sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

PROCURAMOS UM ESTADISTA




Márcio Doti



  
Não é de hoje que o Brasil procura uma grande liderança. Chegou um momento em que até mesmo o empresariado acreditou que esse capitão poderia ser o Lula. Foi quando o PT ganhou e assumiu as rédeas do país. Tinha tudo para, de fato, realizar reformas, fazer tudo o que andou pregando a vida toda ou quase tudo porque, convenhamos, uma grande parte da pregação era uma grande demagogia.
O próprio Lula e seus liderados sabiam que era pura conversa, impossível de virar realidade. Era só um jeito de conquistar votos e apoios. Grandes lideranças costumam surgir assim. Falam o que o povo quer ouvir, por mais que seja impossível praticar.
Jânio Quadros arranjou uma vassoura que virou símbolo de sua campanha presidencial com a qual levou a UDN ao poder. Ela que tentara a vida inteira e sempre derrotada se dedicava depois a organizar golpes. Jânio presidente perdeu-se no meio do caminho, ou melhor, no início do caminho porque assumiu o comando de uma Brasília novinha em folha, construída e entregue a ele pelo maior estadista da história do Brasil, Juscelino Kubitschek. Renunciou nove meses depois sem construir nada. Atribuiu sua derrota administrativa a “forças ocultas”. Prefiro uma análise mais simples: a UDN tinha nascido para ser oposição. Com golpes baixos e tudo mais. Assumiu o poder. Foi mais ou menos como o cachorro correndo atrás do carro. É só o carro parar que ele também para e vai embora.
De sonhos a desilusões
Lula poderia ter sido esse líder. Acabou decepcionando os companheiros de sonhos, os que sonharam com a alma e com o coração, com a razão e a paixão cívica. Os que restaram se desviaram tanto quanto ele. Embora isto seja uma meia verdade. Ninguém sabe, exatamente, até aqui, o quanto ele se desviou daqueles rumos tão desejados.
E o Brasil continua à procura de uma grande liderança, que se transforme num grande estadista. E a gente sabe que estadista é aquele político que coloca o interesse coletivo acima de qualquer coisa, mesmo em se tratando de seu próprio interesse. Alguém capaz de conduzir políticos na direção das reformas, das mudanças indispensáveis, a uma grande arrumação do país que, convenhamos, está desarranjado.
E olha só o mais grave: não temos tempo para mais erros e experimentações. O estrago feito vai exigir muito tempo de conserto. E esse tempo representa sofrimento, mais sofrimento para todos os que estiverem no barco.
É por isto que precisamos de um estadista ou, melhor dizendo, de um verdadeiro líder que, no caso da política, tem que ter as qualidades de um homem de Estado, um autêntico defensor do interesse da maioria, aquilo que diz respeito ao bem comum sendo esse um compromisso irrecusável.
O país não comporta mais os corporativismos, os grupinhos, o compadrio, os politiqueiros, os conchavos. Não dá mais. Chegamos a um ponto tal que as mentiras são ditas com o maior caradurismo. As argumentações são desrespeitosas por serem tão falsas e pobres que subestimam a capacidade de entendimento da opinião pública. Ludibriar chegou a ser tão fácil que continua sendo praticado sem o menor escrúpulo.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

GOVERNO SUSTENTA OS PARTIDOS POLÍTICOS E O POVO NADA



Rejeição de contas de 2014 não atropela o PT neste ano

Thiago Ricci - Hoje em Dia 




A decisão do plenário do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) pela rejeição das contas do PT – tanto do diretório estadual quanto do comitê único – relativas às eleições de 2014 não afetará, ao menos financeiramente, a campanha petista nas disputas municipais deste ano. As sanções previstas – suspensão do recebimento das cotas do Fundo Partidário e pagamento de multa de R$ 1,6 milhão –, não deverão ser aplicadas antes de 2018, segundo projeção de especialistas. Também há possibilidade da decisão em si sofrer alterações com recursos.

O diretório estadual do PT já deixou claro que questionará a definição do TRE-MG por meio de recursos. “Por discordar veementemente de tal posicionamento, visto que variados documentos e esclarecimentos apresentados sequer foram examinados”, afirmou em nota oficial.

Agora, a defesa da sigla poderá iniciar a sequência de recursos no próprio tribunal mineiro. “Uma ação cabível é entrar com embargo de declaração no TRE-MG, o que significa uma espécie de pedido para que tenha uma melhor explicação sobre a decisão e/ou justificativa sobre alguma suposta inconsistência”, explica o advogado especialista em Direito Eleitoral Arthur Guerra. Após esse passo, que não deve ser superado rapidamente, a defesa do partido ainda poderá questionar a decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Sendo que este último só analisará após todos os recursos terem se esgotado no TSE. Como estamos em ano eleitoral, o TRE-MG e o TSE vão começar a focar na análise de candidaturas e o STF tem casos de extrema relevância, como “Lava Jato”. O processo não deve ter transitado em julgado antes do fim de 2017”, prevê Arthur Guerra.

O pagamento da multa de R$ 1,6 milhão deverá ser feito cinco dias após trânsito em julgado, enquanto a suspensão das cotas do Fundo Partidário, apenas no ano seguinte ao fim da possibilidade de recursos.

Fundo Partidário

O Fundo Partidário é uma espécie de financiamento público dos partidos. O PT, desde 2012, é a legenda que mais recebe o recurso em Minas Gerais (veja infográfico). Como a distribuição entre as legendas é baseada no número de votos para a última eleição geral à Câmara dos Deputados, os petistas também lideram o ranking nacional. Neste ano, está previsto o recebimento de aproximadamente R$ 100 milhões, que podem ser distribuídos aos estados como a direção quiser.

A Rede Sustentabilidade, da ex-senadora Marina Silva, passará a receber do fundo partidário. Terá direito a R$ 87.844,05, ou seja, 0,01% do total, que neste ano, de acordo com o TSE), é de R$ 737,9 milhões

Rejeição de contas de 2014 não atropela o PT neste ano


SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ E O ZIKA VIRUS



País tem 5 casos de Guillain-Barré por dia, aumento de 19%

Estadão Conteúdo 




A ocorrência da síndrome de Guillain-Barré (SGB) no Brasil cresceu 19% entre janeiro e novembro de 2015, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em relação à média dos anos anteriores. O número total de pacientes registrados com a doença autoimune no período foi de 1.708, o que corresponde a mais de 5 casos por dia. O país é o mais afetado pela zika no mundo e a OMS afirma que há uma "relação provável, embora ainda não comprovada" entre o vírus e a síndrome, que pode causar paralisia.

De acordo com a OMS, o aumento da incidência foi maior em Alagoas (aumento de 516,7%), Bahia (196,1%), Rio Grande do Norte (108,7%), Piauí (108,3%), Espírito Santo (78,6%) e Rio (60,9%).

O vendedor Ideraldo Luiz Costa Duarte, de 43 anos, foi uma das vítimas. Ele chegou cedo ao estádio onde seu time disputaria uma partida de futebol por uma liga amadora de Maceió. Era um domingo de junho e ele se apressava para vestir o material esportivo. Mal calçou as chuteiras, no entanto, sentiu uma dormência nas pernas, que logo foi se espalhando pelos braços e lábios. Foi para casa.

Acabou internado no Hospital Geral do Estado (HGE), onde fez uma série de exames sem chegar a nenhum resultado conclusivo, e sofreu uma parada cardíaca. "Pensei que fosse morrer", relembra. "Acordei na Santa Casa (de Misericórdia de Maceió, referência na doença), onde finalmente descobriram que era Guillain-Barré", lembra. Ele foi um dos 50 pacientes diagnosticados com a síndrome no Estado em 2015 e tratados pela equipe liderada pelo hematologista Wellington Galvão. "Em um Estado em que a média anual de pacientes com a síndrome é de 12 casos, o volume registrado no ano passado assusta", diz Galvão. "Para se ter uma ideia, de março a dezembro, 43 casos estão diretamente ligados ao zika", afirma o profissional, que preside o Sindicato dos Médicos de Alagoas.

"O número de casos aumentou exatamente no mesmo período de avanço das viroses (zika, dengue e chikungunya, ligadas ao 'Aedes aegypti')", observou o médico neurologista Marcelo Adriano Vieira, responsável pela investigação dos casos de Guillain-Barré no Piauí. Foi o que aconteceu com o artista plástico Fabiano Campos, de 72 anos. "Fiquei com 49 quilos e tenho 1,78 metro", diz ele.

Campos acabou paralisado: perdeu o movimento dos membros superiores e inferiores. Se alimentava por uma sonda e não falava. O tratamento foi difícil e, segundo o médico Roberval Leite, só não houve mais problemas por causa do diagnóstico rápido da síndrome.

No Piauí, 42 pacientes foram diagnosticados com Guillain-Barré, ante 23 no ano anterior. Em Pernambuco, foco dos casos atuais de microcefalia, 50 casos foram registrados, ante14 no ano anterior. Na Bahia, só até julho de 2015 houve 42 casos confirmados, dos quais 26 têm histórico de zika, dengue ou chikungunya, segundo a OMS. No Rio Grande do Norte, em 2014, 33 pacientes tiveram a síndrome confirmada, ante uma média de 20 casos por ano.

Incerteza

O Ministério da Saúde confirmou a associação entre a Guillain-Barré e o vírus da zika em dezembro. Na quarta-feira (17), o Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF), do Rio, e a Fiocruz firmaram acordo para a realização de pesquisas conjuntas sobre a relação do zika não só com a Guillain-Barré, mas também com casos de encefalites e encefalomielites.

Por enquanto, qualquer associação é prematura, segundo o neurologista Fernando Cendes, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. "Pode ser efeito do aumento do conjunto de viroses no País." (Colaboraram Roberta Pennafort e Luciano Coelho e Carlos Nealdo, especiais para AE)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

NO ENSINO SOMOS OS MAIS POBRES DO MUNDO





Antônio Álvares da Silva*


Reportagem do Hoje em Dia (11/2) mostrou uma chocante e triste realidade, pela qual somos todos responsáveis: o Brasil foi muito mal na avaliação que fez a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que mediu o nível de aprendizado de 64 países. Ficamos no 59º lugar, com péssimas companhias: Jordânia, Catar, Colômbia, Peru e Indonésia. Lideraram a lista Xangai, Hong Kong, Coreia do Sul, Vietnã, Finlândia.

Nossos adolescentes vão mal em matemática, leitura e compreensão de texto e ciências, ou seja, falta-lhes a base para prosseguir nos estudos em qualquer ramo do conhecimento humano. Isto significa que mais de um milhão de estudantes de 15 anos estão sem perspectiva.

O estudo da matemática se faz por uma sequência lógica, da qual não se pode quebrar os elos. Por ela temos noção clara da representação da realidade e dos princípios pelos quais se desenvolve a técnica que se coloca na base de toda a cultura pós-moderna. Os alunos de um modo geral abominavam a matemática e o latim, alegando de dificuldade de compreensão. Acontece que tais obstáculos estão muito mais no método de ensino do que propriamente na matéria. A matemática é resultado da razão humana. Suas mais complexas teorias, abstratamente formuladas, começam sempre de uma realidade da vida que o professor perspicaz sabe perceber, solucionar e esclarecer ao iniciante. Basta ter a capacidade de despertar nele a curiosidade pela descoberta e mostrar que os conhecimentos matemáticos não nascem do vazio. Hoje há recursos e laboratórios para mostrar tudo isto. O ensino deixa de ser uma memorização para se transformar num encantado acesso ao desconhecido.

A compreensão de textos também tem hoje métodos próprios de desenvolvimento. Falar é um atributo inerente do ser humano, mas a linguagem em nível superior é uma aquisição cultural. E não se chega a ela sem leitura habitual, metódica e diária. Nenhuma língua em nível de padrão culto é fácil. A leitura tem que se transformar num prazeroso exercício diário até que, sem perceber, o jovem adquire o vocabulário e aprende a usá-lo na conexão com as demais palavras na sintaxe. A compreensão se torna uma consequência natural.

Uma pessoa nestas condições rompe os obstáculos que muitas vezes lhe barram o futuro. A linguagem dominada é chave com que se abrem todos os cadeados porque a comunicação é a expressão da realidade em todos os momentos da vida.

Diante da lastimável colocação, vem a pergunta: há salvação para o Brasil ou vamos continuar envergonhados até a consumação dos tempos? Vamos caminhar sempre na traseira dos povos mais bem preparados que andam à nossa frente? Só há uma resposta possível: é difícil superar o atraso, mas não impossível. É preciso estancar a corrupção a qualquer custo, pagar dignamente o professor, cuja atividade deve ser colocada em grau de prioridade máxima. Basta o leitor fazer uma simples conta: quantos professores do ensino básico poderiam ser pagos se extinguíssemos os cargos de confiança, alguns ministérios, as verbas perdidas com o Congresso Nacional e a corrupção da Petrobras?

Basta comparar o PIB brasileiro com o dos países que tiraram os primeiros lugares. Somos muito mais ricos do que eles. Então para onde vai o dinheiro? Uma coisa é certa: para o ensino e as escolas é que não vai. Seu destino é a corrupção, os gastos desnecessários, as contas na Suíça. Tudo se perde numa burocracia insaciável, que tudo leva e nada retribui.

Se não formos capazes de mudar, tudo vai continuar como está. Não existe nada pior para um jovem do que saber que para ele não existe futuro.

*Professor titular da Faculdade de Direito da UFMG

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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