General Joaquim Silva e Luna vai tomar posse no próximo mês. Bolsonaro substituiu presidente anterior por causa da política de preços em vigor
Por THAÍS MOTA
Silva e Luna é general e atualmente é presidente de Itaipu
Foto: Marcelo Camargo / Agência BrasilUnsubscribe from push notifications
Após três décadas, a Petrobras voltará a ser comandada por um militar. Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, o general da reserva do Exército Joaquim Silva e Luna tem posse prevista para o início de abril. Sua gestão marcará o fim de um período em que a empresa foi comandada por civis, em sua maioria economistas, engenheiros, administradores e políticos. Luna vai substituir o economista Roberto Castello Branco, que estava no comando da estatal desde o início da gestão de Bolsonaro. A saída de Castello Branco se deu após o presidente ficar irritado com a política de preços dos combustíveis da petrolífera, que teve sucessivos reajustes no início deste ano.
O último militar que presidiu a estatal foi o engenheiro fundador da Embraer e coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) Ozires Silva. A gestão de Silva foi entre 1986 e 1988, durante o governo de José Sarney, período imediatamente após a ditadura militar e que foi marcado pela continuidade da influência das Forças Armadas em alguns setores. PUBLICIDADE
Na avaliação do diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) e professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, William Nozaki, a indicação de um militar para o comando da estatal segue uma tendência do governo Bolsonaro, que tem nomeado oficiais para diversos cargos, inclusive para outras estatais.
Além disso, Nozaki destaca que Luna não será o primeiro militar no alto escalão da estatal, que já tem outros dois nomes no Conselho de Administração.
“O almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira já é presidente do conselho. E dentro do conselho já tem outro militar, o Ruy Flaks Schneider, que é também oficial da reserva da Marinha. Ambos já são da gestão do Bolsonaro, e agora tem mais um. Então, com o Luna, são três militares no Conselho de Administração”, diz. Ambos, inclusive, foram novamente indicados pelo presidente para compor o conselho da empresa.
Antes da Petrobras, Silva e Luna estava no comando de Itaipu Binacional, onde, na avaliação de Nozaki, fez uma gestão liberal, mas com investimentos na construção da ponte Brasil-Paraguai, no aeroporto de Foz do Iguaçu e nas rodovias no entorno da hidrelétrica.
“A gestão dele em Itaipu foi assentada em um tripé, que ele sempre apontou como diretrizes da sua gestão e que são elementos de natureza liberal: austeridade, transparência e responsabilidade. Para ele, são eixos estratégicos da gestão”, completa Nozaki.
Diretrizes devem ser mantidas
Na avaliação de William Nozaki, apesar de a mudança na presidência da Petrobras ter sido feita em meio aos debates sobre os sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis no Brasil, ela não deve representar alterações consideráveis na gestão atual da empresa.
“Essa chegada (do general Luna) não justifica qualquer leitura de que a Petrobras esteja fazendo uma guinada antiliberal ou pró-nacional ou pró-Estado, porque não é este o projeto que hegemoniza uma parte significativa dos militares hoje, inclusive aqueles que compõem o governo”, avalia.
Segundo ele, a principal mudança deve ser na frequência do repasse das flutuações do câmbio e dos preços do petróleo no mercado internacional ao preço final dos combustíveis no Brasil. No entanto, a política de Preço de Paridade Internacional (PPI) – que orienta a formação do preço da gasolina e do diesel – deve se manter inalterada.
“Não há divergências entre o Bolsonaro e Luna sobre qual deve ser a diretriz da política de preço. Há um consenso entre eles de que deve permanecer a política de preços de paridade de importação”, disse. E continuou: “O que acontece é uma divergência sobre qual é a melhor forma de fazer a gestão da atual política de preços. Ela não deve sofrer alterações profundas, mas é muito provável que a frequência de repasses de preços diminua e volte ao que era o patamar do ano passado”. Ainda conforme Nozaki, nos últimos três meses, a média de reajustes no preço dos combustíveis foi de um a cada 12 dias. No ano passado, essa média era de um reajuste a cada 18 dias.
Visão de mercado deve permanecer
A troca de um economista por um militar no comando Petrobras não significa que empresa deixaria de seguir os princípios de mercado que foram retomados na gestão de Michel Temer (MDB) e mantidos no governo de Jair Bolsonaro.
“Não dá para dizer que militar é estadista e que economista é liberal. A gente tem militares na presidência da Petrobras que conduziram projetos de investimento mais pró-Estado e outros que conduziram projetos de abertura mais pró-mercado. Do mesmo jeito que a gente tem civis que, mesmo em governos liberais, tiveram medidas intervencionistas”, avalia o diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, William Nozaki.
“O governo FHC, por exemplo, apesar da orientação neoliberal, em alguns momentos precisou intervir sobre os preços dos combustíveis”, completa o especialista.
É necessário ter ciência, política e economia andando juntas
Lucas Gonzales
O momento do país exige medidas pensadas com cautela e embasadas tecnicamente; isso é inquestionável. Tudo o que não precisamos, no atual contexto, é que vidas passem pela triagem do pensamento ideológico extremista. Todas as vidas. É preciso ter ciência, política e economia andando juntas para que o povo não sofra com as mazelas da pandemia do novo coronavírus. Pacificar: este é o objetivo.
O Brasil é um país continental, e suas diversas variáveis sociais nos mostram que realidades diferentes são atingidas de formas também distintas em grandes crises. No entanto, nenhuma é mais prejudicial para toda uma nação do que aquela crise que nasce com base em pensamentos extremistas e radicais. Mesmo me posicionando de forma contrária ao decreto da Onda Roxa em todo o Estado de Minas Gerais, entendo a necessidade de confiar e colaborar, de maneira altiva, com as lideranças. É tempo de sabedoria.PUBLICIDADE
Se estamos passando por um momento de turbulência, é fundamental confiarmos na capacidade de quem nos pilota e nas medidas que serão tomadas. O foco, agora, em definitivo, é a vacina.
Precisamos trabalhar em conjunto para que a vacina chegue o quanto antes para a população. E é fato que isso só acontecerá se os líderes democraticamente eleitos do nosso país se unirem, deixando de lado qualquer problema de ordem ideológica ou partidária.
Atualmente, tem se dado mais espaço a polêmicas desgastantes, que pouco impactam a nossa vida, do que ao problema que precisa ser abordado para chegarmos a um denominador comum. Cautela, moderação, serenidade: tudo o que precisamos no momento, tanto para Minas Gerais, como também em todo o Brasil. É primordial que o Brasil siga o exemplo dos seus atuais parceiros protagonistas, como Israel e EUA.
Em Israel, Benjamin Netanyahu, notório líder de direita, conseguiu uma vacinação massiva da população, e em tempo recorde – isso sem ter que lidar com assuntos vazios, conjecturas políticas ineficazes, discussões de ordem médica ou similares. Netanyahu foi sábio e trouxe para o seu povo aquilo que era necessário; algo que só foi possível quando todo o país, de modo homogêneo, entendeu que aquele caminho deveria ser traçado e cumprido lado a lado. O mesmo se desenha para acontecer agora, nos Estados Unidos. O atual presidente Joe Biden também abriu mão dos discursos inflamados para trabalhar na vacinação, o quanto antes, de sua população.
É imprescindível reconhecer que, para avançarmos enquanto país, precisamos nos posicionarmos da mesma forma e que devemos ouvir o posicionamento do outro. Dentro disso, construirmos um cenário de diálogo. O segredo é ouvir todos os setores, principalmente aqueles que movimentam a máquina do Estado. É preciso respeitar os indivíduos, suas propriedades e suas realidades. A preocupação com a saúde se faz urgente. Igualmente, a preocupação com os empregos e com a economia se faz importante no âmbito imediatista. É este o equilíbrio que anda em falta quando falamos de políticas públicas.
Confiar em pessoas capacitadas e técnicas, escutar especialistas e promover debates mediados; só assim será possível determinar saídas nesse labirinto, com atitudes propositivas, com autoridade, mas sem autoritarismo e imposições.
Precisamos focar a infraestrutura, a logística e a correta destinação dos recursos voltados para a saúde e para o desenvolvimento econômico, seja na esfera municipal, estadual ou federal.
Em nome da liberdade
Prisão do deputado federal Daniel Silveira sem instauração de inquérito torna o ato do Supremo inconstitucional
Lucas Gonzales
Sem processo, denúncia do Ministério Público e quaisquer bases constitucionais, o país viu um parlamentar ser preso em um episódio antidemocrático conduzido pela Suprema Corte brasileira. A Câmara dos Deputados, Casa que representa o povo brasileiro na sua pluralidade, não pode se dobrar às decisões equivocadas e totalitárias do Supremo Tribunal Federal (STF).
Avalio como equivocada a decisão do STF de prender o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), ocorrida em flagrante, na noite do dia 16, após vídeo no qual ele profere críticas à Corte. A ação do tribunal não encontra amparo na Constituição Federal. O parlamentar, ao afrontar a democracia, de fato desestabiliza o ordenamento institucional, e sua postura deve ser revista. No entanto, entendo que a decisão do STF fere a independência entre os Poderes e viola a imunidade parlamentar, bem como se apresenta de forma exagerada e equivocada, uma vez que não houve sequer intimação do suposto agente transgressor, que possui endereço fixo e não apresentava quaisquer movimentos de fuga ou de articulação e estruturação de atos criminosos.
Infelizmente, nesse sentido, há que se destacar: o Supremo Tribunal Federal tem, com frequência, interferido no Poder Legislativo, e a prisão de Daniel Silveira, sem a instauração de um inquérito, torna o ato inconstitucional. Enquanto isso, crimes mais graves, referentes a casos de corrupção e até mesmo assassinato, não recebem a mesma atenção e agilidade dos ministros da Corte.
A inviolabilidade parlamentar é garantia essencial para que os congressistas possam desempenhar o encargo de representação que lhes é atribuído por meio de voto, além de garantir a sua liberdade de expressão. Reitero meu compromisso com a defesa da democracia e o respeito às instituições. Reforço ainda que discordo das declarações do deputado Daniel Silveira e que toda liberdade exige responsabilidade. Entretanto, os deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
O que pode ser caracterizado como calúnia, injúria ou ameaça, supostamente praticadas pelo parlamentar aqui mencionado, não é suficiente para quebrar o pressuposto da imunidade parlamentar que nos cabe justamente para que a nossa palavra registre, por exemplo, a indignação da sociedade com diversas lacunas propiciadas por incompetências do Estado e de suas instituições. E vale recordarmos: eventuais crimes contra a honra não são inafiançáveis.
Em suma, ainda que as manifestações de Daniel Silveira tenham sido exageradas e agressivas, há que lembrarmos a importância de aceitarmos o fato de que liberdade de expressão significa a plenitude nas dissertações, sendo estas convergentes ou não com o que a nossa essência acredita e/ou defende. A Câmara tem seu Conselho de Ética. Uma representação seria adequada para apreciação de eventual quebra de decoro ou cassação de mandato. Portanto, quem deve proteger nossa Constituição não pode simplesmente rasgá-la. Resta ao nosso Senado, responsável por processar e julgar os ministros do STF por eventuais crimes de responsabilidade, cumprir de fato a sua missão. Somos todos iguais perante a lei, que por sua vez representa um símbolo de valorização do justo, do correto e da legalidade plena.Comentar a matériaRecomendadas
A hora das reformas
Chegou a hora de o Brasil pisar no acelerador
Lucas Gonzales
A articulação do Palácio do Planalto, visando obter a presidência da Câmara e do Senado, logrou êxito. O caminho para uma agenda econômica forte e dinâmica não enfrenta – ou ao menos não é esperado que se enfrente – nenhum obstáculo de ordem mais relevante e prática. Assim sendo, das privatizações às principais reformas, chegou a hora de o Brasil pisar no acelerador.
De acordo com a Secretaria de Governo do Brasil (Segov), as prioridades para o próximo biênio são, na Câmara, a reforma tributária, a reforma administrativa, as concessões florestais, a regularização fundiária, a privatização da Eletrobras, a mineração em terras indígenas, o marco legal do mercado de câmbio e o licenciamento ambiental. No Senado, por sua vez, constam entre as pautas principais: a modernização do setor elétrico, a PEC dos Fundos, o Pacto Federativo, a PEC Emergencial, o uso de fundos públicos para a pandemia, a revisão da Lei de Drogas e a partilha de valores ligados a petróleo e gás.
Como dizia o pai da filosofia ocidental, Sócrates: “É melhor fazer pouco e bem do que muito e mal”. Não que devamos nos contentar com pouco, longe disso, mas a hora é de concretizações. Precisamos, urgentemente, facilitar a recuperação de empregos, a atração de investidores, a desburocratização (inclusive nos trâmites empresariais mais básicos, como abrir uma empresa, por exemplo) e oferecermos suporte a quem se encontra com os negócios impactados pela pandemia, de modo a evitar ainda mais desemprego.
Voltando às definições no Parlamento, reitero a importância de avançarmos nas pautas de combate à corrupção, de modo a “fecharmos quaisquer torneiras pelas quais possam estar escapando recursos”, na revisão dos benefícios sociais e no necessário foco em prol da geração de emprego e renda.
É imprescindível que a condução das pautas aqui analisadas se dê exclusivamente pelo desejo genuíno de transformar o Brasil. As contrapartidas, como espaços na máquina pública, e a liberação de emendas extras são resquícios de uma política atrasada e vergonhosa, que não cabem mais no projeto de nação que todos sonhamos.
Tenho aprendido, nos intercâmbios com um bom amigo (Mateus Simões, secretário geral do governo de Minas Gerais), que tão importante quanto legislar é fiscalizar. Dou um peso especialíssimo à função de observar e cobrar, atentamente, os mais diversos atores políticos.
Outro motivo a ser celebrado: nós, parlamentares, acabamos de completar dois anos de mandato, no último dia 1º de fevereiro. Pessoalmente, sigo com o olhar focado no ser humano, na sociedade e em seus desafios. Missão? Fazer o bem. Em tempos de desânimo social com políticos e ineficiência na esfera pública, assumi uma oportunidade pouco convidativa nos dias atuais: fazer da política um instrumento para transformar vidas.
Acordo, desde o início de fevereiro de 2019, com o objetivo de honrar os recursos públicos, lutar por uma educação de qualidade e estimular iniciativas que promovam a empregabilidade. De lá para cá, fácil acesso e transparência são premissas perseguidas permanentemente. A bancada federal de Minas Gerais deve apresentar à população o que de melhor se pode prometer e cumprir: um trabalho pautado em honestidade, produtividade, eficiência, assertividade, ética e verdade.
É hora de trabalharmos em nome da apreciação dos projetos que trarão desenvolvimento e equilíbrio ao Brasil. E nós vamos chegar lá.
Diálogo e resultado concreto. Esperança para a nossa saúde e fé em dias melhores. Finalmente, o Brasil iniciou a vacinação, cumprindo as faixas prioritárias neste momento inicial. Em primeiro lugar, torna-se imprescindível lembrar que Minas Gerais, hoje, é referência no caso do tratamento aos desafios da pandemia, e não alcançamos essa condição ao acaso. Como o êxito foi obtido? Vou lhes lembrar.
Somos o Estado com a menor taxa de óbito do Brasil pela Covid-19. São menos de 400 mortes por 1 milhão de habitantes, tornando o nosso trabalho aquele com o melhor desempenho na comparação entre todos os Estados. Enquanto cerca de 12 mil mineiros faleceram por Covid-19, outros 500 mil já se recuperaram. Romeu Zema comprou 50 milhões de seringas com ampla antecedência, adquiriu 617 freezers para armazenamento de vacinas e articulou toda a logística de distribuição. Pouco alardeamos o fato, pela simples razão de que mais faz aquele que trabalha do que quem se preocupa com marketing no mundo da política.
Não há tempo para desavenças midiáticas e disputas de ego. Não estamos em uma competição de quem chega em primeiro lugar. Estamos em uma corrida a favor da vida. Cada segundo importa muito. E cabe a nós, líderes, nos concentrarmos exclusivamente nisso.
Para cumprir com excelência o trabalho que desejo apresentar no Parlamento em 2021, em especial nos campos da infraestrutura, empregabilidade, educação, gestão eficiente e proteção da família, a premissa básica é estar garantido o dom da vida a cada ser humano. Para isso, rodei Minas Gerais – e não foi pouco – no último ano. Aprendi, desde cedo, que ficarmos sentados, refletindo em demasia sobre determinado problema, apenas o fará crescer em vez de amenizá-lo. Por essa razão, decidi colocar a mão na massa durante a pandemia – o que significa, literalmente, ir até as pessoas, ouvi-las de coração aberto, olhar em seus olhos e buscar as melhores soluções para os problemas práticos que o cotidiano difícil tão frequentemente apresentou no decorrer dos estragos causados pelo coronavírus.
Em 2020, como a Câmara operou, majoritariamente, em formato remoto, a minha opção foi oferecer, diretamente, suporte às cidades do interior (42 municípios, incluindo Norte de Minas, Sul, região Central, Sudoeste, Triângulo Mineiro, Vale do Mucuri, Vale do Aço e região do Rio Doce), atendendo pessoalmente as demandas dos mais necessitados, além de cumprir uma intensa agenda de reuniões empresariais, com foco em alcançar investimentos e empregabilidade para os mineiros em um período sensivelmente desafiador.
Os resultados foram bastante positivos. Em um país de dimensões como o nosso, com realidades diametralmente distintas, é imprescindível o exercício diário da escuta. Estar com as pessoas é entender como os problemas se manifestam na ponta. É ouvir sugestões que podem ganhar forma de projetos de lei ou políticas a serem adotadas pelo governo local. Um trabalho indescritivelmente enriquecedor e necessário para avançarmos em soluções inteligentes e de longo prazo.
Esta é a política em que eu acredito. A meu ver, é dessa forma que cada parlamentar poderá, com melhor eficiência, diagnosticar a real situação dos mineiros. Volto a dizer: diálogo e resultado concreto. Esperança para a nossa saúde e fé em dias melhores. Eis o princípio que o momento exige, e, com isso, foquemos três pilares: trabalho, trabalho e trabalho. Eu acredito que tempos melhores estão por vir. Tudo depende de nós. Arregacemos as mangas e vamos em frente. Comentar a matériaRecomendadas
O dever de um HOMEM é permanecer de pé, não ser mantido de pé pelos outros
Inspirado no imperador filósofo Marco Aurélio:
O homem que é tal e não mais retarda a oportunidade de estar entre os melhores de sua espécie, como um bom padre e um ministro dos deuses, usando também a divindade que é plantada dentro dele – o que torna o homem livre de contaminação de desejos pessoais, imune a qualquer dor sentimental, intocado por qualquer insulto, sem se sentir mal –, estará engajado na tarefa mais nobre possível.
Ainda, aquele mesmo que não pode ser dominado por qualquer paixão, profundamente fiel à justiça universal, aceitando com sua alma tudo que acontece, entretanto desperto para o interesse geral, sabe imaginar o que o outro diz, faz ou pensa e, assim, estará preparado para dar o melhor.
Pois só responderá a si mesmo (à consciência) por aquilo que importa para alcançar a finalidade, sem preocupação e desvio. Isso faz que pense constantemente naquilo que é a essência da existência e de seus atos faz ações justas e boas.
Lembra-se com respeito de que todo animal racional é seu parente e terá cuidados com todos os homens de acordo com a natureza deles. Ainda que o indivíduo humano precise ter respeito por todos, com eles procurará em harmonia a solução dos enfrentamentos.
Não se abala com os pensamentos dos homens que adotam uma vida egoísta, sem escrúpulos e impura. Por conseguinte, ele não valoriza o louvor que vem de tais homens, uma vez que eles nem sequer estão satisfeitos consigo mesmos.
Quem quer uma vida proveitosa não trabalhe de má vontade, nem sem consideração pelo interesse comum. Adote a devida seriedade, sem distração. Nem deixe a futilidade desviar seus pensamentos, e não seja nem homem de muitas palavras, nem ocupado com demasiadas coisas.
E mais ainda: a divindade que está em cada um seja a guardiã de um ser desperto, de idade madura, e engajado na matéria política, um patriota, um governante, se assim for escolhido, mas sempre consciente de que poderá repentinamente receber o sinal que o convoca a retirar-se da vida, e sempre pronto a ir; não dispense honra e testemunho de qualquer homem.
Seja em tudo alegre e não busque ajuda externa nem a tranquilidade ao reparo do que os outros podem dar. Então, o dever de um HOMEM é permanecer de pé, não ser mantido de pé pelos outros.
Inspirada num grande mestre outra reflexão:
No mundo ocidental é agradável a crença de que se basta não crer na antiga ideia oriental da feitiçaria para estar protegido contra ela. A feitiçaria não é senão o mau uso dos poderes espirituais.
Nos campos da política, atualmente, está sendo usada a pior espécie, aquela que sempre ocorreu na história: a utilização do poder mental mal qualificado, abjeto, imoral.
Se essa tremenda força mental dos homens fosse empregada no sentido inverso, ou seja, reconhecendo que só existe Deus em ação em qualquer indivíduo em cargo oficial, e a ele enviasse essa força mental/espiritual, não apenas daria libertação a si próprio (e leveza em sua vida), como também o mundo da política seria preenchido com liberdade e justiça.
Então, será mais provável desfrutar de um mundo natural, onde a ação de Deus imperaria em toda parte.
Acontece hoje aquilo que aconteceu outrora no antigo Egito. Aqueles que fazem mau uso do poder mental (inteligência voltada para a malignidade, o abuso, o desfrute impiedoso) suportam o suplício masoquista da desarmonia, de encarnação após encarnação, acabam por aviltar a sociedade e determinar o sofrimento de multidões.
Por fim, apanhamos amargamente pela desarmonia gerada inconscientemente, por apenas ver primeiramente os defeitos dos outros, esquecendo as nossas imensas falhas.
Paus-mandados de Bolsonaro vão sendo jogados ao mar. Ou o timoneiro Bolsonaro não manda mais nada no próprio barco ou finge que virou um outro Bolsonaro para salvar o pescoço
Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, é um dos enviados do Planalto para sondar os parlamentares sobre duas saídas para a crise aguda na política externa: a ida do almirante da ativa Flávio Rocha para o Itamaraty e a remoção do chanceler Ernesto Araújo para uma embaixada vistosa – algo que depende da aprovação do Senado.
Quanto a Rocha, os políticos não dizem sim nem não, pois desconhecem as credenciais dele e estão mais empenhados em tirar Ernesto Araújo do que em fazer o sucessor. Rocha fala cinco línguas, é um dos raros pragmáticos e de bom senso no governo e, além de interagir com setores sensíveis do empresariado nacional, já vem assumindo missões no exterior em nome do presidente Jair Bolsonaro, inclusive na China. Mas um militar no Itamaraty?
Já quanto ao prêmio de consolação para Ernesto Araújo, pelos péssimos serviços prestados à Nação, políticos de variados matizes, até do Centrão, têm dito um sonoro não a Fábio Faria e a quem mais venha com essa conversa. A presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu, resume, “sem frescura e mimimi”, como gosta Bolsonaro diante da pandemia: “Isso, não!”
Assim como o Senado matou na origem a pretensão tragicômica do deputado e hamburgueiro Eduardo Bolsonaro para ser embaixador em Washington, está na fase do “quem avisa amigo é”: se o presidente insistir no nome de Araújo para países relevantes, como EUA, ou aprazíveis, como França, eles – presidente e chanceler – vão correr sério risco de derrota.
Como nomear Araújo para os EUA, depois da sabujice para Donald Trump e da implicância com Joe Biden? E para a China, depois das caneladas ideológicas e nada diplomáticas contra o maior parceiro comercial do Brasil? E para a Índia, depois de votar com Trump contra um projeto sobre vacinas de interesse dos emergentes? E para Alemanha, França ou Noruega, com Araújo desdenhando o “ambientalismo” como meio do comunismo para destruir o Ocidente?
Sobrariam Hungria e Polônia, alvos de Trump e Steve Bannon para uma revolução mundial da extrema-direita terraplanista, ou a Turquia de Erdogan, quem sabe Coreia do Norte ou Venezuela? Mas, se Ernesto Araújo acha bacana o Brasil ser pária internacional, não deve gostar tanto de ser pária ele próprio.
O fato é que o Congresso aderiu à multicolorida frente nacional contra uma política externa nociva aos interesses nacionais. Na reunião sobre a pandemia no Planalto e, horas depois, na cadeira de presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira mirou Ernesto Araújo: atacar a maior potência do planeta e os maiores produtores de vacinas e medicamentos do mundo, não dá. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, bateu na mesma tecla – e no mesmo alvo – dois dias seguidos.
Bolsonaro se encontrou com Lira na quinta-feira e, na sexta, saiu da comemoração dos 30 anos do Mercosul, às pressas, para se reunir com Pacheco e repetir o ritual da demissão do general Eduardo Pazuello da Saúde: elogios e manifestações de amizade à “vítima”, enquanto as articulações correm soltas para encontrar o substituto.
O Centrão não cobiça o Itamaraty, prefere a rica Agricultura numa dança de cadeiras. Mas, assim como a Saúde foi para um cardiologista amigo dos filhos do presidente, o provável é que o Itamaraty vá para um amigo do próprio Bolsonaro. Não imposto pelo Centrão, por Lira e Pacheco, muito menos por diplomatas. Uma escolha “in pectore”, como seria o almirante Rocha.
É assim que os paus-mandados de Bolsonaro vão sendo jogados ao mar. Ou o timoneiro Bolsonaro não manda mais nada no próprio barco, ou governo, ou finge que virou um outro Bolsonaro para salvar o pescoço, mas pronto para dar o bote na hora certa. Que bote? Vá se saber…
COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM PAUTA
Para o mundo, nosso nome é Amazônia. Sem ela, estaremos condenados à irrelevância
João Gabriel de Lima, O Estado de S.Paulo
Países têm vocações. A dos Estados Unidos é clara. No plano internacional, liderar o mundo democrático a partir das instituições que eles próprios ajudaram a criar – e que atendem pelo nome de Nações Unidas. No plano interno, beneficiar-se do maior ativo de seu DNA: ser um país de imigrantes. No período entre as guerras, exilados europeus ajudaram a consolidar nos Estados Unidos as melhores universidades do planeta. Ao longo das décadas seguintes, o país atraiu cérebros do mundo todo – talentos indianos na área digital, por exemplo – dando aos americanos enorme vantagem na economia do conhecimento.
Por isso era tão estranho ver alguém como Donald Trump – anti-imigração e anti-Nações Unidas – à frente de um país complexo, sofisticado e com ambição de liderança. A eleição de Joe Biden dá a sensação de que os Estados Unidos fizeram as pazes com suas vocações.
Em pouco mais de dois meses de governo, Biden varreu o entulho populista do “America First” e reposicionou o país na liderança internacional. Demarcou linhas claras com China e Rússia – as duas potências rivais, conforme Carlos Gaspar mostra em seu ótimo livro O Retorno da Anarquia (Gaspar, professor da Universidade Nova de Lisboa, é o personagem do minipodcast da semana). Biden também se aproximou da União Europeia, com o intuito de reconstruir o eixo das democracias ocidentais.
E o Brasil? Qual a nossa vocação?
No plano interno, ela está inscrita na Constituição de 1988: criar e viabilizar um estado de bem-estar social. É um desafio complexo numa sociedade desigual. No plano externo, temos vocação para protagonistas na área ambiental. Abrigamos o maior pedaço da Floresta Amazônica, temos uma invejável matriz de energia limpa e somos produtores agrícolas importantes. É natural que participemos das discussões sobre o problema mais relevante para o futuro do planeta: a mudança climática. Como lembra Gaspar, o Brasil já foi voz forte nesse e em outros temas internacionais.
Nossas vocações, no entanto, estão em crise neste governo. Enfrentamos a tragédia de 300 mil mortos da pandemia – que poderia ser pior se nosso estado de bem-estar social não tivesse criado o Sistema Único de Saúde. Na área ambiental, o País enfileira recordes de desmatamento e queimadas, enquanto o governo tira poder e orçamento das instituições fiscalizadoras. Tal desastre destruiu nossa credibilidade na área.
Em 2022 teremos eleições. As primeiras pré-candidaturas, mais ou menos explícitas – Doria? Ciro? Lula? Eduardo Leite? – despontam no debate público. Esperam-se deles propostas concretas para que o País retome suas vocações.
O próprio Biden apontou um caminho. Ele deixou claro que a conversa entre Brasil e Estados Unidos passa, necessariamente, pela Amazônia. Temos a oportunidade de recuperar relevância na área ambiental. Para liderar pelo exemplo, o Brasil tem de ser radical: inflexível na preservação, modelo na agricultura sustentável e referência na pesquisa sobre energia limpa. Para isso, como sugere Gaspar, os vários setores envolvidos com o assunto – do agronegócio às organizações não governamentais – precisam se entender num grande pacto.
Que surja, em meio aos escombros da pandemia, um debate maduro entre nossos aspirantes a Biden. Um dos focos deve ser a questão ambiental. Para o mundo, nosso nome é Amazônia. Sem ela, perderemos nossa voz – e estaremos condenados à irrelevância.
*ESCRITOR, PROFESSOR DA FAAP E DOUTORANDO EM CIÊNCIA POLÍTICA NA UNIVERSIDADE DE LISBOA
O surgimento da internet mudou muito a forma de compra do consumidor. A geração atual está cada vez mais conectada, e até mesmo quem não gosta desse meio acaba se rendendo ou tendo que se acostumar com isso. A internet é necessária hoje em dia e a propaganda na internet não é diferente.
Imaginem grandes empresas sem o site delas, sem redes sociais, sem anúncios no Google e na Valeon, ou seja, sem nenhuma propaganda na internet. Impossível imaginar não é mesmo? O que seria delas? Hoje em dia é fundamental o marketing digital para que qualquer negócio possa crescer, pois as pessoas procuram cada vez mais pelo que precisam na internet.
E o consumidor vai procurar pelo seu produto ou serviço, nessa hora a sua empresa tem que estar lá, destacada entre milhares de opções que ele pode escolher. E graças a muitas técnicas e estratégias que existem hoje no marketing digital, sua empresa vai apresentar as informações necessárias e vai fazer o usuário ter interesse em adquirir o que você está oferecendo.
A propaganda está renovada, ela é a alma do negócio, e assim como todos, ela precisa da internet. A propaganda na internet veio para ficar e cada vez mais inovar.
Motivos para sua empresa fazer publicidade online na internet:
1. O número de Usuários na internet tem crescido; absurdamente, seu negócio estará disponível para milhares de internautas; 2. Os Internautas sentem necessidade de opiniões; 3. A oportunidade de conquistar seguidores ou fãs fiéis à marca; 4. Fortalecimento de vínculo com cliente; 5. Expansão de Criatividade; 6. Maior Lealdade a Marca; 7. Possibilidade de conteúdos não lineares; 8. Faz com que sua marca esteja sempre na memória e ao alcance do cliente; 9. Vendas e publicidade através de aplicativos Mobile; 10. Venda e Publicidade na Internet contribuem para o crescimento e visibilidade da empresa.
Valeon é top uma Startup Marketplace de Ipatinga-Mg que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias. Nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
VOCÊ CONHECE A VALEON
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A Valeon possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A Valeon já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A Valeon além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a Valeon é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
Nos orgulhamos de tê-los como parceiros esse tempo todo e contamos com o apoio e a presença de vocês também agora em 2021.
BRASÍLIA – Uma série de nove encontros da cúpula do Congresso com grandes empresários, representantes de bancos e do mercado financeiro resultou num movimento político pela intervenção nos rumos do governo de Jair Bolsonaro. Os mais de 300 mil mortos na pandemia de covid-19 e a situação cada vez mais insustentável da economia levaram os presidentes da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a afinar o discurso com o mercado. Os dois têm colocado o impeachment como possibilidade se as conversas com o governo fracassarem.
As cobranças mais urgentes do setor econômico são a demissão dos ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A avaliação recorrente nas reuniões é de que Araújo atrapalha as negociações por vacinas e insumos da Índia e da China. Já Salles, que comanda a criticada política ambiental brasileira, é visto como obstáculo na relação com Washington, especialmente agora que o País mira as vacinas excedentes dos Estados Unidos.
Interlocutores de Lira e Pacheco argumentam que, no caso específico, é errada a leitura de que a pressão pela troca dos dois ministros – verbalizada por eles – tenha como objetivo lotear o governo, uma demanda constante do Centrão. O intuito é atender à principal reivindicação do setor econômico e, de quebra, garantir um “ganho de imagem” perante seus novos interlocutores.
Na noite da última segunda-feira, Washington Cinel, empresário do ramo de segurança privada, recebeu os presidentes da Câmara e do Senado em sua casa na Rua Costa Rica, no Jardim Europa, em São Paulo. Participaram do encontro presencial e remoto Luiz Carlos Trabuco Cappi (Bradesco), Carlos Sanchez (SEM) e André Esteves (BTG Pactual). As conversas à mesa de jantar foram precedidas por discursos breves de Lira e Pacheco, do anfitrião Cinel e dos também empresários Abílio Diniz e Flávio Rocha, que falaram por videoconferência. Uma das manifestações mais duras foi a de Pacheco. Mas, segundo presentes, não houve “tom panfletário” em público.
Os empresários relataram que a crise sanitária bloqueia investimentos externos e atinge diretamente os planos de abertura de capital de empresas, o IPO. “Quem quer fazer IPO não consegue ter grandes resultados, porque ninguém tem segurança de botar dinheiro no Brasil, principalmente pela condição sanitária”, disse o deputado Dr. Luizinho (Progressistas-RJ), presente ao encontro.
Jantares como este ocorrem com regularidade. Os encontros são promovidos uma vez por mês por nomes como Cinel e João Camargo, filho do ex-deputado José Camargo. Segundo um parlamentar que já esteve no convescote, eles se reúnem para tomar vinho e convidam um político para “cantar”. Lira era o convidado principal desta vez. Pacheco já estava em São Paulo e acabou sendo incluído.
Antes, Lira e Pacheco haviam passado na casa de Claudio Lottenberg, homem forte do Hospital Israelita Albert Einstein. Lá havia um grupo menor de empresários do setor de saúde. A conversa foi sobre a escassez de sedativos e analgésicos, medicamentos usados para intubação de pacientes com quadro grave de covid-19, em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). A falta atinge o SUS e hospitais da rede privada.
Os dirigentes do Congresso também têm frequentado a Febraban, a Fiesp e participado de agendas fechadas em São Paulo com nomes de peso. No último dia 2, Pacheco esteve com Milton Maluhy Filho (Itaú), Octavio de Lazari Jr. (Bradesco) e Roberto Sallouti (BTG). Um dia antes, os dois políticos falaram na Fiesp para Abílio Diniz e Rubens Menin. Em 25 de fevereiro Lira já havia estado com Sergio Rial (Santander), entre outros.
Demitir ministros pode ser traumático para Bolsonaro. A substituição de Salles, por exemplo, implica uma ruptura com a faixa média dos ruralistas, justamente o setor que desde o início apoiou a campanha do presidente, em 2018. Os líderes do Centrão têm deixado claro, porém, que a sobrevivência do governo depende das mudanças.
Vacina
Um outro encontro de Pacheco por videoconferência foi organizado no último dia 11 pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Luiz Antônio França, presidente da entidade que reúne grandes construtoras, afirmou que o objetivo da conversa foi buscar o melhor para a economia. “O que a gente percebe é um alinhamento entre as duas Casas (do Congresso)”, disse França. “E o que é o melhor para a economia? Primeiro, resolver a pandemia. Depois, um país com capacidade de investimento e crescimento”, completou. “A prioridade é vacinar.”
Uma queixa, em especial, marcou as reuniões com as presenças de Lira e Pacheco. Os empresários destacaram que as medidas para conter o avanço da pandemia dependem do Executivo, razão pela qual, desta vez, não há como tratar Bolsonaro como “café com leite”. Trata-se de uma situação diferente do processo de votação da reforma da Previdência, por exemplo. Na época, o presidente era contra a proposta, mas o Legislativo deu de ombros e aprovou a medida.
Em sintonia com empresários e mercado, líderes do Centrão dizem que, diante do fracasso no controle da pandemia, o presidente não terá mais a tolerância do Congresso. “Bolsonaro está no fio da navalha. Se a coisa fugir do controle, se ele quiser fazer tudo do jeito dele, fora da ciência, não tenha dúvida de que nós vamos atropelar”, disse o deputado Fausto Pinato (Progressistas-SP).
Pinato advertiu que “ninguém” quer afrontar o presidente, mas ele precisa assumir a liderança dentro de uma “racionalidade mundial”, e não na “destemperança” da ala ideológica. “O impeachment está descartado, desde que ele mantenha esse diálogo construtivo. Se tiver ameaça de choque institucional ou sair da racionalidade no combate à pandemia, ninguém vai pular no buraco com ele, não”, resumiu o parlamentar.