sábado, 5 de março de 2016

MINISTRO QUER DESTRUIR A LOGÍSTICA DA PF




Leandro Mazzini




Mal entrou no cargo e o novo ministro da Justiça, Wellington César Lima, pediu na quarta-feira informações à direção da Polícia Federal sobre o departamento de Logística da corporação. O ministro quer substituir os integrantes do setor.  A Logística é responsável pelo bom andamento das operações sigilosas da PF, como a ocorrida ontem que levou em condução coercitiva o ex-presidente Lula. Os policiais a consideram a alma das investigações, por envolver sigilo máximo, a inteligência e deslocamento de agentes e delegados para cumprir os mandados atrás de provas.

Patrulha

Com o departamento sob controle de indicados do novo ministro, a corporação teme o risco de aparelhamento do setor por agentes ligados ao Planalto.

Ôh de casa!

O AGU José Eduardo Cardozo não dorme há quatro dias. Faz barulho com móveis, fala alto ao telefone. Vizinhos de seu flat em Brasília enviaram recado através do síndico.

Bom dia, chefe...

Missão hercúlea do ministro da Justiça: No 1º dia de trabalho após nomeação, ele acordou a presidente Dilma às 6h30 para avisar da condução de Lula pela PF.

Carne & avião

Pernil, picanha, costela de porco e carne de coelho. Há uma investigação em andamento até sobre um açougue de Atibaia (SP) na tentativa de ligar as vendas à preferência alimentar do ex-presidente Lula, e os dias de entrega de carnes, para provar que o sítio é dele. Os investigadores também estão de olho numa pista de pouso particular na região.

Vale-tudo

O movimento anti-Dilma ‘Brasil Livre’ elencou um staff de seguidores para fazer plantão no Salão Verde da Câmara dos Deputados. Sem identificação, exigência da Casa, os jovens abordam parlamentares da oposição para gravar vídeos.

Confiança é tudo

O advogado Luiz Henrique Machado desistiu da defesa do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) por se sentir traído. Esteve com Delcídio em São Paulo na quarta e perguntou: “Senador, não há novidade alguma?”. O petista garantiu que não. Surgiu a delação no dia seguinte, tocada pelo escritório Figueiredo Bastos.

Sem Gratidão

Um detalhe: foi a peça de habeas corpus escrita por Luís Henrique quem tirou o choroso Delcídio da cadeia.

Linha mestra

O MPF tem uma corrente de procuradores – e esta é majoritária – que defende investigar Lula a fundo, sem qualquer tentativa de prisão, pelos próximos anos.

Aviso prévio

Revoltou juízes, procuradores e delegados federais o discurso de ‘perseguido’ feito por Lula ontem após seu depoimento à PF. Meses atrás o juiz Sérgio Moro já confidenciara aos colegas que Lula lançaria mão deste discurso para inflamar os movimentos sociais.

Porta-voz

O líder do Governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), foi acionado pelo Planalto para apagar o incêndio causado pela queda do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Porta-voz do PT, o senador tenta, mas não consegue convencer que a fritura.

Cabo na Justiça

O desfecho da ação de uma recepcionista que receberá R$ 30 mil de indenização por danos morais, após ter sido coagida a fazer campanha eleitoral para o PT, motivou outros 30 terceirizados vítimas da mesma intimidação irem à Justiça.

Memória

Em 2014, os servidores eram ligados à Projebel, prestadora de serviços da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do DF, ligada ao candidato ao Senado Geraldo Magela, que perdeu a eleição.

Outra dele

Gregório Duvivier disse que plantar maconha em casa é uma desobediência civil que vale à pena – “a lei é estúpida”. Não foi piada, foi na noite de quarta no debate sobre descriminalização, do Comunica Que Muda, transmitido ao vivo para vários países.

Marcas

Antônio Neto, presidente d Central dos Sindicatos Brasileiros, deu entrevista para o documentário ‘Marcas da Memória’, que conta a história da resistência dos operários brasileiros durante a ditadura militar, dirigido por Tarcísio Tadeu.

GOVERNO SITIADO



  

Célio Pezza 




Toda semana aparecem fatos novos mostrando indícios de corrupção envolvendo Lula, Dilma, Eduardo Cunha e muitos outros políticos de peso. Por meio de delação premiada, executivos da empreiteira Andrade Gutierrez afirmaram que pagaram, de forma ilegal, R$ 5 milhões para a agência Pepper, que trabalhou para a campanha de Dilma em 2010. Emilio Odebrecht, pai do presidente da empreiteira Odebrecht, já ameaçou falar o que sabe e disse que no caso do seu filho ser preso e condenado, devem abrir outras celas: “uma para mim, outra para o Lula e outra para a Dilma”.

Vamos aguardar, pois seu filho Marcelo já foi preso. Ao mesmo tempo, Lula se coloca acima da lei e se recusa a depor sobre o caso de algumas propriedades supostamente em seu nome e não declaradas. Na mesma semana, o marqueteiro do PT, João Santana, e sua mulher, Mônica Moura, articuladores das campanhas de Dilma, foram presos pela Polícia Federal, em uma nova fase da Lava Jato.

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal apuram se contratos de publicidade serviram para ocultar propina. O cerco está se fechando em volta da cúpula do PT e, numa clara manobra para tentar parar as investigações, Dilma troca o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que sai alegando não aguentar mais as pressões dos políticos ligados a Lula, e entra Wellington César Lima e Silva, indicado pelo Ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, ligado a Lula.

O ex-presidente já está se distanciando de Dilma e pensando em sua própria salvação. Dilma, cada vez mais isolada, perde força dentro do seu próprio partido e não tem mais condições de governar o país. Enquanto isso, a economia do Brasil está à deriva, a inflação e o desemprego aumentando a cada dia e todos esperam por uma mudança política séria, que seria o início de uma salvação nacional.

Vamos aguardar mais algumas semanas para ver o que vai acontecer. Enquanto esperamos, vamos nos distrair com uma notícia curiosa. Existe uma nova religião criada em 2005, nos Estados Unidos, chamada Pastafarianismo, que conseguiu o direito de celebrar casamentos na Nova Zelândia, pois ela cumpre todos os requisitos legais para fazer celebrações.

Seus membros dizem que o criador do homem é um ser chamado Monstro do Espaguete Voador, formado por tentáculos de espaguete com duas almôndegas como olhos, parecido com uma lula gigante. Existe um Evangelho que inclui a criação do mito, um conjunto de mandamentos e um guia para evangelização. Seus fiéis usam um escorredor de macarrão na cabeça e seu criador diz que a Igreja do Monstro do Espaguete Voador oferece aos seus adeptos as mesmas oportunidades das outras religiões.

*Célio Pezza é colunista, escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, A Palavra Perdida e o seu mais recente A Tumba do Apóstolo.

sexta-feira, 4 de março de 2016

BURACO NEGRO DO GOVERNO DILMA



Dilma, cinco anos destruídos

Vinicius Torres Freire  




Cinco anos da economia desapareceram no buraco negro do governo de Dilma Rousseff. Como se jamais tivessem existido. A renda brasileira voltou ao nível em que estava ao final dos governos Lula, em 2010. Em 2016, continuaremos no caminho de volta para o passado.
O desempenho da economia em 2015, o resultado do PIB, apenas confirmou o que era sabido faz pelo menos uns três meses. Como se pode estimar, porém, o que vai ser deste 2016 ainda no início, embora já pareça um ano tão velho?
Sem surpresas quase milagrosas, a recessão será quase tão grande quanto no ano passado, quando chegou a 3,8%.
A renda do trabalho começou a diminuir no final do ano passado, em ritmo cada vez mais rápido. O dado nacional mais recente é de novembro, mas há indícios seguros de que a degradação continua até aqui.
Um esteio do consumo poderia ser o crédito. Mas não haverá mais crédito. Os maiores bancos preveem que o total de empréstimos vai cair mais ou menos no mesmo ritmo do ano passado. Os consumidores estão com o ânimo no mínimo histórico, o que dificilmente deve melhorar com a alta do desemprego, inevitável em uma economia menor. A depender do aumento da inadimplência, calotes nos bancos, a oferta de crédito pode ser ainda menor que a prevista.
Poderia ser que o investimento se recuperasse –aumento de despesas em novas instalações produtivas, empresas, máquinas, construções. Neste ano, o tombo foi inédito nos últimos 20 anos, baixa de mais de 14%. Faz dois anos e meio que o investimento produtivo diminui. Por ora, as estimativas são de outra queda em 2016, de 10% a 15%, chutes informados ainda dispersos.
Mas por que as empresas modificariam suas intenções de investir de modo relevante e cedo o bastante para salvar o efeito negativo da queda do consumo (pois não haverá renda e crédito bastante para fazer o consumo aumentar)?
O medo do futuro não diminuiu, pelo contrário. Não desapareceu nenhum dos motivos que levaram a confiança das empresas ao colapso. O investimento dos governos, que poderia incentivar o setor privado, na melhor das hipóteses será igual ao de 2015. A baixa do consumo e a já imensa ociosidade da indústria (um terço) não vão incentivar expansão da capacidade produtiva.
As contas são disparatadas, mas atribui-se metade da queda do investimento em 2015 aos problemas na área de petróleo, construção pesada (empreiteiras) e crise no mercado imobiliário. A área de petróleo continuará a minguar, não há obras ou concessões de infraestrutura para animar novas construtoras (ou estrangeiras) e o mercado imobiliário está afogado em imóveis encalhados.
Por último e mais importante, não há nenhuma previsão de que se vá dar conta de um dos problemas centrais que paralisam o empresariado de medo: a penúria atual e sem fim visível do governo, o crescimento descontrolado da dívida pública e suas sequelas, como juros altos. Ainda que houvesse um plano de tratar dessa desgraça, um encaminhamento prático e crível das soluções apareceriam apenas lá pelo fim do ano, em um cenário róseo –apenas então talvez as empresas talvez reconsiderassem suas decisões.
Mas não há ao menos plano. Não há nem propriamente governo. Nem saberemos quando haverá um.
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PIB? QUE PIB?




José Antônio Bicalho



Já era esperado e não causou espanto a queda do PIB brasileiro em 3,8% no ano passado, divulgado ontem pelo IBGE (leia matéria do repórter Bruno Moreno nas páginas 8 a 10). Mas prestem atenção a alguns dados que mostram mais fielmente o tamanho da encrenca.
O primeiro, a evolução do PIB trimestre a trimestre, comparado ao mesmo período do ano anterior: -2% no primeiro; -3% no segundo; -4,5% no terceiro e -5,9% no quarto. A conclusão óbvia é a de que a retração vem se acelerando e não se sabe onde irá parar. Mas não é bem assim.
Quando observamos a evolução do PIB novamente trimestre a trimestre, mas desta vez comparado ao trimestre imediatamente anterior, encontramos os seguintes percentuais: -0,8% no primeiro, -2,1% no segundo, -1,7% no terceiro e -1,4% no quarto. Isso significa que a maior aceleração da retração da economia se deu na passagem do primeiro para o segundo trimestre do ano passado, para a partir de então perder velocidade.
Esta leitura é importante porque somente a desaceleração da queda nos permite alguma previsão sobre a inversão da curva recessiva. Quando acontece o contrário, ou seja, quando a economia cai de maneira cada vez mais acelerada, fica impossível calcular até onde se dará o mergulho.
Se seguirmos ao ritmo verificado na passagem do terceiro para o quarto trimestre, em que o fator de desaceleração da queda do PIB foi de 0,3 ponto percentual, demoraríamos cinco trimestres para voltarmos a crescer. Ou seja, voltaríamos à área azul do gráfico do PIB apenas no primeiro trimestre de 2017.
Instrumentos
É lógico que existem instrumentos e maneiras de fazer com que essa passagem da recessão para o crescimento se dê de maneira mais rápida e vigorosa. Ontem, o próprio Ministério da Fazenda, em referência aos números do PIB divulgados, soltou nota na qual prevê a estabilização da economia para o terceiro trimestre deste ano e retorno ao crescimento no quarto trimestre.
O problema é que a economia está contaminada pela deterioração do ambiente político. A insegurança gerada pela possibilidade de uma ruptura do processo democrático simplesmente tirou toda a confiança dos empresários para investir.
A evolução dos investimentos das empresas em capital fixo (máquinas, equipamentos, infraestrutura e modernização) mostra isso e é de impressionar. Estes investimentos, que são parte significativa da composição do PIB, caíram 14,1% no ano passado, e 18,5% no último trimestre.
Os números mostram que ninguém está disposto a investir sem uma perspectiva de recuperação da demanda. Quem deveria sinalizar isso é o governo, que mesmo fragilizado ainda detém em suas mãos as ferramentas para a indução do crescimento, mas que insiste em não ousar na condução da política macroeconômica.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...