Márcio Doti
Não é de hoje que o Brasil procura uma
grande liderança. Chegou um momento em que até mesmo o empresariado acreditou
que esse capitão poderia ser o Lula. Foi quando o PT ganhou e assumiu as rédeas
do país. Tinha tudo para, de fato, realizar reformas, fazer tudo o que andou
pregando a vida toda ou quase tudo porque, convenhamos, uma grande parte da
pregação era uma grande demagogia.
O próprio Lula e seus liderados sabiam
que era pura conversa, impossível de virar realidade. Era só um jeito de
conquistar votos e apoios. Grandes lideranças costumam surgir assim. Falam o
que o povo quer ouvir, por mais que seja impossível praticar.
Jânio Quadros arranjou uma vassoura
que virou símbolo de sua campanha presidencial com a qual levou a UDN ao poder.
Ela que tentara a vida inteira e sempre derrotada se dedicava depois a
organizar golpes. Jânio presidente perdeu-se no meio do caminho, ou melhor, no
início do caminho porque assumiu o comando de uma Brasília novinha em folha,
construída e entregue a ele pelo maior estadista da história do Brasil,
Juscelino Kubitschek. Renunciou nove meses depois sem construir nada. Atribuiu
sua derrota administrativa a “forças ocultas”. Prefiro uma análise mais
simples: a UDN tinha nascido para ser oposição. Com golpes baixos e tudo mais.
Assumiu o poder. Foi mais ou menos como o cachorro correndo atrás do carro. É
só o carro parar que ele também para e vai embora.
De sonhos a desilusões
Lula poderia ter sido esse líder.
Acabou decepcionando os companheiros de sonhos, os que sonharam com a alma e
com o coração, com a razão e a paixão cívica. Os que restaram se desviaram
tanto quanto ele. Embora isto seja uma meia verdade. Ninguém sabe, exatamente,
até aqui, o quanto ele se desviou daqueles rumos tão desejados.
E o Brasil continua à procura de uma
grande liderança, que se transforme num grande estadista. E a gente sabe que
estadista é aquele político que coloca o interesse coletivo acima de qualquer
coisa, mesmo em se tratando de seu próprio interesse. Alguém capaz de conduzir
políticos na direção das reformas, das mudanças indispensáveis, a uma grande
arrumação do país que, convenhamos, está desarranjado.
E olha só o mais grave: não temos
tempo para mais erros e experimentações. O estrago feito vai exigir muito tempo
de conserto. E esse tempo representa sofrimento, mais sofrimento para todos os
que estiverem no barco.
É por isto que precisamos de um
estadista ou, melhor dizendo, de um verdadeiro líder que, no caso da política,
tem que ter as qualidades de um homem de Estado, um autêntico defensor do
interesse da maioria, aquilo que diz respeito ao bem comum sendo esse um
compromisso irrecusável.
O país não comporta mais os
corporativismos, os grupinhos, o compadrio, os politiqueiros, os conchavos. Não
dá mais. Chegamos a um ponto tal que as mentiras são ditas com o maior
caradurismo. As argumentações são desrespeitosas por serem tão falsas e pobres
que subestimam a capacidade de entendimento da opinião pública. Ludibriar
chegou a ser tão fácil que continua sendo praticado sem o menor escrúpulo.

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