quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

OS BANCOS TIRAM O COURO DOS CLIENTES




José Antônio Bicalho




O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal ainda não divulgaram os resultados de 2015, mas já podemos fazer algumas considerações sobre o desempenho do setor tomando por base os balanços publicados dos três maiores bancos privados: Itaú Unibanco, Bradesco e Santander. Juntos, os cinco bancos compõem o cartel do setor financeiro nacional.
Em meio a pior crise da história recente da economia brasileira, vejamos como se saíram os bancos: o maior banco brasileiro, o Itaú Unibanco (por patrimônio líquido, já que por ativos totais o maior é o Banco do Brasil), registrou lucro líquido ajustado (quando se exclui eventos não recorrentes, como provisões para um possível aumento da inadimplência) de R$ 23,360 bilhões em 2015, o que representou crescimento de 15,4% em relação ao ano anterior. No quarto trimestre, o lucro foi de R$ 5,698 bilhões, aumento de 3,2% frente ao mesmo período do ano anterior.
Já o segundo maior banco privado do país, o Bradesco, obteve no ano passado lucro líquido ajustado de R$ 17,873 bilhões, crescimento de 16,4% sobre 2014. No quarto trimestre, o lucro foi de R$ 4,562 bilhões, aumento de 10,4% contra o mesmo período do ano anterior.
Já o Santander Brasil, maior banco estrangeiro no país, alcançou lucro líquido ajustado de R$ 6,624 bilhões, aumento de 13,2% em relação a 2014. No quarto trimestre o lucro foi de R$ 1,6 bilhão, crescimento de 5,7% ante o mesmo período de 2014.
Enchendo as burras
Impressionante, não? É incrível essa capacidade dos bancos de ganhar sempre, independentemente de crise, e mais e mais.
No ano passado, enquanto os bancos enchiam as burras, a economia desabava. A última estimativa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada na segunda, aponta para uma contração do PIB de 3,8% em 2015 (o resultado oficial só será divulgado pelo IBGE em 3 de março). E essa é mais otimista que a projeção feita antes pelo Banco Central, que apontou queda de 4,08% da economia no ano passado. Se confirmado, esta será a maior retração registrada desde a crise hiperinflacionária de 1990 (queda de 4,35%).
Nas projeções da FGV, o mais grave é constatar que o encolhimento da economia está acelerando. De acordo com a fundação, em dezembro último a queda teria chegado a espantosos 5,9% na comparação com o mesmo mês de 2014. No último trimestre, a queda seria de 5,6% frente ao mesmo período do ano anterior. E qual o aumento médio do lucro dos três bancos citados acima no mesmo período? De impressionantes 6,4%.
Qual a mágica para crescer na crise? Tirar o couro dos clientes. Insisto nesse assunto há algum tempo e volto a repetir. As cinco instituições que integram o cartel do setor bancário brasileiro aumentam sistematicamente e orquestradamente os juros e as taxas de serviços. Não existe concorrência no setor, mas divisão de mercado e combinação sobre os ganhos. É incrível que não sejam alvo de investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Qual a explicação para que o juro médio do cartão de crédito tenha atingido 400% ao ano em dezembro, conforme levantamento da Anefac, ou que se esteja cobrando em média 240% de juro no cheque especial se não a organização dos bancos em cartel e a combinação de preços? Não tenho qualquer dúvida: bancos no Brasil são caso de polícia.

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