Bolsonaro recebe prêmio nos EUA e diz que ser
presidente foi 'milagre'
Agência Brasil
Presidente Jair
Bolsonaro recebe o prêmio Personalidade do Ano concedido pela Câmara de
Comércio Brasil-Estados Unidos, durante almoço oferecido pelo World Affairs
Council de Dallas-Fort Worth, em Dallas (EUA)
O presidente Jair
Bolsonaro recebeu nesta quinta-feira (16), em Dallas, no Texas, o prêmio
de Personalidade do Ano da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. O evento
foi realizado durante almoço oferecido pelo World Affairs Council (Conselho de
Assuntos Mundiais, em tradução livre) de Dallas/Fort Worth, e contou com a
participação de dezenas de empresários, além de ministros do governo
brasileiro.
No discurso
improvisado de cerca de 13 minutos, o presidente brasileiro ressaltou a
aproximação de seu governo com os Estados Unidos, criticou setores de esquerda
e governos anteriores e reafirmou que sua eleição foi resultado de um
"milagre".
"Realmente
aconteceu o que eu chamo de milagre, no Brasil. Ou melhor, dois milagres. Um,
eu agradeço a Deus pela minha sobrevivência. E o outro, pelas mãos de grande
parte dos brasileiros, alguns morando aqui nos Estados Unidos, me deram a
missão de estar à frente desse grande país, que tem tudo para ocupar um local
de destaque no mundo, mas que, infelizmente, por políticas nefastas de gente
que tinha ambição pessoal acima de tudo, não nos deixaram ascender",
afirmou.
Bolsonaro disse que,
no começo, até dentro de casa havia dúvidas sobre sua ambição que, segundo ele,
nunca foi pessoal. "Com verdade, comecei andando sozinho por todo o
Brasil. Às vezes, gente da própria casa achava que tinha algo errado comigo,
tendo em vista o que eu almejava. Mas não almejava por mim, sabia dos
problemas".
O presidente
comparou a situação do Brasil com a de Israel e se colocou com um "ponto
de inflexão" para que o país alcance um melhor patamar de desenvolvimento:
"Eu sempre dizia nas minhas andanças: olhe o que Israel não tem e veja o
que eles são. Agora olhe o que o Brasil tem e o que nós não somos. Onde está o
erro? Onde está o ponto de inflexão? E eu me apresentei para ser esse ponto de
inflexão", disse.
Relação com EUA
Dirigindo-se a uma
plateia formada basicamente por empresários, Bolsonaro criticou a política de
governos anteriores em relação aos Estados Unidos e prometeu maior aproximação:
"No Brasil, a política, até há pouco, era de antagonismo a países como os
Estados Unidos. Os senhores eram tratados como inimigos nossos. (...) O Brasil
de hoje é amigo dos EUA, respeita os EUA, quer o povo americano e os
empresários americanos ao nosso lado". O presidente disse estar convicto
de que a união e a confiança entre os dois países podem levar à ampliação do
comércio e à assinatura de acordos entre os dois governos.
Venezuela e
Argentina
Jair Bolsonaro
voltou a citar a crise na Venezuela, opinou sobre as eleições na
Argentina e criticou líderes e partidos de esquerda latino-americanos.
"Falou-se há pouco aqui da nossa querida Venezuela. Pobre povo venezuelano
está fungindo da violência, da fome e da miséria. Mas não se esqueçam da nossa
Argentina, [que] está indo para um caminho bastante complicado, com problemas
estruturais em seu país. O meu amigo Macri enfrenta dificuldades e vê crescer a
possibilidade de uma presidente última voltar ao poder – essa que era amiga do
PT no Brasil, de Chávez, de Maduro, dentre outros, além de Fidel Castro",
afirmou Bolsonaro.
Ele ainda acrescentou
que pretende visitar em breve a Argentina, mas negou intromissão em questões
internas do país vizinho. "Vamos colaborar no que for possível com aquele
país, sem nos imiscuirmos nas questões internas, mas sabedores de que se
tivermos uma outra Venezuela no Cone Sul da América do Sul, os problemas são
enormes para nós e, com toda certeza, para os senhores".
Contingenciamento
Ao citar as
manifestações de ontem no Brasil contra o bloqueio orçamentário em
universidades públicas, Bolsonaro disse que o Brasil tem um "enorme
potencial humano", mas que a imprensa, as escolas e as faculdades sofrem
interferência da esquerda.
"Temos um
potencial humano fantástico, mas a esquerda brasileira entrou, infiltrou e
tomou não apenas a imprensa, mas em grande parte as universidades e escolas do
ensino médio e fundamental", disse. Em outro ponto do discurso, o
presidente voltou a citar a mídia, que, segundo ele, não é isenta no Brasil.
"Se vocês fossem isentos, já seria um grande sinalizador de que o Brasil
poderia sim romper obstáculos e ocupar um local de destaque no mundo".
Nova York
Anteriormente, a
homenagem ao presidente seria entregue em evento em Nova York, mas o governo
brasileiro cancelou a agenda na cidade após críticas do prefeito nova
iorquino, Bill de Blasio. Ao mencionar o assunto em seu discurso em Dallas,
Bolsonaro disse lametar o episódio e que respeita todo o povo norte-americano.
"Eu lamento
muito o ocorrido nos últimos dias, de não poder comparecer em outra cidade. Não
posso ir na casa de uma pessoa onde alguém de sua família não me quer bem. Mas
o meu amor, meu respeito e minha consideração por todos os Estados Unidos,
inclusive os nova-iorquinos, continuarão da mesma forma".
O presidente
embarcou na noite de terça-feira (14) para uma viagem de dois dias ao Texas.
Ontem (15), Bolsonaro se reuniu com o ex-presidente norte-americano George W.
Bush e com o senador texano Ted Cruz e visitou o museu The Sixth Floor que
apresenta a narrativa do assassinato do presidente americano John F. Kennedy,
em Dallas, no ano de 1963. Na manhã de hoje, teve encontros com empresários.
A comitiva
presidencial estará de volta ao Brasil na manhã desta sexta-feira (17).
O presidente Jair
Bolsonaro desembarca nesta quarta-feira, (15) em Dallas, no Texas, para uma
visita oficial de dois dias. É a segunda vez que Bolsonaro viaja aos Estados
Unidos (EUA) em cinco meses de governo. No dia 19 de março, ele se reuniu com o
presidente Donald Trump na Casa Branca, em Washington.
Dessa vez, Bolsonaro
está sendo acompanhado por uma comitiva de cinco ministros: Ernesto Araújo
(Relações Exteriores), Paulo Guedes (Economia), Bento Albuquerque (Minas e
Energia), Santos Cruz (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de
Segurança Institucional). Além deles, os governadores do Acre, Gladson Cameli
(PP), e de São Paulo, João Doria (PSDB), também acompanham o presidente da
República. Ainda compõem a comitiva brasileira os deputados Hélio Lopes
(PSL-RJ), Marco Feliciano (Pode-SP), o presidente da Caixa Econômica Federal,
Pedro Guimarães, e o secretário-executivo da Casa Civil, José Vicente Santini.
Um dos principais
momentos da viagem ocorrerá na tarde desta quarta-feira (15), quando Bolsonaro
terá uma reunião privada com o ex-presidente norte-americano George W. Bush,
que governou os Estados Unidos entre 2001 e 2009. De acordo com o Palácio do
Planalto, será uma visita de cortesia.
Além de Bush, o
presidente brasileiro pode se encontrar com o governador do Texas, Greg Abbot,
o prefeito de Dallas, Mike Rawlings, e o senador texano Ted Cruz. As reuniões,
no entanto, não haviam sido confirmadas pelo governo brasileiro até a noite de
terça-feira (14).
Na quinta-feira
(16), Bolsonaro será homenageado como personalidade do ano pela Câmara de
Comércio Brasil-Estados Unidos, em almoço organizado pelo World Affairs Council
de Dallas/Fort Worth, que contará com a presença de 120 empresários
norte-americanos. Anteriormente, essa homenagem seria entregue em evento na
cidade de Nova York, mas o governo brasileiro cancelou a agenda na
cidade após críticas do prefeito nova iorquino, Bill de Blasio, a visita de
Bolsonaro.
No mesmo dia,
Bolsonaro concederá uma entrevista ao World Affairs Council de Dallas/Fort
Worth e termina o dia fazendo uma transmissão ao vivo em sua página no
Facebook. O embarque de volta será na noite de quinta. A previsão é que a
comitiva presidencial desembarque de volta em solo brasileiro na manhã de
sexta-feira (17).
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