sexta-feira, 14 de agosto de 2015

NOTÍCIA RUIM



Governo não deve pagar adiantamento de 13º a aposentados em agosto



A dois dias das manifestações programadas para todo o País contra Dilma Rousseff, o governo decidiu que não vai pagar em agosto o adiantamento do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS. Fonte do Ministério da Fazenda confirmou que a decisão foi tomada. As manifestações estão previstas para o próximo domingo, 16.
O pagamento no mês de agosto de 50% do abono aos beneficiários da Previdência Social não é obrigatório, mas o governo vinha adotando essa prática de fazer o adiantamento desde 2006. No ano passado, um decreto assinado ainda no dia 4 de agosto pela presidente Dilma permitiu que os repasses fossem feitos entre 25 de agosto e 5 de setembro. O valor foi creditado junto com o pagamento do benefício mensal.
De acordo com um auxiliar do ministro Joaquim Levy, a pasta tenta encontrar uma solução para o problema até o fim do mês, mas ainda não há previsão de nova data para o pagamento. O Ministério da Previdência Social não confirma a informação e ressalta que o assunto está sendo tratado pelo Ministério da Fazenda. Oficialmente, a Fazenda ainda não anunciou a decisão.

LIÇÕES DE VIDA



  

Luciano Luppi



Não sei ao certo o que muitos artistas fazem em tempos de crise. Quando falo em crise, não estou generalizando, apenas me referindo aos períodos em que a atividade econômica se reduz e os ganhos financeiros diminuem. Penso que todos esses momentos difíceis não passam de oportunidades, dependendo de como deitamos nosso olhar sobre o fato. Oportunidades para muitas coisas interessantes e necessárias ao ato de criar.

Nunca pesquisei, mas converso com um colega aqui, outro colega ali e chego à conclusão de que muitos artistas, assim como eu, aproveitam essas ocasiões para colocar a casa em ordem. É o momento de criar, de refletir, de organizar o seu espaço de trabalho, de jogar fora aquilo que só estava atrapalhando a criação, de conversar mais com pessoas ricas em ideias e valores, momento para ponderar, refazer algo que sempre deixamos de lado por preguiça ou falta de tempo. Aliás, é o tempo de ter tempo, de viver sem aquele corre-corre desenfreado, de evitar o estresse, de recusar algumas tarefas desagradáveis que sempre fazíamos para não aborrecer alguém, é o tempo de semear.

A vida de artista é tão cheia de altos e baixos, de projetos, de experiências (as que deram certo e as que deram errado), de ensaios, de tentativas, de glória e de fracasso, que não faz muita diferença passar uma temporada em estado de hibernação, em repouso, permitindo que o ócio produza mais criatividade. Depois, quando a situação melhorar e nos chamar para uma fase de mais ação, quando convocados para uma temporada de execução, teremos algumas obras ou ideias mais elaboradas nos servindo de base para uma nova produção artística.

A vantagem dessa situação de ociosidade é que a nossa mente pode se esvaziar por alguns instantes, livre de preocupações e paradigmas a serem seguidos, e permitir que as ideias apareçam, limpas, sem estarem contaminadas pela razão e pelo ego. Nem sempre precisamos do ócio para criar, pois existem inúmeras outras maneiras para isso, mas a inércia também faz parte do processo e é natural como os ciclos da vida.

Fiquei sabendo que a palavra “crise”, em japonês, tem dois significados básicos, são eles: perigo e oportunidade. É muito interessante, pois o que acontece nesses momentos pode nos levar para um lado ou para outro. Se ficarmos arrancando os cabelos, debatendo-nos como loucos, amaldiçoando tudo e todos, corremos o perigo de perdermos o nosso foco, o nosso objetivo e dificultar a nossa vida mais ainda. Mas se aquietarmos, esvaziarmos nossa mente, aceitarmos os desafios como dádivas e como aprendizes de um novo caminhar, perceberemos que a motivação sempre esteve presente, guardada e protegida num canto de nossa alma, junto à nossa natureza e essência.



O jeito japonês de resolver as crises

A palavra crise 危機 (lê-se Kiki) em japonês, possui dois significados básicos, são eles: situação difícil e oportunidade. Levando em conta que a linguagem tem uma forte influência na cultura de um povo, tal antagonismo gramatical exerce grande poder na forma como um indivíduo - bem como uma organização - enfrenta as dificuldades. Prova disso é a forma como o Japão encarou (e vem encarando) suas crises ao longo dos séculos, sobretudo aquelas vividas no período pós-guerra.
Para os japoneses, não importa quão difíceis sejam seus problemas. O segredo para sobrepujá-los não reside, necessariamente, na tentativa de mudar determinada situação, mas sim, em mudar a si mesmo. Quando você muda a si mesmo, tudo em sua volta muda também. E, foi exatamente o que eles fizeram depois da amarga e frustrante derrota para os americanos na segunda guerra mundial. Passaram a investir rigorosamente na educação, sem perder suas origens culturais. Essa inovação alavancou o país do caos pós-guerra, elevando-o a patamares inimagináveis não só na economia, mas também no índice de desenvolvimento humano.
Os que optam pelo significado negativo da palavra crise, costumam, quando enfrentam as dificuldades, culpar os outros; repetir os mesmos erros; achar que fracassará sempre. Ficam limitados pelos erros passados e acabam achando que eles (e não a situação) são os verdadeiros fracassos.
Já os que encaram a crise como oportunidades procuram assumir suas responsabilidades e aprendem com cada erro cometido. Sabem que a crise faz parte do progresso e procuram sempre manter uma atitude positiva. Gostam de desafiar as suposições antigas e conservadoras e, assumem novos riscos, quebrando todos os paradigmas tradicionais e ultrapassados. Aqueles que vencem as crises veem a dificuldade como algo temporário, mantêm expectativas realistas e acima de tudo, se concentram nos pontos fortes.
Outra grande lição ensinada pelo povo japonês quando deparado por uma crise, é mudar os meios, para modificar os fins. Ou seja, parar de insistir na tática errada, mesmo tendo a estratégia certa. Sobre isso, Albert Einstein dizia: “se você sempre faz o que sempre fez, então vai sempre alcançar o que sempre alcançou”. Para que isso não aconteça, é necessário quebrar antigos paradigmas, abandonar o que não serve e, claro, inovar, inovar e inovar.
Ter uma mentalidade positiva diante de uma crise, também é outro fator importante, porque ele põe o medo para correr. O medo, além de ser o mau uso da imaginação, é também uma energia altamente prejudicial ante uma crise, pois ela paralisa e congela quem fica à deriva no centro nervoso de uma situação crítica.
Outra praga, também combatida por aqueles que vencem as crises é a procrastinação. O hábito de adiar as coisas e deixar sempre para amanhã o que se pode fazer hoje, é sem dúvida, o fator que mais contribui para morrer no campo de batalha. Os juros cobrados pela danada da crise são elevadíssimos e suas conseqüências são mortais. Não há misericórdia nem compaixão para aqueles que procrastinam em meio a uma crise.
Recentemente o Brasil passou por uma reforma gramatical consistente. Foram modificadas diversas regras e palavras do nosso vocabulário, entretanto, a palavra crise continuou tendo o mesmo significado. Porém, nada impede que você e eu alteremos seu significado, procurando dar uma nova concepção para a crise, buscando sempre uma solução para superar os momentos difíceis.


POVO NAS RUAS



  

Márcio Doti



Finalmente, está chegando a hora da verdade. Qual verdade? Se a presença do povo nas ruas, depois de amanhã, confirma ou desmente as medições de pesquisa e os panelaços estrondosos apesar das tentativas de minimizar, mas que apontam um grande descontentamento do cidadão brasileiro. Descontentamento com a presidente Dilma, com os políticos, com a situação do país e uma grande descrença quanto à mudanças e correções. O povo nas ruas pode ser para dizer que não quer mais a presidente Dilma. Pode não ser isso, pode ser para dizer que está cheio de tudo o que está aí, que espera e exige mudanças, correções. Que não suporta ouvir essa desculpa de país sem dinheiro para pagar salário digno para aposentado, sem recursos para cuidar da boa educação, para assistir o brasileiro na doença e para garantir a segurança pública. Mas que tem dinheiro para conceder reajustes salariais para categorias de servidores públicos, na base da pressão, que também tem dinheiro para assegurar reajustes de 16% a 46% para o Judiciário porque a falta de comando é uma das características de um governo enfraquecido, frágil, desrespeitado. As manifestações podem dizer, também, que um país de tantas necessidades é o mesmo em que empreiteiras e gente do governo se juntam para roubar bilhões de reais.

Temos percebido muitos sinais a indicar que tudo vem sendo feito para ajeitar situações, já se conseguiu aumentar o prazo no Tribunal de Contas da União para que a presidente Dilma explique as suas pedaladas pelas quais a corte pode reprovar as contas presidenciais e assim abrir caminho para um processo de impeachment. Sabemos que esse gigantesco escândalo da Petrobras não seria descoberto, o dinheiro continuaria jorrando até hoje, se não fosse um empresário chamado Hermes Magnus, preocupado com a sua reputação, que colocou a boca no mundo até ser aconselhado a procurar o juiz federal Sérgio Moro e contar tudo o que permitiu chegar ao ex-deputado José Janene, depois falecido, e ao doleiro Youssef e, a partir daí, a tudo isso que vai sendo desvendado pela operação “Lava Jato”. Em busca de financiador para as máquinas que pretendia fabricar, o empresário frequentou festas na casa de Janene até receber a primeira remessa de 15 mil reais. O dinheiro chegou através de caixas eletrônicas, com vários nomes e cpf’s e em valores pequenos, o que o levou à suspeita de estar sendo usado para lavagem de dinheiro. Foi a partir daí que procurou autoridades, muitas vezes sem sucesso, até encontrar o juiz Sérgio Moro, quando as coisas andaram. Segundo Hermes Magnus, quando se chegar às transações do BNDES vai se descobrir escândalos bem maiores do que esses da Petrobras.

E não devemos nos esquecer de que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, continua disposto a dar trabalho ao governo Dilma e conseguiu tirar o PT do comando da CPI dos fundos de pensão das estatais, outra fonte de dores de cabeça para o Planalto porque recursos de funcionários foram usados para aplicar em papéis sem qualquer valor. Com tantas bombas armadas e tanta disposição governamental para desarmar cada uma, o povo sofrido, sem salário, sem emprego, sem poder aquisitivo que decida se vai se sujeitar ou se vai cobrar atitude, mostrando presença.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

PROPOSTAS FAJUTAS



Linhas de desmontagem


 
Nada do que Renan Calheiros levou a Dilma, como proposta contra a crise, tem a ver com a crise ou pode nela influir para dissolvê-la, em seu aspecto econômico ou no político. Não é mais do que um amontoado de manjadas propostas sem nexo entre si, e quase tudo sujeito a fácil identificação com intenções subalternas, em benefício de diferentes áreas de poder econômico –logo, também financeiro. Se fossem propostas isentas de interesses escusos, não seria Renan Calheiros a levá-las à Presidência.
As fanfarras e a louvação com que a própria Dilma recebeu Renan, e as tais propostas, explicam-se por utilidades que independem do teor do presente. Aos dois lados convinha a reaproximação.
Renan não é político que viva de costas para o poder. Dilma precisava da contribuição de Renan para encarar no Senado as bombas de Eduardo Cunha aprovadas na Câmara. De quebra, ter Renan em seu círculo é distanciá-lo de Eduardo Cunha e atrapalhar a recente fraternidade a ele dedicada por José Serra, Aécio Neves e outros do opositor PSDB. Afora isso, em um dizer antigo, é questão de estômago.
Mas talvez seja o caso de lamentar que as sugestões de Renan Calheiros não ofereceçam alguma utilidade contra a crise. O otimismo expresso por Dilma, com a ideia de que "vivemos uma transição e em breve vamos retomar o crescimento", não encontra nem o mínimo apoio em parte alguma da realidade. Muito ao contrário, são dados objetivos, e não meras especulações do quanto pior mais impeachment, que sugerem estarmos no último estágio econômico e social em que ainda é possível deter a degringolada geral. E reverter os danos mais perigosos ou absurdos.
O país está parando. Os eventos e providências que Dilma anuncia, nas andanças para a pretendida e improvável reanimação do país, não tocam nos problemas da crise. Olham para um futuro impreciso e não condizem com o presente do governo. Mas são já os avanços do número de empregados, da remuneração do trabalho, de várias faces da ascensão econômica que regridem, que se perdem sob as vistas indiferentes dos mestres de ajustes que desajustam. A jornalista Flávia Oliveira, de múltiplas competências, formulou uma síntese precisa: "Crise é tempo de promover ajustes, não o desmonte".
Se o governo persiste no rumo do tal "ajuste fiscal", como se alheio ao que se passa com e no país, pode-se desde logo desacreditar que Dilma e Joaquim Levy consigam o tal ajuste fiscal que pensam buscar –quanto mais a retomada do crescimento, difícil e longa até em caso de êxito da atual suposição de política econômica e de governo.
Novidade
Logo chegará por aqui, como sempre, uma posição adotada anteontem pelo comando da Anistia Internacional, reunido na Irlanda: defender, com a descriminalização da prostituição, também a de todo comércio sexual e mesmo a dos intermediadores de prostituição.
Ou seja, confusão total. "Intermediadores" são proxenetas, são gigolôs, são exploradores de mulheres, tantas delas sujeitadas pelo medo e a violência em situação equivalente à de escravas. Mesmo quando os defendem, o que não é incomum, não se sabe quando o fazem sob ameaças ou não.
Considerar tolerável e normal a exploração de mulheres –isso o meu ceticismo nunca imaginou. Mas, sosseguemos, não faltarão brilhantes argumentações em favor da nova tese.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...