sábado, 6 de janeiro de 2018

REMÉDIO CONTRA O CÂNCER - SÓ OS RICOS PODEM COMPRAR



Laboratório dos EUA aumenta 1.400% preço de remédio contra câncer

Agência France Presse





Com o aumento de 1.400%, o preço de 50 dólares por comprimido foi para mais de 700

Um laboratório da Flórida enfrenta um pesadelo midiático desde que a imprensa americana revelou que, após comprar a licença de um velho medicamento contra um agressivo tumor cerebral, a empresa aumentou em 1.400% seu preço.
A NextSource Biotechnology, um laboratório desconhecido com sede em Miami, comprou em 2013 a licença do fármaco lomustina da Bristol-Myers Squibb, que supostamente vendia o comprimido de 100 miligramas por cerca de 50 dólares.
Desde então, segundo uma investigação do Wall Street Journal publicada em 25 de dezembro, a NextSource aumentou para 768 dólares o preço do mesmo comprimido, comercializando-o nos Estados Unidos com o nome Gleostine.
A patente da lomustina - antes conhecida como CeeNU ou CCNU - expirou, e não tem um equivalente genérico. É um fármaco quimioterapêutico desenvolvido há mais de 40 anos para tratar o glioblastoma, um agressivo tumor cerebral.
A publicação do artigo do WSJ provocou uma onda de acusações de "cobiça corporativa" nas redes sociais e uma carta aberta de uma associação de ativistas democratas do condado de Miami-Dade, que exige uma investigação judicial sobre a NextSource por "especulação de preços e práticas anticompetitivas".
O advogado da farmacêutica, Joseph DeMaria, disse à reportagem que pedirá uma retratação pública e que não descarta denunciar o WSJ e os ativistas por difamação.
DeMaria afirmou que a NextSource produz outras doses menores e, portanto, mais econômicas do comprimido.
"É verdade que a companhia tem um comprimido que custa 700 dólares, mas eles não estão te dizendo que o preço médio de todos os comprimidos que a companhia vende é um pouco acima de 400 dólares", disse.
O advogado também argumentou que a empresa deve pagar dois milhões de dólares por ano à agência de medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, e que o custo da matéria-prima da lomustina aumentou 30%.

COLUNA ESPLANADA DO DIA 06/01/2018



Barril de pólvora

Coluna Esplanada – Leandro Mazzini 






Um ano depois de lançado com alarde pelo presidente Michel Temer e o então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, o plano nacional de segurança se soma a outros fiascos do Governo. As medidas foram apresentadas em meio à maior crise no sistema prisional após rebeliões e centenas de mortes em presídios do Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte. O abandono e a ingerência nas cadeias brasileiras foram constatados pelo pente-fino feito pelo Tribunal de Contas da União e 22 tribunais de contas regionais. A auditoria apontou “deficiências” em repasses do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), falta de informações confiáveis acerca dos detentos e “indicativos de falhas na fiscalização exercida pelo Ministério Público”.
Rebeliões 
O raio-x do TCU e tribunais regionais também mostrou que mais de 60% dos presídios do Brasil “enfrentaram nos últimos dois anos algum tipo de rebelião” e “78% dos casos de rebelião se deram em presídios com excesso de lotação”.

Medo 
A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffman (PR), chama de “inacreditável” o pedido do prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), para que o Exército e a Força Nacional reforcem a segurança no dia do julgamento do ex-presidente Lula: “É muito medo do povo”.

Despachos internos 
O Planalto permanece com dificuldades em atualizar a agenda oficial do presidente Temer, criticado após encontros não divulgados com Joesley Batista, Gilmar Mendes e Raquel Dodge. Na terça-feira, por exemplo, constavam apenas “despachos internos”.

Delay
Quatro horas depois, no entanto, veio a atualização de que, pela manhã, o peemedebista se reunira com o núcleo duro do governo – Padilha, Moreira e Marun –, além dos ex-ministros do Trabalho, Ronaldo Nogueira, e da Indústria e Comércio, Marcos Pereira.

Cotado 
Nos corredores do Planalto, ventila-se o nome do presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Guilherme Afif Domingos, para assumir o Ministério da Indústria e Comércio Exterior no lugar de Marcos Pereira, do PRB. Em troca, o partido indicaria o substituto de Afif para comandar o Sebrae.

Ex de Dilma
Guilherme Afif tem boa relação com Temer e foi ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa no governo Dilma Rousseff.
Folga
A ministra Luislinda Valois, que causou polêmica ao comparar seu batente à frente da pasta de Direitos Humanos ao trabalho escravo, vai repousar: sem partido, ela vai tirar 15 dias de férias a partir do dia 7.

Frequência “laranja” 
O Ministério Público está de olho no uso político e fraudes envolvendo rádios comunitárias. Processou a ex-prefeita de Monte das Gameleiras (RN), Edna Regia, e o irmão dela, Edson Ricardo, por fraude na criação de uma associação para abrir a emissora FM Gameleiras em nome de “laranjas”.

Repúdio 
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos enviou carta ao presidente Michel Temer e à direção da Embraer em tom de “repúdio” a qualquer tipo de transação que represente a transferência de controle acionário da empresa para a norte-americana Boeing. A empresa emprega 12 mil pessoas em sua sede, em São José dos Campos. No Brasil, são 16 mil.

Afronta
“A venda para a Boeing será uma afronta”, diz o vice-presidente do Sindicato, Herbert Claros, ao anunciar o início de uma campanha de conscientização sobre “a importância de reestatização da Embraer”.

De volta
Coordenado pelo médico Francesco Mazzarone, o serviço de cirurgia plástica da Santa Casa de Misericórdia – fundado por Ivo Pitanguy –, será reaberto ao público dia 8, após recesso acadêmico.

Ponto Final
“Não há política séria de segurança sem discussão da alteração da lógica das unidades prisionais como masmorras medievais”
Do deputado Glauber Braga (Psol-RJ)

REFORMA DA PREVIDÊNCIA - QUEM TEM RAZÃO?



Impedir a anti-reforma da Previdência

Frei Betto 






Graças à efetiva comprovação de que governo é como feijão, só funciona na panela de pressão, a mobilização popular impediu o Congresso Nacional de aprovar a antirreforma da Previdência proposta por Temer. Agora é hora de esclarecer a opinião pública e pressionar os deputados federais para que, em fevereiro, engavetem de vez essa proposta injusta.
Vamos aos números. O governo mente ao afirmar que a Previdência é deficitária, ou seja, paga mais do que recebe. A CPI da Previdência no Senado comprovou o contrário. Entre 2000 e 2015, o superávit foi de R$ 821 bilhões. Atualizado pela Selic, seria hoje de R$ 2,1 trilhões. Nos últimos 20 anos, devido a desvios, sonegações e dívidas, a Previdência deixou de recolher aos seus cofres mais de R$ 3 trilhões!
A CPI denunciou que um dos meios de desviar recursos da Previdência é pela DRU (Desvinculação de Receitas da União). Entre 2000 e 2015, foram retirados R$ 614 bilhões. Atualizado, esse valor seria hoje de R$ 1,4 trilhão. No ano passado, o percentual de retirada subiu de 20% para 30%. Ou seja, o Planalto toma dinheiro da Previdência para outros fins, e depois a acusa de deficitária...
Segundo Floriano Martins, vice-presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, a reforma da Previdência só beneficiará um setor: o sistema financeiro.  Este está ávido para se apossar daquele que será o maior fundo de pensão fechado do Brasil: o dos servidores públicos federais. E, como efeito cascata, do funcionalismo estadual e municipal.
A previsão é que ele se transforme no maior fundo de pensão do Brasil ao longo dos próximos 20 anos. Segundo Martins, o governo abre espaço para oferecer previdência complementar fechada a ser gerida diretamente pelos bancos.
O Planalto quer a reforma a todo custo para entregar a previdência do setor público complementar aos fundos de pensão. Ou seja, conclui Martins, se a reforma passar, o trabalhador brasileiro estará condenado a trabalhar até morrer sem se aposentar.
A grande reforma que o Brasil exige é a tributária, de modo a cobrar mais de quem ganha mais, e menos de quem ganha menos. Um dos buracos da Previdência é o volume de sonegação. E o governo Temer ainda ameniza as dívidas dos sonegadores e alivia aqueles que devem ao Funrural, destinado ao trabalhador do campo.
É uma vergonha o secretário da Receita Federal, Jorge Antônio Rachid, admitir à CPI do Senado que serão precisos 77 anos para cobrar dos sonegadores... Esta é uma grave ofensa à inteligência e à dignidade do povo brasileiro que, com o seu trabalho, cobre os buracos deixados pela sonegação.


sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

AS FESTAS DE FINAL DE ANO NÃO APAGARAM A DESCONFIANÇA DOS BRASILEIROS NO GOVERNO



O odor ainda persiste
Manoel Hygino 






Olho pela janela e lamento concordar que lá fora não mudou muito de 2017 para cá, a despeito do foguetório comemorativo da travessia do ano, da euforia dos que se transportam de seus locais de residência para as festas, que exaltam uma alegria que, na mais das vezes, não habita os corações. O tempo é duvidoso, não só aquele que as belas comunicadoras de televisão anunciam. O clima do ano findo não findou com ele. Apenas fazemos o jogo do faz de conta.
O mais deplorável é que restou um halo de desconfiança em torno do terceiro poder da República, ainda não contagiado pelo clima de suspeição em torno de suas decisões. Não o ignoram os próprios membros do Supremo Tribunal Federal, que é mais do que guardião da Constituição, porque o é da credibilidade da sociedade.
No dia 19, na sessão sobre investigações do “quadrilhão do PMDB na Câmara” ( a expressão está nos jornais do dia seguinte), o notório ministro Gilmar Mendes afirmou: “populismo judicial é responsável por esse tipo de assanhamento. A história não vai nos perdoar”.
O ministro Luís Roberto Barroso rebateu, afirmando que vira o episódio da mala de dinheiro: “eu vi a corridinha na televisão. Tudo documentado”, referindo-se ao ex-assessor especial da presidência, Rodrigo Rocha Loures. São fatos que enxovalham a dignidade e a honra nacionais. Barroso observou: “nós vivemos uma tragédia brasileira, uma tragédia de corrupção que se espalhou de alto a baixo. É a cultura de desonestidade em que todo mundo quer levar vantagem”.
No mesmo tom, concluiu: “são diferentes visões da vida e do país. Não acho que há uma investigação irresponsável. Há um país que se perdeu pelo caminho, naturalizou as coisas erradas. E temos o dever de enfrentar isso e de fazer um novo país, de ensinar às novas gerações que vale a pena ser honesto. Sem punitivismo, sem vingadores mascarados, mas também sem achar que ricos criminosos têm imunidade, porque não têm. Tem que tratar o menino pego com cem gramas de maconha da mesma forma que se trata quem desvia milhões de reais”.
Há intenso calor, chamas, em torno das decisões dos titulares dos três poderes da República. O caso Loures gerações não esquecerão, porque já inscrito nas páginas da história. Ademais há de se atentar, evidentemente, para a ação indireta de inconstitucionalidade, proposta pela Procuradoria-Geral da República quanto ao indulto de Natal, proposto pelo presidente da República, que causou, por óbvios motivos, tremendo mal-estar.
Para Raquel Dodge, o indulto “se destina a favorecer, claramente, a impunidade, dispensando do cumprimento da sentença judicial justamente os condenados por crimes que apresentam um alto grau de dano social, com consequências morais e sociais inestimáveis, como é o caso dos crimes de corrupção, de lavagem de dinheiro e outros correlatos”.
A ministra Carmen Lúcia, presidente da mais alta corte de Justiça, não deixou por menos. Suspendeu, em caráter liminar, o indulto previsto no decreto, assinado pelo chefe da nação.
Não há dúvida, porém, que o odor do escândalo já se espalhara amplamente. É nesse indesejado ambiente que abrimos o calendário de 2018. Só resta aguardar, se possível, que os dias vindouros desfaçam as perspectivas desagradáveis, porque o tempo é inexorável. Ele não perdoa.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...