sexta-feira, 17 de maio de 2019

NOVA BARRAGEM DA VALE PODE SE ROMPER ATÉ DOMINGO


Ruptura de talude de mina em Barão de Cocais pode acontecer a partir de domingo

José Vítor Camilo











Caso o talude se rompa, a barragem de rejeitos também poderá vir abaixo

Um documento enviado pela própria Vale ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apontou que, se a movimentação em um talude no complexo minerário de Gongo Soco, da Vale, em Barão de Cocais, na região Central do Estado, continuar no ritmo que vem acontecendo, sua ruptura pode acontecer entre o próximo domingo (19) e o dia 25 de maio. Diante dessa situação, o MPMG emitiu nesta quinta-feira (16) uma recomendação para que a mineradora adote imediatamente medidas para alertar a população dos riscos a que está sujeita.
O rompimento do talude em si não oferece risco à cidade, entretanto, caso a estrutura desabe, uma vibração ou pequeno abalo sísmico pode ser um gatilho para que a barragem que possui 4,8 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério se rompa e parte do município seja tomado pela lama.
O documento assinado por dezenas de promotores dá um prazo de seis horas para que a empresa responda se irá adotar as medidas de informação à população sobre a real condição das estruturas, com informações específicas e detalhadas sobre como isso será feito. Caso a mineradora não adote as medidas, uma ação civil pública poderá ser movida pelo órgão na Justiça. Até as 15h desta quinta, a empresa ainda não havia se posicionado para o MPMG.
Na quarta-feira (15), a Defesa Civil de Minas Gerais divulgou a movimentação de quatro centímetros em um talude, que é um plano de terreno inclinado que limita um aterro e tem como função garantir a estabilidade da estrutura.
A previsão sobre quando o talude deverá se romper consta em um documento enviado pela própria Vale ao MPMG às 12h39 de quarta. "A empresa Vale S/A estima que, permanecendo a velocidade de aceleração de movimentação do talude norte da Cava da Mina de Gongo Soco, sua ruptura poderá ocorrer no período de 19 a 25 de maio de 2019, gerando vibração que poderá ocasionar a liquefação da Barragem Sul Superior e sua consequente ruptura", aponta a recomendação dos promotores.
O promotor Leonardo Castro Maia, que é coordenador regional das promotorias do Meio Ambiente da bacia do rio Doce, foi um dos que assinaram a recomendação e explica que, apesar da previsão feita pela Vale, a verdade é que o rompimento da barragem pode acontecer a qualquer momento. "O risco já era iminente desde quando subiu para o nível 3, tanto é que os trabalhos foram impedidos na mina pois qualquer movimentação poderia ser o gatilho. Mas, agora, com essa movimentação desse talude, a gente sabe que seu colapso pode levar ao rompimento da barragem", explica.
Diante de tamanho risco, até mesmo com previsão de quando isso poderá ocorrer, os promotores decidiram que era necessário que a população que pode ser atingida recebesse o máximo de informações possíveis. "O principal objetivo foi assegurar o direito dos moradores de Barão de Cocais à informação, nosso foco é que os atingidos pelo menos possam se preparar para o pior", completou Maia.
A situação da barragem Sul Superior é considerada instável desde o dia 22 de março, quando seu nível de alerta foi elevado para 3, grau máximo de risco para barragens no que se refere à situação de iminência ou ocorrência de rompimento.
Mas mesmo antes da elevação do nível de risco de 2 para 3, as comunidades que seriam atingidas pela lama de rejeitos em caso de rompimento já haviam sido evacuadas. No dia 8 de fevereiro, 14 dias após a tragédia em Brumadinho, cerca de 500 pessoas residentes nas comunidades de Socorro, Tabuleiro, Gongo Soco e Piteiras foram desalojadas por conta do acionamento do Plano de Ação de Emergência de Barragem de Mineração (PAEBM).


Mapa divulgado pela Defesa Civil mostra a mancha que deverá atingir a cidade de Barão de Cocais

Procurada na quarta-feira para tratar sobre a movimentação no talude, a Vale informou, por meio de uma nota, que está avaliando as possibilidades de eventuais impactos sobre a barragem. As autoridades competentes foram envolvidas para também avaliarem a situação e, em caso de necessidade, definirem as medidas preventivas a serem tomadas. A cava e a barragem são monitoradas 24 horas por dia, de acordo com a empresa.
O Hoje em Dia procurou a assessoria da empresa também nesta quinta, entretanto, até o momento, a mineradora não se posicionou sobre a recomendação emitida pelo MPMG.
A Defesa Civil de Barão de Cocais divulgou uma nota em que afirma que, desde que foi informada sobre a movimentação do talude, já foi realizada uma busca em toda a Zona de Autossalvamento (ZAS) para certificar que a área que seria a primeira a ser atingida já foi toda evacuada. "Foi avaliada a situação das pessoas com mobilidade reduzida ou com quaisquer dificuldades de locomoção que residem na Zona Secundária de Salvamento (ZSS). Também foi procedida à revisão de todo o plano de evacuação do município", diz o órgão.
Recomendações
No documento emitido, os promotores orientam a mineradora a fornecer imediatamente informações claras, completas e verídicas sobre a atual condição estrutural da barragem Sul Superior, com seus possívels riscos, potenciais danos e impactos em caso de um rompimento "de acordo com o pior cenário tecnicamente possível, adotando as recomendações advindas das defesas civis". Para isso, a Vale deverá utilizar carros de som, jornais escritos e rádios e outros meios de comunicação de rápida disseminação.
"Forneça imediatamente às pessoas eventualmente atingidas total e incontinenti apoio logístico, psicológico, médico, insumos, alimentação medicação, transporte e tudo que for necessário, mantendo Posto de atendimento 24 horas nas proximidades dos Centros das Cidades de Barão de
Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo, com equipe multidisciplinar preparada para acolhimento, atendimento e atuação rápida e pronta a serviço dos cidadãos da cidade", completa a recomendação do MPMG.


BOLSONARO NOS EUA RECEBE PRÊMIO


Bolsonaro recebe prêmio nos EUA e diz que ser presidente foi 'milagre'

Agência Brasil










Presidente Jair Bolsonaro recebe o prêmio Personalidade do Ano concedido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, durante almoço oferecido pelo World Affairs Council de Dallas-Fort Worth, em Dallas (EUA)

O presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta quinta-feira (16), em Dallas, no Texas, o prêmio de Personalidade do Ano da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. O evento foi realizado durante almoço oferecido pelo World Affairs Council (Conselho de Assuntos Mundiais, em tradução livre) de Dallas/Fort Worth, e contou com a participação de dezenas de empresários, além de ministros do governo brasileiro.
No discurso improvisado de cerca de 13 minutos, o presidente brasileiro ressaltou a aproximação de seu governo com os Estados Unidos, criticou setores de esquerda e governos anteriores e reafirmou que sua eleição foi resultado de um "milagre".
"Realmente aconteceu o que eu chamo de milagre, no Brasil. Ou melhor, dois milagres. Um, eu agradeço a Deus pela minha sobrevivência. E o outro, pelas mãos de grande parte dos brasileiros, alguns morando aqui nos Estados Unidos, me deram a missão de estar à frente desse grande país, que tem tudo para ocupar um local de destaque no mundo, mas que, infelizmente, por políticas nefastas de gente que tinha ambição pessoal acima de tudo, não nos deixaram ascender", afirmou.
Bolsonaro disse que, no começo, até dentro de casa havia dúvidas sobre sua ambição que, segundo ele, nunca foi pessoal. "Com verdade, comecei andando sozinho por todo o Brasil. Às vezes, gente da própria casa achava que tinha algo errado comigo, tendo em vista o que eu almejava. Mas não almejava por mim, sabia dos problemas".
O presidente comparou a situação do Brasil com a de Israel e se colocou com um "ponto de inflexão" para que o país alcance um melhor patamar de desenvolvimento: "Eu sempre dizia nas minhas andanças: olhe o que Israel não tem e veja o que eles são. Agora olhe o que o Brasil tem e o que nós não somos. Onde está o erro? Onde está o ponto de inflexão? E eu me apresentei para ser esse ponto de inflexão", disse.
Relação com EUA
Dirigindo-se a uma plateia formada basicamente por empresários, Bolsonaro criticou a política de governos anteriores em relação aos Estados Unidos e prometeu maior aproximação: "No Brasil, a política, até há pouco, era de antagonismo a países como os Estados Unidos. Os senhores eram tratados como inimigos nossos. (...) O Brasil de hoje é amigo dos EUA, respeita os EUA, quer o povo americano e os empresários americanos ao nosso lado". O presidente disse estar convicto de que a união e a confiança entre os dois países podem levar à ampliação do comércio e à assinatura de acordos entre os dois governos.
Venezuela e Argentina
Jair Bolsonaro voltou a citar a crise na Venezuela, opinou sobre as eleições na Argentina e criticou líderes e partidos de esquerda latino-americanos. "Falou-se há pouco aqui da nossa querida Venezuela. Pobre povo venezuelano está fungindo da violência, da fome e da miséria. Mas não se esqueçam da nossa Argentina, [que] está indo para um caminho bastante complicado, com problemas estruturais em seu país. O meu amigo Macri enfrenta dificuldades e vê crescer a possibilidade de uma presidente última voltar ao poder – essa que era amiga do PT no Brasil, de Chávez, de Maduro, dentre outros, além de Fidel Castro", afirmou Bolsonaro.
Ele ainda acrescentou que pretende visitar em breve a Argentina, mas negou intromissão em questões internas do país vizinho. "Vamos colaborar no que for possível com aquele país, sem nos imiscuirmos nas questões internas, mas sabedores de que se tivermos uma outra Venezuela no Cone Sul da América do Sul, os problemas são enormes para nós e, com toda certeza, para os senhores".
Contingenciamento
Ao citar as manifestações de ontem no Brasil contra o bloqueio orçamentário em universidades públicas, Bolsonaro disse que o Brasil tem um "enorme potencial humano", mas que a imprensa, as escolas e as faculdades sofrem interferência da esquerda.
"Temos um potencial humano fantástico, mas a esquerda brasileira entrou, infiltrou e tomou não apenas a imprensa, mas em grande parte as universidades e escolas do ensino médio e fundamental", disse. Em outro ponto do discurso, o presidente voltou a citar a mídia, que, segundo ele, não é isenta no Brasil. "Se vocês fossem isentos, já seria um grande sinalizador de que o Brasil poderia sim romper obstáculos e ocupar um local de destaque no mundo".
Nova York
Anteriormente, a homenagem ao presidente seria entregue em evento em Nova York, mas o governo brasileiro cancelou a agenda na cidade após críticas do prefeito nova iorquino, Bill de Blasio. Ao mencionar o assunto em seu discurso em Dallas, Bolsonaro disse lametar o episódio e que respeita todo o povo norte-americano.
"Eu lamento muito o ocorrido nos últimos dias, de não poder comparecer em outra cidade. Não posso ir na casa de uma pessoa onde alguém de sua família não me quer bem. Mas o meu amor, meu respeito e minha consideração por todos os Estados Unidos, inclusive os nova-iorquinos, continuarão da mesma forma".
O presidente embarcou na noite de terça-feira (14) para uma viagem de dois dias ao Texas. Ontem (15), Bolsonaro se reuniu com o ex-presidente norte-americano George W. Bush e com o senador texano Ted Cruz e visitou o museu The Sixth Floor que apresenta a narrativa do assassinato do presidente americano John F. Kennedy, em Dallas, no ano de 1963. Na manhã de hoje, teve encontros com empresários.
A comitiva presidencial estará de volta ao Brasil na manhã desta sexta-feira (17).
O presidente Jair Bolsonaro desembarca nesta quarta-feira, (15) em Dallas, no Texas, para uma visita oficial de dois dias. É a segunda vez que Bolsonaro viaja aos Estados Unidos (EUA) em cinco meses de governo. No dia 19 de março, ele se reuniu com o presidente Donald Trump na Casa Branca, em Washington.
Dessa vez, Bolsonaro está sendo acompanhado por uma comitiva de cinco ministros: Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Paulo Guedes (Economia), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Santos Cruz (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional). Além deles, os governadores do Acre, Gladson Cameli (PP), e de São Paulo, João Doria (PSDB), também acompanham o presidente da República. Ainda compõem a comitiva brasileira os deputados Hélio Lopes (PSL-RJ), Marco Feliciano (Pode-SP), o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, e o secretário-executivo da Casa Civil, José Vicente Santini.
Um dos principais momentos da viagem ocorrerá na tarde desta quarta-feira (15), quando Bolsonaro terá uma reunião privada com o ex-presidente norte-americano George W. Bush, que governou os Estados Unidos entre 2001 e 2009. De acordo com o Palácio do Planalto, será uma visita de cortesia.
Além de Bush, o presidente brasileiro pode se encontrar com o governador do Texas, Greg Abbot, o prefeito de Dallas, Mike Rawlings, e o senador texano Ted Cruz. As reuniões, no entanto, não haviam sido confirmadas pelo governo brasileiro até a noite de terça-feira (14).
Na quinta-feira (16), Bolsonaro será homenageado como personalidade do ano pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em almoço organizado pelo World Affairs Council de Dallas/Fort Worth, que contará com a presença de 120 empresários norte-americanos. Anteriormente, essa homenagem seria entregue em evento na cidade de Nova York, mas o governo brasileiro cancelou a agenda na cidade após críticas do prefeito nova iorquino, Bill de Blasio, a visita de Bolsonaro.
No mesmo dia, Bolsonaro concederá uma entrevista ao World Affairs Council de Dallas/Fort Worth e termina o dia fazendo uma transmissão ao vivo em sua página no Facebook. O embarque de volta será na noite de quinta. A previsão é que a comitiva presidencial desembarque de volta em solo brasileiro na manhã de sexta-feira (17).







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