sábado, 12 de setembro de 2015

O BRASIL DEVERIA DAR CALOTE NOS BANCOS



  

Júlio Delgado


O Brasil voltou a integrar a lista dos países com potencial para dar calote no mercado financeiro, segundo uma das principais agências internacionais de avaliação de risco. O rebaixamento anunciado esta semana pela Standard & Poor’s teve como principais causas o desajuste nas contas públicas e a pequena capacidade do governo para mudar o cenário, tanto no ambiente econômico quanto no político.

A mesma agência também cortou a nota de bons pagadores de várias empresas brasileiras, entre elas Petrobras e Eletrobras, os maiores bancos do país e grandes companhias privadas. Esse fato revela como a crise gerada no Estado brasileiro contaminou todo o setor produtivo nacional e transformou em fumaça o crescimento acumulado no início deste século.

Nos últimos sete anos figuramos entre as nações com grau de investimento elevado, mas o período de vacas gordas foi desperdiçado pela irresponsabilidade fiscal do governo Dilma Rousseff e por um plano de gestão focado exclusivamente em projetos eleitorais do PT. A redução da nota de crédito do país não chega a ser uma surpresa, mas ela veio antes do que se imaginava e representa um obstáculo significativo a mais para a superação da pior crise que enfrentamos em décadas.

Alguns dos possíveis efeitos dessa perda de reputação do país são a redução no nível de emprego, aumento dos preços, crédito mais caro e mais difícil para o próprio governo, empresas e cidadãos brasileiros. A recuperação da economia também será afetada e deve levar mais tempo para o país voltar a crescer.

Com o crédito mais caro, o governo e os empresários reduzem os investimentos, as pessoas compram menos e o desemprego aumenta. Esse é um ciclo difícil de ser quebrado. Para piorar um pouco o quadro, a falta de credibilidade da presidente reduz suas possibilidades de manobra na economia, enquanto a pressão da sociedade cresce rapidamente.

Nessa gangorra tensa, a equipe econômica precisa ser muito criativa e transparente para colher bons resultados. Sua missão deve ser pautada em recuperar a confiança da população com medidas racionais e concretas destinadas principalmente a eliminar os desperdícios e os supérfluos, exatamente como se faz na economia doméstica.

Assim como para qualquer trabalhador e trabalhadora que se encontra em situação delicada, a obrigação dos gestores responsáveis pela economia do Brasil é encontrar os gargalos, reconhecer os erros e sanear as contas. O que se espera é um corte drástico nos gastos da máquina pública, sinalizando uma preocupação efetiva do Planalto com seus custos de operação e com a eficiência administrativa.

Uma coisa é certa: qualquer alternativa adotada virá acompanhada de sofrimento, e a cada erro do governo, a dor e os prejuízos econômicos e sociais serão mais intensos. O momento exige austeridade, responsabilidade e transparência. Os interesses e necessidades de todos os brasileiros estão em jogo e devem ser considerados como prioridade.

Falando de maneira clara e objetiva, não há mais espaço para negligências na gestão dos recursos públicos. Ou o selo de caloteiro será o grande legado deixado pelo atual governo.

AFOGANDO AS MÁGOAS



  

José Eutáquio de Oliveira





Tá feia a coisa. A inflação do ano beira passar dos 10%; o desemprego anda pela casa dos 9%; a indústria cresce para baixo, como rabo de cavalo; os 40 ministérios da Ali Babá continuam a nos irritar com sua gastança inútil; a toda hora operação Lava-Jato descobre colecionadores de pixulecos nos terrenos das estrelas e de sua base aliada; e a relação dívida bruta/PIB esperada para 2016 é de 70% do PIB. Não se assuste ainda, caro leitor. É só o começo.

Veja só. Há duas semanas, a pessoa que deveria presidir o país encaminhou ao Congresso a proposta orçamentária de 2016 contendo inédito déficit primário de R$ 30,5 bilhões, para espanto dos brasileiros normais. Poucos dias depois, a imperatriz prometeu encaminhar para o Legislativo um adendo com ideias (?) para cobrir a diferença que o rombo do orçamento encaminhado anteriormente apresentou. As tais ideias (?) nada mais são do que a cobrança de mais impostos para compensar a farra gastadora dos “companheiros”. Quem terá sido o autor de outra derrama sobre os nossos combalidos bolsos? Do Joaquim Barbosa ou do Nelson Levy? Só sei que nós, ó!

O jeito é dar um jeito de esquecer as agruras da economia para evitar infarto ou AVC. Os preços absurdos da medicina privada – dado a falência do sistema público de saúde tupiniquim –, além de quebrar o cidadão de vez, podem levá-lo para o beleléu. Pois é, não existem mais amenidades que nos aliviem a barra. Futebol? Só se o sujeito for corintiano. Aí, tudo bem. Caiu na área, é pênalti para o timão. E nós, os outros milhões de cidadãos que torcemos pelas demais equipes, sifu – como dizia a turma do Pasquim. Acompanhar a “Seleção do Dunga”? Acho que ninguém tem mais saco para aguentar as grossuras do técnico e de seus comandados.

Desopilar o fígado está difícil mesmo. Como não sou de assistir a novelas – não gosto de seriados extensos – ando sem rota de fuga para escapar da merda que virou morar neste país-tropical-esquecido-por-Deus-de-políticos-corruptos-e-destruidor-da-natureza. A solução que sobrou é afogar as mágoas numa mesa de bar, bem à moda do falecido roqueiro brega Reginaldo Rossi. Convenhamos, uma atitude coerente para quem vive em BH, a capital nacional dos botecos.

O problema é que frequentar um dos 18 mil bares de BH também está ficando complicado: eles estão ficando raros. De acordo com o sindicato do setor, cerca de 500 casas fecharam as portas neste ano, entre pequenos bares, lanchonetes, e até restaurantes de grande porte. A crise econômica aumentou os preços dos aluguéis, os custos com mão de obra, das bebidas e dos alimentos. Mais a carga tributária dos tempos da derrama...

O jeito é beber nos botecos que sobraram. Outro problema: são poucos os colegas de copo e de cruz disponíveis para compartilhar o falar mal do futebol brasileiro, da política, da carestia. É bem das mulheres – que ainda fazem o Brasil valer a pena. Puxar papo com o dono do bar? Inútil. Sua única conversa é xingar a decisão dos vereadores de proibir que bares e restaurantes coloquem mesas e cadeiras nas calçadas depois das 23 horas, em respeito à Lei do Silêncio. A saída é afogar as mágoas em silêncio. Enquanto isso ainda é possível.

MOTIVO DA FALTA DE DINHEIRO


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O QUE VOCÊ VÊ?


PF CHEGA PRÓXIMO DO CHEFÃO




Em razão das suspeitas, polícia pediu ao STF autorização para tomar depoimento do ex-presidente

FILIPE COUTINHO 



                                  Lula no encontro dos petroleiros (Foto: Roberto Stuckert)

Agora é oficial: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é suspeito de ter se beneficiado do petrolão para obter vantagens pessoais, para o PT e para o governo. A suspeita consta em documento da Polícia Federal. Nele, pede-se ao Supremo Tribunal Federal autorização para ouvir Lula no inquérito que investiga políticos na operação Lava Jato.

>> Documentos secretos mostram como Lula intermediou negócios da Odebrecht em Cuba
O documento, enviado ao STF anteontem, na quarta-feira, é assinado pelo delegado Josélio Sousa, do grupo da PF em Brasília que atua no caso. Assim escreveu o delegado: “Atenta ao aspecto político dos acontecimentos, a presente investigação não pode se furtar de trazer à luz da apuração dos fatos a pessoa do então presidente da República, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA que, na condição de mandatário máximo do país, pode ter sido beneficiado pela esquema em cursa na PETROBRAS, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada â custa de negócios ilícitos na referida estatal”.


Documento mostra pedido da Polícia Federal para ouvir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no inquérito que investiga políticos na operação Lava Jato (Foto: Reprodução)

Para a PF, “os fatos evidenciam que o esquema que ora se apura é, antes de tudo, um esquema de poder político alimentado com vultosos recursos da maior empresa do Brasil”.
>> MPF abre inquérito contra ex-presidente Lula por tráfico de influência internacional

Diante de tais suspeitas, a PF elencou a lista de pessoas do “primeiro escalão” que deveriam ser ouvidas. Lula está lá, embora não tenha mais foro privilegiado. A PF não explica por que pediu ao Supremo a tomada do depoimento - e não à primeira instância.  “Neste cenário fático, faz-se necessário trazer aos autos as declarações do então mandatário maior da nação, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, a fim de que apresente a sua versão para os fatos investigados, que atingem o núcleo político-partidário de seu governo”.

BRASIL SEM CREDIBILIDADE



  

Por: Paulo Paiva*



A economia e a política se entrelaçam na vida real, para o bem e para o mal. De um lado, se a economia vai bem, as relações políticas ficam facilitadas, o prestígio do governo cresce. Se a economia vai mal, inflação e desemprego em alta, a tendência é cair a popularidade do governo.

De outro lado, governo com alta credibilidade pode ajudar a superar crises na economia, mas se o governo vai mal, sem apoio político, perde também sua capacidade para recolocar a economia nos eixos.

As perspectivas para a rápida recuperação da economia, no atual momento, são mínimas ou nulas. O mercado estima que este ano o PIB deva cair em torno de 2,5% e, no próximo ano, outros 0,5%. O desemprego continuará aumentando e a renda média per capita, diminuindo.

Em que pese as mudanças na economia internacional, como a queda nos preços de commodities, que afetam negativamente a economia brasileira desde 2011, o agravamento da crise se deu pelos desacertos na condução da política econômica que derrubaram a confiança do mercado.

No primeiro governo Dilma, pela insistência equivocada no estímulo ao consumo doméstico quando o endividamento das famílias já chegava ao seu limite.

No segundo governo, pelos erros e desacertos nas decisões de política econômica.

Primeiro, a começar pela composição da equipe, sem a mínima coesão. Ministro da Fazenda por um lado, ministro do Planejamento por outro, lembrando a imagem de dois burrinhos amarrados um ao outro, querendo cada um comer a sua porção de ração. Os dois ficam com fome.

Segundo, o melancólico anúncio da redução no número de ministérios para cortar gastos, sem qualquer estudo prévio a justificar a possível medida.

Terceiro, a desastrada tentativa em ressuscitar a CPMF, sem o mínimo de articulação no Congresso, onde a proposta deveria ser votada.

Quarto, as patéticas mudanças nas metas fiscais, em poucos meses. Em abril, na proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias foi fixada, para 2016, a meta de superávit primário em R$ 104,5 bilhões; em julho, foi reduzida para R$43,8 bilhões; e em agosto, para R$ 34,5 bilhões. Finalmente, na proposta de Lei Orçamentária foi estabelecido um déficit de R$30,5 bilhões. Quem põe fé nessa meta?

Talvez fizesse mais sentido seguir a estratégia da meta ex-post, um achado da “moderna” gestão da presidente Dilma: “Não vamos colocar meta. Vamos deixar a meta aberta, mas quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta”.

É difícil imaginar como o governo sem liderança e sem rumo retomará iniciativas para equilibrar o orçamento de 2016, porque ninguém se entende por lá.

O PT quer a saída do ministro da Fazenda, que quer aumentar impostos, mas o PMDB não quer, porque quer o corte de gastos, que o ministro do Planejamento não quer, porque sonha em mudar de pasta.

Mas, afinal, e o governo, o que quer?

Sua proposta de orçamento para 2016 tomou-lhe a última dose de credibilidade. Sobraram voluntarismo e incompetência a conduzir a economia para um desajuste sem igual, com custosas consequências para o Brasil.

*Professor da Fundação Dom Cabral, foi ministro do Trabalho e do Planejamento e Orçamento no governo FHC

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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