quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

JUSTIÇA PETISTA




Márcio Doti





O Brasil está acordando de um pesadelo e descobrindo que a realidade em volta é tão ruím quanto. Os números cada vez piores da economia são consequência de algo muito mais grave do que a incompetência para gerir e operar os instrumentos que fazem girar a roda do dinheiro e garantir a prosperidade de uma sociedade. Como há vários meses temos dito, o Brasil vive um imenso processo de desconfiança sobre seus governantes e a estrutura que hoje comanda a vida nacional. Fala-se abertamente de altas cortes petistas, resultado de escolhas de ministros feitas pelos governos Lula e Dilma de tal forma que a quase totalidade desses colegiados foi decidida pelos dois presidentes.
O que depende da decisão dessas cortes, e isso acontece com todas as grandes decisões, está aguardando em fogo lento ou tem recebido decisões que favorecem o partido hoje posto na berlinda como causador dos grandes males, a partir do escândalo da Petrobras e de muitas outras coisas a serem apuradas com rigor, com a seriedade dos relatórios feitos pela Polícia Federal, em parceria com o Ministério Público, e as decisões de uma vara de Justiça instalada em Curitiba que recebe ordens do juiz Sergio Moro, quando deveria ser igual no resto do país. A imensa crise brasileira, abrangendo a política exercida da pior forma e por componentes ruins, se junta à incomparável e intolerável crise econômica estando ambas contaminadas por um desarranjo moral que domina todos os ambientes.
É preciso reinstalar o Brasil em bases sólidas, tocar em frente uma reforma que ponha fora tudo que apodreceu junto com o PT. Há prefeitos que vão agora deixar o mandato depois de tê-los exercido sem o menor direito e condição de fazê-lo, apenas porque seus processos de cassação decididos, em primeira instância, e confirmados, em segunda, acabaram barrados nas altas cortes. Caso, por exemplo, do prefeito Cássio Magnani Júnior, de Nova Lima, que poderá até se reeleger, caso persista essa situação imoral. O governador de Minas, Fernando Pimentel, tem sobre seus ombros e de sua esposa, Carolina Oliveira, e do amigo Benedito de Oliveira Júnior, pesadas acusações feitas por apurações sérias realizadas pela Polícia Federal e mantidas sem sequência após os feitos da Operação Zelotes.
Pimentel é acusado de receber dinheiro da montadora CAOA para se beneficiar de isenções fiscais ao tempo em que era o ministro do Desenvolvimento do governo Dilma Rousseff. Também é acusado de ter facilitado financiamentos do BNDES, que por sua vez, emprestou dinheiro público a título de fomento para empreiteiras brasileiras como Odebrecht e OAS realizarem obras no exterior, não se sabendo exatamente que tipo de fomento é esse. Ainda mais que tais contratos foram obtidos, segundo se informa, por influência do então presidente Lula, que se transformou em lobista de empreiteiras brasileiras, naturalmente que em troca de algo mais do que favores, como parece ser a reforma fenomenal de um sítio que está em nome de amigos do ex-presidente, mas vem sendo utilizado pelo líder petista desde que deixou a Presidência da República.
Triste num lugar assim é que de reação, de seriedade à frente de tentativas de correção de tanto descalabro exista apenas um juiz solitário, até pouco tempo hostilizado pelos políticos do PT e pela própria Justiça, tendo perdido até força para agir ao invés de receber apoio para fazê-lo. De igual modo, a Polícia Federal, que tem resistido a interferências, tem lutado contra falta de dinheiro porque perdeu verba em seu orçamento, cortada certamente como retaliação e forma de barrar os seus movimentos. E, de igual modo, o Ministério Público Federal. Parece que o Brasil sério, decente, comprometido com o interesse público mudou para Curitiba, deixando de lado uma capital federal que Juscelino construiu sobre os pilares da democracia, a duras penas, e que vive hoje “imundecida” por uma crise moral pela qual estamos pagando agora um preço insuportável.

OS BANCOS TIRAM O COURO DOS CLIENTES




José Antônio Bicalho




O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal ainda não divulgaram os resultados de 2015, mas já podemos fazer algumas considerações sobre o desempenho do setor tomando por base os balanços publicados dos três maiores bancos privados: Itaú Unibanco, Bradesco e Santander. Juntos, os cinco bancos compõem o cartel do setor financeiro nacional.
Em meio a pior crise da história recente da economia brasileira, vejamos como se saíram os bancos: o maior banco brasileiro, o Itaú Unibanco (por patrimônio líquido, já que por ativos totais o maior é o Banco do Brasil), registrou lucro líquido ajustado (quando se exclui eventos não recorrentes, como provisões para um possível aumento da inadimplência) de R$ 23,360 bilhões em 2015, o que representou crescimento de 15,4% em relação ao ano anterior. No quarto trimestre, o lucro foi de R$ 5,698 bilhões, aumento de 3,2% frente ao mesmo período do ano anterior.
Já o segundo maior banco privado do país, o Bradesco, obteve no ano passado lucro líquido ajustado de R$ 17,873 bilhões, crescimento de 16,4% sobre 2014. No quarto trimestre, o lucro foi de R$ 4,562 bilhões, aumento de 10,4% contra o mesmo período do ano anterior.
Já o Santander Brasil, maior banco estrangeiro no país, alcançou lucro líquido ajustado de R$ 6,624 bilhões, aumento de 13,2% em relação a 2014. No quarto trimestre o lucro foi de R$ 1,6 bilhão, crescimento de 5,7% ante o mesmo período de 2014.
Enchendo as burras
Impressionante, não? É incrível essa capacidade dos bancos de ganhar sempre, independentemente de crise, e mais e mais.
No ano passado, enquanto os bancos enchiam as burras, a economia desabava. A última estimativa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada na segunda, aponta para uma contração do PIB de 3,8% em 2015 (o resultado oficial só será divulgado pelo IBGE em 3 de março). E essa é mais otimista que a projeção feita antes pelo Banco Central, que apontou queda de 4,08% da economia no ano passado. Se confirmado, esta será a maior retração registrada desde a crise hiperinflacionária de 1990 (queda de 4,35%).
Nas projeções da FGV, o mais grave é constatar que o encolhimento da economia está acelerando. De acordo com a fundação, em dezembro último a queda teria chegado a espantosos 5,9% na comparação com o mesmo mês de 2014. No último trimestre, a queda seria de 5,6% frente ao mesmo período do ano anterior. E qual o aumento médio do lucro dos três bancos citados acima no mesmo período? De impressionantes 6,4%.
Qual a mágica para crescer na crise? Tirar o couro dos clientes. Insisto nesse assunto há algum tempo e volto a repetir. As cinco instituições que integram o cartel do setor bancário brasileiro aumentam sistematicamente e orquestradamente os juros e as taxas de serviços. Não existe concorrência no setor, mas divisão de mercado e combinação sobre os ganhos. É incrível que não sejam alvo de investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Qual a explicação para que o juro médio do cartão de crédito tenha atingido 400% ao ano em dezembro, conforme levantamento da Anefac, ou que se esteja cobrando em média 240% de juro no cheque especial se não a organização dos bancos em cartel e a combinação de preços? Não tenho qualquer dúvida: bancos no Brasil são caso de polícia.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

IMPEACHMENT INEVITÁVEL



Com marqueteiro na mira, impeachment ganha força

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia 


       
                                    Domingos Sávio: é sempre possível incluir fatos novos

Parlamentares do PSDB de Minas defendem pedir ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a inclusão da nova etapa da operação "Lava Jato" na ação que pode levar a Corte a cassar o mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) e do vice dela, Michel Temer (PMDB).
Nessa segunda (22), a PF deflagrou a 23ª fase da "Lava Jato", batizada de Acarajé, cujos alvos principais são o marqueteiro João Santana e a empreiteira Norberto Odebrecht. Para os deputados da oposição, aumentaram as evidências de caixa 2 eleitoral e crimes financeiros na campanha presidencial de 2014.
"Sempre é possível incluir fatos, mas o processo que está tramitando já possui elementos suficientes para cassar o mandato. E quem disse isso não foi o PSDB, mas o juiz Sérgio Moro. Como não queremos que o processo se arraste indefinidamente, vamos analisar com bastante prudência. Nós temos certeza de que houve irregularidades na campanha e o pedido de prisão do marqueteiro da presidente reforça ainda mais os indícios de crime, como recebimento de dinheiro no exterior", afirmou o presidente do PSDB de Minas, deputado federal Domingos Sávio.
Para o deputado federal Marcus Pestana (PSDB), a ofensiva contra o marqueteiro evidencia, mais uma vez, a prática de caixa 2 eleitoral por meio de pagamentos em contas no exterior.
Pestana lembra do caso do mensalão, quando Duda Mendonça, então publicitário do PT, admitiu ter recebido do operador Marcos Valério e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares a quantia de R$ 15,8 milhões durante depoimento na CPI dos Correios, em 2005. A revelação quase derrubou o governo do ex-presidente Lula e foi o estopim para a criação do PSOL, formado por dissidentes do PT. Valério foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Duda foi absolvido.
"Se houver o compartilhamento de provas a defesa da presidente Dilma fica muito difícil. No auge do mensalão, o Duda Mendonça revelou ter recebido do PT através de uma conta no exterior. E, agora, o PT repetiu a mesma prática", declarou Pestana.
Responsável pela investigação que descobriu o mega esquema de corrupção na Petrobras, Moro sugeriu ao TSE que ouça os delatores da operação.
Em ofício encaminhado ao tribunal, em outubro do ano passado, mas tornado público na semana passada, Moro afirmou que há provas de que houve repasse a candidaturas do partido em troca de contratos da Petrobras. O esquema seria mascarado como doações eleitorais oficiais e também entregue como caixa 2.
O receio dos tucanos é o de que as novas revelações atrasem ainda mais a tramitação do processo que já está no TSE.
Em outubro do ano passado, cinco dos sete ministros da Corte eleitoral decidiram prosseguir com a ação movida pelo PSDB.


ESSE MOSQUITO É MUITO ANTIGO




Manoel Hygino





O bichinho assustou o Brasil, ganhou renome mundial, sobrepujou distâncias continentais, assumiu aparência bélica, exigiu forças armadas para combatê-lo, mais perigoso que o ebola, que mobilizou o sistema de saúde do planeta. O animalzito voador venceu fronteiras e alarmou extensas regiões da Terra. Mas também serviu para obscurecer a pérfida imagem provocada pelos escândalos revelados no foro federal de Curitiba na “Lava Jato” e as investigações da Polícia Federal.
A propósito, Waldir de Pinho Veloso, professor de direito e escritor, em seu periódico pessoal para os amigos, faz observações adequadas. Porque a primeira impressão era de que a dengue constituía novidade no Brasil, tal o torvelinho da divulgação por todos os instrumentos de comunicação e na tribuna das casas legislativas. Destarte, gerou medo em muitos países pela perspectiva de eventual calamidade.
Mas lá pelos anos 40 do século passado, era comum em minha cidade deparar equipes de mata-mosquitos, envergando uniforme de brim-cáqui, percorrendo as ruas e casas pra eliminar o atrevido voador, que só mal levava à população. Assim, como faziam os bate-paus, indivíduos contratados pela administração municipal para combater e prender os maus elementos que molestavam a paz noturna e o sossego.
De modo que, efetivamente, nada de novo há sob o sol. Aliás, Waldir lembra que, no Brasil, os primeiros relatos de dengue datam do fim do século XIX, em Curitiba, e início do XX, em Niterói. Na capital fluminense, o mosquito (a presidenta usa “mosquita”) já era um problema, mas a preocupação era, de fato, com a transmissão da febre amarela. Quando os anos cinquenta chegaram ao fim, o Aedes aegypti foi erradicado graças a providências oportunas do poder público. Uma década depois, relaxaram-se as medidas e o vetor foi reintroduzido em todos os estados. O resultado agora se vê, e como dói.
Não é só a liberdade que exige vigilância para prevalecer. Também acontece na área da saúde pública, como se verificou e tanto sacrifício exigiu das autoridades e dos sanitaristas. O mosquito da febre amarela é o da dengue, transmissor do vírus chikungunya e do vírus zika.
Entusiasmados, talvez, pelas efêmeras temporadas carnavalescas e com o oferecimento ao cidadão de bens que lhe satisfaçam interesses imediatos, foi-se “deixando para lá”, a saúde, que deveria ser absolutamente prioritária. O terreno foi invadido crescente e perigosamente por agentes nocivos ao bem-estar físico e à vida, inclusive muriçoca, carapanã, mosquito-prego, fincão, fincudo, sovela, perereca ou bicuda, conforme a região do país. Os próprios nomes dos bichinhos – muriçoca ou carapanã (que quer dizer “mosquito pintado”) são de origem tupi. Do que se conclui, como observa Waldir, que – antes de aqui desembarcarem os europeus – o animalito incômodo e traiçoeiro já era conhecido e tinha nome.
O alvoroço agora é em busca do tempo perdido. Assustamo-nos com as “mosquitas”, aqui e alhures, e com o volume de dinheiros desviados do erário e das estatais, outra calamidade cuja extensão não se imagina fosse tanta e tamanha. Pagamos elevado preço pela omissão e insensatez.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...