo do segundo semestre. Nas últimas semanas, empresas estrangeiras vêm anunciando planos para aplicar recursos no país.

Em 2020, o saldo IDP no Brasil foi de US$ 34,2 bilhões, o pior resultado em 11 anos. Projeções de instituições financeiras, coletadas pelo Banco Central para o Relatório Focus, apontam para uma recuperação deste ano em diante. A mediana das estimativas indica um fluxo de investimento (já descontadas as saídas) de US$ 58 bilhões neste ano, com valores crescentes na sequência, atingindo US$ 77,9 bilhões em 2024.

Porém, a melhora das expectativas ainda não apareceu nos indicadores de IDP. Após uma melhora no começo do ano, com ingresso líquido de US$ 9 bilhões em fevereiro e US$ 6,8 bilhões em março, o investimento estrangeiro no setor produtivo voltou a baixar nos meses seguintes. Em maio, somou apenas US$ 1,2 bilhão, o menor valor do ano.

Com isso, o investimento acumulado em 12 meses baixou a US$ 39,3 bilhões (2,60% do PIB) em maio, após atingir US$ 41,2 bilhões (2,77% do PIB) em abril. Em maio de 2020, o saldo era de US$ 60,4 bilhões, ou 3,57% do PIB.

Analistas do banco MUFG Brasil apontam que os investimentos estrangeiros devem continuar no mesmo ritmo atual, considerando a recuperação e o crescimento econômico a médio e longo prazo.

Victor Scalet, estrategista da XP Investimentos, ressalta que duas questões que estavam assustando os investidores foram atenuados: a forte volatilidade do câmbio, que chegou a ser negociado em patamares próximos a R$ 6 por dólar, e as incertezas fiscais, que foram atenuadas com a aprovação do Orçamento Geral da União para 2021, em abril.


Os planos de investimento anunciados nas últimas semanas
Um dos anúncios mais recentes de investimento é do grupo suíço Nestlé Purina, que vai aplicar R$ 1 bilhão, oriundos de seu caixa, na construção de um parque industrial para a produção de alimentos para cães e gatos em Vargeão, no Oeste de Santa Catarina. Cerca de 2 mil postos de trabalho devem ser criados e a previsão é de que a primeira etapa entre em operação no segundo semestre de 2023.

Em março, a Renault anunciou um investimento de R$ 1,1 bilhão neste ano e em 2022 para a renovação de cinco modelos, a introdução do motor 1.3 turbo e a chegada de carros elétricos.

Na ocasião, segundo o “Infomoney”, a montadora informou que um novo ciclo de investimentos no país dependeria da melhoria da competitividade. Fatores como alta e complexa carga tributária e o custo Brasil fazem com que o país fique em stand-by entre as grandes montadoras.

A portuguesa Equinor, em conjunto com a ExxonMobil e a Petrogal, planeja investir cerca de US$ 8 bilhões no desenvolvimento da primeira fase do campo de petróleo de Bacalhau, no pré-sal da Bacia de Santos. São 19 poços submarinos ligados a uma unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência, com capacidade para 220 mil barris por dia. A previsão é que a produção se inicie daqui a três anos.

Também na Bacia de Santos, a petroleira autraliana Karoon pretende investir US$ 175 milhões no campo de Patola. Estão previstos dois poços de produção submarinos. A expectatva é de que estejam em operação a partir do primeiro trimestre de 2023.

O grupo francês Qair planeja investir cerca de US$ 3,8 bilhões na implantação de uma unidade de produção de hidrogênio verde, no porto de Suape, no Litoral Sul de Pernambuco.

Os mexicanos do grupo Simec, especializado em siderurgia, planejam aplicar US$ 300 milhões na expansão de uma usina localizada em Pindamonhangaba (SP). A intenção é dobrar a capacidade de produção da unidade até 2023.


Governo promete reformas e projetos estruturantes para reduzir o “custo Brasil”
Mesmo com os últimos anúncios de investimentos e as expectativas de recuperação do IDP, Scalet, da XP, aponta que o Brasil tem sérios problemas de competitividade, o que limita as possibilidades de crescimento da economia. “O custo Brasil é elevado e a produtividade é baixa”, diz. “O crescimento estrutural de médio prazo é de 2% a 2,5% ao ano.”

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, na abertura do Fórum de Investimento Brasil (BIF, na sigla em inglês), realizado na virada de maio para junho, que seu governo tem compromisso com reformas e projetos estruturantes para reduzir o chamado “custo Brasil”.

“Trata-se de aperfeiçoar normas e políticas para melhorar o ambiente de negócios. Para isso, desenhamos soluções tributárias que asseguram a estabilidade macroeconômica em contexto de desafio orçamentário. [O governo federal planeja], a um só tempo, maior abertura e liberdade econômicas, mais competição e maior estímulo à iniciativa privada, reservando ao Estado, ao mesmo tempo, o papel que lhe cabe nas várias políticas públicas essenciais ao desenvolvimento”, disse Bolsonaro.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou na ocasião que a ideia é derrubar o custo Brasil, a partir da aprovação de novas leis e da implantação de medidas pontuais que incentivem investimentos privados e reforcem o papel do governo em sua atração.

Como exemplo, Guedes citou a necessidade de melhorar o ambiente de negócios no país e sua posição no que diz respeito à competitividade global. “Devemos melhorar de 30 a 40 posições no ranking mundial”, afirmou. Atualmente, o Brasil ocupa a 108ª posição em um ranking de 180 países.

“O momento é muito favorável. Os que não investirem agora no Brasil, ano que vem estarão muito arrependidos”, disse o ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos.

Concessões de infraestrutura e redução da burocracia são trunfos do governo
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou no mesmo evento que “o que está por vir [investimentos] é grande, da magnitude do Brasil”. Segundo ele, o governo federal elaborou um grande programa de investimentos, que permitiu a realização de 70 leilões no setor de infraestrutura. “Estamos transformando a nossa matriz de transporte, que vai ser muito eficiente daqui a alguns anos.”

A agenda de concessões de infraestrutura, de fato, é um dos principais trunfos que o governo tem a apresentar aos investidores estrangeiros. Nesta sexta-feira (2), o Ministério da Infraestrutura informou que o investimento privado nas concessões federais foi de R$ 9,2 bilhões em 2020, 11,2% acima do valor de 2019.

Ainda assim, muitos indicadores dessa área deixam a desejar. O investimento em rodovias, por exemplo, diminuiu nos últimos anos e retornou aos patamares do início da década passada. Os principais motivos são problemas em concessões realizadas na década passada e a redução dos desembolsos do governo.

Um dos avanços do governo está nas medidas para reduzir a burocracia e melhorar o ambiente de negócios. Exemplos disso são a Lei de Liberdade Econômica, aprovada ainda em 2019, e a medida provisória 1.040/2021, que facilita abertura e fechamento de empresas e também procedimentos de comércio exterior. A MP já foi aprovada pela Câmara dos Deputados e agora será avaliada pelo Senado.

Segundo o Ministério da Economia, o tempo médio para abrir uma empresa no país caiu para menos da metade nos dois primeiros anos de governo. Era de 5 dias e 9 horas no começo de 2019, e encerrou 2020 em 2 dias e 13 horas ao fim de 2020. O objetivo é reduzir esse prazo para menos de um dia até o fim de 2022.

Após Previdência, governo avançou pouco nas reformas administrativa e tributária
No campo das reformas estruturantes, a mais relevante foi a da Previdência, também aprovada em 2019. O governo enviou ao Congresso outras duas, a administrativa e a tributária – esta última, em “fatias”. Ambas, no entanto, enfrentam obstáculos que podem dificultar sua aprovação antes das eleições de 2022.

Na administrativa, que altera regras do serviço público, há dúvidas sobre o comprometimento do governo com o andamento dessa pauta às vésperas da eleição presidencial de 2022. A tributária, por sua vez, é prejudicada pela falta de consenso dentro do próprio governo e pelas relações de Bolsonaro com empresários de interesses distintos.

Tanto a fusão de PIS e Cofins – primeira etapa da reforma tributária, enviada em 2020 – quanto a reforma do Imposto de Renda, apresentada no fim do mês passado, desagradaram o setor produtivo. Especialistas avaliam que as mudanças no IR podem elevar a carga tributária das empresas e, com isso, desestimular o investimento.

Em relação à redução do tamanho do Estado, para abrir mais espaço ao setor privado, um avanço relevante foi a aprovação da privatização da Eletrobras. Será a primeira desestatização de empresa de controle direto da União desde o início do governo.

O problema é que, na visão de muitos especialistas, dispositivos inseridos pelo Congresso na medida provisória da Eletrobras acabaram tornando a fatura muito cara – em troca da privatização, avaliam, o país acabará arcando com novas e graves distorções no setor elétrico.


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DIFERENÇAS EDUCACIONAIS ENTRE O BRASIL E O JAPÃO

 

Editorial
Por
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Trem-bala em estação japonesa.| Foto: Peter Wieser/Pixabay

Nos anos 1950, os produtos japoneses tinham a fama de baixa qualidade e o Japão vivia um momento em que precisava desesperadamente ser reconstruído, promover o crescimento e tirar sua população da crise econômica e da miséria moral. A situação japonesa tornara-se grave após a derrota na Segunda Guerra Mundial, sobretudo após as duas terríveis bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos sobre a cidade de Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, e sobre Nagasaki, três dias depois – as duas únicas ocasiões em que armas nucleares foram usadas em guerra e contra alvos civis.

Dominado pelos vencedores e proibido de ter exército, o Japão voltou-se para a questão econômica e iniciou um movimento de abertura ao mundo com o propósito de usar o comércio exterior para reconstruir rapidamente sua economia e buscar crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) a taxas elevadas, como meio de inaugurar um tempo de melhoria no padrão de vida de sua população. A possibilidade de atingir seus objetivos passava pela atração de investimentos e tecnologia estrangeiros e pela rápida formação de capital humano preparado para o desafio de crescer, principalmente na infraestrutura física e na indústria de transformação.

O Japão optou primeiro por desenvolver as profissões técnicas requeridas pelo sistema produtivo e investiu fortemente em cursos profissionalizantes e tecnológicos compatíveis com a estrutura industrial que se expandia

A saída japonesa exigia aumentar o comércio exterior tanto quanto possível, para o que a má fama dos produtos japoneses era prejudicial. Um dos primeiros objetivos estabelecidos foi melhorar a qualidade dos produtos fabricados no país e reverter a percepção sobre os produtos japoneses. Foi então que o país resolveu atacar pesadamente em quatro frentes: atrair investimentos estrangeiros, incentivar investimentos nacionais, apressar o desenvolvimento tecnológico e executar um amplo programa para qualificar a mão de obra a fim de aumentar a produção e a produtividade. Governo e povo adotaram atitude de humildade e o país passou a aceitar de bom grado a contribuição internacional compatível com os objetivos fixados.

Nesse panorama, surge a figura de William Edwards Deming, um grande matemático, estatístico, professor e consultor norte-americano. Deming divulgou suas ideias e propostas em palestras, artigos e livros, mas não obteve o sucesso que esperava em seu próprio país, apesar de ter ajudado os Estados Unidos na melhoria dos processos logísticos e controles produtivos durante a Segunda Guerra Mundial. Assim, ele direcionou seu intelecto e seus esforços para ajudar o Japão na reconstrução e no desenvolvimento industrial. Deming foi recebido com euforia pelos japoneses, obteve êxito na implantação do controle estatístico do processo, qualidade de produto, gerência de projeto e incorporação de tecnologia nas fábricas. Como resultado, ele se tornou famoso, ganhou prêmios e estátuas, recebeu homenagens e reconhecimento por sua contribuição à fabricação de produtos de alta qualidade, com aplicação de tecnologia moderna.

Em menos de duas décadas, o Japão reverteu a má imagem sobre seus produtos, e o comércio exterior do país melhorou sensivelmente. No processo de recuperação, os japoneses concentraram seu sistema educacional em dois eixos. O primeiro foi focar a educação básica em alfabetizar e prover as crianças e adolescentes com as ferramentas da escrita, leitura, linguagem, matemática, civismo, moral, valorização do trabalho e espírito coletivo. O segundo eixo foi priorizar a formação profissional e tecnológica, como se estivessem replicando as “escolas de ofício” da Itália renascentista e outros países europeus onde prosperou a Revolução Industrial.


O vocábulo “ofício” adquiriu vários significados. No sentido profissional, entende-se como tal a habilidade técnica especializada para executar ação ou trabalho voltado à produção de um bem ou serviço. O Japão optou primeiro por desenvolver as profissões técnicas requeridas pelo sistema produtivo e investiu fortemente em cursos profissionalizantes e tecnológicos compatíveis com a estrutura industrial que se expandia. Na educação superior, a prioridade foram os cursos nas áreas de engenharias, tecnologias e ciências exatas, seguidas dos cursos da saúde, embora o investimento educacional privilegiado tenha ocorrido na educação básica e na qualificação profissional. Os cursos das ciências humanas e sociais, embora importantes e necessários, viriam depois.

No Brasil, fez-se o inverso e, mesmo reconhecendo a necessidade e a beleza das ciências sociais, vale questionar o quanto a inversão de prioridades educacionais contribuiu para o baixo crescimento, a baixa renda média por habitante e a existência de 54 milhões de pobres e 13 milhões de miseráveis. Na vida, infelizmente não se consegue ter tudo simultaneamente, pois tudo na natureza é limitado e escasso, como também é escasso o dinheiro público; logo, é necessário fazer escolhas e estabelecer prioridades. Não há receita infalível e definitiva para a evolução do bem-estar social material da nação, mas a experiência do Japão e suas prioridades no pós-guerra têm algo a ensinar, desde que se queira aprender com o êxito dos outros.


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sábado, 3 de julho de 2021

DEMOCRACIA E A ARROGÂNCIA

 

William Horta – Jornalista

“É sabido que um simples canalha mata um rei em menos de um segundo” como dito no poema Canção do Mundo Novo, de Milton Nascimento e Beto Guedes. Quem souber dizer a exata explicação, me diz como pode isso acontecer.

A democracia não convive com o silencio das masmorras, das ditaduras, das prepotências e das arrogâncias.

A contestação e a crítica fazem parte do jogo democrático. Nós só crescemos nas divergências de ideias e nas convergências do bem comum.

Sim, sempre fica a dica. E eu continuo preferindo “os que me criticam porque me corrigem aos que me bajulam porque podem me corromper”, segundo afirmou o escritor poeta Santo Agostinho.

“A prepotência e a arrogância marcam a véspera da derrota de um governo totalitário…”

“Apesar de você, amanhã, será um novo dia…” escreveu o cantor Chico Buarque, e com certeza, tenho plena consciência disso.

Sabe aquele verso dito pelo poeta Beto Guedes: “Oh! Nem o tempo amigo, nem a força bruta, podem um sonho apagar. Quem perdeu o trem da história por querer, saiu do juízo sem saber. Foi mais um covarde a se esconder, diante de um novo mundo”.

Quem sonhou, só vale se já sonhou demais. Um nome se escreve fundo, canções ficam em nossa memória, profundas raízes crescem e a luz das pessoas me fazem crer que nem o tempo amigo, nem a força bruta podem um sonho apagar.     

                                (William Horta)

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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