Governo federal vai substituir o ‘Mais Médicos’;
profissionais receberão valores mais altos
Cinthya Oliveira
O ministro
participou de abertura de congresso sobre medicina tropical, no Palácio das
Artes
Um programa para
substituir o “Mais Médicos” será anunciado nesta semana pelo governo federal. A
ideia do “Médico pelo Brasil” é pagar valores mais altos aos profissionais que
forem atuar em cidades mais pobres e distantes dos grandes centros. O ministro
da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, adiantou detalhes do projeto, na noite desse
domingo (28), durante a abertura do Congresso MEDTROP-PARASITO 2019, evento
dedicado à medicina tropical e parasitologia em Belo Horizonte.
Segundo ele, os
candidatos passarão por uma prova de seleção antes de entrar no programa e poderão
receber adicionais que vão depender do local escolhido e do desempenho
alcançado no município. O médico receberá mais se conseguir reduzir
“mortalidade infantil, partos prematuros, diabetes, amputações, insuficiência
renal, que são problemas que, se você não prevenir na atenção básica, vão
‘estourar’ na (medicina) especializada”, disse Mandetta.
O governo federal
pretende que a transferência entre os programas não faça com que as cidades
mais pobres fiquem desassistidas. O “Médico pelo Brasil” deve ser lançado como
medida provisória pelo presidente Jair Bolsonaro, para depois ser analisado
pelo Congresso. Conforme o ministro, o edital só será lançado depois que a
proposta passar pelo Senado e pela Câmara dos Deputados.
Os locais atendidos
pelo programa serão escolhidos por dados técnicos, como “Bolsa Família”, Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH) e expectativa de vida da comunidade. A intenção
é beneficiar as cidades onde a população é mais vulnerável. Para os locais onde
é mais difícil a contratação de médicos (como comunidades indígenas e
ribeirinhas), haverá o pagamento de um valor adicional.
“Queremos soluções práticas. Aquelas pesquisas feitas para gerar
mestrado são interessantes, mas queremos pesquisas vocacionadas para os
produtos dos quais o Brasil precisa, sobre as nossas doenças, nossa realidade”
Luiz Henrique Mandetta
Ministro da Saúde
Luiz Henrique Mandetta
Ministro da Saúde
Pesquisas
Um novo mecanismo
para a definição das pesquisas científicas desenvolvidas no Brasil é
vislumbrado pelo governo federal, revelou o ministro. Se hoje são os futuros
mestres e doutores que solicitam verbas aos institutos de fomento para aplicar
em suas propostas, agora, os recursos serão direcionados aos estudos de
interesse prioritário da União.
De acordo com Luiz
Henrique Mandetta, a intenção do governo é alterar os rumos da pesquisa feita
no Brasil. “Queremos saber se os testes rápidos para doenças como leishmaniose,
Aids e sífilis estão funcionando. Se a vacina para malária, anunciada há algum
tempo, a partir da cepa de um vírus que não tem no Brasil, pode nos servir para
achar uma vacina que sirva para a população brasileira”, explicou, lembrando
que o país também tem interesse em conhecer melhor uma vacina que os russos
desenvolveram para a doença.
No congresso na
capital mineira, o chefe da Saúde anunciou um investimento de R$ 50 milhões em
pesquisas sobre enfermidades transmissíveis e negligenciadas.
“Os recursos são
destinados a pesquisadores das doenças que interessam ao Brasil, como malária,
leishmaniose e doença de Chagas. São ainda muito presentes e nós temos que
achar soluções para elas”, afirmou o ministro.
O investimento será
dividido em três chamadas públicas de pesquisa. Serão R$ 24 milhões para
estudos sobre doenças negligenciadas, R$ 10 milhões para pesquisas
exclusivamente dedicadas à malária, e R$ 16 milhões para estudos sobre
tuberculose. Os temas selecionados foram definidos a partir da agenda de
prioridades do ministério.
As chamadas serão
publicadas no site do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), ainda neste ano. Os projetos terão duração de 36 meses e o
apoio, para cada pesquisa, poderá variar entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões.