'Decisões do STF dão
esperanças de que Brasil superará corrupção sistêmica', diz Moro
Agência Brasil
Hoje em Dia - Belo
Horizonte
Sérgio Moro é o responsável por conduzir a operação "Lava
Jato"
O juiz federal Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), disse
nesta sexta (7), no Rio de Janeiro, que algumas das decisões recentes do
Supremo Tribunal Federal (STF) dão esperanças de que o Brasil poderá superar os
esquemas de corrução sistêmica. Moro citou como exemplo a proibição de doações
de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais e a manutenção de entendimento
definido pela própria Corte, em fevereiro deste ano, que permitiu a
possibilidade de prisão após condenação por colegiado de segunda instância. Ele
participou da aula inaugural do curso de direito penal e processual penal da
Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), no Tribunal de
Justiça (TJRJ), centro da cidade.
Moro disse que para pôr fim à corrupção, é necessário que a impunidade
também tenha fim, a partir da rigorosa aplicação da lei penal, que puna também
os mais poderosos. Ele salientou, porém, a necessidade de que ocorram reformas
mais amplas, como as que “estão vindo do STF”. No entender do juiz, as
instituições públicas e privadas devem agir da mesma forma, denunciando e
combatendo esquemas corruptos.
O magistrado citou o caso dos Estados Unidos, em particular, que embora
ainda apresente problemas de corrupção no momento, no século 20 “era um país
extremamente corrupto”, envolvendo agentes públicos, parlamentares e monopólios
econômicos. “Mas o quadro mudou”, disse. “A corrupção hoje é bem menor do que
anteriormente”.
Um dos fatores que propiciou a mudança foi a chegada de Theodore
Roosevelt à Presidência da República (1901 - 1909), diz Sergio Moro. Roosevelt
adotou uma postura rigorosa contra essa prática, com aplicação da lei penal. O
presidente norte-americano conseguiu aprovar uma lei importante para prevenir a
corrupção, limitando doações para campanhas eleitorais. Palavras proferidas por
Roosevelt foram citadas por Moro como aplicáveis também ao Brasil e a qualquer
outro país que deseje combater a corrupção sistêmica: “a punição da corrupção
pública é uma honra para a nação”.
Publicidade das operações
Moro disse que tanto o pagador de propina como o corrompido ou
beneficiário afetam a própria sociedade. Ele acrescentou que a publicidade, no
caso de operações como a Lava Jato, é importante para que o povo possa
acompanhar o caso e o julgamento de pessoas envolvidas em crimes contra a
administração pública. A decisão é tornar públicos todos os fatos, desde que
não ponham em risco o andamento do processo.
Para Moro, a corrupção sistêmica “tem um custo enorme”, o custo imediato
da propina, porque afeta os recursos públicos, e custos indiretos, traduzidos
pelas obras com superfaturamento. Além disso, a corrupção sistêmica afasta
investidores internos e externos. “Acima do custo econômico, a corrupção
sistêmica é um problema moral que afeta a qualidade da democracia”. As pessoas,
disse o juiz federal da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), perdem a fé nas
leis. Moro foi aplaudido de pé por autoridades, alunos e professores da Emerj
tanto quando foi anunciado para compor a mesa, como em sua saída do
auditório.
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