Jornal Hoje em Dia
A Republica treme mais uma vez. O
epicentro continua sendo Brasília e, desta vez, o terremoto “Delcídio” conta
com a ajuda de um outro movimento sísmico, as gravações do que disse – ou teria
dito – o Ministro da Educação Aloizio Mercadante. O conteúdo revela uma equipe
de governo que quer a todo custo blindar as revelações que a cada dia jorram
das investigações da “Lava jato”.
O “em política tudo pode”, dito pelo
ministro, tem sonoridade duvidosa e confirma que a prática das relações entre
poderes está mesmo desmoralizada. Mercadante mostra-se preocupado com a
possibilidade de Delcídio tornar-se o “agente que desestabilize tudo”. O script
desenhado pelo Planalto ia bem, evoluía com a certeza de que Lula desembarcaria
em Brasília para assumir um ministério, dando sobrevida ao moribundo governo
Dilma, mas com as revelações dessa terça (15) parece que o projeto faz água.
Lula, como superministro, faria a ponte entre o governo e um PMDB em fuga, além
de cooptar os partidos pequenos que já se assanham no mar de sangue que inundou
Brasília. Por outro lado, agiria na busca de um novo rumo para a economia
brasileira e isso, que em tese deveria acalmar o mercado, assusta os operadores
desse intricado sistema. Esse temor vem da incerteza do que pode fazer o
Partido dos Trabalhadores. Temer e Aécio também são atingidos pela delação de
Delcídio, ao que tudo indica em menor grau, o que não lhes garantirá paz e
sossego.
Claro que nada do que está dito e
escrito tem o carimbo da verdade. Os fatos devem ser submetidos ao
contraditório, mas os danos políticos já estão causados e o rastro da
destruição podem ser vistos a olhos nus de qualquer parte da galáxia.
Resta saber que script deve seguir o
governo, a presidente, Lula, o PT e a oposição. Os velhos e esgarçados
discursos já não soam com a mesma força e os opositores nunca se mostraram
lúcidos e bons observadores da realidade, até porque muitos deles preocupam-se
com o próprio rabo.
No interior acostumamo-nos com
vassouras atrás das portas para espantar as visitas indesejadas. Em Brasília,
essas mesmas vassouras vêm sendo utilizadas pelas bruxas que sobrevoam palácios
e edifícios, no intuito de iniciar uma temida limpeza. “Yo no creo em las
brujas pero que las hay las hay”.



