sábado, 29 de agosto de 2015

VEÍCULOS MOVIDOS A AR COMPRIMIDO




Lúcia Chayb – Diretora da ECO 21


Um carro movido a ar? E funciona? A estas perguntas, colocadas com um tom de incredulidade, o engenheiro francês Guy Nègre, sempre responde com rotundo “sim, funciona!” E para corroborar a sua afirmativa, ele entra no seu pequeno MDI “MiniCat” movido a ar comprimido e começa a circular.
Sem dúvida nenhuma, o carro a ar comprimido inventado pelo engenheiro francês Guy Nègre, será um dos maiores avanços técnico-científicos do Século 21. Guy Nègre, inventou um motor com a capacidade de movimentar um carro a uma velocidade de até 110/130 km/h, com um custo R$ 6,00 (seis Reais) a cada 250/300 km corridos, e, além do mais, tendo a vantagem de não somente não poluir a atmosfera como, também, a de purificar o ar.
O grupo MDI – Moteur Developpement International que desenvolveu este veículo limpo foi, recentemente, apresentado em Londres, Paris e São Paulo. Com mais de 50 licenças de fabricação espalhadas pelo mundo, o MDI pronto em breve estará circulando nas ruas da França, Israel, Espanha, Portugal, Itália, Nova Zelândia, África do Sul, México, Colômbia, Peru e Panamá. O grupo MDI – Moteur Developpement International tem a sua matriz sediada em Luxemburgo, sendo proprietários de mais de 30 patentes em 120 países. A fábrica dos protótipos MDI fica localizada na mediterrânea cidade de Nice, no Sul da França; ali mais de 60 técnicos trabalham no desenvolvimento desta nova indústria, estando já concluída a primeira fábrica de produção em série.
“Não só estamos fabricando apenas um carro especial, senão todo um sistema de transformar energia de uma maneira ecologicamente correta. O desenvolvimento de novas aplicações do motor MDI terá muitas possibilidades na indústria de hoje e na do futuro, inclusive no desenvolvimento das técnicas para o armazenamento de energia”, disse Guy Nègre.
No momento, o carro MDI está em fase de certificação para rodar nas estradas da Europa. Ao mesmo tempo, com a sua recente apresentação oficial em Barcelona, a expansão comercial está em pleno desenvolvimento e aberta a todo o mercado mundial. A cessão dos direitos por países para sua produção é a única fonte de financiamento da empresa. O último contrato assinado na Espanha por dez milhões de Euros “permite dar um novo e importante passo na conquista do mercado por este veículo não-poluente”, afirmou o inventor.
Aproximadamente mil especialistas de todo mundo já testaram os protótipos no Centro MDI; muitos deles investidores, diretores financeiros, técnicos e jornalistas especializados em indústria automobilística. A primeira pergunta que se faz quando se está diante de tal inovação tecnológica é: “funciona mesmo?” Todos os especialistas que já visitaram o Centro MDI na França confirmaram que os resultados são absolutamente surpreendentes. Os protótipos funcionam!
Principais características
Como o veículo de Nègre não tem combustão, não existe a poluição. O ar da atmosfera que é utilizado, previamente filtrado, se mistura com o ar comprimido no cilindro; isto significa que o processo purifica 90 m3 de ar atmosférico por dia. No primeiro protótipo finalizado, a autonomia revelou-se duas vezes superior à autonomia do carro elétrico mais sofisticado (entre 200 e 300 km, ou 10 horas de funcionamento). Este é um dado muito importante, porque 80% dos motoristas conduzem menos de 60 km ao dia.
A previsão de Guy Nègre é a de que, quando o mercado se expandir, os postos de abastecimento serão adaptados para vender o ar comprimido. O carro se carrega em apenas três minutos com um custo de, aproximadamente, R$ 6,00 (seis Reais) para percorrer entre 250 e 300 km.
Como alternativa, o carro tem um pequeno compressor à bordo que permite ser recarregado ao ser conectado à rede elétrica, num tempo que varia entre 3 e 4 horas. Devido a ausência de combustão e de resíduos, a troca de óleo (1 litro de óleo vegetal) ocorre a cada 50.000 km.
O ciclo do motor MDI
“Um motor revolucionário tem de ser acompanhado por um carro revolucionário. Outras marcas somente adaptaram novas tecnologias a carros tradicionais, porém o nosso MDI é único e, sem dúvida será o carro do futuro” , sentencia Nègre.
O motor MDI tem um sistema inovador muito importante: uma biela articulada. Esta técnica permite que, quando o pistão alcança o final de seu ciclo, a expansão se produz num volume constante. Esta patente poderá ser aplicada a motores de combustão convencionais. As três fases do seu funcionamento são:
a) Fase de compressão: no motor o ar atmosférico é comprimido até uma pressão de 20 bars com o pistão e fica transformado em ar quente de 400 ºC;
b) Fase de injeção de ar: assim que o pistão para, o ar comprimido dos cilindros é injetado no espaço do motor onde está o ar quente; e,
c) Fase de expansão: o ar é injetado criando uma maior pressão e fazendo a ativação do motor. A técnica é tão simples quanto o ovo de Colombo: o primeiro pistão absorve e comprime o ar atmosférico. O ar se desloca para a câmera esférica onde é injetado com alta pressão pelos cilindros. A expansão da mistura do ar atmosférico mais o ar comprimido move o pistão que gera a energia do veiculo.
Zero Poluição
O ar purificado que sai do cano de escapamento registra uma temperatura entre 0ºC e 30ºC negativos permitindo, assim, a sua utilização para o próprio sistema de ar condicionado do carro. Graças a este particular sistema, o motor MDI está aberto a diferentes aplicações, permitindo o seu uso fora da industria automobilística. Já foi testado com sucesso em barcos, mas a sua capacidade tem potencial para muitas outras aplicações.
O motor MDI é ideal para o armazenamento de energia gerada por sistemas de “Zero Poluição”, como sistemas solares, eólicos e, também, sistemas hidroelétricos. Até o momento o armazenamento de energia depende de baterias o que torna o sistema bastante problemático. O sistema MDI, representa, nesse sentido, um grande avanço por se transformar num sistema muito eficiente de armazenamento e transformação de energia.
O carro deve a sua autonomia aos tanques de ar comprimido que têm uma capacidade de 90 m3 a 300 bars.
O ar que sai do cano de escapamento é ainda mais limpo do que aquele que entrou, pois é filtrado na hora da compressão. O sistema de ar condicionado está baseado na reciclagem do ar.
O carro é simples e ligeiro. Sua estrutura externa é feita de fibra de vidro, como nos carros mais modernos (Renault Espace), ao contrário dos carros habituais que são metálicos. O chassi é tubular, como nos carros de corrida e nas motos; com isso se obtém rigidez máxima e redução de peso. Por outro lado, as peças não estão soldadas e sim coladas, como na tecnologia aeroespacial, reduzindo significativamente o tempo de montagem.
Sistema computadorizado
O veículo não tem os habituais contadores de velocidade analógicos; em seu lugar dispõe de um pequeno computador que repassa as informações permanentemente. O sistema permite efetuar adaptações para sistemas de telefonia celular e de posicionamento por satélite (GPS), ou de programas personalizados para frota de ônibus, por exemplo, ou para pedágios, ou mesmo para os sistemas de segurança e automatização de funções.
Os cintos de segurança têm uma grande diferença em relação a modelos existentes: os pontos de fixação estão integrados no piso. Em caso de acidentes, os passageiros e o motorista ficam absolutamente firmes e protegidos nos bancos. O sistema elétrico do automóvel é sumamente avançado.
Guy Nègre patenteou um sistema elétrico que reduziu toda a fiação para um único cabo. O truque é um sistema com transmissão de dados pelo cabo que indica, via computador, as funções elétricas a serem ativadas ou desligadas. Por exemplo, faróis, pisca-pisca, alerta, etc. Com esta técnica se reduz em 20 kg o peso do sistema, sendo a sua manutenção bastante simples. Esta inovação também foi adaptada para a segurança e o funcionamento do carro que é ativado mediante uma chave elétrica digital.
Já existem quatro modelos em produção: um táxi, inspirado nos clássicos ingleses está em circulação experimental em Londres; ele possui diversas vantagens para os passageiros e para motorista em relação a conforto, economia e ergonomia. Uma Van e uma Pick-up foram desenvolvidas para simplificar o trabalho de várias profissões urbanas, rurais ou industriais. Finalmente, existe um modelo familiar, bastante espaçoso e com configurações diferentes, que oferece diversas opções. O preço previsto para o consumidor final é de dezoito mil Reais.
Guy Nègre
Guy Nègre, já antes de criar o motor mono-energia de ar comprimido, não era um desconhecido na indústria automobilística. Nos anos 80 trabalhou com motores de aviação. Em seguida, com muito sucesso e prêmios, deu grandes contribuições para os motores dos carros da Fórmula 1. Com o apoio do Instituto Francês da Indústria Petrolífera, desenvolveu um motor de 12 cilindros em W, para carros de competição. Esse motor, porém, não despertou suficiente interesse para ser produzido; Guy Nègre, não se deu por vencido e continuou desenvolvendo outras soluções. Ele voltou à cena com outra invenção: o motor bi-energia: gasolina e ar comprimido. Desta vez o sucesso foi total.
Para desenvolver o motor mono-energia de ar comprimido, Guy Nègre fundou outra empresa especializada em pesquisas de novas energias alternativas: a firma CQFD de soluções à base de ar. Ao longo dos últimos cinco anos, ele liderou uma equipe de 30 engenheiros, entre os quais seu filho Cyril Nègre; antes de trabalhar com seu pai, ele esteve empregado na indústria automobilística italiana Bugatti, desenvolvendo sistemas de tecnologia de ponta.
O Grupo MDI incorporou várias inovações e sistemas inéditos, não somente como uma idéia básica (energia em forma de ar comprimido), mas pelos materiais utilizados (fibra de vidro como estrutura e uso de óleo vegetal) e pelo planejamento técnico.
Fonte: Revista Eco 21, Ano XIII, Edição 79, Junho 2003. (www.eco21.com.br)

FELICIDADE



No Caminho da Felicidade” estreia neste sábado e mostra como alcançar esse estado
Thais Oliveira - Hoje em Dia




“Os depoimentos não têm o objetivo de desvendar nenhuma fórmula absoluta de felicidade"

Felicidade. Palavrinha fácil de proferir, mas tão difícil de alcançar. Será? Impossível, provavelmente, não, como mostrará a série “No Caminho da Felicidade”, que estreia neste sábado (29), às 18h, no canal pago Multishow. “A ideia é ajudar as pessoas a encontrarem novos caminhos para a felicidade. Falaremos deste sentimento e suas conexões com consumo, autoconhecimento, trabalho, tempo, entre outros”, conta a apresentadora do programa, Susanna Queiroz, 42.


Segundo a jornalista, a ideia surgiu durante as gravações de “No Caminho” (Multishow, 2009 a 2013), quando viajou pelo mundo atrás de diversidade espiritual. A primeira parte do novo seriado terá oito episódios e se desenvolve a partir de depoimentos de especialistas do Brasil e Estados Unidos. Entre os convidados, estão o sociólogo Domenico De Masi, o escritor Marcelo Rubens Paiva, o físico Stephen Little, os atores Marcos Palmeira e Mateus Solano, o astrólogo Waldemar Falcão, o jornalista Oliver Burkeman, o rabino Nilton Bonder, o líder humanitário Sri Prem Baba e o maestro Felipe Prazeres.

Por meio de alguns hábitos como gratidão, autoconhecimento e altruísmo e do somatório dos diferentes pontos de vistas, Susanna diz que espera dar o “clique” inicial em pessoas que se consideram infelizes, deprimidas ou paralisadas “pela força deste mundo acelerado e competitivo em que vivemos”. “Se este ‘clique’ de fato acontecer com pelo menos algumas pessoas, considero que já vai ter valido a pena compartilhar, com o público, este caminho tão enriquecedor que venho trilhando recentemente”.

Afinal, o que é felicidade? Estado de emoção e sensação que decorre da satisfação, da realização, de sentir-se contente e de bem estar com alguém ou com alguma coisa. Isto é felicidade, conforme a definição da psicóloga e coach, Karina Campos, 36.

O acesso a ela, contudo, tem sido desafio e busca eterna para muitos, que nunca a desfrutam. Para Karina, isto acontece porque a sociedade banalizou a felicidade, transformando-a conflituosa e dando a impressão de que é necessário estar feliz o tempo todo, como é mostrado, por exemplo, ilusoriamente nas redes sociais. “Felicidade é ‘ser’ e os padrões culturais de ‘ter’ deturpam o sentido do estado satisfatório. Então, torna-se descartável ‘essa tal felicidade’; porque hoje eu tenho algo, mas amanhã quero outra coisa”, considera.

Karina ressalta também que é importante as pessoas se sentirem frustradas em determinadas ocasiões e saberem lidar com este sentimento, pois faz bem para a saúde mental. “A vida não é linear. É feita de desníveis com altos e baixos, montanhas e depressões, e isso nos dá vazão à compreensão das emoções”, afirma.

A psicóloga explica ainda que cada indivíduo possui uma concepção da vida e forma própria de alcançar a felicidade. “O ideal é que as pessoas saiam dos paradigmas impostos socialmente. O segredo é identificar o que é felicidade para si mesmo. E ela não é comprável, não é adquirida. É sentida. Acredito que existe uma correria imensa em busca dessa tal felicidade, enquanto que o que se precisa é parar para sentir. Pausa para a felicidade. Pausa para sen\tir qualquer sentimento”, finaliza.

Executivo larga presidência de empresa para ‘discutir a felicidade’

Quando criança, por volta dos seus 8 anos de idade, Mauricio Patrocinio, 38, insistia em perguntar à mãe: “por que as pessoas não sorriem?”. A questão era pertinente – afinal, a cada virada de esquina, se deparava com uma “cara fechada”. “Aquilo me intrigava”, recorda.

Diferentemente da maioria dos adultos, Patrocinio não deixou a sensibilidade de criança ir embora com o passar do tempo. No entanto, foi necessário um hiato de 30 anos para ver o sonho de menino chegar mais perto da realidade.

Formando em administração, Patrocinio trabalhou como executivo por 23 anos, sendo que, nos últimos oito, sentava-se na cadeira de presidente de uma empresa. “Naquela época, algo me tocou; pensei: ‘isto é tudo?’ Ser presidente é ótimo, mas não define o meu propósito de vida, que é ajudar o maior número de pessoas a serem felizes”.

Virada

A decisão de sair do emprego foi tomada no último mês de junho – 12 anos depois de começar a escrever o seu primeiro livro, a ser lançado no fim de setembro. A publicação é fruto do projeto “Discutindo a Felicidade”, que inclui palestras motivacionais, posts no Facebook e no Instagram e vídeos no YouTube.

“Ao saber da minha escolha, alguns perguntam: ‘então é preciso fazer uma loucura para ser feliz?’ Pelo contrário, as loucuras nos fazem infelizes; todo exagero é burro. Meu desligamento foi planejado”, diz.

Qual é fórmula?

Segundo Patrocinio, as pessoas costumam querer uma resposta simples, porém, não existe fórmula mágica para ser feliz. Para ele, trata-se de uma questão individual, além de atemporal e dinâmica – pois o que faz alguém feliz, hoje, pode não fazer amanhã. Por isto, as pessoas precisam evoluir e se conectar com a sua essência, definir valores legítimos e traçar um plano de vida. “Por mais mórbido que pareça, temos que refletir: qual vídeo da minha história gostaria de ver nos últimos cinco minutos de vida? Que legado quero deixar? É preciso olhar para trás e dizer que fomos felizes. Claro, há muito o que considerar e discutir sobre o tema – por isto, o livro”, afirma.

Produção cultural também aborda o tema ‘felicidade”

Tema presente em diversos campos, a felicidade já inspírou muitas músicas. Claudio Zoli, por exemplo, compôs “Felicidade Urgente”, gravada por Elba Ramalho. “Quero te fazer feliz. Quero ser feliz também. Com você tá tudo bem”, diz o refrão. Pharrell Williams foi outro que deixou a sua marca, com “Happy”. E como não lembrar de Michael Jackson e a bela “Happy”? Já Zélia Duncan gravou “Felicidade”, de Luiz Tatit. Fábio Jr. cunhou a sua “Felicidade”, aquela, que “brilha no ar”.

Tem, ainda, “Don’t Worry Be Happy”, de Bobby McFerrin (que, aliás, não a canta mais em shows). “Felicidade é só questão de ser”, pontua, por sua vez, Marcelo Jeneci. E Ivan Linsprega que “com força e com vontade, a felicidade, há de se espalhar, com toda intensidade...”

Cinema

Imagine uma pessoa absurdamente feliz. Assim é a Poppy (Sally Hawkins), do filme “Simplesmente Feliz” (2008), de Mike Leigh. No longa, ela é uma professora primária, que leva na brincadeira situações sérias. Problema é que, em muitas ocasiões, acaba sendo irresponsável. Scott (Eddie Marsan), seu professor na auto-escola, por exemplo, não aguenta mais a falta de atenção da moça na direção.

Um dos mais famosos filmes, no entanto, é “À Procura da Felicidade” (2006), com Will Smit. Na trama, ele é Chris, pai solteiro que, para sustentar o filho, de 5 anos, consegue uma vaga de estagiário numa corretora de ações – mas não recebe salário pelos serviços prestados. Pai e filho passam, então, a dormir em abrigos, estações de trem, banheiros, na esperança de dias melhores.

Literatura

A Editora Autêntica lançou, recentemente, “Construções da Felicidade”, fruto de um debate em torno da felicidade. Foram feitos questionamentos como: por quais desvãos a busca pela felicidade pode desviar seu rumo e redundar em seu oposto, de tal maneira que indivíduos e sociedades se convertam, à sua revelia, em construtores de autoritarismo e de infelicidades?

O debate contou com pesquisadores de diferentes perspectivas de oito países.

“Comparo a felicidade como uma estação de trem ou metrô: você está à espera e o trem chega, você não embarca. Vem outro trem, chega e você não embarca. E mais outro... As pessoas não ‘embarcam’ na felicidade, não a sentem” Karina Campos, psicóloga e coach


CERTEZA INEVITÁVEL



  

José Eutáquio de Oliveira




De todas as maneiras que há de chegar. Ela chega. De surpresa, anunciada, de susto, bala ou doce. Do freguês não escolhe idade, sexo, cor, credo, time, classe social, se é bom ou mal. Democrática, ascética, ela é republicana até mesmo em países como o nosso, historicamente marcado pela precedência dos afetos e do imediatismo emocional sobre a rigorosa impessoalidade dos princípios, conforme denunciou Sérgio Buarque de Holanda no clássico “Raízes do Brasil”.

Para a moça (?) a regra do jogo tem que ser rigorosamente cumprida... Não tem coré-coré. Falta na área, mesmo na área do Corinthians, é pênalti mesmo. E não adianta molhar a mão dos dirigentes da CFB para mudar o resultado do jogo; fazer acordo com o Renan Calheiros e a base aliada do governo; colorir a plumagem dos tucanos; pedir aos banqueiros para passar um pito nela forçando-a a fazer um acórdão. Ela não está nem aí para as manobras: cumpre o seu dever no dia e hora exatos.

Aliás, irreverente e implacável, ela chega também para banqueiros, empreiteiros, sindicalistas e calheiros, cunhas, silvas, neves, marinas e housseffes. Aqui e alhures. Os gregos, bem antes de o Tsipras lançar a mania de não cumprir acordos, inventaram um mito, Sísifo, que, em tese, conseguiria desafiar e vencer a danada, ainda que por pouco tempo. O coitado foi condenado a repetir sempre a mesma tarefa de empurrar uma pedra até o topo da montanha. E, toda vez que estava prestes a atingir a meta, a pedra rolava morro abaixo até o ponto de partida invalidando o esforço despendido. Cá para nós, além de ficção, isso não é vida que se preze.

A atriz bonitona da novela das oito tira meleca do nariz vez em quando, a miss universo peida fedido às vezes, o Papa Francisco já teve tesão de mijo no seminário e muitos prêmios Nobel de medicina têm cárie. Se essas pequenas verdades desagradáveis “nos equalizam enquanto humanos” no cotidiano, em um sentido mais amplo, o fato de sermos mortais e passageiros deveria nos fazer mais humildes e conformados. Não é bem assim para a maioria.

Para uns, como eu, a danada incomoda; os outros não estão nem aí para ela. Muitos jovens, por exemplo, não escondem seu destemor e por isso são colhidos pela implacável, apostando corridas de carro ou moto nas ruas e estradas da vida. E disputando a bala os pontos de tráfico de drogas nos morros, exagerando exageros, ou perdendo-se nas vertigens das guerras provocadas por religiões e ideologias vâns. Para os que atingiram certa idade, ela chega chegando...

Primeiro, aos poucos. Os cabelos branqueiam, rugas vincam os rostos, os corpos amolecem, a pressão arterial desregula, o diabetes sorrateiro toma conta, a solidão fica cada vez mais solidão. Abrir os jornais torna-se um susto a mais do que o de ler o noticiário da sandice humana de todo dia. Pode-se dar de cara com a notícia do amigo ou conhecido que partiu, ou tomar conhecimento do fim daquela atriz que você amava na adolescência. Simples assim. É a lei da vida.

Deixa pra lá. Mais vale ouvir o canto do sabiá no cio à procura da amada e curtir a morena linda que banha sol à beira da piscina do clube. Mais que tudo, sonhar com uma vida mais serena – ganhar na loteria. Sozinho. São sonhos. Mas sonhar é melhor que não sonhar.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...