domingo, 12 de junho de 2016

ENTENDA A VIDA DOS GRANDES PEIXES DA AMAZÔNIA



Novo método de pesquisa desvenda misteriosa vida de peixes amazônicos

Estadão Conteúdo 




Um grupo de cientistas dos Estados Unidos, com participação brasileira, descobriu uma maneira engenhosa para rastrear a misteriosa vida dos grandes peixes da Amazônia, a fim de saber mais sobre os diversos ambientes por onde eles passam em suas longas rotas de migração.

Em um estudo publicado na terça-feira (7) na revista científica digital Royal Society Open Science, os pesquisadores descrevem como conseguiram desvendar as trajetórias de milhares de quilômetros de peixes como o pirarucu (Arapaima gigas) a partir de análises químicas dos otólitos - estruturas calcárias que ficam no ouvido interno desses animais.

Segundo os autores do estudo, conhecer e estudar a biologia e os hábitos de migração dos peixes é fundamental para preservá-los. Mas a ciência sabe pouco sobre os peixes amazônicos, porque é difícil usar métodos de rastreamento convencionais na imensidão do maior sistema pluvial do mundo.

Nos sete milhões de quilômetros quadrados da bacia amazônica, alguns dos peixes chegam a se locomover por 3,2 mil quilômetros no curso de suas vidas, atravessando várias fronteiras internacionais. Nesse contexto, segundo os pesquisadores, o método convencional de marcação com etiquetas é extremamente ineficaz para rastrear os animais.

De acordo com um dos autores, o brasileiro Leandro Castello, professor da Universidade Virginia Tech (Estados Unidos), a análise química dos otólitos foi a saída para desvendar os percursos dos peixes e saber mais sobre sua biologia.

"Os otólitos são estruturas de calcário - tecnicamente são pedras - localizadas no ouvido interno dos peixes e cuja função é dar a eles a noção de equilíbrio. Essas estruturas crescem junto com os peixes e absorvem as características químicas das águas onde estão os animais em cada fase de seu desenvolvimento", disse Castello ao Estado.

O estudo é parte da tese de doutorado de Ted Hermann, no Suny College de Ciência Ambiental e Silvicultura (ESF), em Syracuse (Estados Unidos). Além de Castello e Hermann, participaram do estudo Donald Stewart e Karin Limburg, ambos da ESF.

Segundo Castello, há várias décadas os otólitos são usados para determinar a idade e ritmo de crescimento dos peixes. Mas, no novo estudo, os cientistas usaram um método que faz a análise de uma grande quantidade de substâncias químicas nas várias camadas dos otólitos.

"Conforme passamos do centro do otólito à sua superfície, vamos do início da vida do peixe até sua idade mais avançada. O equipamento usado corta pequenos pedaços do otólito enquanto faz a análise química de sua composição. Com isso sabemos as características de seu habitat em cada fase da vida. O princípio é o mesmo dos anéis que se formam nas árvores à medida em que elas crescem", explicou Castello.

História de vida

Usando o método, os cientistas descobriram, por exemplo, que o que acontece com a dourada (Brachyplathystoma flavicans) desde que ela faz sua desova nas cabeceiras da bacia amazônica. "Os ovos descem rio abaixo até chegar ao estuário. Ali, o peixe cresce até um ano e começa a migrar rio acima. Quando a dourara chega aos três anos, ela chega novamente à região da desova", disse o cientista.

Segundo Castello, o rastreamento é possível porque a água de cada região tem uma composição química diferente, claramente reconhecível em cada camada do otólito. O curimatá (Prochilodus ssp), por exemplo, tem traços químicos característicos dos rios de "água branca" - que têm um tipo de água barrenta, como a do rio Solimões - e nos rios de "água preta", que têm as águas escuras, como as do rio Negro.

"Uma das descobertas interessantes do estudo é que as amostras de curimatá estudadas, provenientes da região amazônica do Equador, tinham traços de poluição que provavelmente derivam da exploração de petróleo que está sendo feita naquele país. Imaginávamos que a poluição dessa atividade causasse danos à fauna, mas é a primeira evidência de um impacto real nos peixes", disse Castello.

Exorbitante

Sem o novo método, segundo Castello, havia pouquíssimas maneiras para rastrear os animais. O método mais convencional é o de marcação e recaptura. Para aplicá-lo, seria preciso marcar algo como 50 mil peixes com uma anilha plástica. Depois, alguém precisaria capturar alguns desses animais marcados na cabeceira do rio, a cerca de 3 mil quilômetros de distância.

"Ninguém faz isso, porque o custo seria exorbitante e, em um ambiente tão imenso como a Amazônia, a probabilidade técnica de recuperar a informação é muito reduzida, quase nula", disse o cientista.

Outra técnica possível seria a telemetria: o peixe é marcado com um equipamento que emite um sinal acústico ou de GPS. "Mas o investimento seria de US$ mil dólares para marcar cada peixe e mais US$ 5 mil para cada ano de dados de satélite. Seria preciso pagar por pelo menos três anos e torcer para que o peixe não fosse pescado nesse período", explicou Castello.

Com a nova metodologia, não é preciso recuperar peixes marcados: basta abrir a cabeça do animal e extrair o otólito. A análise, no entanto, não é barata: a aquisição do equipamento não sai por menos de US$ 250 mil e cada dia de operação custa US$ 1 mil.

"Ainda assim, considerando que conseguimos analisar cinco ou seis peixes por dia, podemos dizer que o método não é apenas mais rápido, mas também muito mais barato que as alternativas convencionais", afirmou.
Conservação. Segundo ele, o uso do método pode ser de grande ajuda para a conservação dos peixes na Amazônia. "Temos dezenas de projetos de construção de hidrelétricas na Amazônia. Se começarmos a a usar esse tipo de metodologia cada vez mais, poderemos ter informações melhores para descobrir onde seria possível construir as hidrelétricas causando o mínimo dano possível aos peixes", declarou.

Com a viabilidade da nova metodologia comprovada pelo estudo, os cientistas já partiram para o próximo passo. Uma nova pesquisa, em fase final de análise de dados, terá foco no estudo dos bagres migradores da Amazônia, como a dourada, o filhote, ou piraíba (Brachyplathystoma filamentosum), o surubim (Pseudoplaystoma fasciatum) e outros. "Vamos fazer uma análise mais aprofundada da vida desses peixes", disse.
Sergio Ricardo de Oliveira.



UM MÊS DO GOVERNO TEMER - FOI POSITIVO



Governo Temer faz um mês com agenda positiva na economia e recuos na política

Agência Brasil 




Primeiro mês de Temer presidente interino foi marcado pela agenda positiva na economia 

Neste domingo (12), Michel Temer completa um mês como presidente interino da República. Ele assumiu o poder após o Congresso Nacional aprovar a admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff e, ao longo das últimas quatro semanas, conseguiu imprimir uma agenda positiva na área econômica.
No primeiro dia de trabalho, o governo anunciou a intenção de extinguir milhares de cargos públicos até o fim deste ano e, na sexta-feira (10) detalhou que vai cortar 4.307 funções e cargos comissionados em 30 dias. Em outro gesto, Temer anunciou o congelamento de nomeações para empresas estatais e fundos de pensão, até que a Câmara dos Deputados aprove projetos que limitam tais indicações a pessoas com qualificação técnica.
Na economia, o presidente interino alterou e aprovou a meta fiscal para 2016, que prevê déficit primário de R$ 170,5 bilhões. Medida que havia ficado parada durante meses, a Desvinculação das Receitas da União (DRU), que permite ao governo usar livremente parte de sua arrecadação, foi aprovada em dois turnos pelos deputados e agora será analisada no Senado.
Após anunciar a nova meta, Temer foi ao Congresso entregar o projeto ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Nos primeiros 30 dias, o governo Temer teve apoio de congressistas e do mercado, mais foi criticado por movimentos sociais, que não reconhecem a legitimidade da gestão e criticam a ausência de negros e de mulheres em sua equipe.
As vitórias em matérias econômicas foram conseguidas por meio da ampla base de apoio que, com 367 deputados e 55 senadores, aprovou o prosseguimento do processo de impeachment. O presidente interino, porém, também viu-se envolvido em polêmicas, foi obrigado a recuar em decisões e a demitir integrantes da equipe.
Depois de completar uma semana no cargo, Temer aceitou o pedido de exoneração do ministro do Planejamento, Romero Jucá, um de seus principais aliados. A saída do ministro ocorreu após a divulgação de uma conversa entre ele e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, na qual ambos supostamente discutiam formas de barrar as investigações da Operação Lava Jato.
Sete dias depois, foi demitido o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, após serem divulgadas conversas em que ele dá orientações para a defesa de investigados em esquema de desvios de recursos na Petrobras e aparece criticando a Lava Jato. A notícia foi dada horas depois de o Palácio do Planalto confirmar a permanência de Silveira no cargo.
Temer recuou também na questão do Ministério da Cultura, cuja extinção tinha sido anunciada. Após ser pressionado por artistas e servidores do ministério, o presidente interino recriou a pasta. Ao assumir, Temer havia anunciado reduzir de 32 para 23 o número de ministérios.
Servidores da antiga Controladoria-Geral da União, que se transformou no Ministério da Transparência, continuaram protestando mesmo após a queda de Fabiano Silveira, e o governo não descarta voltar atrás para atender reivindicações, tais como a volta da identidade institucional da marca CGU e a vinculação do órgão à Presidência da República.
Na última segunda-feira (6), Temer anunciou uma medida em busca de uma agenda positiva: a disponibilização de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) exclusivamente para o transporte de órgãos para transplante.
Ele também buscou, ao longo do mês, fazer acenos a diferentes setores, como quando surpreendeu a própria equipe e participou de uma reunião em que vários ministros discutiam os Jogos Olímpicos Rio 2016. Nesta semana, após se reunir empresários, ele fez questão de almoçar também com representantes de entidades sindicais no Palácio do Jaburu.
Desde que assumiu, o presidente interino tem anunciado que proporá uma reforma da Previdência. O governo criou um grupo de trabalho para discutir saídas para o rombo no setor, que estão sendo discutidas com entidades que representam os trabalhadores e aposentados.
Na próxima semana, Temer deve comparecer novamente ao Congresso para entregar aos parlamentares um projeto que cria um teto para as despesas públicas, medida que já tinha sido anunciada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

DEMOCRACIA SEM POPULISMO



DAS DEMOCRACIAS SUL-AMERICANAS

Stefan Salej 



As eleições presidenciais na semana passada no Peru, país vizinho e importante parceiro comercial, mostraram que a democracia tantas vezes violada neste continente, continua a prosperar e se consolidar. O septuagenário candidato PPK, Pedro Paulo Kuscinsky, ganhou as eleições com uma diferença de 40 mil votos, em um total de 17 milhões de eleitores. Fração de décimos em milhões, mas assim mesmo deve ter ganho a eleição (a confirmação final pela Comissão eleitoral chegará nos próximos dias, porque a eleição não usa urna eletrônica e então a recontagem de votos é mais demorada.

Antigamente, nestas terras sul-americanas, incluindo-se o Brasil, haveria gritaria de fraude e, de fato, havia muita fraude nas eleições. Aliás, hoje se usam métodos preventivos para não ajudar a oposição a chegar ao poder, não ter a alternância de poder, e o caso da Venezuela é bem emblemático nessa questão.

A eleição peruana tem outra característica: ganhou um peruano mundialmente conhecido por sua atuação nos bancos internacionais, com idade incomum para candidatura política (74 anos) e até com cidadania dupla, norte-americana, à qual teve que renunciar, e peruana. Ganhou da jovem (41 anos) herdeira de pai preso por corrupção e outros crimes, o ex-presidente de Peru, Alberto Fujimori.
Mas, mesmo ganhando a presidência da República, PPK, como é conhecido no Peru, terá que se compor com a derrotada representante de fujimorismo, porque no Congresso peruano ela comanda a maioria, com 73 deputados, contra 18 do partido do vencedor das eleições presidências. É o fenômeno do presidencialismo versus parlamentarismo. Presidente sem maioria parlamentar, aliás muito conhecido no Brasil. Então começam as alianças partidárias, aumenta o papel do estado na economia, em função da distribuição de cargos e benesses, e começa o fenômeno da ingovernabilidade, tão comum na região.

No Peru, durante a campanha, discutiu-se muito a influência de empreiteiras brasileiras na política local. Algumas delas teriam levado o modelo da “Lava Jato” para o Peru, algo que, apesar de não ser comprovado, foi muito discutido durante eleições. Com a eleição de PPK no Peru, o continente ganha um populista a menos e firmam-se mais as correntes de equilíbrio entre capital e mercado, mas às vezes mais a favor do mercado e capital, do que de demandas sociais, mas definitivamente fora do populismo tradicional que ainda domina em alguns países da América do Sul. Para o Brasil, o Peru equilibrado e desenvolvido pode significar uma parceira econômica, nas vizinhanças, bem mais conveniente do que percebemos à primeira vista. Inclusive como nossa potencial abertura para o Pacífico.

sábado, 11 de junho de 2016

STF NÃO PODE MANDAR PRENDER PARLAMENTARES



Congresso recorre para dar aval a afastamentos

Estadão Conteúdo 



O Senado enviou ontem um parecer ao Supremo Tribunal Federal com o entendimento de que o afastamento de qualquer parlamentar precisa ser aprovado pelo plenário da Casa legislativa respectiva, ou seja, pela Câmara ou pelo Senado. A posição com efeito retroativo pode reverter, por exemplo, o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aprovado pelo Supremo no dia 5 de maio.
A sugestão é que esse tipo de decisão seja referendado pelo plenário da Casa em até 24 horas. Esse já é o trâmite adotado para quando o Supremo determina a prisão de um parlamentar, como aconteceu com o senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) em novembro do ano passado. A nova interpretação, entretanto, abre espaço para que o Congresso revogue qualquer afastamento decidido pelo STF.
“É mais razoável concluir-se que o afastamento das funções parlamentares deve ser excepcional e ter por base uma das hipóteses constitucionais. Por consequente, isso quer dizer que a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão devem ser submetidas à decisão da Casa Legislativa respectiva quando elas representarem afastamento das funções parlamentares”, diz o texto enviado Senado.
A manifestação acontece na mesma semana em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo o pedido de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do segundo vice-presidente da Casa, senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Em resposta à divulgação do parecer, Renan divulgou uma nota para esclarecer que o documento não expressa sua opinião particular. “As manifestações da Advocacia-Geral do Senado Federal não espelham opinião do presidente da instituição”, diz a única frase da nota. O documento é assinado pelo advogado adjunto. Entretanto, o advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, é o chefe de gabinete de Renan.
O parecer do Senado foi enviado a uma ação direta de inconstitucionalidade, que tramita no Supremo e foi apresentada pelo PP, PSC e Solidariedade, partidos aliados de Cunha. O objetivo da ação é justamente questionar o afastamento do presidente da Câmara.
A ação é ainda mais ampla e pede que outras medidas cautelares também sejam submetidas à apreciação do Senado e da Câmara, como, por exemplo, o monitoramento eletrônico e as proibições de manter contato com determinada pessoa e de frequentar certos lugares. No parecer do Senado, entretanto, essas medidas cautelares contra parlamentares não precisariam ser submetidas à apreciação do Congresso.
O caso está sob a relatoria do ministro do STF Edson Fachin e, apesar da manifestação do Senado, o Supremo não precisa acatar a sugestão. Ontem, durante evento no Rio de Janeiro, o ministro do Supremo Gilmar Mendes também defendeu que é o Congresso quem tem a última palavra para deliberar sobre a prisão de parlamentares.
“Para que haja prisão, é preciso que se caracterize como um flagrante delito. Depois tem que se comunicar à Câmara ou ao Senado, se for o caso, para que deliberem sobre o tema. Claro que eles podem negar a autorização e relaxar a prisão”, afirmou Mendes. O ministro lembrou que somente no caso de condenação definitiva o Congresso não tem poder de decidir sobre a prisão de senadores ou deputados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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