segunda-feira, 29 de julho de 2019

COLUNA ESPLANADA DO DIA 29/07/2019


Governo federal vai substituir o ‘Mais Médicos’; profissionais receberão valores mais altos

Cinthya Oliveira





O ministro participou de abertura de congresso sobre medicina tropical, no Palácio das Artes

Um programa para substituir o “Mais Médicos” será anunciado nesta semana pelo governo federal. A ideia do “Médico pelo Brasil” é pagar valores mais altos aos profissionais que forem atuar em cidades mais pobres e distantes dos grandes centros. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, adiantou detalhes do projeto, na noite desse domingo (28), durante a abertura do Congresso MEDTROP-PARASITO 2019, evento dedicado à medicina tropical e parasitologia em Belo Horizonte.
Segundo ele, os candidatos passarão por uma prova de seleção antes de entrar no programa e poderão receber adicionais que vão depender do local escolhido e do desempenho alcançado no município. O médico receberá mais se conseguir reduzir “mortalidade infantil, partos prematuros, diabetes, amputações, insuficiência renal, que são problemas que, se você não prevenir na atenção básica, vão ‘estourar’ na (medicina) especializada”, disse Mandetta.
O governo federal pretende que a transferência entre os programas não faça com que as cidades mais pobres fiquem desassistidas. O “Médico pelo Brasil” deve ser lançado como medida provisória pelo presidente Jair Bolsonaro, para depois ser analisado pelo Congresso. Conforme o ministro, o edital só será lançado depois que a proposta passar pelo Senado e pela Câmara dos Deputados.
Os locais atendidos pelo programa serão escolhidos por dados técnicos, como “Bolsa Família”, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e expectativa de vida da comunidade. A intenção é beneficiar as cidades onde a população é mais vulnerável. Para os locais onde é mais difícil a contratação de médicos (como comunidades indígenas e ribeirinhas), haverá o pagamento de um valor adicional.
“Queremos soluções práticas. Aquelas pesquisas feitas para gerar mestrado são interessantes, mas queremos pesquisas vocacionadas para os produtos dos quais o Brasil precisa, sobre as nossas doenças, nossa realidade”
Luiz Henrique Mandetta
Ministro da Saúde
Pesquisas
Um novo mecanismo para a definição das pesquisas científicas desenvolvidas no Brasil é vislumbrado pelo governo federal, revelou o ministro. Se hoje são os futuros mestres e doutores que solicitam verbas aos institutos de fomento para aplicar em suas propostas, agora, os recursos serão direcionados aos estudos de interesse prioritário da União.
De acordo com Luiz Henrique Mandetta, a intenção do governo é alterar os rumos da pesquisa feita no Brasil. “Queremos saber se os testes rápidos para doenças como leishmaniose, Aids e sífilis estão funcionando. Se a vacina para malária, anunciada há algum tempo, a partir da cepa de um vírus que não tem no Brasil, pode nos servir para achar uma vacina que sirva para a população brasileira”, explicou, lembrando que o país também tem interesse em conhecer melhor uma vacina que os russos desenvolveram para a doença.
No congresso na capital mineira, o chefe da Saúde anunciou um investimento de R$ 50 milhões em pesquisas sobre enfermidades transmissíveis e negligenciadas.
“Os recursos são destinados a pesquisadores das doenças que interessam ao Brasil, como malária, leishmaniose e doença de Chagas. São ainda muito presentes e nós temos que achar soluções para elas”, afirmou o ministro.
O investimento será dividido em três chamadas públicas de pesquisa. Serão R$ 24 milhões para estudos sobre doenças negligenciadas, R$ 10 milhões para pesquisas exclusivamente dedicadas à malária, e R$ 16 milhões para estudos sobre tuberculose. Os temas selecionados foram definidos a partir da agenda de prioridades do ministério.
As chamadas serão publicadas no site do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ainda neste ano. Os projetos terão duração de 36 meses e o apoio, para cada pesquisa, poderá variar entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões.


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