Márcio Doti
A presidente Dilma e o governador
Fernando Pimentel anunciam intenções de cobrar do povo os desequilíbrios
financeiros e econômicos das máquinas que comandam. Injusto. Eles foram eleitos
para encontrar soluções que nem de longe são a de penalizar os bolsos da
população já atingida por uma crise econômica nascida da própria ingerência de
seu partido, o PT.
Dilma não descarta a insistência de
voltar com o imposto do cheque e os brasileiros já demonstraram diretamente, e
através de seus representantes, que rejeitam essa fórmula de serem cobrados por
erros que não cometeram, a não ser o de acreditar nos discursos e promessas dos
palanques do ano passado. A presidente fala em criar receitas para fazer frente
ao déficit de R$ 30 bilhões que confessou a disposição de produzir ao incluir
esse rombo no orçamento que apresentou ao Congresso Nacional.
Até agora, o que se ouviu da
presidente sobre o real enfrentamento das dificuldades é quase nada em relação
ao imenso rombo que acabará atingindo cifra muito mais alta porque não devemos
nos esquecer de que o próximo ano é de eleição e palanques eleitorais custam
caro. A presidente revelou disposição de cortar pouco mais de mil dos 22 mil
servidores que mantém em contratos de recrutamento amplo e que correspondem
certamente aos “companheiros” dependurados na máquina pública. É claro que ela
precisa de um quadro para assegurar um mínimo de leais seguidores. Mas chega a
ser ridículo que diante das dificuldades a disposição seja a de dispensar mil e
manter 21 mil. Também não convenceu, o que por enquanto é só uma ideia, de
cortar dez dos 39 ministérios e também é descabido ficar nisso e voltar a
público para anunciar a disposição de criar impostos e taxas.
De igual modo, Pimentel olha para as
contas do Estado e decide criar receita para compensar as dificuldades dos
cofres estaduais. Quer tributar veículos fora de estrada, quem sabe vá emplacar
trator, bicicleta, motos de motocross e por aí em diante, até carroça pode entrar
nessa fila. Por que não insistir em Brasília com o antigo pleito de se negociar
os juros e os pagamentos da dívida que o Estado tem com a União? Muito
provavelmente voltará sem o perdão que vem sendo pedido por sucessivos
governos.
A hora é de enxugar
Dilma e Pimentel não foram eleitos
para aumentar e inventar impostos. A presidente pintou um quadro de horizonte
maravilhoso e se já sabia das dificuldades que se livre delas através de um
grande enxugamento das contas públicas, algo que ela tem dado sinais de não
querer, a julgar pelas vezes em que tem contrariado o ministro Levy. O
governador Pimentel, por seu lado, ganhou a eleição prometendo um estreito
diálogo com a população e parece nem ser preciso fazer isso agora quando
confessa a disposição de inventar impostos e taxas para administrar a máquina
pública de Minas.
Repete-se, agora, o panorama em que um
político saudoso, Itamar Franco, assumiu a presidência em condições políticas
parecidas e de seus esforços nasceu um plano econômico, depois de tantos que
fracassaram. O plano deu certo. Sob a garantia do real a economia brasileira
passou a viver uma fase de ouro. Entretanto, erros e desfalques fizeram o
caminho de chegar a esse quadro insuportável. Mas, não é justo que se lance a
cobrança nos ombros dos brasileiros. Porque não é justo e a população nem
suporta pagar pelas ingerências, esbanjamentos e desfalques. Aos governos cabe
suportar o ônus de rigorosos enxugamentos de gastos. Ao invés de cobrar essa
conta do povo.