sábado, 11 de janeiro de 2020

CERVEJARIA É A RESPONSÁVEL POR MORTES AO TOMAR CERVEJA FABRICADA POR ELA


Backer contesta laudo e também fará análises

Flávia Ayer 





© Ramon Lisboa/EM/D.a press O advogado da Backer, Estêvão Nejm, a diretora Paula Lebbos e o mestre cervejeiro Sandro Duarte alegaram que falta contraprova aos exames apresentados pela Polícia Civil

Oito regiões, inclusive fora de Minas Gerais, receberam o lote da cerveja Belorizontina em que a Polícia Civil constatou a presença da substância tóxica dietilenoglicol. No estado, as 33 mil garrafas foram distribuídas para Belo Horizonte e municípios da região metropolitana, Tiradentes, na Zona da Mata, Ouro Preto, na Região Central, e para o Centro-Oeste de Minas. A bebida, produzida pela cervejaria Backer, também chegou aos estados de São Paulo e Espírito Santo, além de Brasília (DF). Já são 10 os casos suspeitos de pacientes intoxicados pela substância, sendo que em três deles houve a confirmação do agente químico em exames de sangue.
Em coletiva de imprensa, a diretoria da Backer contestou o laudo da Polícia Civil (PC) e afirmou que o dietilenoglicol não é usado em seu processo produtivo. No fim da tarde de ontem, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) determinou a interdição preventiva da fábrica. A empresa informou que a indústria seria fechada hoje para a inspeção dos tanques e maquinário da empresa por parceiros. A cervejaria também vai enviar amostras da cerveja Belorizontina para análise laboratorial.
“É importante informar que essas 33 mil garrafas de cerveja foram para várias regiões e somente ali no Bairro Buritis estão acontecendo esses casos. É importante a gente entender isso. A gente quer respostas também, quer analisar e quer que o cliente Backer tenha respostas”, afirmou a diretora de marketing da Backer, Paula Lebbos, uma das proprietárias da cervejaria.
Oito dos casos conhecidos de pacientes com quadro clínico compatível com a contaminação por dietilenoglicol – problemas gastrointestinais, insuficiência renal aguda, alterações neurológicas, perda da visão parcial ou totalmente, entre outros – moram ou passaram pelo Bairro Buritis, na Região Oeste de BH. Não há, entretanto, conhecimento ainda sobre a origem de outras duas notificações informadas ontem pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), que confirmou a presença do agente químico em três dos 10 pacientes sob investigação.
Mestre cervejeiro da Backer, Sandro Duarte reiterou que a substância dietilenoglicol não faz parte do processo produtivo da empresa, cuja planta com capacidade para 300 mil litros está instalada no Bairro Olhos D'água. Segundo ele, o líquido usado para a refrigeração dos tanques de fermentação da Backer é composto por outro tipo de substância, o monoetilenoglicol. “Esse em questão não tem na fábrica e nem utilizamos. A gente usa o monoetilenoglicol. Ele tem uma toxicidade bem menor”, afirma Duarte.
Ele reitera que não há contato entre o líquido para resfriar a cerveja, uma das etapas da produção, e os 60 tanques da cervejaria, que também são usados na fabricação de outros rótulos, e não somente a Belorizontina. “É um caso raro, se é que aconteceu. Não se tem notícia de uma eventual contaminação de líquido refrigerante com cervejaria. É um líquido que corre na parte externa do tanque”, detalhou. Questionada sobre a hipótese de uma “sabotagem”, como tem circulado em redes sociais, a diretora da Backer, Paula Lebbos, respondeu que “nesse momento em não acredito em nada e acredito em tudo”.
PRELIMINAR O advogado da cervejaria Backer, Estêvão Nejm, contestou o laudo da PC que indicou a presença do dietilenoglicol em duas garrafas da Belorizontina. “Não existe laudo técnico que ateste a presença do agente químico. O documento enviado pela PC é uma análise preliminar que não foi submetida a uma conclusão, sem uma contraprova. Ele negou ainda haver notificação do Ministério da Agricultura para interditar a fábrica e que fiscais do órgão federal foram à indústria para “fazer diligências e análises”.
Primeira cervejaria artesanal mineira, a Backer foi criada pelos irmãos Lobbo em 1999 aos pés da Serra do Curral, em Belo Horizonte. A fábrica conta com cerca de 350 funcionários. Com 20 rótulos, vários deles premiados internacionalmente, a Backer lançou a Belorizontina para homenagear os 120 anos da capital mineira, em 2017. A cerveja, que teria uma edição limitada, fez sucesso e continuou a ser produzida pela marca.
Socorro rápido pode barrar estragos


Márcia Maria Cruz
A intoxicação com composto orgânico apontado como a causa da sídrome nefroneural que já acometeu 10 pacientes e levou um deles, de 55 anos, à morte pode ser evitada se ministrado antídoto nas primeiras 48 horas após a ingestão. O dietilenoglicol é apontado como causa de envenenamentos em países de inverno mais rigoroso. “A substância é usada para baixar a temperatura de congelamento e impede que radiador e bateria entrem em estado de congelamento”, diz o nefrologista Vinícius Sardão Colores, membro da diretoria da Sociedade Mineira de Nefrologia.
De acordo com a quantidade, a ingestão pode levar à morte, conforme alertam os professores de química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Bruno Gonçalves Botelho e Cláudio Luís Donnici. A intoxicação com o dietilenoglicol pode evoluir para três fases: comprometimento gastrointestinal, nefrológica e complicações neurológicas.
Quando ingerido, o composto orgânico é absorvido pelo trato intestinal. Depois de 48 horas, o paciente inicia quadro de insuficiência renal, o rim para de funcionar. Quando aparecem esses primeiros sinais, a pessoa contaminada costuma procurar os serviços médicos. “Em geral, o paciente dá entrada com insuficiência renal, com exames alterados ou por parar de urinar.”
No período de sete a 10 dias, o paciente pode apresentar problemas no quadro neurológico, com a paralisia dos pares cranianos, que fazem toda a musculatura da face funcionar (músculos dos óculos e da boca). O quadro pode evoluir para paralisia dos músculos do pescoço para baixo, como se fosse uma tetraplegia. Esses metabólicos tóxicos se acumulam e lesionam os órgãos.
Nas primeiras 48 horas, o nefrologista explica que pode ser ministrado um antídoto, com a aplicação intravenosa de álcool etílico. No entanto, o procedimento não deve ser feito sem acompanhamento médico. “É um tratamento muito raro. No Brasil, não temos histórico desse tipo de intoxicação. É mais comum ocorrer em países frios.”
O comprometimento neurológico pode não ter reversibilidade. “Para a parte neurológica se recuperar, é preciso fisioterapia e tratamento de suporte no período de oito a 14 semanas até o paciente esboçar melhora. O composto orgânico atinge o neurônio, levando lesão da mielina (bainha de mielina). “Quando há perda dessa substância de condução nervosa, o nervo começa a não funcionar. Não é uma limitação muscular. O que ocorre é o nervo, que não consegue levar o estímulo”, diz.
QUANTIDADE LETAL Dietilenoglicol, cujo nome oficial é 3-Oxa-1,5-pentanediol, é um líquido, viscoso, incolor, inodoro e tóxico muito usado como componente em vários produtos químicos e tem sido responsável por diversas epidemias de envenenamento.
O análogo mais simples o etilenoglicol é comumente usado como anticongelante, e o derivado mais complexo o dietilenoglicol pode estar presente como subproduto na produção do etilenoglicol. A dose tóxica mínima é estimada do dietilenoglicol de 0,14 miligrama por quilo de peso corporal e a dose letal está entre 1 e 1,63 grama por quilo de peso corporal.
A ingestão de grandes quantidades tanto de etilenoglicol quanto de dietilenoglicol pode ser fatal. De acordo com o professor Claudio Donnici, a dose letal é de 786 miligramas de etilenoglicol por quilo e de 1,0 a 1,63 mg/Kg de dietilenoglicol para humanos. "Isso significa que uma pessoa de 80 quilos tem que ingerir 80 gramas para ser fatal. A quantidade é muito alta", argumenta. Mas temos que lembrar que o dietilenoglicol é metabolizado no fígado gerando outros compostos como 2-hidroxietoxi-acetaldeido e ácido 2-hidróxi-acético", afirma.
Em 1985, em Viena, na Áustria, foi reportado um caso de vinho contaminado com altas doses de dietilenoglicol, o que levou o governo austríaco na época a retirar milhões de garrafa da bebida do comércio. Esse caso foi bem divulgado nos Estados Unidos pelo jornal The New York Times.

AVIÃO UCRANIANO FOI ABATIDO POR UM MÍSSIL DO IRÃ


Irã reconhece finalmente que derrubou avião ucraniano “por engano”




                                                                                                           © Social media video via REUTERS 


O Estado-Maior das Forças Armadas iranianas admitiu finalmente neste sábado (11) que o Boeing 737 da Ukrainian Airlines foi abatido por um míssil por engano. Segundo Teerã, a catástrofe foi provocada por um "erro humano", mas sua origem foi o "aventureirismo" dos Estados Unidos. O Irã pediu desculpas pelo incidente. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky exigiu a punição dos culpados e indenizações iranianas pela tragédia.
A tragédia matou todas as 176 pessoas que estavam a bordo. A maioria das vítimas era iraniano-canadense, mas também havia britânicos, suecos e ucranianos no avião.
O Boeing teria sido identificado como “avião hostil”, poucas horas depois do ataque iraniano contra duas bases americanas no Iraque, na última quarta-feira (8), em represália à morte do general Soleimani. O avião foi “atingido” no momento em que a ameaça inimiga se encontrava "no mais alto nível", revelou um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias Irna.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, declarou que seu país "lamenta profundamente" o incidente, que chamou de "grande tragédia" e "erro imperdoável".
O ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, apresentou as desculpas do Irã pela catástrofe. "É um dia triste", escreveu Zarif no Twitter, citando um "erro humano em tempos de crise causada pelo aventureirismo dos americanos. Nosso profundo arrependimento, desculpas e condolências ao nosso povo, às famílias de todas as vítimas e às outras nações afetadas".
Culpados
O Estado-Maior iraniano garantiu à população que o "responsável" pela tragédia será levado "imediatamente" à Corte Marcial e que o fato não se repetirá. "Garantimos que, com as reformas fundamentais nos processos operacionais das Forças Armadas, tornaremos impossível a repetição de erro semelhante".
O voo PS752 da companhia Ukrainian Airlines International (UAI) caiu dois minutos depois de decolar do Aeroporto de Teerã rumo a Kiev. Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Holanda já haviam antecipado que a queda era resultado de um míssil iraniano, e vídeos neste sentido foram publicados nas redes sociais.
Em uma mensagem no Facebook neste sábado, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse esperar que o Irã “julgue os culpados, pague indenizações e devolva os corpos das vítimas”. Zelensky escreveu ainda que que os 45 especialistas ucranianos devem ter acesso total a investigação, que deve ser conduzida rapidamente.
Tragédia anunciada
Os incidentes envolvendo mísseis e aviões comerciais sobre áreas de conflito não são raros. Em 17 de julho de 2014, o voo MH17 da Malaysia Airlines que seguia de Amsterdã para Kuala Lumpur foi abatido quando sobrevoava o leste da Ucrânia, controlado por rebeldes. A catástrofe matou as 298 pessoas a bordo do Boeing 777, entre elas, 193 holandeses. As autoridades de Kiev e os rebeldes separatistas pró-Rússia se acusaram mutuamente do disparo do míssil que derrubou o aparelho.
Em julho de 1988, um Airbus A-300 da Iran Air, que voava de Bandar Abbas, no Irã, para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi derrubado nas águas territoriais do Irã no Golfo Pérsico por mísseis disparados de uma fragata americana que patrulhava o Estreito de Ormuz. As 290 pessoas a bordo morreram e os Estados Unidos pagaram ao Irã 101,8 milhões de dólares em indenização.
(Com informações da AFP)

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

O FLUXO CAMBIAL FINANCEIRO DO BRASIL DEU PREJUIZO


Banco Central revela que US$ 44,7 bilhões saíram do Brasil em 2019

Agência Brasil








Num ano marcado pela forte volatilidade do câmbio, a saída de dólares da economia brasileira superou o ingresso em US$ 44,77 bilhões em 2019, divulgou nesta quarta-feira (8), o Banco Central (BC). Essa é a maior retirada líquida de divisas desde o início da série histórica, em 1982.
O recorde anterior de retiradas líquidas tinha sido registrado em 1999, quando o fluxo cambial – diferença entre as entradas e saídas de dólares – tinha ficado negativo em US$ 16,18 bilhões. Naquele ano, o Brasil tinha abandonado a política de bandas cambiais e permitido a livre flutuação do dólar, quando a cotação passou pela primeira vez a barreira dos R$ 2.
As relações monetárias e financeiras entre residentes e não residentes são medidas pelo balanço de pagamentos, divulgado no fim de cada mês pelo Banco Central. O fluxo cambial, no entanto, funciona como uma prévia dos números, ao contabilizar adiantamentos de contratos de câmbio e pagamentos antecipados.
O fluxo cambial é composto de duas partes: o fluxo comercial, que mede o fechamento de câmbio para exportações e importações, e o fluxo financeiro, que mede investimentos em empresas, empréstimos e transações no mercado financeiro. Os dados do Banco Central mostram que, no ano passado, a fuga de dólares ocorreu no canal financeiro.
Em 2019, o fluxo comercial ficou positivo em US$ 17,47 bilhões. O fluxo financeiro, no entanto, registrou saída líquida de US$ 62,24 bilhões. Apenas na bolsa de valores, a retirada por investidores estrangeiros chegou a US$ 44,5 bilhões no ano passado, a maior desde o início da série história da B3, em 2004.
Cotação
Ao longo do segundo semestre do ano passado, o dólar subiu e chegou a encostar em R$ 4,26 no fim de novembro. A cotação, no entanto, reduziu a alta em dezembro até fechar 2019 com alta de 3,6%. Apesar da fuga de investidores estrangeiros, a bolsa atraiu mais investidores brasileiros, encerrando 2019 com alta de 31,5%.
Diversos fatores contribuíram para a turbulência cambial no ano passado. No plano internacional, as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China; a instabilidade política em diversos países da América do Sul e os aumentos de juros do Federal Reserve (Banco Central norte-americano) estimularam a alta do dólar.
No Brasil, a queda da taxa Selic (juros básicos da economia) para 4,5% ao ano reduziu a entrada de dólares no país, mas a aprovação da reforma da Previdência, no fim do ano passado, provocou alívio temporário no câmbio.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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