quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

UM DOS MALES DESSE SÉCULO





Jornal Hoje em Dia

Como nunca é demais repetir, no Brasil, apenas se reage aos fatos depois que acontecem e, em geral, tardiamente. O contrário, o que seria mais correto e inteligente, seria se antecipar a eles. É o que acontece, por exemplo, com os surtos de dengue, que surgem todos os anos no período chuvoso. Neste ano, o mosquito Aedes aegypti – uma verdadeira “máquina de guerra biológica” – trouxe consigo também os vírus da chikungunya e da zika. Que não são novidade, mas parecem estar mais presentes nesta temporada em todo o território nacional.

O governo do Estado anunciou ontem, quando estamos no meio do período chuvoso, a criação de um comitê que será o gestor das políticas de enfrentamento desses vírus. É como os chamados gabinetes de crise, utilizados nos países do Primeiro Mundo em casos de problemas urgentes. Só que, após o anúncio do comitê, informou-se que ele irá se reunir somente no próximo dia 11 de janeiro.

Fazer alguma coisa sempre é melhor do que não fazer nada. Mas será que essa equipe não deveria começar a trabalhar de pronto, em função dos inúmeros casos registrados de infecção? O governo admite a urgência do problema, mas essa admissão não se reverte em ações concretas e imediatas.

Nos últimos dois meses, 2.243 casos de dengue foram confirmados em Minas. O chamado Levantamento Rápido do Índice de Infestação pelo Aedes, o LIRAa, mostra em que grau está o nível de infestação em cada município. As residências são divididas em grupos e recebem a visita dos pesquisadores. Se a porcentagem de infestação for inferior a 1% dos imóveis, o LIRAa aponta que a área está em condições satisfatórias; de 1% a 3,9%, a situação é de alerta; e superior a 4%, o caso é de risco de surto.

Minas tem municípios onde o LIRAa chega a 7,9%, como é o caso de Ubá, e 6,9% em Pará de Minas. Os prefeitos reclamam da falta de recursos, que já estão sendo repassados pelo governo estadual, mas que tem chegado a conta-gotas. A educação da população sobre as medidas preventivas é de capital importância no combate ao mosquito.

Do contrário, os custos dos serviços públicos de saúde serão aumentados por causa do número de pacientes. Então, não há caminho melhor do que a prevenção, por parte de todos, seja governo, seja população.

Mosquito da Dengue
Mosquitos


A dengue pode ser transmitida por duas espécies de mosquitos (Aëdes aegypti e Aëdes albopictus), que picam durante o dia e a noite, ao contrário do mosquito comum, que pica durante a noite. Os transmissores de dengue, principalmente oAëdes aegypti, proliferam-se dentro ou nas proximidades de habitações (casas, apartamentos, hotéis), em recipientes onde se acumula água limpa (vasos de plantas, pneus velhos, cisternas etc.).



O Aedes aegypti
O Mosquito Aedes aegypti mede menos de um centímetro, tem aparência inofensiva, cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas.

Costuma picar nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde, evitando o sol forte, mas, mesmo nas horas quentes, ele pode atacar à sombra, dentro ou fora de casa. Há suspeitas de que alguns ataquem também durante a noite.

O indivíduo não percebe a picada, pois no momento não dói e nem coça.
Modo de transmissão

A fêmea pica a pessoa infectada, mantém o vírus na saliva e o retransmite.
A transmissão ocorre pelo ciclo homem-Aedes aegypti-homem. Após a ingestão de sangue infectado pelo inseto fêmea, transcorre na fêmea um período de incubação. Após esse período, o mosquito torna-se apto a transmitir o vírus e assim permanece durante toda a vida. Não há transmissão pelo contato de um doente ou suas secreções com uma pessoa sadia, nem fontes de água ou alimento.
setaO mosquito Aedes aegypti também pode transmitir a febre amarela.
Período de incubação

Varia de 3 a 15 dias, mas tem como média de cinco a seis dias.
O Ciclo do Mosquito




O ciclo do Aedes aegypti é composto por quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. As larvas se desenvolvem em água parada, limpa ou suja. Na fase do acasalamento, em que as fêmeas precisam de sangue para garantir o desenvolvimento dos ovos, ocorre a transmissão da doença.
O seu controle é difícil, por ser muito versátil na escolha dos criadouros onde deposita seus ovos, que são extremamente resistentes, podendo sobreviver vários meses até que a chegada de água propicia a incubação. Uma vez imersos, os ovos desenvolvem-se rapidamente em larvas, que dão origem às pupas, das quais surge o adulto.
O único modo possível de evitar a transmissão da dengue é a eliminação do mosquito transmissor.
A melhor forma de se evitar a dengue é combater os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença.




PÁSSAROS CRIADOS EM GAIOLA ACREDITAM QUE VOAR É UMA DOENÇA





Tio Flávio



Um dia a minha amiga Denise Eler fez uma provocação: quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez? Realmente merece uma reflexão. E comecei a pensar que temos desafios todos os dias e podemos muito bem tirar grandes aprendizados de cada um deles ou ligar o botãozinho da rotina e deixar que ela nos conduza, como um piloto automático.
Associada a esta provocação há uma outra frase que tem me incomodado demasiadamente, principalmente por lidar muito com funcionários e alunos de escolas, além de outros tipos de empresas e profissionais. Ela é do cineasta chileno Alejandro Jodorowsky: pássaros criados em gaiolas acreditam que voar é uma doença.
Cada um vai descobrindo sua própria gaiola e se acomodando com ela. Ou, não satisfeito, vai, dentro ou fora da gaiola, arriscando voar.
Assim foi com o jovem agente penitenciário Fábio Alves Moreira, que, apoiado pela diretoria de uma das mais tradicionais penitenciárias de Minas Gerais, a José Maria Alkmim (PJAMA), em Ribeirão das Neves, com a aprovação dos diretores da época, dr. Zulei Jacinto e dr. Igor Pinho Tavares, teve a iniciativa de criar um grupo de teatro com os detentos do regime fechado.
E eis a metáfora: mesmo dentro das limitações impostas pelo Estado e pelo sistema, ele resolveu ajudar várias pessoas a aprenderem a voar.
De início eram 15 homens, com as mais diversificadas faltas disciplinares e bem problemáticos. Os ensaios eram realizados de segunda a sexta, das 14h às 17h, e através deles foram sendo descobertos talentos escondidos, durante as aulas de prática de expressão corporal, vocal e musical. E esses talentos foram lapidados.
Os presos diminuíram as suas faltas internas, começaram a desenvolver sentimentos de equipe, solidariedade, disciplina e foram impactados pelo resgate à autoestima.
Nascia, em 10 de março de 2010, o grupo Vida Nova, que passaria a sair da penitenciária para apresentar-se em escolas, empresas, instituições religiosas, não tendo nenhum registro de incidente em todos esses anos.
Os ganhos são vários, desde a aceitação da sociedade de um problema que é de todos – a reinserção dessas pessoas na sociedade –, além de trabalharem temas como drogas e bullying.
O agente Fábio Moreira começou a perceber que os sentenciados começavam a cortar cabelo, a fazer barba, escovar os dentes, cuidar das roupas, o que eles antes nem se importavam. Diminuíram o uso do cigarro e começaram a dar menos trabalho para a unidade.
Hoje o grupo conta com o apoio de todos os diretores da PJAMA. Mas o que o teatro fez não foi ensinar nada a ninguém, mas despertar algo que eles já tinham e não usavam. E isso é adquirir asas novas.
Palestrante, professor, autor de livros e idealizador do Tio Flávio Cultural

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

NÃO É INOCENTE!



Polícia Federal ronda o Palácio da Liberdade com a operação Acrônimo

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia




Primeiro governador do PT eleito em Minas, o ex-ministro Fernando Pimentel se tornou também o primeiro ocupante do Palácio da Liberdade a ser investigado pela Polícia Federal (PF).

Mediante autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Pimentel é o alvo principal da Acrônimo, uma das três operações de grande envergadura desencadeadas pela PF em 2015, ano marcado pela consolidação da operação “Lava Jato” e pelo surgimento da Zelotes.

“As ações da PF, de um modo geral, simbolizam uma ameaça constante aos maus feitos da política e podem geram bons frutos num futuro próximo”, analisa Malco Camargos, cientista político da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG).

Conforme mostrou o Hoje em Dia em série de reportagens publicadas ao longo do ano, a Acrônimo mira ainda a primeira dama de Minas, Carolina Pimentel, e alguns dos principais colaboradores do governador.
Em segredo, os federais investigam suspeita de desvios de verbas públicas, lavagem de dinheiro e caixa 2 eleitoral em um esquema de corrupção operado pelo jovem empresário Benedito de Oliveira Neto, o Bené.

Em dez anos, as empresas ligadas a Bené amealharam cerca de R$ 500 milhões com o governo federal. Uma gráfica do empresário chegou a ser contratada pela campanha de Pimentel. Mas segundo a PF os gastos foram subfaturados, uma forma de escamotear o verdadeiro custo da campanha do petista.

Por esse motivo, além da esfera criminal, o governador enfrenta processos na área eleitoral, tanto que já teve as prestações de contas desaprovadas pela Justiça. Confira no infográfico outros casos rumorosos de 2015, um dos anos mais turbulentos da política brasileira.


O DINHEIRO SOME SEM APLICAÇÃO E NADA ACONTECE



Transposição do rio São Francisco sem revitalização

Bruno Moreno - Hoje em Dia




Processos erosivos têm provocado o assoreamento e o rebaixamento do lençol freático

A primeira etapa da transposição do rio São Francisco deve entrar em funcionamento no começo de 2016, após sucessivos adiamentos, mas a necessária revitalização do “Velho Chico”, tida como fundamental pelos ambientalistas para que a água pudesse ser desviada, pouco saiu do papel.
Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), divulgado ontem, examinou o Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (PRSF), e chama a atenção para o aumento da erosão nas margens do rio e dos cursos d’água que alimentam.
“Existem indícios de que a vazão do rio São Francisco e de seus afluentes pode estar sendo reduzida pelos processos erosivos que têm provocado o assoreamento e o rebaixamento do lençol freático”, afirma o ministro João Augusto Ribeiro Nardes, relator do documento.
Na introdução, ele argumenta que as iniciativas de recuperação e controle de processos erosivos são dispersas e receberam poucos recursos, “insuficientes para reverter o quadro de degradação da bacia, sobretudo considerando-se o acentuado compasso de degradação do solo”.
Na opinião de Nardes, além do baixo volume de investimentos, as ações de recuperação e impedimento de processos erosivos na bacia do São Francisco, principalmente as ligadas à recuperação de áreas degradadas, “apresentaram fragilidades em sua sustentabilidade”, avaliou.
No relatório, o ministro diz, ainda, que os poucos estudos disponíveis, além da baixa participação das comunidades e da falta de planejamento de médio e longo prazos das ações por parte dos órgãos executores, “levam à perda das atividades desenvolvidas e ao desperdício de recursos públicos”.
Apesar das críticas ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), responsáveis pela implementação do PRSF, o relatório não apresenta dados da erosão e da diminuição da vazão do rio.
A Codevasf informou ao TCU que investiu R$ 2,7 bilhões em ações de despoluição e melhorias das águas do rio. Já o MMA informou que de 2012 a 2015 investiu R$ 2,9 milhões, com previsão de investir mais R$ 1,7 milhão de 2016 a 2019 em ações que não envolvem obras.
O mobilizador do projeto Manuelzão, que trabalha para a melhoria da qualidade da água na bacia do rio das Velhas, Procópio de Castro, criticou a forma como foram conduzidos os projetos.
“O São Francisco tem bancos de areia porque está se permitindo que toda a erosão chegue ao rio. Ela mata tudo, sufoca tudo. Muito do processo de revitalização foi falseado por projetos políticos partidários”, criticou.
Mexilhão dourado é detectado e compromete o projeto
Antes mesmo de a transposição do rio São Francisco começar a abastecer reservatórios no Nordeste, o que está previsto para o início de 2016, um invasor já foi detectado. O mexilhão dourado, um molusco asiático, já havia sido encontrado no baixo e médio São Francisco, mas agora também foi detectado nos canais de transposição.

Em expedição realizada por pesquisadores do Centro de Bioengenharia de Espécies Invasoras (CBEIH), no último mês de outubro, foram encontrados os exemplares da espécie exótica.
O molusco não faz mal à saúde das pessoas, mas a preocupação é o potencial que ele tem de entupir tubulações e filtros de tratamento de água. A preocupação é que há grandes projetos de captação de água em andamento, em especial no Eixo Norte do canal de transposição do rio São Francisco, a aproximadamente 150 quilômetros do reservatório de Sobradinho.
O pesquisador do CBEIH, Newton Barbosa, afirmou que foram encontradas larvas e indivíduos adultos, o que indica que o molusco já está bem estabelecido na região. “A presença destes organismos nestas localidades é grave, pois afetará a captação de água pelas comunidades, porque o molusco encrusta nos canos causando entupimento. É extremamente urgente que estas localidades comecem a ser monitoradas desde já”, alerta o pesquisador.
Originária do Sudeste Asiático, a espécie Limnoperna fortunei chegou à América do Sul, em 1991, pelo porto de Buenos Aires, por meio das águas de lastro dos navios e se disseminou a partir do rio da Prata. O molusco subiu o rio e chegou ao Brasil, encontrando abrigo principalmente no Triângulo Mineiro. Mas, no rio São Francisco, ele deve ter sido introduzido por meio de soltura de alevinos.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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