quinta-feira, 16 de julho de 2015

DIA DO HOMEM: PONTO DE VISTA FEMININO



  

Simone Demolinari




Muitos não sabem, mas ontem, comemorou-se o Dia do Homem. O Dia Internacional do Homem é celebrado no dia 19 de novembro, mas no Brasil a comemoração acontece no dia 15 de julho. Se alguém perguntar, muitos não saberão a existência dessa data, talvez pelo pouco tempo da implantação dela, ou mesmo pela ausência de apelo comercial. O fato é que o Dia do Homem está sendo cada vez mais difundido e comemorado.

Há mais ou menos um ano, mencionei nesta coluna o movimento encabeçado por Nelson Motta e Paulinho Moska, intitulado “Homens Libertem-se”. Uma campanha que reivindicava aos homens o direito de não gostar de futebol, de falhar na cama, de ser sensível, de não ser bem sucedido no trabalho, de recusar sexo, de fazer exame de próstata sem ser alvo de piada, de poder fechar um grande contrato sem ter que usar gravata, de não querer mais ouvir a frase “seja homem”, “aja como homem”, como se houvesse um modelo hermético de homem a ser seguido.

A opressão masculina por muitos anos integrou-se à nossa cultura a ponto de passar quase despercebida, mas parece que muitos homens não andam nada satisfeitos com isso e já não se sentem mais guiados pela rigidez ao estereotipo masculino.

Muitas coisas no comportamento dos homens mudaram. Antigamente era impensável um homem assumir determinadas funções dentro de casa, cuidar dos filhos para a mulher ir trabalhar, aceitar contribuição financeira da esposa nas despesas domésticas e até mesmo perdoar uma traição. Hoje em dia, vemos isso tudo acontecer sem que o homem se sinta diminuído.

Outro ponto que merece destaque é a vaidade masculina. Homens perdem o preconceito e se entregam a tratamentos estéticos. Só para se ter uma ideia, uma pesquisa recente apurou que o Brasil movimenta mais de R$ 15 bilhões por ano só com esse nicho de mercado. Somos o terceiro mercado em consumo de beleza masculina, perdendo apenas para os Estados Unidos e o Japão.


As mudanças no comportamento masculino são inúmeras, contudo, ainda assim, a sociedade salvaguarda preceitos machistas. A prova disso é a clássica diferença salarial no mercado de trabalho entre homens e mulheres, por exemplo, e outras.

Em meio a tantas mudanças e gerações em transição, muitos homens sentem-se perdidos quanto ao seu papel. Se faz questão de pagar uma conta do restaurante, ele pode ser tachado como machista, mas se permitir que a mulher divida, poderá ser acusado de pouco cavalheiro e “pão-duro”. Nem sempre é fácil para o homem saber o que fazer, principalmente para aqueles mais protegidos pela mãe.

Outra questão que geralmente apavora o mundo masculino é o medo de fracassar sexualmente e o tamanho do pênis. Muitos sofrimentos e baixa autoestima derivam desse mote.

A cultura machista deveria ser fortemente combatida pelos próprios homens, visto que ela não traz o beneficio que aparenta trazer. O machismo aprisiona e oprime a classe masculina, tornando-a vilã e vítima desse sistema.

TRAGÉDIA GREGA E DO BRASIL



  

Antônio Álvares da Silva


A debacle da Grécia e suas consequências para a Europa e para o mundo exigem muitas reflexões dos países que com ela têm similitudes econômicas e sociais, como é o caso do Brasil. As nações em desenvolvimento se endividam. Tomam empréstimos. Recorrem a órgãos internacionais de socorro. Como não tomam medidas internas de saneamento, o dinheiro vai embora com corrupção e má administração.

Lembrem-se os exemplos do mensalão e da Lava Jato. Para cobrir o rombo, tomam mais empréstimo. E assim se forma a bola de neve da dívida pública, cujos títulos são apropriados pelo capital estrangeiro, que chega até mesmo a fixar os juros e condições de pagamento. Ou seja, o país perde de fato a soberania.

Para receberem de volta o que emprestaram, os credores exigem uma contrapartida brutal: diminuição de salários, corte de benefícios sociais, paralisação de obras públicas, fechamento de escolas e universidades. Enfim, tudo que importa em dinheiro público reduz-se e apequena-se. Quando a situação se agrava, perde-se o controle de tudo. O governo se transforma numa nau sem rumo. A isto se dá o nome de caos político e social. E é exatamente o que vive hoje a Grécia. A dívida de 320 bilhões de euros é impagável. Agora, para sair do atoleiro, consegue a Grécia um empréstimo de 86 bilhões, praticamente a metade do PIB, não tanto para soerguê-la, mas para salvar os bancos e alguns países da UE, principais fornecedores do dinheiro.

Mas os custos do empréstimo são terríveis e implacáveis: a Grécia terá que votar a toque de caixa um pacote demolidor de sua estrutura política: aumento de impostos, cortes previdenciários, restrições de toda espécie à cidadania. Pergunta-se agora: e se o Parlamento recusar-se a votar a medida? Neste caso, a Alemanha, principal credora, sugere duas medidas: afastar a Grécia da UE por cinco anos ou então isolar bens e valores que constituirão uma espécie de fundo para garantir o pagamento da dívida. Isto significa que o país perderá o controle de si mesmo, tornando-se vítima de um novo tipo de conquista: o domínio absoluto pelo capital estrangeiro, em função do qual o país passará a viver, relegando ao relento o próprio povo.

Não se pode isentar de culpa a própria Grécia. Viveu por longo período maquiando contas e escondendo a realidade, gastando mais do que podia. Agora chegam as consequên-cias. Terá que enfrentar pesadas restrições pela falta de uma administração segura e racional. Isto vale também para o Brasil: é melhor suportar uma política austera com severas medidas contra a corrupção e gastos públicos, mas sem o sacrifício dos direitos básicos da cidadania, que nunca foram a causa de desestruturação da economia de nenhum país.

Não se sabe como terminará este pesadelo para os gregos. O país que deu os fundamentos filosóficos e jurídicos do mundo ocidental está na iminência de ser por ele destruído. Em Édipo Rei, o sacerdote, encarregado por Édipo de falar ao povo, na praça vizinha ao palácio real, diz estas palavras sábias: “... Os conselhos de homens mais vividos são muitas vezes oportunos e eficazes. Vamos, mortal melhor que todos, exortamos-te: livra nossa cidade novamente. Vamos.” Não faltam aos gregos a palavra dos homens mais vividos em sua História. Os ensinamentos de Platão e Aristóteles ainda retumbam cheios de sabedoria, pois escoram os alicerces de nossas instituições. As “ágoras” hão de retomar o discurso criador. O povo é a última resistência. Resta perguntar se os europeus e a própria Grécia saberão usar a palavra de seus sábios a tempo de salvá-la da destruição e do abismo em que está prestes a cair.

Professor titular de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito da UFMG

quarta-feira, 15 de julho de 2015

TEMPOS DE CRISE



A sabedoria para guiar negócio em tempos de crises e euforias transitórias

Marco Roza 


Basta uma neblina mais ou menos persistente para termos a certeza absoluta que a viagem está perdida e que nunca chegaremos ao nosso destino. Ou um sol escaldante para acreditarmos que nenhuma gota de chuva, ou mesmo uma neblina importuna, atrapalhará nossas viagens de férias.
Parece que temos um mecanismo que transforma vivências transitórias (especialmente as que consideramos alheias ao nosso controle) em fenômenos permanentes ou eternos.
Quando estamos no comando de uma empresa essa sensação pode comprometer nosso desempenho gerencial. As fases boas, com sequência de clientes novos e bons contratos, criam um clima de euforia, transformada em relaxamento, que estimula o empreendedor a ter certezas absolutas. Certeza de que é realmente um bom administrador. Que é competente. Um iluminado.
Até que a neblina das fases ruins (que com certeza surgirão) o transformem no pior dos gerentes, no mais estúpido e no mais endividado. Cheio de dúvidas. Duvida de si mesmo. De suas decisões. Dos gastos que fez em vez de economizar para estes tempos nebulosos.
Claro que nem a fase boa dura para sempre. Nem os tempos nebulosos permanecem.
Mas, como acreditar e se ajustar a esta mutação permanente?
Talvez o ideal é criarmos vários indicadores de desempenho da organização que dirigimos. Assim, o faturamento será apenas um dos itens. E prestaremos a mesma atenção à motivação de nossos colaboradores; ao interesse renovado ou não de nossos clientes; à chegada de um concorrente; às mudanças de humor do gerente do banco; à nossa energia alocada ao próprio negócio. Etc.
Aprenderemos que as mudanças de humor dos negócios, como a ocorrência das neblinas ou do tempo firme, não são fenômenos isolados. Mas resultam de combinações de vários outros humores da natureza, como direção dos ventos, umidade, El Niño, etc.
Quem sabe, assim, aprenderemos que uma crise, que aparentemente escapa ao nosso controle, pode ser navegada com a serenidade de quem não se prende ao seu valor de face e às manipulações de concorrentes mais sábios que a gente.
Exercitaremos para espanto de nossos parentes mais chegados, nossa família e principalmente nossos concorrentes, a serenidade e a sabedoria atenta que nos ajudará a aproveitar nuances a nosso favor.
Assim, o faturamento, as dívidas, os sinais de sucesso ou de fracasso, se tornam relativos porque transitórios e absolutamente superáveis.
Na neblina, na tempestade ou na bonança de nossos empreendimentos.

CORPORATIVISMO



  

Márcio Doti


Só mesmo a displicência ao votar pode explicar o descaso de nossos parlamentares em relação ao que pensam os cidadãos, donos de seus mandatos. É verdade que as urnas ainda estimulam esse comportamento, deixando impunes muitos dos que se acham donos das cadeiras que ocupam em nome dos cidadãos que os elegeram. Mas, a julgar por reações mais recentes e até mesmo aquelas de junho de 2013, era de se prever um respeito maior nessa convivência tão importante. Em nenhum momento se esperava que nossos parlamentares fossem abandonar a tendência de legislar em causa própria mas, no ambiente em que o cidadão começa a cobrar mais, vigiar e querer mais da classe política, era de se esperar um pouco menos de corporativismo.

No texto básico da reforma política que experimentou alguns retoques e foi aprovado na semana passada, as mudanças estão longe de contemplar a vontade dos cidadãos e ainda incluem uma boa dose de corporativismo. Antes, o Ministério Público Eleitoral tinha até junho do ano seguinte à eleição para representar contra qualquer irregularidade que encontrasse. Pois, na chamada reforma política, reduziram esse prazo para 19 de dezembro do ano eleitoral. Quer dizer, o MPE, Ministério Público Eleitoral, não dispõe praticamente de tempo algum. Para avaliar a gravidade disso, basta lembrar que muitos têm sido os casos em que os ilícitos praticados somente são descobertos meses após o período eleitoral. O projeto ainda reduz as multas por irregularidades e acaba com o bloqueio das cotas do fundo partidário, no caso de punição aos partidos.

Enquanto a operação “Lava Jato” continua levantando cifras e manobras utilizadas para desviar dinheiro público e facilitar eleições fraudulentas, nossos parlamentares arregaçam as mangas sem o menor receio de contrariar a opinião pública. Sempre dissemos que uma verdadeira reforma política teria que vir de um colegiado escolhido especificamente para cuidar desse assunto. Gente convocada para a tarefa de aperfeiçoar a legislação e depois ir para casa. De novo e como sempre estamos entregando ao rato a missão de repartir o queijo e sabemos em quê costuma dar isso. Não é à toa que os próprios magistrados e procuradores se queixam da dificuldade em punir políticos que chegam a mandatos através de expedientes ilegais. E por que insistir nessas questões? A esperança é que a consciência de todos acabe por aumentar as pressões e combater essas manobras absurdas que estão sendo praticadas bem na nossa frente e que certamente vão distorcer, garantir a vantagem e a vitória para aqueles que fraudam o processo eleitoral e o fazem sem a menor cerimônia. Mas, nem tudo é frustração já que o texto limita as contribuições de empresas aos partidos. Mas as mudanças estão longe de contemplar tudo o que se espera de mudança para tornar a política um instrumento mais eficiente para a melhoria da qualidade de vida da população. Detalhe da reforma política: nada se falou e não se vai falar da coincidência de mandatos, calendário eleitoral com eleições gerais, tudo de uma só vez.

Estamos entregando ao rato a missão de repartir o queijo

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...