terça-feira, 23 de julho de 2019

TRUMP QUER DEPORTAR RAPIDAMENTE OS IMIGRANTES


EUA vão aumentar deportações rápidas com nova regra

Por Tom Hals

© Reuters/KEVIN LAMARQUE . 





(Reuters) - O governo Trump disse nesta segunda-feira que irá expandir e acelerar as deportações de imigrantes que entrarem nos Estados Unidos ilegalmente ao retirar a necessidade de supervisão judicial, permitindo que as autoridades removam as pessoas em questão de dias, ao invés de meses ou anos.
A medida, que deverá ser publicada no Registro Federal na terça-feira, irá aplicar "remoção acelerada" para a maioria dos que adentram os Estados Unidos ilegalmente, a não ser que eles consigam provar que estão morando no país há pelo menos dois anos.
Especialistas dizem que o ato é uma expansão dramática de um programa já utilizado ao longo da fronteira entre Estados Unidos e México e que elimina a necessidade de uma revisão dos casos por um juiz de imigração, normalmente sem acesso a um advogado. Ambos estão disponíveis em procedimentos regulares.
"O governo Trump está avançando na transformação do ICE (Autoridade de Alfândega e Imigração, na sigla em inglês) em um exército do 'mostre-me seus documentos'", disse Vanita Gupta, presidente da Conferência de Liderança em Direitos Humanos e Civis, em uma teleconferência com jornalistas.
É provável que a medida seja bloqueada rapidamente pela Justiça, disseram especialistas. A União Americana de Liberdades Civis, que entrou com inúmeras ações para combater a política de imigração de Trump nos tribunais, já prometeu tomar medidas legais.
O presidente Donald Trump tem tido dificuldades para combater o aumento da chegada de famílias, a maioria delas vindas da América Central, na fronteira dos Estados Unidos com o México, o que tem levado a superlotações nas instalações de detenção de imigrantes, e a uma batalha política diante de uma crescente crise humanitária.
O governo disse que o aumento das deportações rápidas liberaria espaços nos centros de detenção e aliviaria as tensões nos tribunais de imigração, que atualmente lidam com um acúmulo de mais de 900 mil casos.

ELEITO O NOVO PRIMEIRO MINISTRO BRITÂNICO


Quem é Boris Johnson, o polêmico novo primeiro-ministro britânico


© PA Media Boris Johnson, de 55 anos, é quinto primeiro-miniutro britânico deste século

Boris Johnson, ex-secretário das Relações Exteriores e ex-prefeito de Londres, assumirá o posto de premiê deixado vago por Theresa May, que anunciou sua renúncia, no dia 24 de maio, em meio a impasses nas discussões dos termos de saída do Reino Unido da União Europeia (o Brexit).


Nesta terça-feira, Johnson, de 55 anos, venceu a votação realizada entre membros do Partido Conservador, que governa o país, com 93.153 votos, contra 46.656 obtidos pelo atual chanceler Jeremy Hunt, o único político que restou na briga pelo posto de premiê, após rodadas anteriores de votações entre parlamentares do partido.
Johnson é defensor do Brexit e prometeu, durante a campanha, implementá-lo o mais rapidamente possível - lembrando que o prazo atual, já renegociado duas vezes, para a saída britânica da União Europeia (UE) é 31 de outubro.
Johnson, que assumirá o cargo na quinta-feira, herdará também a crise política que permeia o Brexit e que já derrubou dois premiês (além de May, David Cameron, que renunciou diante dos resultados pró-Brexit do plebiscito realizado em 2016).


© Getty Images Jeremy Hunt (foto), atual chanceler, era o último desafiante que restou na disputa com Boris Johnson no Partido Conservador

Do jornalismo à política
Johnson é conhecido por seu cabelo desgrenhado, algumas gafes, frases polêmicas e o gosto pelos holofotes, ao mesmo tempo em que é popular entre uma parcela relevante do Partido Conservador. Segundo analistas da política britânica, há tempos ele almeja o cargo de premiê.
Johnson nasceu em Nova York, em 1964, e até pouco tempo tinha dupla nacionalidade britânico-americana. Segundo a agência France Presse, sua irmã Rachel dizia que desde criança ele queria ser "o rei do mundo".
Já na Inglaterra, Johnson estudou em Eton, centenária e prestigiosa escola privada, e depois na Universidade Oxford - percurso tradicional entre personagens da elite política britânica.
Na universidade, integrou, junto a David Cameron, o famigerado Bullingdon Club, um antigo clube exclusivo para estudantes homens - em geral, ricos -, conhecido por suas festas regadas a bebida e confusão.


© PA Boris Johnson e o ex-premiê David Cameron (acima, em 2010) estão entre os muitos líderes políticos britânicos que estudaram em Oxford
Johnson começou sua vida profissional como jornalista do periódico The Times, de onde foi demitido após ter sido acusado de inventar uma frase de um entrevistado. Ele se tornou conhecido no meio jornalístico como correspondente em Bruxelas do jornal The Daily Telegraph.
Ele entrou definitivamente para o cenário político em 2001, quando foi eleito parlamentar. Três anos depois, foi demitido de um alto posto na hierarquia do Partido Conservador por ter supostamente mentido a respeito de um caso extraconjugal.
Mas foi reeleito para o cargo no ano seguinte e, em 2008, conquistou o posto de prefeito de Londres, que ocuparia por oito anos. A essa altura, já era nacionalmente conhecido.
Johnson voltou ao Parlamento em 2015, eleito por um subúrbio do noroeste de Londres. No plebiscito de 2016, a respeito da permanência do Reino Unido na UE, Johnson foi umas das principais figuras políticas a apoiar o voto pró-Brexit, que acabaria sendo vitorioso.

© PA Boris Johnson ficou preso no ar durante um trajeto de tirolesa para promover a Olimpíada de Londres; na época, ele era prefeito da cidade

Com a saída do premiê David Cameron, Johnson foi um dos cotados a assumir o governo em 2016, mas acabou sendo passado para trás depois de perder o apoio de seu coordenador de campanha, Michael Gove, que questionou sua capacidade de liderança.
O posto acabou ficando com Theresa May, e Johnson se tornou secretário das Relações Exteriores.
Brexit
Boris Johnson foi uma figura de destaque na campanha a favor do Brexit durante o referendo em 2016.
Ele ficou conhecido por seus ataques à União Europeia - e muitos o acusaram de "exagerar" ou mesmo "mentir" nos seus ataques ao bloco e sua defesa dos supostos benefícios do Brexit.
O episódio mais polêmico desse período foi quando afirmou que o Reino Unido enviava 350 milhões de libras (cerca de R$ 1,6 bilhão) por semana à UE. Mas críticos apontaram na época que o número estava errado, uma vez que não levou em conta o montante que é devolvido pela UE, ou mesmo quanto desse dinheiro era gasto posteriormente no Reino Unido.
Johnson foi chanceler por dois anos e deixou o posto depois de vários desentendimentos com May por conta do Brexit.
Em junho de 2018, por exemplo, ele declarou que a então premiê precisava mostrar "mais coragem" nas negociações com a UE - e, nisso, contou com apoio explícito do presidente americano, Donald Trump, que mais tarde disse que ele faria um "grande trabalho como premiê" e daria um jeito "na bagunça desastrosa feita por May no Brexit".
Theresa May e Boris Johnson em 2017; ele foi secretário do governo dela, mas saiu fazendo duras críticas© PA Theresa May e Boris Johnson em 2017; ele foi secretário do governo dela, mas saiu fazendo duras críticas

Johnson tem dito que, se for escolhido premiê, se comprometerá com o prazo do Brexit de 31 de outubro, mesmo na ausência de um acordo com o bloco europeu - o temido cenário do "no deal Brexit", a saída unilateral sem acordo do bloco, que traria consigo várias incertezas e colocaria em xeque a relação do Reino Unido e dos britânicos com a Europa.
"Caso contrário, enfrentaremos uma catastrófica perda de confiança na política", declarou.
Ele também disse que se recusará a pagar a "conta" do Brexit - uma soma de 39 bilhões de libras (R$ 181 bilhões) que a UE exige como compensação - a não ser que sejam oferecidos termos de negociação mais favoráveis ao Reino Unido.
Entre as falas mais polêmicas e criticadas de sua carreira política estão a vez em que se referiu a homossexuais como "bumboys" (bum, em inglês, é usado para se referir tanto às nádegas quanto a "vagabundos") e quando declarou que muçulmanas usando o véu que deixa só os olhos à vista se assemelhavam a "caixas de correio".
O futuro da fronteira entre a Irlanda do Norte, que é parte do Reino Unido, e da República da Irlanda, membro da União Europeia, é um dos pontos mais delicados das tentativas de acordo para viabilizar o Brexit.
O governo britânico teme que a restituição de pontos de checagens de passaportes e mercadorias na divisa entre os dois países - a chamada "fronteira dura" - traga à tona antigas tensões entre irlandeses e norte-irlandeses.
O acordo de paz de 1998 pôs fim a três décadas de conflito entre nacionalistas, que queriam a integração com a Irlanda, e unionistas, que queriam continuar fazendo parte do Reino Unido. O acordo contempla a ausência de barreiras físicas.
Embora Londres e Bruxelas tenham concordado em não fixar uma fronteira "dura" após o Brexit, o grande obstáculo foi definir os termos dessa divisão.
Conforme a proposta apresentada anteriormente por May, se não houvesse qualquer tipo de acordo entre o Reino Unido e a União Europeia, uma "rede de segurança" - chamada de backstop - passaria a vigorar automaticamente.
Assim, a Irlanda do Norte continuaria alinhada com algumas das normas do mercado único da União Europeia - algo que gera descontentamento em parte dos membros do Partido Conservador e do Partido Unionista Democrático.