quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

VOCÊS AINDA ACREDITAM EM PAPAI NOEL?



  

Márcio Doti




Como me julgo no direito de também escrever cartinha ao Papai Noel e ficar esperando um presentinho, lá vou eu! Existe uma criança dentro de cada um de nós. Quem ainda não descobriu a sua que o faça depressa porque a vida passa muito rápido e quanto mais cedo se encontra essa criança, mais tempo haverá, por lógica, e de modo geral, para aproveitar e desfrutar.

Essa criança que habita em nós tanto pode ter sonhos e vontades, compatíveis sempre com a realidade de cada um, como pode também simbolizar os filhos e netos que temos e os de nossos parentes, amigos e vizinhos.

Enquanto as crianças brincam, esperam que os adultos estejam trabalhando para construir realidade de bem-estar, um país melhor, para quando se tornarem crescidos e muito necessitados de encontrar um bom ambiente para trabalhar, para distrair, para viver com dignidade.

Então, o primeiro pedido ao Papai Noel é para que, com aquele seu “Hô, Hô, Hô”, vá deixando nas casas que percorre um forte apelo aos cidadãos para que fiquem atentos, não ponham de lado as coisas da política porque isso deixa os políticos muito à vontade para fazer tudo o que não deveriam e, certamente, tudo o que representa nossos sofrimentos: a falta de serviços essenciais como segurança, saúde, educação, economia em desordem, com inflação, preços altos, desemprego e tudo o que nos faz levar uma vida ruim, cheia de sobressaltos e angústias.

Quando a gente não presta atenção, não cobra, não vigia, os administradores públicos que elegemos e os parlamentares que também escolhemos acabam se entregando ao que convém a eles mesmos, deixando de lado a defesa do que convém à maioria. Olha, Papai Noel, todos os pedidos são para ajudar o povo a viver melhor, mas se o próprio povo não fizer pressão, a vida vai ficar pior a cada dia.

Outro pedido não menos importante é para quando Papai Noel se encontrar com os nossos políticos. É preciso dizer aos que exercem a política com seriedade que mesmo sendo minoria é fundamental insistir. Desde que o mundo é mundo existe gente boa e gente ruim. Quanto mais gente boa, menos gente ruim, mas a recíproca é verdadeira. Se não apoiamos os bons, se os bons não insistirem, acabaremos entregues aos ruins. Esses, por sinal, nunca foram tantos. Por isto, há uma grande desarrumação na país envolvendo os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Pensando bem, as crianças que habitam em nós e todas as demais que povoam o nosso Brasil estão necessitadas de cada um de nós. Seja qual for a ocupação para exigir que se ponha fim à interminável luta pelo poder e luta pelo poder a qualquer preço.

Feliz Natal

Os nossos políticos já foram longe demais nos abusos, nos erros. Os que movem o Executivo, o Legislativo e o Judiciário precisam renunciar aos desatinos, impor limites ao interesse de grupos, fazer prevalecer o interesse comum. Não é pedir muito. Isso é pedir apenas o que deveria ser norma de todos e de cada um. Mas o Brasil chegou a um ponto tal que esses pedidos parecem mesmo vindos de alguém que acredita em Papai Noel. Tenham todos um Feliz Natal!

O QUE FAZER?



  

Opinião Jornal Hoje em Dia 


A ciência política, como toda ciência, tem seu lado teórico e prático. Giovani Sartori, no livro A Política (UnB, p.36) afirma que a filosofia é uma evasão do mundo fenomênico exatamente para vê-lo de fora e melhor avaliá-lo. Nenhuma atividade humana pode ser apenas teórica ou prática. Da junção de ambos os fatores é que nasce a práxis, a vida real e operante, que todos vivemos, com influência direta no cotidiano das pessoas.

O lado teórico da política, enquanto ciência do poder em suas múltiplas dimensões, aborda o lado ideal da organização social. Veja-se o que a Constituição brasileira consagra no plano ideal: os Poderes da República são harmônicos e independentes. O declaração de direitos é uma descrição perfeita dos direitos humanos positivados.

O Legislativo tem suas funções claramente descritas. O Judiciário é regulado em detalhes e assegura ao cidadão até mesmo a duração razoável do processo, dizendo, por outras palavras, que a Justiça deve ser célere e atuar sem demora, para garantir direitos e repor o patrimônio lesado.

Na prática, a situação é outro. A independência entre Poderes está cheia de deformações. O Judiciário é um Poder notoriamente deficitário e quem diz isto são as estatísticas do próprio CNJ. O Legislativo vive o caos e age longe da ética e da integridade.

Tudo isto vai sendo mostrado agora com o pedido de impeachment da Presidente. A Câmara encaminhou o processo estabelecendo suas próprias regras, como não podia deixar de ser. Porém medidas judiciais e injunções políticas empurraram o problema para o STF, que infelizmente no Brasil decide tudo, desde briga de galos até deposição de presidentes. Em sessão especial, o Supremo fixou o rito que impeachment deverá seguir na Câmara, que se mostrou incapaz de produzir o mais elementar procedimento para o exercício de sua competência constitucional.

Como pode dizer-se independente um Poder da República que, para agir internamente, tem que pedir socorro a outro? Imagine-se a Suprema Corte norte-americana impondo regras para o legislativo a fim de votar um suposto impeachment de Barack Obama? Ou o parlamento alemão em relação a Ângela Merkel?

No entanto, foi o que se fez no Brasil. Mas o absurdo caminha em frente a passos largos e resolutos. Agora, se admitida a acusação, vamos esperar a decisão do Senado. Enquanto isto, a inflação chega a dois dígitos, a indústria e os serviços estão em queda livre, a população sofre com pequenos salários inflacionados, as instituições não funcionam.

O caos, como uma sombra negra, se estende sobre o país. E tudo isto por desentendimentos políticos mesquinhos, brigas partidárias medíocres, divisão de cargos, como se os diferentes setores do governo fossem pequenos feudos dados de presente a protegidos partidários. A consequência de tudo isto é o sofrimento generalizado do povo, privado de tudo: educação, infraestrutura, segurança pública, desemprego coletivo, que avança assustadoramente numa economia agonizante. A cidadania paga pelos erros daqueles que a governam e, como de sempre, os males recaem sobre as costas povo, conforme a experiência que vem desde a Roma antiga: mala publica in plebem recidunt: os males públicos caem sobre a plebe.

O Brasil é hoje uma nau sem destino num oceano revolto e perigoso. Para onde vamos com tantos problemas? Não se sabe quem possa responder com certeza a esta pergunta.

QUEM É MAIS SAFADO - OS POLÍTICOS OU O POVO QUE VOTOU NELES?



  

Orion Teixeira



Sejamos honestos, e não hipócritas, se todos os políticos brasileiros fossem investigados, a maioria não escaparia de algum malfeito que os tornaria inelegíveis e dignos de processo de cassação. Isso não faz deles corruptos por natureza, mas, direta ou indiretamente, são assim reconhecidos por alguma razão: porque é assim que é (o tal sistema), cumplicidade (alguém o faz por ele), conveniência (se não permitir, perderei), comodismo (não existiria outra fórmula), por omissão e prevaricação (não vi e não sabia).
Só para citar os casos mais conhecidos e explorados de ambos os lados rivais da política brasileira: o ex-presidente Lula esteve ameaçado no mensalão petista (2005) e, hoje, é alvo de investigações; a presidente Dilma Rousseff está às voltas, neste segundo mandato, com o petrolão, e teve pedido de impeachment acolhido; o ex-presidente Fernando Henrique (1995/2002) foi acusado de comprar sua reeleição e alvo de pedidos de impeachment; o senador Aécio Neves foi denunciado por desviar recursos da saúde pública no governo de Minas (2003/2010); o ex-governador Eduardo Azeredo (95/98), condenado a 20 anos, em primeira instância, no mensalão tucano.
Essas suspeitas, desconfianças, denúncias e até condenações os seguem e mancham suas biografias, como a de vários outros que decidem fazer política da maneira como ela é feita no país, no Estado e no município. Onde quer que haja disputa em torno de grandes interesses, nosso sistema democrático é maculado por práticas que contrariam o princípio constitucional e republicano da escolha espontânea e limpa. Purismo, idealismo, utopia: pode ser tudo isso, menos ficar como está, com cheiro de coisa errada e com a sensação de que a política e a democracia não prestam e de que essa é a natureza humana.
Antes disso, o país como um todo deve insistir nas possibilidades. Se há um grande pecado dos
políticos, citados aqui ou não, é que, uma vez lá, no alto do poder, pouco ou nada fizeram para mudar. Fizeram das decantadas reformas, ou deixaram fazer, como da política, uma grande mentira para enganar os que têm esperança. Ok, vocês venceram e, agora, terão que pagar essa conta amarga e o alto custo em ver suas imagens construídas pela trajetória, com apoio do marketing, de uma hora pra outra, desconstruídas pela prática e pelo exercício estéril do poder.
Na maioria dos casos, fica quase sempre a impressão de que a chegada ao poder serviu mais ao bem-sucedido do que ao fim a que se propôs. Permanecer nesse estágio é admitir que o sistema faliu, mas ignorando quem o criou, o estragou e nada fez para aperfeiçoá-lo. Como um cão atrás do próprio rabo, culparemos o sistema e aos políticos, ignorando que, ao contrário dos segundos, o primeiro nada pode fazer por ele mesmo ou por nós. Papai Noel, olhai por nós.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

PÉ NA BUNDA DE TODOS OS BRASILEIROS



  

Márcio Doti




O governo vive esse restinho de ano fazendo o que mais fez o tempo todo, que é falar, tentar injetar ânimo no mercado, mas sem produzir fato concreto. Participando de uma coletiva com jornalistas nessa terça, o agora ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, chegou a contestar um jornalista internacional para afirmar que o Brasil vive um bom momento político. Pode ser. Um barco prestes a afundar pode ser lembrado como um barco que ainda está navegando. O ministro esbanjou otimismo em sua coletiva, ainda que as incertezas sobre suas ações sejam muitas, a não ser para os menos experientes e os porta-vozes palacianos. Em seu favor veio apelo do ministro Jacques Wagner para quem seu colega estreiante precisa mostrar a que veio antes de ser criticado. Faz parte do trabalho da mídia e dos analistas juntar dados e enviar sinais a seus leitores ou assessorados.

E não será com falatório que o ministro Nelson Barbosa conseguirá seguir as determinações de sua chefe para extasiar a sociedade brasileira com a crença de que o equilíbrio fiscal e o crescimento econômico podem vir juntos. De início, andando na corda bamba que aceitou andar, já obteve a reação dos líderes das Centrais Sindicais e da CUT no que diz respeito ao anúncio sobre mudança nas regras da aposentadoria. Logo após o anúncio, lideranças de trabalhadores disseram ser estranho que exista projeto de reforma da previdência sem uma discussão com a sociedade e com suas centrais. Lembremos do que disse o presidente da CUT em São Paulo durante a manifestação contra o impeachment: “a Dilma fica, mas tem de mudar a política econômica em favor dos trabalhadores. É preciso cuidar do salário e do emprego”. Eis aí o confronto entre o ajuste fiscal e a política.

O dia ainda foi de comentários sobre o primeiro pronunciamento do ministro Barbosa que começa sob suspeita e isso foi demonstrado pela reação do mercado à sua fala. Além da aposentadoria o ministro contrariou a intenção de marketing presidencial ao afirmar que se espera a implantação do imposto do cheque ou na falta dele a elevação de qualquer outro imposto. Agora, para o ministro, é hora de viabilizar a devolução de recursos aos bancos oficiais e ao FGTS para cobrir as pedaladas fiscais. Seja como for, é certo que vamos esperar fevereiro de olho nos indicadores econômicos e, quem sabe, em novos lances das operações da Polícia Federal. A política vai estar entre o descanso, as articulações e a montagem dos palanques municipais. E de prefeitos chorosos, como fazem todo ano, porque não têm dinheiro para pagar o 13o salário dos servidores.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...