A viagem de Bolsonaro
Manoel Higino
A visita do
presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, hospedado na Blair House, no
complexo da Casa Branca, com a sucessão de reuniões entre altas autoridades de
nosso país, constituiu motivo de natural regozijo em Washington e Brasília.
Enfim, consumou-se o encontro dos mais elevados escalões da administração das
duas maiores nações das Américas, neste primeiro trimestre.
Não se esquecerá de
que, em tempos idos e vividos, quando éramos ainda colônia de Portugal, alguns
inconfidentes se aproximaram de pioneiros da independência dos Estados Unidos,
em encontros na Europa, a fim de que a experiência do Norte pudesse servir de
exemplo e parâmetros para projetos que se pretendia para o país independente
que se forjava no hemisfério Sul.
Em sua visita aos
Estados Unidos, o presidente Bolsonaro esteve hospedado nesse domingo passado
na Blair House, casa de recepção a ilustres hóspedes do governo americano, nas
proximidades da Casa Branca, em Washington. É um tempo próprio para discutir
questões que interessam às duas nações: a maior do hemisfério Norte das
Américas e a maior do hemisfério Sul, para desfazer opiniões diversas,
controversas e adversas a uma aproximação que ultrapassa a simples questão
geográfica.
Motivos ocasionais,
políticos e ideológicos interferiram nas relações entre as duas grandes nações
do continente. Havia os que julgavam que o Brasil sempre embarcava na canoa de
Tio Sam. A política externa, por exemplo, como proposta por Jânio e o chanceler
Afonso Arinos, pela primeira vez se tornou assunto de discussão nacional.
Naquela hora, pareceu que os milhões de brasileiros que votaram em Jânio tinham
despertado de um pesadelo. As relações com Cuba, com os países comunistas e com
os africanos dividiram a opinião pública brasileira. Falava-se muito,
discutia-se sobre “política externa independente”.
O embaixador Vasco
Leitão de Abreu, uma das maiores expressões de nossa diplomacia, se manifestou:
“O pessoal do centro-esquerda achava que eu estava me entregando aos
reacionários da direita e que a minha motivação era política, que eu era contra
a política do Afonso, apoiada pelo presidente.
Mas eu estava de acordo. Nem achava que tivesse tanta importância assim, achava que a nossa política era mais independente do que parecia”.
Mas eu estava de acordo. Nem achava que tivesse tanta importância assim, achava que a nossa política era mais independente do que parecia”.
Vasco foi claro:
“Até então não tínhamos por hábito seguir os Estados Unidos, e dessa vez íamos
ser independentes da política americana, íamos criar uma política com a
África”. Vasco enfatizava que o Brasil não votava automaticamente com os EUA.
Nunca houve subserviência. “Nas coisas mais importantes sempre tomávamos as
deliberações mais acertadas para o Brasil. Como os Estados Unidos, mas não a
reboque”, era a tese de Lauro Muller. “Não era ser importante subserviente para
ser atacado”.
Os acordos assinados
por Trump e Bolsonaro são de grande importância para as nações de que são
presidentes em várias áreas da vida nacional. Enfim, ainda, libera-se a base de
Alcântara para lançamento de foguetes e satélites, embora sob jurisdição do
Brasil. Esta, todavia, depende da aprovação do Congresso.

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