Banco Central
revela que US$ 44,7 bilhões saíram do Brasil em 2019
Agência Brasil
Num ano marcado pela
forte volatilidade do câmbio, a saída de dólares da economia brasileira superou
o ingresso em US$ 44,77 bilhões em 2019, divulgou nesta quarta-feira (8),
o Banco Central (BC). Essa é a maior retirada líquida de divisas desde o início
da série histórica, em 1982.
O recorde anterior
de retiradas líquidas tinha sido registrado em 1999, quando o fluxo cambial –
diferença entre as entradas e saídas de dólares – tinha ficado negativo em US$
16,18 bilhões. Naquele ano, o Brasil tinha abandonado a política de bandas
cambiais e permitido a livre flutuação do dólar, quando a cotação passou pela
primeira vez a barreira dos R$ 2.
As relações
monetárias e financeiras entre residentes e não residentes são medidas pelo
balanço de pagamentos, divulgado no fim de cada mês pelo Banco Central. O fluxo
cambial, no entanto, funciona como uma prévia dos números, ao contabilizar
adiantamentos de contratos de câmbio e pagamentos antecipados.
O fluxo cambial é
composto de duas partes: o fluxo comercial, que mede o fechamento de câmbio
para exportações e importações, e o fluxo financeiro, que mede investimentos em
empresas, empréstimos e transações no mercado financeiro. Os dados do Banco
Central mostram que, no ano passado, a fuga de dólares ocorreu no canal
financeiro.
Em 2019, o fluxo
comercial ficou positivo em US$ 17,47 bilhões. O fluxo financeiro, no entanto,
registrou saída líquida de US$ 62,24 bilhões. Apenas na bolsa de valores, a
retirada por investidores estrangeiros chegou a US$ 44,5 bilhões no ano
passado, a maior desde o início da série história da B3, em 2004.
Cotação
Ao longo do segundo
semestre do ano passado, o dólar subiu e chegou a encostar em R$ 4,26 no
fim de novembro. A cotação, no entanto, reduziu a alta em dezembro até fechar
2019 com alta de 3,6%. Apesar da fuga de investidores estrangeiros, a bolsa
atraiu mais investidores brasileiros, encerrando 2019 com alta de 31,5%.
Diversos fatores
contribuíram para a turbulência cambial no ano passado. No plano internacional,
as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China; a instabilidade
política em diversos países da América do Sul e os aumentos de juros do Federal
Reserve (Banco Central norte-americano) estimularam a alta do dólar.
No Brasil, a queda
da taxa Selic (juros básicos da economia) para 4,5% ao ano reduziu a entrada de
dólares no país, mas a aprovação da reforma da Previdência, no fim do ano
passado, provocou alívio temporário no câmbio.
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