quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

PÉ NA BUNDA DE TODOS OS BRASILEIROS



  

Márcio Doti




O governo vive esse restinho de ano fazendo o que mais fez o tempo todo, que é falar, tentar injetar ânimo no mercado, mas sem produzir fato concreto. Participando de uma coletiva com jornalistas nessa terça, o agora ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, chegou a contestar um jornalista internacional para afirmar que o Brasil vive um bom momento político. Pode ser. Um barco prestes a afundar pode ser lembrado como um barco que ainda está navegando. O ministro esbanjou otimismo em sua coletiva, ainda que as incertezas sobre suas ações sejam muitas, a não ser para os menos experientes e os porta-vozes palacianos. Em seu favor veio apelo do ministro Jacques Wagner para quem seu colega estreiante precisa mostrar a que veio antes de ser criticado. Faz parte do trabalho da mídia e dos analistas juntar dados e enviar sinais a seus leitores ou assessorados.

E não será com falatório que o ministro Nelson Barbosa conseguirá seguir as determinações de sua chefe para extasiar a sociedade brasileira com a crença de que o equilíbrio fiscal e o crescimento econômico podem vir juntos. De início, andando na corda bamba que aceitou andar, já obteve a reação dos líderes das Centrais Sindicais e da CUT no que diz respeito ao anúncio sobre mudança nas regras da aposentadoria. Logo após o anúncio, lideranças de trabalhadores disseram ser estranho que exista projeto de reforma da previdência sem uma discussão com a sociedade e com suas centrais. Lembremos do que disse o presidente da CUT em São Paulo durante a manifestação contra o impeachment: “a Dilma fica, mas tem de mudar a política econômica em favor dos trabalhadores. É preciso cuidar do salário e do emprego”. Eis aí o confronto entre o ajuste fiscal e a política.

O dia ainda foi de comentários sobre o primeiro pronunciamento do ministro Barbosa que começa sob suspeita e isso foi demonstrado pela reação do mercado à sua fala. Além da aposentadoria o ministro contrariou a intenção de marketing presidencial ao afirmar que se espera a implantação do imposto do cheque ou na falta dele a elevação de qualquer outro imposto. Agora, para o ministro, é hora de viabilizar a devolução de recursos aos bancos oficiais e ao FGTS para cobrir as pedaladas fiscais. Seja como for, é certo que vamos esperar fevereiro de olho nos indicadores econômicos e, quem sabe, em novos lances das operações da Polícia Federal. A política vai estar entre o descanso, as articulações e a montagem dos palanques municipais. E de prefeitos chorosos, como fazem todo ano, porque não têm dinheiro para pagar o 13o salário dos servidores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ORAÇÃO PROFÉTICA DE UM PASTOR DOS EUA

  Brasil e Mundo ...