segunda-feira, 25 de março de 2019

COLUNA ESPLANADA DO DIA 25/03/2019


Mercado e a reforma

Coluna Esplanada











O Governo federal começa hoje uma ofensiva em diferentes frentes para tranqüilizar o mercado e garantir que a reforma da Previdência será aprovada. O ministro Paulo Guedes vai à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara amanhã para defender a reforma e tentar acalmar os investidores. O líder do Governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), tem planilha atualizada de votos que garantem a aprovação, disse ontem ao presidente Jair Bolsonaro em reunião no Palácio da Alvorada. A meta, esta semana em que o texto terá o teste na CCJ, é reforçar a aliança em contatos por telefone.
Mãos ao alto
O Congresso, famigerado assaltante, bota a faca no pescoço do presidente Bolsonaro para condicionar a reforma da Previdência e usa o presidente da Câmara para recados.
PSDB-DEM
João Dória e Rodrigo Maia transformaram um almoço em palanque, e fizeram comício em coletiva. Nasceu uma chapa presidencial com menos de 3 meses de novo Governo.
Aliás..
.. Dória só contribuiu para jogar mais querosene no paiol do plenário em Brasília, onde o País precisa aprovar a reforma da Previdência. Maia, esperto, soprou para apagar.
Tensão
O otimismo do mercado financeiro em relação à reforma arrefeceu nos últimos dias. Quatro fatores contribuíram: a prisão do ex-presidente Michel Temer, o embate do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), com o ministro Sérgio Moro (Justiça), as críticas ao texto da reforma para militares e a articulação cambaleante no Congresso.
General pop
Hamilton Mourão segue cada dia mais popular, ao contrário do presidente Bolsonaro, preso em agendas internas no Palácio. O vice caminhou com seguranças no Parque da Floresta Nacional ontem, na região de Taguatinga, distribuindo acenos e sorrisos.
Emenda$
Em busca de votos para aprovar a reforma da Previdência, o Ministério da Economia não incluiu as emendas parlamentares no contingenciamento, de R$ 29,792 bilhões nas despesas discricionárias (não obrigatórias) do Orçamento para garantir o cumprimento da meta fiscal deste ano.
É a regra
No Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, o contingenciamento é necessário para que o Tesouro Nacional, Previdência e Banco Central cumpram a meta de déficit primário de R$ 139 bilhões estipulada para 2019. Ano passado, de R$ 16,2 bilhões contingenciados, mais de R$ 8 bi foram para emendas parlamentares.
Ah, senador..
O senador Angelo Coronel (PSD-BA) virou alvo da ira feminina no Senado. Ele é autor do projeto 1.256/19 que pretende acabar com a cota mínima de 30% de candidaturas de mulheres. Coronel aponta, no texto da proposta, que mulheres têm sido compelidas a participar do processo eleitoral apenas para assegurar o percentual exigido, numa prática que se convencionou denominar candidaturas “laranjas”.
Vai ter volta
O senador é alvo de duras críticas tanto na CCJ, onde tramita a proposta, quanto no plenário. Para senadora Leila Barros (PSB-DF), as denúncias de “laranjas” bancadas por partidos não podem ser justificativas para o retrocesso da Lei. O relator, senador Fabiano Contarato (Rede-ES), já apresentou parecer contrário ao texto.
Novo Mundo
Um fundo Private Equity, com investidores estrangeiros, negocia a compra do tradicional Hotel Novo Mundo, no Flamengo, Rio de Janeiro, que será fechado. A ideia do grupo é transformá-lo em lofts para estudantes.
Atente, cidadão
Não confie em políticos da oposição que criticaram a prisão do ex-presidente Michel Temer com uma conotação de solidariedade. É porque há muita gente na fila, de várias legendas. Fato é que a prisão tem respaldo na Lei, e a Lei é para todos.
Turma do tanque
A Plural, que reúne os maiores distribuidores de combustíveis do País, contesta nota publicada sobre preocupação do grupo com transparência no preço dos produtos, em razão de sigilo empresarial. Fato é que nos bastidores o ambiente foi de constrangimento de alguns diretores da ANP com comentários.
ESPLANADEIRA
Engenheira e responsável pelos figurinos do Teatro Cesgranrio, Beth Serpa ganhou homenagem surpresa, pelo seu aniversário, de amigos, artistas  e do marido e parceiro,  professor Carlos Alberto Serpa, na Casa Julieta de Serpa no Rio    .     O pesquisador  Ricardo Cravo Albin anunciará nesta quarta, data em que Miguel Proença,  presidente da Funarte, completa 80 anos, a criação de um comitê formado por amigos e profissionais de música clássica encarregados de promover uma série de homenagens ao pianista por suas oito décadas de existência.

sábado, 23 de março de 2019

VINTE ANOS DO LANÇAMENTO DO FILME MATRIX - FICÇÃO CIENTÍFICA ATUAL


'Matrix' chega aos 20 anos de lançamento como um dos mais estudados da ficção-científica

Paulo Henrique Silva









Marco Aurélio Birchal, professor de Engenharia de Controle e Automação, vê como exagero a ideia de o homem ser escravizado por máquinas


A esta altura, exatos 20 anos após o lançamento de “Matrix”, todo mundo já conhece o efeito “bullet time” (aquele em que acompanhamos em câmera lenta, de vários ângulos, o movimento de pessoas e objetos), usado agora à exaustão no cinema. Ele está longe, no entanto, de ser um dos principais legados do filme, hoje um clássico moderno da ficção-científica.

Ao mostrar a história de um Escolhido (Neo, interpretado por Keanu Reeves) para livrar a humanidade da opressão das máquinas, num futuro próximo, a obra dos irmãos Wachowski tornou-se um dos filmes mais estudados dos últimos anos, tema de aulas e conferências em áreas como Filosofia, Sociologia, Psicologia e Engenharia da Computação.

“Matrix” teve a primeira exibição em 24 de março de 1999, em Westwood, nos Estados Unidos. No Brasil, só chegou em 21 de maio do mesmo ano. O sucesso desta ficção-científica garantiu duas continuações, “Matrix Reloaded” e “Matrix Revolutions”, ambos lançadas em 2003

Para Juri Castelfranchi, professor de Sociologia de Ciência da Tecnologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o filme está mais atual do que nunca. “Especialmente entre os transhumanistas, que acreditam que, daqui a pouco, será possível fazer upload de nossas consciências nas redes, desistindo do corpo para ter uma consciência pura na internet atual”, constata.

Quatro questões
Castelfranchi brinca que a riqueza de discussão do filme é tão grande que daria para fazer um “congresso internacional de uma semana inteira”. Mas elege, entre os preferidos, quatro tópicos, dois ligados à Filosofia, um à Antropologia e outro à Sociologia. Começando por este último, ele chama a atenção para a questão do medo de virarmos escravos das máquinas.

“Na ficção-científica, intui-se muitas coisas que são nossos dilemas de hoje. Falam do aqui e do agora, a partir do que somos agora. Um problema que a sociedade não consegue gerir é o medo de que aqueles que seriam nossos escravos consigam ficar mais fortes e se libertar. O que ‘Matrix’ está dizendo é ‘cuidado ao construir algo ao qual tudo se delega’”, analisa.

Do lado da Antropologia, o ponto a ser levantado é: o que faz o ser humano ser humano? “Você precisa ter a consciência humana e um corpo humano. Nos filmes de terror, vemos muitos corpos sem consciência, como zumbis. No caso da inteligência artificial, são consciências humanas sem corpos e isso dá um medo danado na gente”.

Na luta que os humanos do filme promovem contra as máquinas, surge uma questão filosófica: até que ponto nossa felicidade está ligada ao corpo? Em “Matrix”, salienta Castelfranchi, a mente independe do corpo. “Se focarmos na inteligência, usando a emoção e o raciocínio, certamente seremos melhores do que as máquinas”, registra.

Por fim, o longa exibe uma discussão, também filosófica, sobre os objetos, se são eles meros instrumentos, nem do bem nem do mal. “Não é bem assim. As máquinas compram a nossa maneira de ver o mundo, refletindo relações de poder. Elas tendem a fortalecer quem está no poder”, pondera o professor.

Filme faz referências a equipamentos de rede de computadores

Especialista em Engenharia de Controle e Automação , professor universitário que dá aulas sobre o tema, Marco Aurélio Birchal enxerga uma relação direta entre os personagens de “Matrix” e os equipamentos de rede de computadores.

“Personagens como Mouse e Switch carregam nomes de equipamentos. Até Morpheus, que é o nome de um software. O Oráculo, a quem Neo procura para saber se é o Escolhido, faz alusão justamente a um banco de dados muito importante e famoso”, observa.

De acordo com Birchal, há relações diretas entre os eventos da computação e situações usadas na narrativa, como o déjà vu (sensação de ter já presenciado determinado acontecimento) e o looping (repetição automática de uma ocorrência), mostrando que, “de fato, a trama ocorre dentro de um computador”.

“Quando vão em busca do Chaveiro, para abrirem certas portas, trata-se de uma referência às chaves de criptografia, de segurança de rede”, explica o professor, que vê como exagero a ideia de o homem ser escravizado pelas máquinas.

"(O cientista Albert) Einstein falava que qualquer tecnologia muito avançada parece algo meio mágico. Quando a gente não tem um entendimento da tecnologia, passa a adotar essa visão pessimista. De modo geral, a máquina está aí para auxiliar o homem, uma grande ferramenta para estender a capacidade humana”, analisa.

Para ele, o virtual nada mais é do que uma extensão do físico, que é limitante. Birchal cita como exemplo os óculos de realidade virtual, que transferem o seu usuário para outra realidade.

“Muito da discussão, especialmente no campo da sociologia, é sobre o medo de a tecnologia tomar nossos empregos. Isso não vai acontecer. De fato, um robô irá substituir o homem em situações insalubres e repetitivas que nada acrescentarão à pessoa. Na verdade, ele está dando uma condição melhor ao ser humano”, afirma.

LAMA DA BRRAGEM DE BRUMADINHO-MG CHEGA AO RIO SÃO FRANCISCO


Lama chega ao ‘Velho Chico’

Estudo da SOS Mata Atlântica revela que águas de Três Marias estão contaminadas

Renata Evangelista 











DO PARAOPEBA AO CHICO – Pesquisadores, durante Expedição sem Barreiras, que constatou alto nível de metais pesados


Os rejeitos de minério da barragem Mina Córrego do Feijão, que se rompeu em 25 de janeiro em Brumadinho, na Grande BH, chegaram ao rio São Francisco. Levantamento realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica aponta que os índices de turbidez no trecho que vai de Felixlândia até Três Marias, na região Central de Minas, estão acima do aceitável e, por isso, a água é imprópria para o consumo.
A constatação integra o relatório “O retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica”, divulgado nessa sexta-feira em referência ao Dia Mundial da Água. As análises no “Velho Chico” foram feitas de 8 a 14 de março.
Ao todo, 12 pontos no trecho entre os reservatórios de Retiro Baixo, localizado no rio Paraopeba – entre Curvelo e Pompéu –, e de Três Marias, no Alto São Francisco, foram verificados pelos pesquisadores. Desses, segundo o estudo, nove apresentaram condição ruim e três, regular.
Em alguns locais foram verificados índices de turbidez seis vezes acima do permitido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
As concentrações de ferro, manganês, cromo e cobre também estariam além do aceitável pela legislação. Isso em um trecho a mais de 230 quilômetros do local do rompimento da barragem.

SITUAÇÃO CRÍTICA
Conforme o levantamento, a situação poderia ser pior. “Apesar das medidas tomadas no sentido de evitar que os rejeitos atinjam o rio São Francisco, os contaminantes mais finos estão ultrapassando o reservatório (Retiro Baixo) e descendo, já sendo percebidos nas análises em padrões elevados”, destacou a SOS Mata Atlântica.
Os resultados da fundação foram contestados pela Agência Nacional das Águas (ANA), pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e Serviço Geológico do Brasil.
“A análise da qualidade da água do rio Paraopeba feitas antes do evento da ruptura da barragem de Brumadinho já apontava níveis de contaminação, por ferro e alumínio, que mascaram a passagem da lama. O rio Ribeirão das Almas, por exemplo, imediatamente a jusante de Retiro Baixo, lança muitos sedimentos no Paraopeba, o que pode confundir análises feitas sem contemplar as séries anteriores de dados”, explicou a ANA, em nota.
A Vale, responsável pela Mina Córrego do Feijão, garantiu que a pluma de lama está contida no reservatório da Usina Hidrelétrica Retiro Abaixo “e não acessou o rio São Francisco”. “Esta afirmação está fundamentada na análise integrada do comportamento dos resultados de turbidez (até o dia 20 de março) e metais (até 16 de março) que estão associados ao deslocamento da pluma”, explicou a mineradora.
A empresa ainda destacou que, diariamente, monitora 65 pontos nas áreas afetadas pelo desastre, “em pontos a jusante no rio Paraopeba, principais tributários, reservatórios de Retiro Baixo e de Três Marias, rio São Francisco e em pontos a montante não afetados”.
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) também foi procurada pela reportagem, e reforçou o posicionamento do Igam, afirmando que “não se observam alterações na qualidade das águas na estação de amostragem localizada a jusante da Usina Hidrelétrica Retiro Baixo que indiquem a chegada da pluma de rejeitos neste trecho”.

TRISTE REALIDADE
Não é só o rio São Francisco que está padecendo. No país, dos 278 pontos de coleta de água monitorados, em 49 (17,6%) a qualidade é ruim, e em quatro pontos (1,4%), péssima. Conforme o estudo, somente 18 pontos (6,5%) apresentam qualidade boa da água e nenhum dos rios e corpos d’água tem qualidade ótima.
“Os rios brasileiros estão por um triz. Seja por agressões geradas por grandes desastres ou por conta dos maus usos da água no dia a dia, decorrentes da falta de saneamento, da ocupação desordenada do solo nas cidades, por falta de florestas e matas ciliares que protegem os rios e nascentes e por uso indiscriminado de fertilizantes químicos e agrotóxicos. Nossos rios estão sendo condenados pela falta de boa governança”, afirma Malu Ribeiro, assessora da Fundação SOS Mata Atlântica, especialista em água.

REFLEXÃO SOBRE A VIAGEM DO PRESIDENTE BOLSONARO AOS EUA


A viagem de Bolsonaro


Manoel Higino








A visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, hospedado na Blair House, no complexo da Casa Branca, com a sucessão de reuniões entre altas autoridades de nosso país, constituiu motivo de natural regozijo em Washington e Brasília. Enfim, consumou-se o encontro dos mais elevados escalões da administração das duas maiores nações das Américas, neste primeiro trimestre.
Não se esquecerá de que, em tempos idos e vividos, quando éramos ainda colônia de Portugal, alguns inconfidentes se aproximaram de pioneiros da independência dos Estados Unidos, em encontros na Europa, a fim de que a experiência do Norte pudesse servir de exemplo e parâmetros para projetos que se pretendia para o país independente que se forjava no hemisfério Sul.
Em sua visita aos Estados Unidos, o presidente Bolsonaro esteve hospedado nesse domingo passado na Blair House, casa de recepção a ilustres hóspedes do governo americano, nas proximidades da Casa Branca, em Washington. É um tempo próprio para discutir questões que interessam às duas nações: a maior do hemisfério Norte das Américas e a maior do hemisfério Sul, para desfazer opiniões diversas, controversas e adversas a uma aproximação que ultrapassa a simples questão geográfica.
Motivos ocasionais, políticos e ideológicos interferiram nas relações entre as duas grandes nações do continente. Havia os que julgavam que o Brasil sempre embarcava na canoa de Tio Sam. A política externa, por exemplo, como proposta por Jânio e o chanceler Afonso Arinos, pela primeira vez se tornou assunto de discussão nacional. Naquela hora, pareceu que os milhões de brasileiros que votaram em Jânio tinham despertado de um pesadelo. As relações com Cuba, com os países comunistas e com os africanos dividiram a opinião pública brasileira. Falava-se muito, discutia-se sobre “política externa independente”.
O embaixador Vasco Leitão de Abreu, uma das maiores expressões de nossa diplomacia, se manifestou: “O pessoal do centro-esquerda achava que eu estava me entregando aos reacionários da direita e que a minha motivação era política, que eu era contra a política do Afonso, apoiada pelo presidente.
Mas eu estava de acordo. Nem achava que tivesse tanta importância assim, achava que a nossa política era mais independente do que parecia”.
Vasco foi claro: “Até então não tínhamos por hábito seguir os Estados Unidos, e dessa vez íamos ser independentes da política americana, íamos criar uma política com a África”. Vasco enfatizava que o Brasil não votava automaticamente com os EUA. Nunca houve subserviência. “Nas coisas mais importantes sempre tomávamos as deliberações mais acertadas para o Brasil. Como os Estados Unidos, mas não a reboque”, era a tese de Lauro Muller. “Não era ser importante subserviente para ser atacado”.
Os acordos assinados por Trump e Bolsonaro são de grande importância para as nações de que são presidentes em várias áreas da vida nacional. Enfim, ainda, libera-se a base de Alcântara para lançamento de foguetes e satélites, embora sob jurisdição do Brasil. Esta, todavia, depende da aprovação do Congresso.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...