Dagmar Chaves
A implantação do sistema eletrônico de
votação - a partir da eleição municipal de 1996 - completa, em 2016, 20 anos.
Segundo informação divulgada no site do Tribunal Superior Eleitoral, a Justiça
Eleitoral realizará, neste ano, a maior eleição informatizada do mundo,
contribuindo, assim, para garantir a permanência do processo democrático no
país.
A automação do processo de votação
trouxe, sem dúvida, mais segurança, transparência e, conseqüentemente, maior
grau de confiabilidade às eleições. Na atual conjuntura do país, tais
garantias, na hora do voto, tornaram-se princípios basilares da Justiça
Eleitoral para assegurar a liberdade do eleitor no momento da escolha dos
agentes políticos.
Isso porque o nível de confiança dos
brasileiros nas instituições políticas desabou nos últimos anos, diante de
tantos casos de corrupção que são noticiados por todos os meios de comunicação.
Diante deste cenário, acredita-se que
o investimento no desenvolvimento do processo de votação, minimizando cada vez
mais a intervenção humana, pode trazer maior credibilidade às eleições,
dificultando a possibilidade de interferência em seu resultado.
Porém, indiscutível que nesses 20 anos
de existência do inédito sistema eletrônico, desde sua implementação até os
inúmeros aperfeiçoamentos do sistema, nos dias atuais, impactaram-se vultosos
investimentos, já que as urnas eletrônicas usam, segundo o Tribunal Superior
Eleitoral, o que há de mais moderno quanto à tecnologia de criptografia, para
se criar uma cadeia de confiança.
É o preço que se paga hoje para
garantir um regime democrático através da liberdade do voto. No entanto,
pergunta-se: todo este aparato é indispensável para assegurar solidez ao regime
democrático? Ferreira Filho, um importante nome do Direito Constitucional
brasileiro, ensina-nos que um autêntico regime democrático exige a presença de
alguns pressupostos, a saber, “um certo grau de desenvolvimento social, de
sorte que o povo tenha atingido nível razoável de independência e
amadurecimento, para que as principais decisões possam ser tomadas com
liberdade e consciência”.
Certo é que, em países como os EUA,
Suíça e outros, a democracia é bem-sucedida, totalmente fortalecida,
utilizando-se um sistema de votação bem mais singelo.
Talvez a resposta esteja no
amadurecimento insuficiente e na falta de conscientização do eleitor brasileiro
para uma votação legítima. Portanto, até que ocorra uma mudança no cenário
cultural brasileiro, é necessário o uso da tecnologia para que o voto continue
sendo símbolo de credibilidade e de democracia.

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