Médios e grandes
consumidores já podem comprar diretamente de quem gera
Tatiana Moraes
SATISFAÇÃO - Flávio Roscoe, da Colortêxtil: previsão de retorno do
investimento realizado em quatro meses
Crise não combina com aumento do preço da energia. Mas é isso que
acontece hoje. Com vendas e faturamento em queda em todos os setores, as
empresas mineiras ainda enfrentam aumento de 60% no preço da energia somente em
2015.
Mas existe a alternativa da compra de energia diretamente da fonte, sem
passar pelas distribuidoras, ainda pouco conhecida no mundo corporativo. Na
compra direta, o preço é negociado diretamente com fornecedores, fugindo das
tarifas estabelecidas pelo governo.
Segundo especialistas, o novo sistema pode gerar redução no preço entre 15% e 20%, que para uma cota média de energia de R$ 100 mil mensais significa uma economia ao ano de até R$ 240 mil.
Segundo especialistas, o novo sistema pode gerar redução no preço entre 15% e 20%, que para uma cota média de energia de R$ 100 mil mensais significa uma economia ao ano de até R$ 240 mil.
Os “Consumidores Especiais”, como são chamados, devem consumir
mensalmente entre 500 quilowatts (kW) e 3 megawatts (MW). Mas, para verificar
que o sistema é vantajoso frente ao consumo, é necessário contratar um estudo
de viabilidade econômico financeira.
“Normalmente, empresas com contas a partir de R$ 100 mil já se habilitam. Geralmente, um prédio comercial de 30 andares se enquadra. Um shopping também”, afirma o diretor-executivo da Safira Energia, Mikio Kawai Junior.
“Normalmente, empresas com contas a partir de R$ 100 mil já se habilitam. Geralmente, um prédio comercial de 30 andares se enquadra. Um shopping também”, afirma o diretor-executivo da Safira Energia, Mikio Kawai Junior.
Alteração
Ele explica que a migração é simples. Basta fazer a análise econômico financeira da alteração, notificar a distribuidora da mudança – a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), no caso dos mineiros – e trocar o medidor de energia. Segundo Kawai Junior, a análise econômico financeira é realizada por consultorias ou comercializadoras de energia.
Ele explica que a migração é simples. Basta fazer a análise econômico financeira da alteração, notificar a distribuidora da mudança – a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), no caso dos mineiros – e trocar o medidor de energia. Segundo Kawai Junior, a análise econômico financeira é realizada por consultorias ou comercializadoras de energia.
O proprietário da Colortêxtil, fábrica de tecidos, e presidente do
Sindicato das Indústrias Têxteis, de Malhas de Minas Gerais (Sindimalhas),
Flávio Roscoe, aderiu ao modelo especial há pouco tempo em uma de suas três
fábricas. Após uma avaliação, ele não optou pelo preço mais baixo disponível,
mas por aquele que permitia um volume de compra flexível. Na ponta do lápis, o
resultado surpreendeu. Segundo o empresário, a redução mensal na conta de luz
foi de, aproximadamente 16%. Como o medidor instalado fica por conta do
interessado, há um custo. Mas o investimento, de acordo com ele, compensa.
“Em quatro meses, o que investi será pago e, a partir daí, a redução na
conta de luz será real”, comemora. Na avaliação do proprietário da Colortêxtil,
que possui duas unidades em Minas Gerais e uma no Nordeste, a possibilidade de
escolher o fornecedor de energia dá fôlego às indústrias nacionais. No caso de
Minas Gerais, em que o ICMS da energia é de 30% e é cobrado “por dentro”, se
transformando em 42%, a economia costuma ser maior.
Incentivada
“A migração para este mercado é feroz. Além de reduzir a conta de luz eles incentivam a geração de novas fontes de energia”, ressalta o gerente de Gestão de Clientes do grupo Delta, Reinado Ribas.
“A migração para este mercado é feroz. Além de reduzir a conta de luz eles incentivam a geração de novas fontes de energia”, ressalta o gerente de Gestão de Clientes do grupo Delta, Reinado Ribas.
Afinal, a energia comprada pelos consumidores especiais deve ser de
fonte incentivada, como solar, eólica, biomassa e Pequena Central Hidrelétrica
(PCH), por exemplo.
Potencial da compra direta representa 40% do consumo nacional de energia
O número de consumidores que poderiam se enquadrar na categoria de
“especiais”, aqueles com contas superiores a R$ 100 mil, aproximadamente,
registrou um salto superior a 60% em 2016. Em janeiro, segundo dados da Câmara
de Comercialização de Energia (CCEE), eram 1.253 clientes. Em julho, subiram
para 2.019.
Na CMU Comercializadora de Energia, o movimento foi ainda melhor.
Conforme o proprietário da empresa, Walter Fróes, o número de clientes
especiais conquistados em 2016 mais do que dobrou este ano. E, de acordo com
ele, ainda há muito espaço para crescer.
“Muitas empresas que poderiam se encaixar como consumidores especiais,
ou no mercado livre, não sabem disso. É um mercado muito novo. Hoje, 28% do
mercado de energia é livre ou especial. Temos potencial para chegar a 40%”, diz
Fróes. E, em Minas Gerais, o potencial é ainda maior do que no restante do país.
O Estado, com grande vocação industrial, detém 12,3% do mercado de energia
livre.
O especialista do setor destaca que no Mercado Livre o volume de energia
contratada deve ser superior a 3 megawatts. Neste caso, entram grandes
indústrias, grandes shoppings e outros. “Diferente dos consumidores especiais,
que deve ser comprada de fonte incentivada, no mercado livre a energia
contratada pode ser de qualquer tipo de energia”, explica. Por mês, cerca de
120 adesões do mercado livre são registradas na CCEE.