Jornal Hoje em Dia
As histórias tristes se sucedem à
medida em que a imprensa vai colhendo os depoimentos dos sobreviventes da
tragédia de Mariana, quando milhões de toneladas de rejeitos de minério de
ferro romperam a barragem que os sustentava e se lançaram sobre pessoas,
animais, vegetação e cursos d’água. Minas Gerais se lembrará por muitas décadas
desse acontecimento que feriu mortalmente a principal atividade econômica do
Estado.
Mas, com a tragédia consumada, já não
há mais como evitá-la, como deveria ter sido feito pelos responsáveis da
empresa multinacional autorizada à exploração minerária na região de Mariana, é
de se saber quais providências a mineradora irá tomar para tentar reparar a
imensa destruição que causou.
A primeira ação, evidentemente,
deveria ser amparar os moradores do distrito de Bento Rodrigues, devastado pela
avalanche de detritos que deixou mortos e desabrigados.
Depois, será necessário um intenso e
monumental trabalho de recuperação do meio ambiente ao longo do rastro de
destruição que se estendeu por dezenas de quilômetros, até chegar ao Estado
vizinho, o Espírito Santo.
Matas, pastos, plantações, propriedades rurais e rios e riachos foram afetados. O abastecimento de água de uma grande cidade como Governador Valadares está comprometido, pelo poluição do rio Doce.
Matas, pastos, plantações, propriedades rurais e rios e riachos foram afetados. O abastecimento de água de uma grande cidade como Governador Valadares está comprometido, pelo poluição do rio Doce.
Mas há também o assoreamento dos rios.
Os detritos, aqueles que não seguem o curso do rio, são depositados no leito,
diminuindo a profundidade da calha e prejudicando toda a fauna existente na
vida aquática, como tartarugas e peixes. Aqui o prejuízo é também daquelas
populações que tiram seu sustento das águas.
O rio Doce, um dos mais caudalosos do
Estado e ambiente de inúmeros cardumes de peixes, além da estiagem que já o
maltratava há meses, agora foi atingindo por esse desastre. A administradora da
cidade de Valadares, banhada por esse rio, promete lutar com unhas e dentes
para que a cidade seja compensada.
Mas talvez isso não seja necessário.
Se as autoridades estaduais, que permitiram que o fato acontecesse, pela
fiscalização deficiente, e a empresa responsável quiserem readquirir o respeito
necessário da sociedade, têm que pôr mãos à obra com determinação e empenho, de
imediato.