quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O ABUSO PSICOLÓGICO MACHUCA TANTO OU MAIS QUE OS MAUS-TRATOS FÍSICOS



Violência emocional, o estupro que você não vê

Simone Demolinari 




Muitas vezes os holofotes da violência jogam luz somente nas agressões físicas, deixando de lado a violência emocional, aquela que não é vista por quase ninguém, além da própria vítima.
O abuso psicológico machuca tanto ou mais que os maus-tratos físicos. É um estupro ao equilíbrio psíquico e um assassinato à autoestima. Seu dano é causador de depressão, pânico, fobias e males físicos, visto que o corpo sucumbe à dor da emoção.
Esse tipo de abuso pode ocorrer de forma evidente ou sutil. É evidente quando a violência acontece através de xingamentos, palavras ofensivas, inferiorização, ciúme exagerado e chantagem. Já a forma sutil vem através do egoísmo, frieza e descaso.
Não é fácil admitir que um ato de violência possa vir de quem mais amamos e confiamos, como nossos pais, irmãos ou cônjuges. Muitas vezes, o caminho que a vítima encontra é justificar a violência do agressor: “sei que ele(a) quer o meu melhor”; “ele(a) é muito nervoso(a)”, “ele(a) só fala isso para meu bem”, ou “ele(a) age assim porque também foi maltratado na infância”.
A vítima tende a fechar os olhos ao abuso emocional por dois motivos: primeiro, por acreditar erroneamente que essa violência é algo premeditado. E segundo, pelo fato de ela vir camuflada de amor. Acreditando que o amor tudo supera, a vítima tende a entender os motivos de quem a agrediu, ficando o agressor absolvido pela boa fé do agredido.
A violência psicológica acontece em episódios reincidentes com picos de furor e retomada da harmonia. Geralmente, aquele que agride, volta a ser agradável, simpático, amoroso e educado como se quisesse compensar a vítima pelo estrago já feito. Já o agredido, por sua vez, fica aliviado e esperançoso de que algo tenha se resolvido a partir daquele desentendimento. Mas, na maioria das vezes, está enganado. O que ocorre é o agressor reincidir na violência ao se deparar com uma frustração.
Mas não está correto culpar apenas um lado. A violência emocional é mantida pelas duas partes: um abusa pela sua baixa autoestima e natureza perversa mostrando poder e controle, enquanto o outro cede, também pela sua baixa autoestima, mas por se sentir inferior e com sentimento de culpa. Ambos tornam-se complementares nas suas imperfeições. Um sadomasoquismo emocional inconsciente: um gosta de bater e o outro de apanhar.
Quebrar esse círculo vicioso não é simples. É preciso, em primeiro lugar, enxergar o contexto sem a lente da ilusão: tortura e amor não coexistem. Depois, é necessário abandonar a condição de vítima – uma “zona de conforto” que na verdade é muito desconfortável.
Se a violência emocional não for interrompida, traz consequências para os dois lados. Quem maltrata se solidifica no papel de algoz, ora prejudicando ora salvando sua vítima. E quem sofre a agressão, com o tempo, assume também o papel de agressor, carregando consigo cicatrizes da violência para o resto da vida.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

EMPRESA BRASILEIRA DENUNCIADA NA LAVA JATO FAZ ACORDO



Odebrecht negocia acordo bilionário com Brasil, EUA e Suíça

Folhapress 








Ao mesmo tempo em que finaliza uma megadelação, com cerca de 70 executivos, a Odebrecht negocia, com com o objetivo de salvar o grupo da bancarrota, um acordo de leniência com os Estados Unidos e a Suíça, que deve resultar no que os procuradores americanos consideram a maior multa já paga em tratos desse gênero no mundo, de cerca de R$ 6 bilhões.
O valor final, que ainda está sob discussão, será dividido pelos três países, segundo a reportagem apurou. No estágio atual das negociações, o Brasil ficaria com pouco mais da metade dos R$ 6 bilhões e os EUA com o segundo maior montante.
A Siemens detém o recorde de valor pago por violações da lei americana anticorrupção, com uma multa de US$ 800 milhões em 2008 (hoje o valor equivale a R$ 2,5 bilhões).
O acordo negociado com os Estados Unidos contempla tanto o Odebrecht como a Braskem, indústria petroquímica que pertence ao grupo e é a maior da América Latina. A avaliação na Odebrecht é que o acordo nos Estados Unidos é tão essencial para a sobrevivência do grupo quanto o que está sendo costurado no Brasil.
Se as tratativas com os EUA fracassarem, o grupo pode quebrar, na avaliação dos negociadores da Odebrecht. Foi por esse mesmo motivo que Emílio Odebrecht, que preside o conselho de administração do grupo, decidiu fazer os acordos no Brasil, contra a vontade de seu filho, Marcelo Odebrecht, que está preso desde junho do ano passado.
O grupo Odebrecht e a Braskem têm negócios nos Estados Unidos e violaram, em tese, uma lei que proíbe o pagamento de propina a agentes públicos no exterior chamada FCPA (Foreign Corrupt Practices Act), ou Lei Anticorrupção no Exterior.
A Odebrecht é a maior empreiteira brasileira e o grupo teve um faturamento de R$ 132 bilhões no ano passado.


BRASILEIROS IMIGRANTES QUEREM REGULARIZAR SUA SITUAÇÃO NOS EUA



Brasileiros aproveitam eleição nos EUA para defender regularização de imigrantes

Agência Brasil 









“Até mesmo para obter um seguro, se a pessoa não tem documento, o preço fica muito alto”, disse a ativista.


A comunidade brasileira que reside legalmente nos Estados Unidos aproveitou hoje (8) o dia de eleições norte-americanas para reforçar – em lugares próximos aos locais de votação – uma campanha em favor da concessão de documentos para imigrantes que vieram do Brasil e se expõem ao risco de serem presos ou deportados. Espalhados pelas cidades que mais recebem imigrantes do Brasil nos EUA – Boston, Miami, San Francisco, Nova York e East Newark (em Nova Jérsey), os brasileiros também orientaram compatriotas com direito a voto a apoiar políticos que simpatizam com as causas dos migrantes.
Liderado pela brasileira Margareth Shepard, que mora há mais de 20 anos em Boston, capital do estado de Massachusetts, o movimento defende o direito de os brasileiros sem documentos obterem carteira de motorista nos Estados Unidos. Segundo Margareth, sem carteira de motorista, os brasileiros (e os demais imigrantes sem documentos) ficam sujeitos a penas pesadas e multas elevadas. “Até mesmo para obter um seguro, se a pessoa não tem documento, o preço fica muito alto”, disse a ativista.
Margareth Shepard elaborou uma lista de senadores e deputados norte-americanos que simpatizam com a causa brasileira. Segundo ela, a candidata à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton, também é favorável à causa dos brasileiros e por isso mereceu ser apoiada pela comunidade. A brasileira Heloisa Maria Galvão, que integra o Grupo Mulher Brasileira, em Boston, disse que a comunidade de brasileiros nos EUA está se unindo para criar um consenso sobre como o Brasil pode ser representado no Congresso dos Estados Unidos. “Só em Massachusetts os brasileiros representam a segunda nacionalidade que mais obtém a cidadania americana, logo depois dos originários da República Dominicana”.

 



A OPOSIÇÃO TENTOU BOICOTAR O ENEM E NÃO CONSEGUIU



O boicote ao Enem

Manoel Hygino 




Causa dor, tristeza ou repulsa o boicote, claro e insofismável, tornado público, ao Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, programa lançado pelo governo federal em anos recentes. Agentes, cujos rostos não foram mostrados e não tiveram nomes revelados, realizaram atividades em todo o país, para, mediante ocupações dos locais nos quais se realizariam as provas, tentar obstar as provas. Os próprios estudantes se sentiram intimidados.
A ocultação da identificação foi nítida demonstração de que havia, por detrás dos fatos, objetivos escusos, inclusive o próprio acesso ao exame. Prejudicou-se, assim, o cronograma do programa Universidade para Todos, ProUni e do Fundo de Financiamento Estudantil para o ano letivo de 2017.
A quem interessaria?
Maria Inês Fini, presidente do Inep, declarou que os prejuízos financeiros de uma nova prova “ainda não foram calculados”. O Ministério da Educação, contudo, previu R$ 8 milhões em custos adicionais. Disse ainda: “lamentavelmente, quem paga a conta é o governo federal”. Não ocorre exatamente assim, todavia. Quem se responsabiliza por tudo é o contribuinte, cada cidadão, além dos estudantes frustrados em seus planos de vida e de realização profissional e pessoal.
Registrou-se um premeditado empecilho nos projetos das futuras gerações, o que constitui, em última análise (ou primeira), um crime de lesa pátria, que exigiria apuração.
A nação não pode submeter-se silenciosamente a ações dos que não pensam no porvir nacional e da juventude que quer, precisa e reclama de atuação do Estado para construir uma nação melhor, mais feliz e humana. Não sem razão, um grupo de treze promotores de Justiça do Ministério Público estadual em Piracicaba, SP, recomendou administrativamente à Diretoria de Ensino da região e à Secretaria Municipal de Educação que, em casos de ocupação de prédios destinados às provas do Enem, fizessem a remoção de “invasores”. Expediram um comunicado:
“O direito de manifestação pode ser exercido em espaços abertos ao público, bens de uso comum como ruas e praças, da forma autorizada pela Constituição, sem que se tolha o direito de estudar dos alunos que optem por não participar dos protestos”. O documento observa ainda que o termo ‘ocupação’ tem conceito jurídico definido no artigo 1.263 do Código Civil e significa assenhorar-se de ‘coisa sem dono’. Não há qualquer dúvida de que os imóveis onde funcionam as escolas públicas não são ‘coisa sem dono’, mas bens públicos destinados à prestação de serviço público essencial que não pode ser interrompido, sob pena de violação do direito fundamental de acesso à educação”.
Que os estudantes incorressem em erro de julgamento ainda se compreenderia, talvez. São jovens, têm muito a aprender em termos de experiência, mesmo no planeta de comunicação global em que nos achamos.
Mas professores estes não têm o direito de se conduzir levianamente. O jornalista Paulo Bressane, ao se dirigir a uma escola pública ocupada por esta gente, encontrou cartazes contra a proposta de Emenda Constitucional sobre o teto de gastos públicos. Em um estava escrito: “Vai a PEC 241 para a.... que p...”.
Pelo teor, imagina-se com que pessoas se está tratando, que não se importam que mais de 240 mil estudantes inscritos se sentissem inseguros na gangorra de exames indispensáveis a seu futuro.