José Antônio Bicalho
O Banco do Brasil e a Caixa Econômica
Federal ainda não divulgaram os resultados de 2015, mas já podemos fazer
algumas considerações sobre o desempenho do setor tomando por base os balanços
publicados dos três maiores bancos privados: Itaú Unibanco, Bradesco e
Santander. Juntos, os cinco bancos compõem o cartel do setor financeiro
nacional.
Em meio a pior crise da história
recente da economia brasileira, vejamos como se saíram os bancos: o maior banco
brasileiro, o Itaú Unibanco (por patrimônio líquido, já que por ativos totais o
maior é o Banco do Brasil), registrou lucro líquido ajustado (quando se exclui
eventos não recorrentes, como provisões para um possível aumento da
inadimplência) de R$ 23,360 bilhões em 2015, o que representou crescimento de
15,4% em relação ao ano anterior. No quarto trimestre, o lucro foi de R$ 5,698
bilhões, aumento de 3,2% frente ao mesmo período do ano anterior.
Já o segundo maior banco privado do
país, o Bradesco, obteve no ano passado lucro líquido ajustado de R$ 17,873
bilhões, crescimento de 16,4% sobre 2014. No quarto trimestre, o lucro foi de
R$ 4,562 bilhões, aumento de 10,4% contra o mesmo período do ano anterior.
Já o Santander Brasil, maior banco
estrangeiro no país, alcançou lucro líquido ajustado de R$ 6,624 bilhões,
aumento de 13,2% em relação a 2014. No quarto trimestre o lucro foi de R$ 1,6
bilhão, crescimento de 5,7% ante o mesmo período de 2014.
Enchendo as burras
Impressionante, não? É incrível essa
capacidade dos bancos de ganhar sempre, independentemente de crise, e mais e
mais.
No ano passado, enquanto os bancos
enchiam as burras, a economia desabava. A última estimativa da Fundação Getúlio
Vargas (FGV), divulgada na segunda, aponta para uma contração do PIB de 3,8% em
2015 (o resultado oficial só será divulgado pelo IBGE em 3 de março). E essa é
mais otimista que a projeção feita antes pelo Banco Central, que apontou queda
de 4,08% da economia no ano passado. Se confirmado, esta será a maior retração
registrada desde a crise hiperinflacionária de 1990 (queda de 4,35%).
Nas projeções da FGV, o mais grave é
constatar que o encolhimento da economia está acelerando. De acordo com a
fundação, em dezembro último a queda teria chegado a espantosos 5,9% na
comparação com o mesmo mês de 2014. No último trimestre, a queda seria de 5,6%
frente ao mesmo período do ano anterior. E qual o aumento médio do lucro dos
três bancos citados acima no mesmo período? De impressionantes 6,4%.
Qual a mágica para crescer na crise?
Tirar o couro dos clientes. Insisto nesse assunto há algum tempo e volto a
repetir. As cinco instituições que integram o cartel do setor bancário
brasileiro aumentam sistematicamente e orquestradamente os juros e as taxas de
serviços. Não existe concorrência no setor, mas divisão de mercado e combinação
sobre os ganhos. É incrível que não sejam alvo de investigação do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Qual a explicação para que o juro
médio do cartão de crédito tenha atingido 400% ao ano em dezembro, conforme
levantamento da Anefac, ou que se esteja cobrando em média 240% de juro no
cheque especial se não a organização dos bancos em cartel e a combinação de
preços? Não tenho qualquer dúvida: bancos no Brasil são caso de polícia.

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