Cirurgião mineiro Ivo
Pitanguy morre aos 90 anos no Rio
Agência Brasil
Hoje em Dia - Belo
Horizonte
Cirurgião plástico Ivo Pitanguy
O cirurgião plástico Ivo Pitanguy faleceu neste sábado (6) aos 90 anos,
no Rio de Janeiro. Pitanguy estava em casa, quando sofreu uma parada cardíaca,
e não houve tempo para socorro.
A cremação será amanhã (7), às 18h, no Memorial do Carmo, no Caju. O
corpo será velado a partir das 13h, em uma cerimônia reservada à família e
amigos próximos.
O médico Ivo Hélcio Jardim de Campos Pitanguy nasceu em Belo Horizonte
(MG), no dia 5 de julho de 1926 e, com o passar dos anos, se tornou um dos mais
renomados cirurgiões plásticos do mundo. Professor e escritor, foi membro da
Academia Nacional de Medicina e imortal da Academia Brasileira de Letras.
Filho de Maria Stael Jardim de Campos Pitanguy e do médico-cirurgião
Antônio de Campos Pitanguy, Ivo Pitanguy cursou medicina na Universidade
Federal de Minas Gerais até o 4º ano. Sem interromper os estudos, transferiu-se
para a Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, atual Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para servir no Centro de Preparação de
Oficiais da Reserva, onde atuou na Cavalaria dos Dragões da Independência.
Sua formação cirúrgica começou no Hospital do Pronto-Socorro do Rio de
Janeiro, atual Hospital Souza Aguiar. Como sua vocação era a cirurgia plástica,
o jovem Pitanguy se inscreveu em concurso organizado pelo 'Institute of
International Education', e ganhou uma bolsa de estudos como cirurgião
residente do Serviço do Professor John Longacre, no Bethesda Hospital, nos
Estados Unidos.
Após estágio em outros serviços de cirurgia plástica norte-americanos,
retornou ao Brasil, onde foi convidado pelo professor Marc Iselin, que visitava
o Hospital do Pronto-Socorro do Rio de Janeiro, para ser seu assistente
estrangeiro em Paris. Permaneceu durante dois anos na capital francesa, antes
de dar seguimento à sua formação profissional no Reino Unido.
Ali, percebeu a importância de transmitir os conhecimentos adquiridos,
lembrando sempre da importância social da especialidade, que começava a surgir
no Brasil. Pitanguy criou o Serviço de Queimados do Hospital do Pronto-Socorro
e o primeiro serviço de cirurgia de mão e de cirurgia plástica reparadora da
Santa Casa.
Foi professor de cirurgia plástica da Universidade Católica do Rio de
Janeiro e do Instituto de Pós-Graduação Médica Carlos Chagas. Em 1961, com a
colaboração de médicos residentes, atuou no atendimento às vítimas do incêndio
do Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, o que deu visibilidade à importância
social da especialidade. A tragédia matou mais de 500 pessoas e deixou mais de
800 feridos com sequelas por queimaduras.
Inaugurou a Clínica Ivo Pitanguy em 1963, que se transformou em
referência nacional e internacional para a cirurgia plástica. Em 2014, lançou
sua biografia Viver Vale a Pena, na qual relembra fatos e pessoas que tiveram
destaque em sua vida.
Em sua página na internet, a jornalista Hildegard Angel ressaltou dois
traços do caráter do cirurgião plástico brasileiro Ivo Pitanguy: a compaixão
pelo próximo e a solidariedade. “O que particularmente faz de Ivo Pitanguy objeto
de minha admiração é sua longa vida de dedicação ao próximo. Um homem de sua
projeção e importância poderia ser indiferente ao mundo à sua volta, arrogante
com os demais. Não é o seu caso. Sua sensibilidade o levou a se dedicar durante
toda sua trajetória profissional a uma enfermaria na Santa Casa da
Misericórdia, promovendo ali operações gratuitas. Corrigindo defeitos de
nascença ou anomalias adquiridas em acidentes ou por doenças, em pessoas que
não poderiam arcar com intervenções de alto custo”, mencionou.
A elogiada e reconhecida carreira de Ivo Pitanguy sofreu um baque em
agosto de 2015, quando seu filho, o empresário Ivo Nascimento de Campos
Pitanguy, foi preso por atropelar e matar o operário José Fernando Ferreira da
Silva, de 44 anos, na Rua Marquês de São Vicente, na Gávea, zona sul da cidade.
O operário trabalhava nas obras de expansão do metrô da zona sul à Barra da
Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. O empresário acabou beneficiado com
liberdade provisória após pagar fiança de R$ 100 mil e foi indiciado por
homicídio doloso.