Método de organização
criado por japonesa vira fenômeno mundial em livro
Thais Oliveira -
Hoje em Dia
LITERATURA - A
“guru” da organização, a japonesa Marie Kondo, autora de “A Mágica da
Arrumação”
Corra para o quarto e pegue aquele perfume dado pelo ex-namorado. Segure
firmemente o vidro. Agora, pergunte a si mesmo: “isso me traz alegria?”.
Somente continue com ele se a resposta for “sim”. Faça o mesmo com cada peça do
guarda-roupa e com os demais itens da casa. Se a meta for deixar tudo arrumado,
você deve começar descartando tudo que não te faz bem. Pelo menos é o que
afirma a “guru” da organização, a japonesa Marie Kondo, no livro “A Mágica da
Arrumação”.
A publicação chegou este mês às livrarias brasileiras, pela Editora
Sextante, mas já é um best seller e figura constante no topo da lista do New
York Times e da Amazon. Em todo mundo, mais de dois milhões de exemplares foram
vendidos.
Hoje com 30 anos e uma lista de espera de três meses para quem quer
contratar a sua consultoria, KonMari, como também é conhecida, conta que não
construiu o seu método do dia para noite, como alguns possam pensar. Enquanto
os amigos se divertiam na escola, ela se prontificava a arrumar os livros nas
prateleiras. “Comecei a me interessar por revistas femininas sobre assuntos
domésticos aos 5 anos de idade”, diz.
Método
O interesse precoce a fez querer se aprofundar, aos 15 anos, em estudos para organizar ambientes. Porém, nada do que aprendia a satisfazia. Mesmo após três anos se dedicando arduamente a organizar a casa, um dia, KonMari afirma ter entrado em pânico ao abrir a porta do seu quarto e “sentir” tudo bagunçado.
O interesse precoce a fez querer se aprofundar, aos 15 anos, em estudos para organizar ambientes. Porém, nada do que aprendia a satisfazia. Mesmo após três anos se dedicando arduamente a organizar a casa, um dia, KonMari afirma ter entrado em pânico ao abrir a porta do seu quarto e “sentir” tudo bagunçado.
“Naquele instante ouvi uma voz interior: ‘Olhe com mais atenção’. (…)
Com esse pensamento, adormeci deitada no chão. (…) Quando acordei, soube imediatamente
o que a voz em minha cabeça queria dizer”. Assim, num insight, surgiu a
concepção de arrumação que promete transformar a vida das pessoas.
“Acho que a singularidade do meu método é que ele incentiva as pessoas a
manter somente aquelas coisas que despertam alegria, as coisas que fazem você
feliz. Isso traz uma grande mudança, o que pode incluir as relações e ambientes
de trabalho”, disse KonMarie ao Hoje em Dia.
O sucesso da japonea foi tão grande que, nas redes sociais, “Kondo”
virou verbo e é usado quando alguém consegue arrumar (ou “Kondar”) algo.
‘A ideia é diminuir a quantidade de itens em casa e não comprar mais’,
ensina
Entre tantos pontos abordados por KonMari está a ineficácia dos produtos
especiais para organização – amplamente recomendados por profissionais da área
de todo o mundo. “A ideia é diminuir a quantidade de itens em casa e não
comprar mais”, ensina.
Ela acrescenta, ainda, que os organizadores, não raras vezes, apenas
tiram a bagunça de vista, pois após certo tempo, os mesmos lugares acabam
ficando abarrotados de coisas. “É por isso que a organização deve ser iniciada
pelo descarte. Precisamos exercitar o autocontrole e resistir à tentação de
guardar os objetos até que tenhamos identificado aqueles de que realmente
necessitamos”, reforça.
TEORIA X PRÁTICA
A proposta, porém, não é bem vista por outros profissionais. “Essas coisas só funcionam em livros”, opina a personal organizer Ângela Vianna, 59 anos, da Oficina do Lar, localizada em Belo Horizonte.
A proposta, porém, não é bem vista por outros profissionais. “Essas coisas só funcionam em livros”, opina a personal organizer Ângela Vianna, 59 anos, da Oficina do Lar, localizada em Belo Horizonte.
No mercado da arrumação há quase 11 anos, Ângela não acredita ser
possível fazer um bom trabalho da forma indicada por KonMari. “As calcinhas,
por exemplo, por mais que você as dobre, ficam soltas dentro da gaveta. Sem uma
colmeia (divisória) fica impossível conservá-las arrumadas. E dá para comprar
organizadores baratos, pois o meu trabalho é contribuir, e não fazer a pessoa
gastar”, pontua.
Micaela Góes, do programa “Santa Ajuda” (GNT), aprova critérios de
KonMarie. A apresentadora e personal organizer, 40 anos, é outra adepta dos
chamados organizadores.
No entanto, ela diz não fazer da ferramenta uso obrigatório. “Proponho o
recurso de caixas, ganchos, prateleiras... Essas coisas são facilitadores, mas
nem sempre são necessárias se a pessoa tiver um bom armário e espaço. Não acho
que seja preciso comprar mais coisas, mas, sim, completá-las na medida da
necessidade”, esclarece.
Micaela Góes, do "Santa Ajuda", programa da GNT, também ensina
como organizar a casa. Foto: GNT/Divulgação
PONTO DE PARTIDA
Há mais de uma década na profissão, Micaela diz que experimentou diversos
métodos até construir o seu próprio e concorda com a visão de KonMari que a
melhor forma de iniciar a arrumação é pelo descarte. “O descarte é o ponto de
partida. Abrir mão do que não te serve ou não tem utilidade na sua casa é como
abrir mão do velho e dar espaço para o novo”, afirma.
Micaela ensina que, após eliminar os objetos desnecessários, o segundo
passo é encontrar o lugar certo para guardar os que ficaram. “Tem que ser um
local onde toda a família terá facilidade de encontrá-lo”, diz.
Arrumação finalizada, o terceiro passo é criar o hábito de manter a casa
em ordem. “É como um ciclo: quebrou? Conserta ou joga fora. Sujou: Limpa. Usou?
Volte a colocá-lo no lugar”, frisa.
“A capacidade de organização todos têm, basta desenvolvê-la. Claro, ninguém
precisa ser profissional nisso, mas garanto que se tentar, vai ver como tudo
fica mais fácil no dia a dia. É libertador”, conclui.





