Dilma, cinco anos
destruídos
Vinicius Torres
Freire
Cinco anos da economia desapareceram no buraco negro do governo de Dilma
Rousseff. Como se jamais tivessem existido. A renda brasileira voltou ao nível
em que estava ao final dos governos Lula, em 2010. Em 2016, continuaremos no
caminho de volta para o passado.
O desempenho da economia em 2015, o resultado do PIB, apenas confirmou o
que era sabido faz pelo menos uns três meses. Como se pode estimar, porém, o
que vai ser deste 2016 ainda no início, embora já pareça um ano tão velho?
Sem surpresas quase milagrosas, a recessão será quase tão grande quanto
no ano passado, quando chegou a 3,8%.
A renda do trabalho começou a diminuir no final do ano passado, em ritmo
cada vez mais rápido. O dado nacional mais recente é de novembro, mas há
indícios seguros de que a degradação continua até aqui.
Um esteio do consumo poderia ser o crédito. Mas não haverá mais crédito.
Os maiores bancos preveem que o total de empréstimos vai cair mais ou menos no
mesmo ritmo do ano passado. Os consumidores estão com o ânimo no mínimo
histórico, o que dificilmente deve melhorar com a alta do desemprego,
inevitável em uma economia menor. A depender do aumento da inadimplência,
calotes nos bancos, a oferta de crédito pode ser ainda menor que a prevista.
Poderia ser que o investimento se recuperasse –aumento de despesas em
novas instalações produtivas, empresas, máquinas, construções. Neste ano, o
tombo foi inédito nos últimos 20 anos, baixa de mais de 14%. Faz dois anos e
meio que o investimento produtivo diminui. Por ora, as estimativas são de outra
queda em 2016, de 10% a 15%, chutes informados ainda dispersos.
Mas por que as empresas modificariam suas intenções de investir de modo
relevante e cedo o bastante para salvar o efeito negativo da queda do consumo
(pois não haverá renda e crédito bastante para fazer o consumo aumentar)?
O medo do futuro não diminuiu, pelo contrário. Não desapareceu nenhum
dos motivos que levaram a confiança das empresas ao colapso. O investimento dos
governos, que poderia incentivar o setor privado, na melhor das hipóteses será
igual ao de 2015. A baixa do consumo e a já imensa ociosidade da indústria (um
terço) não vão incentivar expansão da capacidade produtiva.
As contas são disparatadas, mas atribui-se metade da queda do
investimento em 2015 aos problemas na área de petróleo, construção pesada
(empreiteiras) e crise no mercado imobiliário. A área de petróleo continuará a
minguar, não há obras ou concessões de infraestrutura para animar novas
construtoras (ou estrangeiras) e o mercado imobiliário está afogado em imóveis
encalhados.
Por último e mais importante, não há nenhuma previsão de que se vá dar
conta de um dos problemas centrais que paralisam o empresariado de medo: a
penúria atual e sem fim visível do governo, o crescimento descontrolado da
dívida pública e suas sequelas, como juros altos. Ainda que houvesse um plano
de tratar dessa desgraça, um encaminhamento prático e crível das soluções
apareceriam apenas lá pelo fim do ano, em um cenário róseo –apenas então talvez
as empresas talvez reconsiderassem suas decisões.
Mas não há ao menos plano. Não há nem propriamente governo. Nem
saberemos quando haverá um.
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